A Melhor Coisa Que Nunca Me Aconteceu escrita por Mariyas2


Capítulo 1
Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Não ficou muito bom, mas espero que gostem! *-*



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É isso. É agora ou nunca.

Afonso, nosso professor de literatura, colocou a mão no estojo cheio de papeis.

Isso, vai lá.

Ele tirou dois papéis e leu em voz alta:

- Ana e... Bruna.

Droga! Ok, dessa vez vai.

- João e... Rafael.

Tá, não foi dessa vez, mas a próxima com certeza será.

Olhei de relance para Camila e ela fez o mesmo. Não era à toa que às vezes éramos chamadas de “compartilhadoras de cérebros”. Quase sempre tínhamos as mesmas reações. A ansiedade e a expectativa de uma se refletiam nos olhos da outra.

- Isadora e... Laura.

Ok, agora é nossa vez.

- Julia e... Miguel.

Tudo bem, agora...

Cinco minutos se passaram, em meio à conversas, gritinhos e risadas. Treze das quinze duplas para o trabalho já haviam sido escolhidas. Faltava apenas eu e Camila (que, obviamente, ficaríamos juntas) e mais dois garotos. O professor pegou mais um par de papéis.

- Marcelo e... Camila.

Não. Não. Não! NÃO!

Olhei apavorada para Camila que retribuiu o olhar. Como assim não iríamos ficar juntas?! Fazemos todos os trabalhos juntas desde a pré-escola, quando nos conhecemos!

Vi Marcelo sorrir para ela. Como eu poderia deixá-la sozinha com um pervertido como ele? Era o mesmo que deixar uma garotinha indefesa nas garras de um lobo!

- E por fim... Alice e... Pedro. Juntem-se e comecem a trabalhar.

Seguiu-se, então, o barulho de classes sendo arrastadas, mas eu não ouvia nada. Quando eu pensei que não poderia piorar, piorou. Chocada, vi a classe de Marcelo se juntar com a de Camila, que estava ao meu lado. Ela sorriu tentando me dizer que estava tudo bem, mas ambas sabíamos que o sorriso era falso. Antes que eu dissesse alguma coisa, me senti observada. Olhei para o outro lado da sala e vi um par de olhos me observando. Eram tão escuros que a íris quase se misturava com a pupila e me fitavam com o que supus que era uma estranha combinação de curiosidade e indiferença. Era possível que uma pessoa tivesse tanto azar assim?

Contra a minha vontade, me levantei e levei a minha classe até ele – tendo que me separar de Camila! – já que ele não sairia do lugar. Sentei-me ao lado dele, ele me encarou por alguns segundos, se inclinou sobre a classe e dormiu. Isso mesmo, dormiu. Cutuquei-o para acorda-lo, mas tudo que consegui foi fazê-lo virar o rosto, que estivera virado para baixo, de modo que sua face ficou de frente para mim.

Dormindo ele parecia totalmente diferente. O cabelo despenteado, um pouco mais longo que os dos outros garotos da turma, mas que não chegava até o ombro, apontava para várias direções de um jeito infantil, assim como o rosto, que apresentava uma expressão inocente e pacífica, muito diferente daquela indiferente e, muitas vezes, assustadora expressão que ele carrega todos os dias. Parecia até que não era ele e, sim, um irmão gêmeo do bem, se não fosse as roupas, que continuavam as mesmas – jeans preto, coturno, jaqueta de couro também preta, uma camiseta do “Metallica” e os fones de ouvido continuavam a tocar alguma musica, baixa de mais para eu descobrir qual era, mas alta demais para ser ignorada.

Suspirei. Camila também parecia com problemas, apesar de que Marcelo estava com as mãos num lugar visível. Fiz uma careta pra ela e ela retribuiu, então me concentrei no trabalho. Elaborei uma parte do trabalho e comecei a fazer planos para o fim de semana, que foram por água a baixo quando o professor disse que o trabalho era pra ser entregue segunda-feira, portanto teríamos que os reunir no fim de semana.

Como era o ultimo período da sexta-feira, Camila e eu nos sentamos nos últimos bancos do ônibus escolar e conversamos durante todo o caminho para casa. Ela contou que iria fazer todo o trabalho sozinha já que Marcelo ficara a aula inteira incomodado e paquerando-a (eu contei que ele é afim dela há 2 anos?). Pedro também não ajudara (ficara a aula inteira dormindo), mas eu não iria fazer o trabalho todo sozinha porque, diferente de Camila, eu não tinha medo de me aproximar da minha dupla. Pelo contrario, ele é que iria fazer o resto do trabalho, era o mínimo que ele deveria fazer.

Ao chegar em casa, fiz um lanche a cozinha e levei para o meu quarto, para comer enquanto fazia os temas. Abri minha pasta e encontrei o trabalho de literatura. Eu tinha certeza que o havia deixado na classe de Pedro. Como ele voltou para a minha pasta? Olhei atentamente e percebi que alguém havia escrito um número de telefone na parte de cima da folha. Pensei em ligar, mas mudei de ideia e mandei um SMS.

Quem é você?

Quem você acha que é?

Algum idiota que nem sequer consegue responder uma mensagem direito.

Ai! Aqui é o Pedro.

Pedro? Por que diabos o telefone dele estava no trabalho?

Foi você que colocou o trabalho na minha pasta?

Aham.

E o número?

Também.

Que filho da puta! Ele descobriu que teria que fazer todo o trabalho sozinho?

E o que vamos fazer sobre o trabalho? Eu já fiz a minha parte.

É, uma parte minúscula. Eu não vou fazer todo o resto.

Nem eu.

Era inútil discutir com ele. Concentrei-me nos temas e no meu lanche. Nossas aulas acabavam no meio da tarde, então ainda faltava algumas horas até meus pais e meu irmãozinho Piter chegarem em casa.

Fiz os temas, fui para o Facebook e fiquei lendo revistas até Piter chegar e então arrumei a mesa para fazermos uma pequena janta, já que jantaríamos de novo quando meus pais chegassem, algumas horas mais tarde. Depois de comer, ele foi atender ao telefone.

-Alô?... Sim, é o irmão dela... Amanhã? Claro... Tudo bem... Tchau.

Ele desligou e olhou para mim.

- Mana, o seu colega vai vir aqui amanhã à tarde fazer o trabalho de história, ok?

E então ele saiu. Simples assim. Tirando a parte que eu quase tive um troço, dei um “piti” enorme quando meus pais chegaram e fui dormir depois de todos estarem contra mim, dizendo que eu era uma aluna irresponsável.


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