Sentimentos Apagados [HIATUS] escrita por Ethos


Capítulo 18
Capítulo 18 - Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, desculpem pela demora do capítulo, mas aí está, tentei caprichar o máximo que pude! *--*



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Chegando em casa, Ally trancou-se em seu quarto, deitou-se na cama e por lá ficou. Pensando em como havia levado a sua vida até agora, como suas escolhas anteriores afetaram o seu destino e as pessoas à sua volta. Talvez, se no passado ela apenas tivesse dito não a algumas coisas, não estaria tão arrependida quanto agora. Não conseguiu derramar mais uma lágrima sequer depois de dizer a si mesma que tudo poderia ser diferente, se ela não tivesse sido tão fraca. Deste dia em diante, decidiu que nunca mais choraria por motivos tão estúpidos como este.
Estava quase dormindo quando ouviu seu celular tocando. Ao verificar, Ally notou que era um número desconhecido e temeu que fosse Dake querendo lhe atormentar novamente, então rejeitou a ligação. De repente, ouviu um toque de mensagem recebida do mesmo número: “Ally... Sou eu, Lysandre. Você está bem?”, dizia. Envergonhada, ela imediatamente respondeu: “Oi Lys! Desculpe ter desligado, pensei que fosse outra pessoa... Enfim, como conseguiu meu telefone?”. O rapaz enviou uma nova mensagem explicando que havia pedido ao Nathaniel, que tinha acesso às fichas dos alunos.
Lysandre e Ally trocaram algumas mensagens sobre assuntos aleatórios, depois se despediram e foram dormir. Quando Lysandre já estava com os olhos fechados, ouviu seu celular vibrar em cima de uma pequena mesa que ficava ao lado de sua cama. Era uma mensagem de Ally agradecendo. Ele perguntou pelo que ela estava grata e a mesma respondeu: “Por ter me feito sorrir hoje.”. Lysandre colocou o celular sobre a mesa, deitou sua cabeça no travesseiro, olhou para o teto e sorriu, e então fechou os olhos.
Na manhã seguinte, Ally levantou rapidamente, pois novamente estava atrasada. Teve tempo apenas para amarrar o cabelo, trocar de roupa e fazer sua higiene. Correu o quanto pôde para não dar de cara com os portões da escola fechados, que por sorte não estavam quando chegou. Aliás, aparentemente, estava sendo trocado por um novo e mais trabalhado em detalhes. Ela passou pela entrada e correu até a diretoria para pegar uma autorização e entrar na sala. Ao entrar na sala, desculpou-se pelo atraso, entregou a autorização para o professor, que a mandou sentar-se em seu lugar.

– Que cara de quem comeu e não gostou é essa? – Sussurrou Alexy, que sentava atrás da garota.

– Ah, Alexy... Muitas tretas. – Respondeu ela, disfarçando um riso. Então o garoto de cabelos azuis riu de volta e voltou a copiar o que estava no quadro.
Mais tarde, durante o intervalo, Ally e Amy sentaram-se juntas com Alexy e Armin, que novamente estava concentrado em um jogo eletrônico.

– Ei, Ally! – Amy a puxou para um canto, enquanto Alexy estava distraído assistindo Armin jogar. – Adivinha quem me ligou para saber se eu estava melhor ontem à noite e ficou conversando comigo até às duas da manhã? – Perguntou Amy, com um sorriso escancarado.

– Oh meu Deus, quem? – Ally arregalou os olhos de curiosidade.

– Na-tha-ni-el! – Sussurrou Amy, pausadamente. Ally abriu a boca, surpresa e logo sorriu.

– Eu sabia que estava rolando algo entre vocês dois! Aqueles sorrisinhos inesperados eram muito suspeitos. – Ela abafou o riso com a palma da mão.

– Ele perguntou se eu estou a fim de ir ao cinema uma hora dessas... – Amy corou e abaixou a cabeça, tentando conter a animação.

– E você disse sim na hora, não? – Perguntou Ally ainda surpresa e feliz pela amiga.

– Não... Eu disse que iria pensar. Não quero que ele pense que sou uma garota “fácil”. – Ela usou aspas com os dedos. Ao ouvir isso, Ally sentiu-se um pouco mal ao lembrar-se de seu relacionamento com Dake. Realmente, ela foi uma garota fácil para ele, e isso fazia ela sentir-se inferior às outras garotas que não se entregavam tão facilmente.

– Ally? O que foi? – Perguntou Amy, que havia notado a estranha expressão que Ally tinha no rosto.

– Ah, nada. – Ela riu. – Continue o que estava dizendo...

– Bom, eu vou demorar um pouco para aceitar o convite dele, acho que assim ele vai valorizar o nosso encontro. – Concluiu Amy, com uma expressão confiante.

– Você está certa. Só não deixe o coitado esperar demais. – Ambas riram e Alexy virou para o lado, curioso sobre o que elas estavam conversando.

– Qual é a piada? Eu também quero rir. – Perguntou ele, apoiando a cabeça no ombro de Ally, que ficou vermelha de imediato. Alexy notou e começou a rir do constrangimento da garota. Então, para provocá-la ainda mais, deu-lhe um beijo na bochecha. Agora sim, Ally mais parecia um pimentão e Alexy ria ainda mais. – Não acredito... Você mais fofa do que eu imaginava! – Ele desistiu de provocá-la e se afastou.

– Ah é? – Ela tentou rir para contornar a situação, mas estava muito envergonhada.

– Sim! Mas não se preocupe, não vou atacar você. – Alexy destacou a palavra “atacar” e riu. – Você não é o meu tipo, aliás... Nenhuma garota é! – Ele sorriu.

– Como assim, nenhuma garota? – Perguntou Amy, um pouco confusa.

– Digamos que ele prefere um tipo mais... Musculoso. – Armin respondeu por Alexy e ambos riram.

– Tipo mulheres fisiculturistas? – Amy arqueou as sobrancelhas e apoiou os cotovelos nas pernas e o queixo nas mãos, interessada no assunto.

– Não... Do tipo garotos mesmo. – Alexy riu.

– Quer dizer que você é...? – Amy e Ally disseram ao mesmo tempo, sem terminar a pergunta.

– Sim! – Alexy riu, exibindo um sorriso que faria qualquer garota se apaixonar.

– Nossa, que revelação... Estou me sentindo numa novela mexicana! – Comentou Ally, um pouco perplexa e os quatro riram da situação. – Gente, estou me segurando desde a primeira aula, vou ao banheiro... – Ally levantou-se e se afastou.
Quando estava lavando as mãos, ouviu um barulho vindo de uma das cabines. Não conteve a curiosidade, então foi averiguar mais de perto. Parecia que alguém estava passando mal e vomitando. Ally bateu na porta.

– Ei... Está tudo bem? Quer que eu chame alguém? – Perguntou ela, um pouco preocupada com a garota que estava lá dentro.

– Sai daqui! Eu estou... – A garota tossiu. – Ótima! – Ally reconheceu aquela voz, parecia ser da... Ambre?!

– Ambre, é você? – Ally mais uma vez tentou comunicar-se com a garota. Um barulho de descarga veio de dentro da cabine. A tranca da porta fez um barulho e a porta se abriu. Do outro lado, estava uma figura com os cabelos loiros amarrados, o rímel e o batom rosa claro borrado, a testa suada e os olhos lacrimejando.

– Se contar para alguém o que viu ou ouviu aqui, não vou ter piedade na hora de destruir sua imagem. – Ameaçou ela.

– Eu não vou contar nada. – Respondeu Ally, séria. – Não tenho nada a ver com o que você faz ou deixa de fazer com a sua vida. Eu só queria saber se você está bem... – Completou ela.

– Estou com cara de quem está bem? – Perguntou Ambre, saindo de dentro da cabine e indo direto a pia para lavar o rosto.

– Não mesmo... – Respondeu Ally, estranhando a situação.

– Então por que perguntou? – Ambre encarou Ally seriamente. – Não acho que você realmente se preocupe comigo.

– Só porque não nos damos bem quer dizer que eu vá desejar algo de ruim para você. Então eu me preocupo sim! – Respondeu Ally, de imediato.

– Hum... – Ambre secou o rosto e começou a retocar a maquiagem. – Só porque se preocupou comigo, não quer dizer que vou virar sua amiga. – Ela terminou de passar o batom e foi em direção à saída. – Mas... Obrigada? – Ela sorriu com ar superior, endireitou a coluna, soltou os cabelos ao vento e saiu, como se nada tivesse acontecido.
Durante as ultimas aulas, Ally ficou se perguntando o que estava acontecendo com Ambre naquele banheiro e involuntariamente encarou a loira que sentava do outro lado da sala. Esta, por sua vez, lançou um olhar ameaçador, o que fez Ally virar-se para frente e fingir que estava prestando atenção à aula de química.
Na saída, Ally avistou de longe uma silhueta familiar e percebeu que se tratava de Dake, novamente, esperando-a na saída. Ela esperou todos os alunos irem embora para finalmente ir falar com ele.

– Oi... Eu queria falar com você, mas não consegui te ligar. – Dake começou a falar.

– Deve ser porque eu bloqueei o seu número, não? – Respondeu Ally, irônica.

– Ah... – Ele suspirou. – Eu só queria pedir desculpas por ontem, por tudo.

– Dake, você só sabe se desculpar e prometer coisas que não pode ou não quer cumprir. – Disse Ally, com a voz firme. – Está parecendo um político corrupto.

– Mas agora é sério! Desculpe-me pelo que fiz no passado, foi um erro. – Suplicou ele.

– Traição é uma escolha Dake, não um erro. – Disse Ally, seriamente. – Mas não vou jogar na sua cara tudo o que você fez além de me trair, porque eu também escolhi ficar com você, ninguém me obrigou.

– Você parece mais segura do que diz... – Dake cruzou os braços e sorriu. – Tudo bem, eu entendo se você não quiser mais nada comigo, eu fui um idiota mesmo.

– Nós dois fomos. – Comentou ela.

– É. – Ele riu. – Eu e Kate vamos voltar para a Austrália amanhã. – Eu só não queria ir embora de mal com você... – Ele parecia realmente chateado consigo mesmo. – Você, apesar de ter sido minha namorada, foi minha amiga também, mas eu não valorizei isso, não fui seu amigo.

– Pois é... – Ally manteve sua postura neutra, apesar de estar totalmente surpresa com as palavras do rapaz.

– Todas as vezes que precisei de um ombro amigo, de alguém para me confortar, você estava por perto, e eu acabei me aproveitando disso. – Dake tomou fôlego. – Mas quando era você quem precisava de alguém para conversar, eu nunca me importei, admito. – Continuou ele.

– Nunca pensei que presenciaria isso, mas... Pela primeira vez, você conseguiu me deixar abismada com palavras e não com gestos. – Disse Ally, aproximando um pouco do rapaz.

– Devo tomar como um elogio? – Ele riu.

– Sim, com toda certeza. – Respondeu a garota.

– Que bom. – Ele fez uma expressão diferente de todas que Ally já tinha visto. Parecia realmente feliz e aliviado, como se tivesse tirado um peso das costas.

– Tudo bem então... – Disse Ally, suspirando.

– Tudo bem o que? – Perguntou ele, receoso.

– Eu desculpo você. – Ela riu. – Seu discurso foi muito convincente.

– Foi do fundo do coração. – Dake riu. – Mas fico feliz por ouvir isso. Amigos? – Ele estendeu a mão para Ally.

– Amigos! – Ela apertou forte a mão do rapaz e ambos sorriram satisfeitos um com o outro.

– Bom... Eu vou indo. Ainda tenho que arrumar as malas. – Ele se afastou. – Até mais!

– Ah, espera! – Chamou Ally.

– O que? – Dake virou-se rapidamente.

– Boa viagem e mande um abraço para a Kate. – Respondeu ela, sorrindo.

– Obrigado! – Ele sorriu de volta e seguiu em frente, acenando para Ally, que acenou de volta.

Ally seguiu o caminho oposto e foi para casa, sentindo-se mais viva e feliz do que nunca. Algo lhe dizia que mais surpresas viriam pela frente. Chegou em casa e correu para a cozinha pois estava com fome desde cedo. Agatha ouviu o barulho e desceu as escadas, dando de cara com Ally devorando uma coxa de frango assado que estava na geladeira.

– O que é isso? Está parecendo que nunca viu um frango na vida! – Ela gargalhou.

– Tia! – Ally pulou na mulher e a abraçou. – Estou sem comer desde a hora em que fui para a escola, não tive tempo para tomar café. – Explicou ela.

– Acordou atrasada de novo? – Perguntou Agatha. – E não me venha com essas mãos cheias de gordura de frango para cima de mim!

– Ui ui... Vai sair é? Com quem? – Perguntou Ally com um tom de voz malicioso.

– Ai... Você não vai sossegar até eu contar. – Suspirou Agatha. – Lembra-se daquele ex-namorado que lhe falei?

– O francês que sabia fazer um bom café? – Perguntou Ally, pensativa.

– Esse mesmo! – Ela riu. – Eu o encontrei na fila do caixa no mercado ontem e começamos a conversar... Conversa vai, conversa vem, ele me pediu meu número. Eu fiquei um pouco receosa em passar, mas no fim aceitei. Então hoje de manhã ele me ligou e me convidou para almoçar. Por isso não quero me sujar com o seu frango. – Ela fez uma expressão de nojo, em relação à gordura do alimento.

– Ah, que legal tia! – Ally jogou o ossinho na lixeira e lavou as mãos. – Espero que vocês se resolvam.

– Falando em se resolver... E aquele rapaz que veio aqui aquele dia? Vocês não estão mais se falando? – Perguntou Agatha, curiosa.

– Oh, sim. Nós conversamos hoje e fizemos as pazes. – Respondeu Ally, sorrindo.

– Quer dizer que voltaram? – Agatha apoiou os cotovelos no balcão da cozinha e sorriu esperançosa.

– Quer dizer que agora somos amigos, nada mais que isso. – Ally riu. – Bom, agora eu vou subir, tomar um banho e descansar, porque hoje minha manhã foi movimentada.

– Como quiser! – Agatha concordou. – E eu vou almoçar com o meu francês.

– Boa sorte no encontro! – Do topo da escada, Ally fez um sinal de “ok” com a mão e subiu para o quarto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado *u* não se envergonhem e deixem um comentário dizendo o que achou, estou aberta a sugestões!