Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 22
Sabendo


Notas iniciais do capítulo

Olha só, já estou postando de novo!
Bom, quero agradecer à MsAbel que revisou mais uma vez pra mim ♥
Até lá em baixo :*



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POV Ian

Caminho calmamente através da caverna, indo rumo ao meu trabalho. Trabalharei na colheita hoje, abandonando a calmaria do jogo de futebol. Acabei de sair do banho com Peg e a deixei na cozinha fazendo pão, como ela sempre faz.

Sigo meu rumo e resolvo cortar caminho. Entro em um corredor incomum que não há nenhum movimento, mas obrigo-me a parar. Escuto barulhos. Presto mais atenção. São barulhos de beijos. Faço uma careta. Mas... espera. Quem pararia no meio do caminho para se beijar?

Silencio meus passos e ando até algum lugar em que eu possa ver alguma coisa sem ser visto. Eu reconheço na hora em que bato meus olhos. Ele é Jamie e ela é Susi. Finalmente ficaram juntos. Mas não consigo ficar feliz. Pelo contrário, me enraiveço de uma maneira distorcida. Tenho vontade de me aproximar e afastar Jamie de Susi. O que é isso?

Ela permanece encostada à parede e os dois se beijam de forma nojenta. Pelo menos para quem visualiza do lado de fora. Estou prestes a retornar pelo meu caminho para não precisar mais vê-los, quando me obrigo a voltar para o lugar onde eu estava. Escuto vozes. Falas. E essas falas me incomodam.

– Jamie – ela sussurra, com os lábios livres.

– Por favor, não me diga que o que estamos fazendo é errado – ele pediu, quase suplicou. Conseguia entender seu lado; sabia o que estava sentindo.

– Não, não – ela ri fracamente. - Só queria dizer que... eu... estou apaixonada. – sim, algo mexeu comigo. Algo se retorceu em um ângulo estranho dentro de mim. Senti-me enojado.

– Sério isso? – por sua voz soube que estava sorrindo. Quase consegui sentir sua satisfação ao escutar isso.

– Sim, mas não era isso que eu iria dizer. – fiquei confuso. Percebi que era errado escutar conversa de um casal apaixonado, mas queria esperar agora. O que ela iria dizer?

– Então o que era?

Um minuto de silencio.

– Só digo se você prometer que não dirá nada quando eu terminar.

Decidi contar os segundos enquanto ele não respondia. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... 118, 119, 120.

– Tudo bem, eu prometo – ele estava receoso.

– Eu te amo – sua voz estava alta, clara e cheia de convicção. Pensei que era ruim o bastante ouvi-la falando que estava apaixonada por ele, mas ouvir que ela o amava era um milhão de vezes pior. Algo mexeu mais forte dentro de mim. Uma percepção. Uma dor.

E então eu entendi o que eu estava sentindo e fiquei mais confuso ainda. Só conseguia pensar: por que ela não está falando para mim que me ama?

Esperei por uma fala dele, mas a vi segurando em sua nuca e puxando o rosto dele para mais perto do dela e soube que ela tomaria o controle novamente. Agucei meus ouvidos, esperando pela última frase:

– Você prometeu. Não diz nada – e ela o calou, mesmo que ele não estivesse falando nada.

Eu compreendia que era muito para mim. Voltei para o meu caminho, sabendo que não suportaria muito mais que isso. Bastava para mim.

Saí silenciosamente e sem ser visto. Era o suficiente.

Meus passos se apertaram quando eu soube que seus ouvidos não mais me alcançariam. Na verdade, sei que mesmo se eu gritasse naquele momento e naquele lugar eles não me ouviriam. Estavam presos em sua própria bolha de amor. Meu estômago se revirou desconfortavelmente novamente.

Minha visão estava meio turva – eu não estava chorando e não choraria, mas não estava em meu melhor momento. E por isso dei de cara com Kyle. Ele me empurrou assim que nos encostamos e fui parar do outro lado de uma parede da caverna.

– Olha por onde anda – ele praticamente gritou, como sempre.

– Tudo bem – disse com a voz cansada, erguendo minhas mãos em sinal de rendição.

Ele estranhou minha atitude e franziu seu cenho aparentando curiosidade.

– Você está bem? – perguntou, trocando olhares com Sunny que estava de mãos dadas com ele.

– Claro, estou ótimo – falei, mas em minha voz o sarcasmo se fazia presente e ele não se convenceu totalmente.

Respirou fundo e olhou para Sunny docemente, com as sobrancelhas arqueadas. Ela sorriu timidamente e saiu em passos leves, como se flutuasse. Ela a observou por um bom tempo, até ela desaparecer de nossa vista. E então sorriu fracamente.

– Você realmente gosta dela, não é? – questiono antes de ele começar a me perguntar sobre o motivo de eu estar estranho.

– O quê? – ele pergunta como se tivesse sido resgatado de um profundo devaneio.

– Sunny. Você gosta muito de Sunny, não é?

– É claro que eu gosto dela. Ela é muito legal – ele responde um pouco confuso com minha pergunta. Não reage bruscamente, como geralmente faria, e isso me intriga mais ainda.

– Não, não nesse sentido – esclareço minha linha de raciocínio. – Você está apaixonado, não está?

Ele finalmente se toca. Volta um olhar mortal para mim e aperta suas duas mãos em punhos. Tenho a impressão de que ele deseja me bater pela minha pergunta, mas não me intimido por isso. Na verdade, me sinto feliz por saber que ele está voltando a amar alguém da maneira homem-mulher.

– Claro que não! – ele grita estridentemente, e seu grito ameaça abalar a estrutura de toda caverna.

Arregalo meus olhos, completamente surpreso por causa de sua reação. Já me esqueci do por que estava mal poucos minutos atrás. Agora estou me divertindo de verdade. Isso é a diversão que eu queria.

Não consigo me controlar. Uma gargalhada irrompe de meu peito. Tenho que cobrir minha boca com a mão para o barulho se limitar a esse espaço que eu me encontro. Mas eu não consigo parar. É simplesmente impossível.

– Do que você está rindo?! – ele rosna e avança sobre mim, prendendo-me contra a parede.

Ainda assim - sendo ameaçado pelo seu corpo - não consigo parar. A mentira está tão clara!

– Calma, calma – peço, ainda rindo. Ele me aperta mais contra a parede. – Tudo bem, tudo bem, já parei. Já parei – e me concentro em parar de rir.

Neutralizo meus pensamentos, me esquecendo do lugar onde estou e da situação que estou vivendo. Meu rosto perde aos poucos a expressão, na mesma medida em que Kyle me solta. Lentamente.

Finalmente ele recua me dando espaço para respirar. Encaro-o, tendo novamente que me concentrar. Ele parece completamente perdido com a expressão de uma criança que fez coisa errada. Cruzo meus braços atrás de minhas costas e me encosto à parede, olhando-o com uma expressão especulativa agora.

– Você sabe por que eu estava rindo – ele me olha mais uma vez, calmamente agora. – Você a ama, não é? Está apaixonado por ela. Consigo ver em seus olhos.

Porém, ele continua obstinado. Olha-me de modo intenso, testando-me a duvidar de suas palavras ainda não proferidas.

– Não, eu não estou apaixonado por ela. Eu não a amo. Apenas sinto um carinho por ela pela convivência de tantos anos – e ele segue seu rumo, deixando-me sozinho com sua colocação nada satisfatória.

– Kyle – chamo antes que ele comece a desaparecer de minha vista. Ele para. – E Jodi? Você ainda a quer de volta?

Ele demora a me responder. Talvez alguns minutos, posso arriscar. Não se vira para mim, não me olha nos olhos. Prefere dizer sua mentira de costas para mim.

– Sim – responde simplesmente, voltando a andar em passos largos e apressados. Perco-o de vista rapidamente.

E de novo sinto a raiva. Por que as pessoas não conseguem? Por que elas não assumem nada? Está em seus olhos. Ele a ama. Está completamente apaixonado por ela. Não quer mais Jodi. Não quer mais ninguém além dela. Mas eu sei por que ele não consegue. Ele não consegue admitir que se apaixonou por uma parasita. Não quer ceder. Não quer ser igual a mim depois de me criticar. Eu sei que é isso.

Com os meus pensamentos voltados para esse rumo, eu sigo meu caminho em direção aos campos. Pessoas andam apressadas de um lado para o outro no corredor que eu passo, pois ele é o corredor que leva todos a todos os lugares. Ninguém presta atenção em mim e fico extremamente grato por isso. Não quero questionamentos hoje.

Entretanto, alguém me para. Lily. Ela segura em meu braço e permanece parada em minha frente. Por sua cara, deduzo que ela está com pressa.

– Ian – ela diz, com a voz atropelada. – Você está indo para aquele lado, certo? – ela não espera pela resposta. – Então, pode ir pegar um pouco de sabão que eles estão fazendo e me trazer perto do campo?

– Sim, claro...

– Obrigada – ela sorri, mas logo muda sua expressão. – Depressa. Vá.

Ganhando um empurrão de Lily, eu continuo seguindo reto. Aperto meu passo querendo realizar seu pedido rapidamente para ficar livre para trabalhar analisando as coisas que aconteceram no dia de hoje. Praticamente atropelo algumas pessoas em minha pressa.

– Olha por onde anda – alguém reclama, mas não volto meus olhos para essa pessoa. Nem sequer reconheço minha culpa.

A raiva volta a crescer dentro de mim. Por Kyle. Por Jamie. Por Susi.

E adivinhe quem eu encontro fazendo sabão? Exatamente, Susi.

Passo direto por ela e pego uma pedra de sabão em minha mão. Dou a volta e estou prestes a sair da sala quando suas palavras me param:

– Ian, está tudo bem? – observo as poucas pessoas que executam o mesmo trabalho e as percebo totalmente alheias. Posso falar pelo menos uma parte de meu motivo para me livrar mais facilmente.

– Kyle me irritou há pouco. Ele não consegue admitir seus sentimentos por Sunny.

E, para minha surpresa, ela ri suavemente.

– Ai, Ian – diz, ainda com vestígios de sua risada. – E você ainda se irrita. Até parece que não conhece seu próprio irmão.

E exatamente naquele momento, por causa de sua maneira de falar, eu soube precisamente quem era Susan.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? É sério gente, tô sentindo a maior falta de vocês :/ Me digam se não estiverem gostando de alguma coisa ou me contem por que estão me abandonando ): Eu sei que tenho leitores fantasmas, podem comentar e podem vir falar comigo também, eu não mordo, ok?
Logo agora que está prestes a acontecer a revelação vocês estão me deixando, poxa ): Espero muitos reviews pra eu continuar postando até o final ):
Até o próximo capítulo.



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