Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 2
Encontrada


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está realmente chato, mas é para a história se desenrolar, para assim se seguir outros capítulos. Esse foi mais voltado para a descrição das cenas, já que tinha mais ação.



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Pisco contra a luz da manhã. A primeira coisa que percebo é que estou esparramado, o que já não é novidade. Peg está sentada na cama me olhando com carinho. Pergunto-me quanto tempo ela está assim. Está até vestida. 

- Bom dia - diz ela docemente. 

- Bom dia - resmungo com a voz rouca. Pigarro. 

- Dormiu bem?

- Uhum - confirmo. - E você?

- Também dormi muito bem - ela sorri. 

Percebo que está mais feliz que o normal. Seus olhos brilham com alguma emoção que eu não consigo identificar. Talvez se eu me esforçar. Não agora. Quero voltar a dormir. 

- Faz quanto tempo que está me observando? - pergunto, procurando por algum relógio, logo me lembrando que não tem nenhum nessa caverna. 

- Não sei, me perdi nele - responde-me ela. 

- Isso parece bastante. 

- Eu realmente não faço ideia - insiste ela. Respiro fundo, teimosa como sempre. 

- Vou esperar ali fora enquanto você se arruma, para irmos tomar café - ela dá um risinho no final e sei que é por causa da última frase que falou. Faz quase dois meses que fizemos aquela incursão que quase morremos - de susto, é claro - quando encontramos outros humanos resistentes. Os suprimentos já estão acabando. 

Ela sai de meu quarto. A porta que ela tem que tirar do caminho não a assusta mais. Agora ela tem um pouco mais de força, depois de um tempo com trabalho pesado o corpo dela se acostumou. Antes de fechar a porta ela dá o menor dos sorrisos. 

Suspiro e procuro por minha roupa, colocando uma camiseta preta, uma calça jeans folgada e um coturno. Nos vestimos parecidos aqui na caverna, mudamos geralmente a cor das camisetas e a variação dos calçados, mas é quase um uniforme nossas roupas. 

Quando saio ela sorri novamente. Mais tarde perguntarei a ela o motivo de tanta animação. 

Quando chegamos à cozinha logo vemos Jamie, Melanie e Jared, os três comendo juntos. Eles acenam para nós. 

- Bom dia - dizemos. 

- Bom dia - eles respondem em uníssono. 

Na deixa Jeb entra, sem sua arma. Peg sorri com satisfação ao vê-lo de mãos vazias. 

- Bom dia - diz ele, pegando um pão e se sentando conosco.

- Bom dia - respondemos.

- Acho que faz um bom tempo que estamos comendo isso aqui, não? - Jeb pergunta e de súbito eu entendo a animação de Peg. Uma incursão. Ela quer sair novamente. Ver gente. 

- Concordo - Jamie diz, fazendo uma careta. 

- Não estaria na hora de fazer uma incursão? - pergunta Jeb. 

- Acho que sim, vai ser rápido - murmura Melanie. 

- Peg?

- Tudo bem.

- Ian?

- Tá - dou de ombros. 

- Jared? 

Jared revira seus olhos. Como se pudesse recusar. 

- Então tá, quando vocês saem garotos? 

- Podemos partir hoje - sugere Jared. Aceitamos, sem muitas opções. 

Terminamos de comer em silêncio, provavelmente todos estão pensando na incursão.

Ainda fico preocupada com Peg, embora ela me garanta que é exatamente como antes. 

- Bom, vocês não me verão novamente hoje. Espero que eu volte a vê-los - diz Jeb em tom de despedida, se levantando.

- Posso ir? - Jamie finalmente ataca. 

- Não! - Peg e Mel dizem em uníssono. 

Ele cruza os braços e emburra, resmungando coisas incoerentes. 

Saímos da cozinha para começar a arrumar algumas coisas.

Primeiro, um banho. Não é boa ideia sair para o mundo sem banho. Vou para a sala de banhos junto com Peg. Primeiro ela me espera e depois eu a espero. Mel e Jared logo chegam, quando já estamos saindo. 

Segundo, arrumar algumas roupas. Provavelmente é bom trocar de tempos em tempos de roupa.

E finalmente, alguns suprimentos básicos. Garrafinhas de água, porque a corrida entre a caverna maior e o lugar onde o jipe fica nos deixa ofegante. 

Saímos sem nenhuma despedida, sabemos que voltaremos logo. 

Desde que Peg começou a incursionar conosco as nossas incursões ficaram muito curtas. Uma semana, no máximo. Antes ficávamos fora duas semanas. Até três, em algumas ocasiões. Peg mudou nossas vidas. Nos trouxe segurança e conforto. E amor. Os humanos da caverna mudaram muito desde que Peg entrou lá. Fico orgulhoso ao me incluir nesse grupo. 

...

Peg volta com o carrinho cheio de compras. Eu, Mel e Jared a ajudamos a guardar as coisas, e entramos no carro, quando nossa atenção é desviada. 

Confusão. Tumulto. Buscadores. Gritaria. Pavor. 

Viro-me a tempo de ver os faróis de um carro refletirem no olho de uma garota. Refletirem em olhos completamente humanos, sem nenhum reflexo. Acho que não fui só eu que vi isso. 

- Humana! - grita uma mulher, apavorada. 

Os Buscadores saem de seus carros e andam em direção à garota, que jaz assustada na calçada. Posso ver que seus olhos estão arregalados, embora não consiga ver a cor deles. Eles correm até ela e pedem alguma coisa, que eu não consigo entender por causa do tumulto. 

Não consigo ver a garota, mas vejo quando um Buscador dá um passo e volta cambaleante para trás, segurando a mão sobre a barriga. A menina deu um soco em seu estômago?

Outros avançam, mas sempre recuam segurando alguma parte do corpo. Rosto, tornozelo. 

- Por que ela não tenta fugir? - murmuro impacientemente. 

E ela tenta. Vejo que quase consegue, se um par de mãos fortes não a abraçasse por trás e tirasse seus pés do chão. É um Buscador. Mas é forte. Deve ter sido inserido recentemente, pela força com que segura a menina, não que seja difícil levantá-la. Ela esperneia e grita freneticamente. Vários Buscadores tentam alcançar sua cara para borrifar algum spray para ela desmaiar, mas ela não deixa, chutando o ar e gritando a plenos pulmões. Ela se retorce de nojo da criatura que a segura. 

Sofro por ela. E sinto que não só eu, Peg, Mel e Jared também. Pelo amor de Deus, é uma humana vivendo sozinha! Uma criança vivendo sozinha. 

Finalmente ela resolve parar de chutar o ar e chutar alguma coisa concreta, como o tornozelo do que a segura. Isso o pega desprevenido e ele afrouxa os braços o bastante para a garota pular deles e cair agachada no chão, logo levantando e correndo com toda velocidade. Ela correndo me lembra Melanie, sua velocidade, sua destreza. 

- Siga-a - digo para Jared. 

- O quê? - pergunta-me, me olhando como se eu tivesse algum problema. 

- Siga-a com o carro, ela é uma humana! 

- E o que você pretende fazer com ela? - pergunta Jared irritado. Minhas mãos se fecham em punho, mas afinal não é preciso. 

- Ele está certo - dizem Peg e Mel juntas. 

- Ela é uma humana - diz Mel. 

- O momento irá nos dizer o que fazer - garante Peg. 

Ele arranca o carro rapidamente, se dando por vencido. Não é difícil alcançá-la, apesar de sua velocidade. Começo a pensar em como resgatá-la sem chamar atenção para nós. 

De repente ela pula no ar, parando em cima de um skate que jazia esquecido no chão e quase cai quando o faz, porém logo se equilibra. 

Observo para onde ela está indo. Tem uma rua escura e abandonada na próxima esquina, onde ela pretende virar. Posso ver como olha fixamente para frente, provavelmente pensando em virar no último momento, para despistá-los. 

Os Buscadores ainda não entraram em seus carros para segui-la e depois que ela pegou o skate será impossível alcançá-la correndo. 

- Vire - ordeno. 

- O quê? - Jared pergunta. - Mas e a garota?

- Eu tive uma ideia, apenas o faça. 

A contragosto ele virou na esquina em que eu imagino que ela irá virar. É realmente perigoso meu plano, mas provavelmente o único que tem chance de dar certo. 

- Pare agora, com calma, sem cantar pneus - ele me obedece, mesmo que contrário a isso. 

- Peg, troca de lugar com ele? - pergunto. 

- Não - Jared protesta. O ignoramos. 

- Tudo bem - ela ainda não sabe de meu plano, mas sabe que estou apenas encontrando uma saída caso algo aconteça. 

Ela abre a porta do carro e meio hesitante Jared também abre a dele, rapidamente eles trocam de lugares. Fico olhando pelo espelho retrovisor de Melanie quando a garota quase passa reto na rua, virando apenas no último momento. Ela se desequilibra um pouco pela volta que tem que fazer, mas logo está perto o bastante para eu por meu plano em prática. 

Salto para fora do carro e a seguro pelos cotovelos no momento em que ela passa por mim. O skate escapa de seus pés e continua pela rua. Ela grita, mas não sai nada, provavelmente depois de tanto gritar nos braços daquele homem. A empurro até a parede mais próxima e prendo sua boca com minha mão, para ela não gritar novamente. Rezo para que dê tempo de executar meu plano. 

Ela está com olhos arregalados e percebo que está se preparando para lutar comigo quando tiro uma lanterna pequena de meu bolso e aponto para meu rosto. Seus olhos azuis - agora posso ver a cor deles - se arregalam ainda mais e ela para de se mexer.

- Viu só? Sou apenas mais um humano. Agora venha comigo, tenho um lugar seguro para você.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Deixem sua opinião, quero saber no que posso melhorar, se tá bom e tal. Logo descobriremos quem é essa garota e ela trará alguns mistérios. Chega de spoilers por hoje.

PS: Desculpa pelos erros de concordância, realmente preciso melhorar nisso.



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