Cinco dias se passaram e nada de interessante aconteceu. Eu e Daniel continuamos a fingir que estávamos namorando, e Ashley ficou cada vez mais esquisita. Sempre que eu ligava para ela tentando marcar alguma coisa, ela me dava uma desculpa esfarrapada. Outra coisa que notei foi que Zack começou a dar em cima dela. E claro, ela o cortava. Ele é um babaca.

Enfim o dia de tirar esse gesso chegou. Marquei com Ashley de ela ir comigo às 17h, mas ela não estava aparecendo. Então de repente ouço a campainha tocar. Ashley? Na verdade não.

- E ai, lindinha - Daniel cumprimenta, com malícia nos olhos.

- Que cê quer, Daniel? - respondi, decepcionada.

- Nossa, que mau humor. Resolvi dar uma passada aqui, só isso.

- Não se lembra que vou tirar o gesso hoje?

- Ah, é... Que horas?

- Às 17h.

- E o que você tá fazendo em casa, são 16h45!

- Sério? ARGH, QUE VADIA.

- Hein?

- Combinei com a Ashley dela vir aqui, mas nem sinal dela!

Ao dizer isso, recebi uma mensagem da mesma: "Não vou poder ir, tenho coisas pra resolver, bjs".

- Ah, que ótimo - exclamei.

- Que foi?

- Ela não vem. E não tenho nem como ir!

- Quer que eu te leve?

- Não tem problema pra você? Se não eu quero!

- Claro que não, vem.

Peguei minhas muletas e saí de casa com a ajuda dele. Daniel abriu a porta pra mim e eu entrei. Saímos e ele me fez companhia o tempo todo. Foi muito gentil da parte dele. Fiquei até um pouco surpresa, porque normalmente pra ele é "se você tem um problema, resolva-se sozinho". Ele não liga muito pros outros. Mas nesses últimos dias ele foi um dos únicos em que pude contar. Ashley estava passando muito tempo com as meninas da nossa classe de Inglês. Parecia que estava me evitando.

Chegando em casa, pedi pra ele não sair do carro pois não queria chamar a atenção da minha mãe. Nos despedimos e entrei. Finalmente livre! Odiava aquele gesso. Mas enfim, está tudo acabado agora.

Quando entrei, percebi minha mãe olhando torto pela janela.

- Mãe? Tá tudo bem? - perguntei, preocupada.

- Quem era esse garoto? E não venha me dizer que era a Ashley - ela me respondeu, seca.

- Ah, ele me levou pra tirar o gesso. O nome dele é Daniel.

- Você tinha me dito que a Ashley que ia levar você.

- É, mas ela me mandou uma mensagem de última hora dizendo que não podia, então ele se ofereceu pra me levar. Gentil da parte dele, não? - tentei aliviar a barra dele.

- É, nem tanto assim.

- Ãhn?

- Quando você saiu do carro ele ficou olhando para... uhm... sua parte traseira.

- Quê?! Mãe, por favor, você está vendo coisas.

- Não, eu estava enxergando muito bem, e você nem sabe porque estava de costas! Quem manda usar esses mini shortinhos de prostituta.

- CÊ TÁ ME CHAMANDO DE PUTA? Pelamor mãe! Você tá neurótica.

- Não estou não. Fale o que quiser, eu vi o que vi e não quero mais esse garoto perto de você.

- Você não tem o direito de controlar as minhas amizades! Ele não passa disso, um a-m-i-g-o! Conhece isso?

- Apenas vá para o seu quarto, Cassidy.

- Beleza.

Subi as escadas correndo, já que agora podia, e fui para o meu quarto. Nossa, nem estava tão indecente assim! Estava com uma roupa normal, coisa que se usa para ir à uma consulta médica.

Mas o que me deixou confusa foi: ele realmente estava olhando pra minha bunda? Se estava, acredito que isso seja normal, né? Tipo, caras estão sempre olhando pra bunda das garotas... Bom, não sei, como sabem, não tenho muito contato com o sexo oposto. De qualquer jeito, essa observação de minha mãe me deixou desconfortável.

O resto do dia foi entediante. Fiquei lendo "As vantagens de ser invisível" pela milésima vez e, depois, fui dormir.