Verdade escrita por Juliano Adams


Capítulo 17
Capítulo XVII - Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo. Bem, tive que escrever um pouco as pressas, perdoem eventuais erros please. Espero que gostem dessa reta final e prometo não demorar taanto para os próximos capítulos que irão mostrar o desfecho de Verdade >.



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A cabeça doía um pouco, estava com frio, tentou levantar-se espreguiçar, mas aquela poltrona afundava demais toda a vez que fazia um esforço para se levantar. Sua mãe ainda dormia, levou um pouco de tempo até ele perceber que estavam no hospital. Precisou comprar um café na cantina, o líquido o fez acordar e pensar. Lembrou-se do dia de ontem, foi tudo tão conturbado, não queria que tudo aquilo acontecesse, mas talvez as coisas tenham corrido melhor assim. Estava ansioso para rever o pai, ainda assim tinha medo da conversa que teria com ele.

–O senhor é o filho de Marco Mantovani? – Perguntou o médico com um sussurro, mas foi o suficiente para acordar Isabel.

–Sim, sim, sou eu. – Respondeu Thomas, preocupado de súbito, porém o médico sorriu e Thomas se aliviou, prevendo que as notícias só poderiam ser boas.

–O paciente já foi transferido para o quarto, não corre mais risco, porém vai continuar em observação. Ele já acordou, ainda está um pouco fraco, todavia já em condições de receber visitas. Ele não para de chamar pelo filho, então eu achei melhor que você o visse primeiro.

Thomas tremeu, não via o pai há meses, e seu último contato havia sido bem hostil, muita coisa havia mudado desde aquele dia, será que dessa vez as coisas iriam dar certo entre os dois? Lembrou-se de cada segundo daquele dia enquanto andava até o quarto, os sons agressivos, ainda reverberavam em sua mente como se estivesse presenciando cada cena. Mas todo o ressentimento que guardava evanesceu ao ver a figura do pai convalescente: sua pele estava inchada, arroxeada em alguns pontos, mal abria os olhos, pálpebras pesadas, havia dormido mal.

–Filho... É você? – Perguntava o homem com voz fraca, o médico saia para deixá-los a sós. Era um quarto grande, feito para dois pacientes, porém a segunda vaga estava vazia, deixando o cômodo com bastante espaço livre. Thomas ficou ao lado da cama, uma mistura de saudades, medo e felicidade tomava seu peito.

–Sou eu sim pai. – Respondeu Thomas ficando ao lado dele e pegando em sua mão. Marco estava pálido e com algumas manchas roxas na pele, seus lábios secos e seus olhos mal abriam, ainda assim estava lúcido e demonstrou felicidade com a chegada do filho.

–Filho... Perdão por tudo o que eu disse sobre você... Perdão. Sabe filho... – Marco falava com inúmeras pausas para respirar – Quem salvou a minha vida foi aquele garoto, Pedro... Seu... amigo, ele é um rapaz de valor, se não fosse por ele... Eu já não estava mais aqui. Eu, eu... Eu agi errado meu filho, eu te respeito e te amo da forma que você é... Eu quero que você seja... feliz. Seja como for, se um dia alguém disser que você não pode ser feliz amando de seu jeito... Saiba que... você pode – Disse Marco tendo de súbito um ataque de tosse, Thomas segurou a mão do pai e lhe deu um beijo na testa dizendo:

–Eu também te amo pai.

Uma lágrima escorreu do olho direito de Thomas e um peso deixou sua consciência, Tudo o que sempre quis era que seu pai lhe aceitasse de sua própria maneira, precisou de muito esforço, mas finalmente havia acontecido. O Pai finalmente entendera que sua forma de amar era justa, apenas diferente, ainda assim era amor, e todo amor merece ser valorizado.

***

–Sabe, foi muito bonito aquilo que você falou pra Thomas. – Disse Regina enquanto Fábio a levava de volta para casa, Mônica ficou com Alberto no hospital, já era quase de manhã cedo. – E eu sinto muito pelo que aconteceu. – Acrescentou ela, pesarosa.

–Tudo bem, eu só não te contei por que achei pesado demais. – Desculpou-se ele.

–Você ainda fala com sua irmã?

–Raramente, da última vez que eu consegui ligar pra ela, ela tava morando na Argentina com uma namorada, mas a Sabrina é imprevisível, qualquer dia talvez apareça por aí. – Riu Fábio.

–Espero que sim... Se ela for legal como você eu quero conhecer. – Disse Regina. –Provavelmente eu vá acabar atropelando ela enquanto corro por aí de noite, então não se preocupe. - Brincou ela, com uma de suas gargalhadas, Fábio pegou na sua mão e os dois desceram do carro, o sol estava nascendo ainda.

–E você... Ainda tem espaço pro amor no seu coração? – Perguntou ele, colocando-se a frente de Regina. Mas antes que ele pudesse se aproximar Regina se colou a ele e beijou-o nos lábios, foi o melhor beijo da vida dos dois, bem no instante em que os raios do sol despontaram no horizonte e despejaram seu brilho dourado no casal.

–Fábio, você quer namorar comigo? – Regina fez o pedido, Fábio ficou surpreso, na sua cabeça quem deveria pedir era ele. Não importava, Regina era aquela pessoa diferente, e era justamente por isso que a amava, por causa daquele seu jeito.

–Sim, eu quero. –Aceitou Fábio beijando-a de volta.

–Quando a gente for tomar café... Me lembre de comprar suco de pêssego, não de laranja.

–o quê?

–Não é uma novela Fábio, é real. – Riu Regina, envolvendo o rapaz com os braços. – A gente se ama de verdade. Eu te amo Fábio.

–Eu te amo Regina.

Os dois se beijaram novamente, enquanto o céu se tomava de azul, uma revoada de pássaros marcou o momento em que correram a praia e se abraçaram, Fábio pegou Regina no colo e os dois pularam no mar, refrescando-se na espuma branca que respingava em seus corpos. Os dois riram juntos, Fábio encheu Regina de beijos.

–Sabe Fábio, eu quero que esse seja o dia menos feliz das nossas vidas. – Pediu Regina dando as mãos ao rapaz enquanto o sol iluminava seus cabelos avermelhados. Fábio por sua vez não entendeu o pedido.

–Menos feliz?

–Claro, porque todos os dias que se seguirem vão ser ainda mais felizes do que esse, bobinho.

Fábio concordou, não achava que em seu corpo coubesse mais felicidade do que cabia aquele dia, contudo estar ao lado de Regina é uma situação mágica em que as leis da física também não se aplicam, e o mundo se abre para possibilidades. Finalmente estavam com alguém que os amasse, por seus jeitos de ser, particularidades os pequenos detalhes que os faziam únicos no mundo. Definitivamente todos os dias seriam melhores do que aquele, agora a felicidade sorria para os dois.

***

–Eu já não via a hora de voltar pra casa – Resmungou Marco que mesmo depois de um mês ainda tinha alguns problemas para se locomover devido a sequelas, que segundos os médicos não eram permanentes. – Alberto e Fábio precisavam ajudá-lo a se levantar e ele usava muletas, por isso precisou mudar-se para um lugar mais espaçoso que o apartamento.

A fazenda da família era um local não muito grande, porém não era privado de nenhum conforto. Marco há muito tempo deixara de morar lá, desde que os avós de Thomas morreram, e só havia voltado no dia do acidente, mas desta vez seria o local ideal para sua recuperação. Um casarão grande com corredores amplos e muito contato com a natureza. Um pequeno paraíso rural.

Pela primeira vez em muitos anos a família de Thomas estava ali toda reunida, Regina e Fábio já completavam um mês de namoro, e ele havia ido junto para a fazenda para comemorar a ocasião. Segundo Alberto a vinda do genro era justificada pela frase “alguém precisa me ajudar a servir a comida”. Em verdade o sogro nunca pararia de implicar, mas é assim que são as famílias, E é isso que torna tudo tão engraçado, as pequenas disputas, se ninguém se desentendesse de vez em quanto o tédio corromperia as alianças criadas, não há nada como pequenas disputas para manter uma união viva.

Thomas não estava mais tão melancólico, a alegria havia voltado a ele depois de receber o perdão do pai, agora estavam em paz. Logo as aulas iriam recomeçar, contudo ainda havia uma coisa que mexia com seu coração e que não o deixava dormir tranquilo, alguma memória chamando no fundo do seu peito. Todos os dias após o almoço sentava-se num dos bancos perto do rio e ficava ali parado a admirar as águas do rio, e principalmente a margem oposta, aquele chalé em meio as árvores que despertava tantas lembranças.

–Ainda tem uma coisa que te preocupa né Primo? – Disse Regina percebendo o rosto preocupado do garoto, que se sentava separado dos demais, com a cabeça apoiada nas mãos e uma expressão pensativa.

–Você adivinha meus pensamentos hein?

–Ué, você não sabia? Eu leio mentes, não conta pra ninguém, mas minha identidade secreta é “super-prima”. – Riu Regina imitando a trilha sonora de filmes de super herói e gesticulando como um deles. – Thomas riu.

–É o Pedro né... Nunca mais falei com ele... Nem pra saber das cartas. –Queixou-se Thomas meio emburrado. No fundo queria rever Pedro, mas tinha medo do que aconteceria, será que reagira como? Estava com outra pessoa?

–A gente podia ir dar uma olhada... Passar na cidade sabe? Ir passear um pouco, sem compromisso, fechado? – Sugeriu Regina tentando consolar Thomas. No princípio o primo não achou boa a ideia, mas talvez devesse, fazia tempo que não revia suas amigas, nem sua cidade natal. A volta seria difícil, mas necessária.

Thomas e Regina passeavam pela praça, aquele lugar guardava tantas memórias, Thomas engoliu em seco quando avistou o banco onde ele e Pedro se sentaram em seu primeiro encontro. Nem havia se passado tanto tempo assim, entretanto parecia mais uma eternidade. A única coisa que arrancou um sorriso de Thomas naquele momento foi o fato de rever suas amigas: Juliana e Rafaela, que vieram correndo abraçá-lo.

–Tom! Não acredito! Quanto tempo!- Disseram elas em uníssono. -Você tá mais alto! - Exclamou Rafaela. – E Mais forte – Acrescentou Juliana, num tom de brincadeira.

–Ginaa! – Maior foi a admiração delas ao avistar Regina, não se viam a muitos anos, provavelmente desde a idade pré-escolar. Talvez ela nem se lembre de mim, era o que pensavam, mas logo se abraçaram no calor do reencontro.

–Seu cabelo tá lindo!

–E suas sardas sumiram!

–E você garotas! Lindas! – Exclamou Regina devolvendo os elogios. – Mas e a Carol? Estou com Saudades! Queria falar com ela também... – Perguntou Regina, e assim que fez a pergunta estranhou as caras fechadas das garotas e sua mudança de tom, que passou de um reencontro alegre a um ressentimento alheio.

–Ela tá mais afastada... É melhor procurar ela pra saber o motivo. – Disse Juliana meio misteriosa, a impressão é que ela não queria falar muito naquele assunto.

–Como assim? - Interrompeu Thomas também preocupado. – Aconteceu algo de ruim com ela?

–Para falar a verdade, nada de ruim, muito pelo contrário... Mas eu acho melhor vocês verem com os próprios olhos. – Acrescentou Rafaela apontando para o outro lado da rua:

De lá vinham Carol e Pedro de mãos dadas, sim, era isso mesmo, Thomas teve que esfregar os olhos diversas vezes para ter certeza, entretanto era isso sim que ocorria. Pedro e Carol se agarravam em plena rua... Trocavam beijos e carícias, coisa que ele nunca pode fazer com Pedro sem ser condenado ou repreendido. Não sabia se deveria sentir raiva, medo, ciúme ou simplesmente não deveria sentir nada. Pedro não pertencia mais a ele, mas nenhuma resposta era justificável, e quanto às cartas? Como ele pode tê-las lido e não sentido nada? Como ele pode esquecer toda aquela história em tão pouco tempo? Seria Pedro um canalha tão horrível quanto Ivan? E quanto a Carol? Como ela teve coragem de trair o melhor amigo? Será que já estavam juntos antes e tudo foi uma mentira? Thomas não queria acreditar no que seus olhos viam, preferiu dar meia volta e voltar para casa a ter que dizer algo para aqueles dois, porém Regina o agarrou pelo braço e foi ao encontro deles.

–Carol! Linda! Quanto tempo! Lembra de mim? – Se apresentou Regina com ironia. Carol ao perceber a aproximação dos dois tentou voltar, mas era tarde demais.

–Claaaro queriida! Nossa, você tá linda! – Carol abraçou Regina, num abraço tão falso que Thomas riu ao lembrar-se da cena depois. Ele e Pedro não conseguiam sequer olhar nos olhos um do outro, não sabiam o que dizer. Limitaram-se a encararem o chão, sem coragem suficiente para trocar palavra alguma.

–E você Pedro! Nosso herói! Todo mundo está muito agradecido por ter salvado o tio Marco, você foi muito corajoso! – Cumprimentou Regina, o Rapaz encabulado apenas agradeceu timidamente, dizendo que faria o que qualquer um fez.

–Pois é... O MEU namorado é um herói. – Envenenou Carol, aquilo caiu como uma flecha no coração de Thomas, que se sentiu até mal. Namorado? Tão pouco tempo... Já estavam num compromisso sério? Pedro engoliu a contragosto, Regina permaneceu séria, lançando um olhar que fez Carol morder a língua e se arrepender de ter falado aquilo.

–Thomas, não vai dar um abraço no seu amigo? Ele salvou seu pai! – Disse Regina cerrando os dentes, ela não parava de encarar Carol, provavelmente havia deduzido algo que intimidou a garota. Thomas a amaldiçoou por criar aquele constrangimento. O abraço não durou alguns segundos, mas trouxe tantas lembranças, como uma memória perdida resgatada depois de muitos anos, uma conexão quebrada refeita por um milésimo de segundo, uma sensação tão diferente que Thomas nem se lembrava do quanto era boa.

–Mas então pessoal, como foram esses meses de férias! O Thomas ficou com saudades... E vocês nem para escreverem, nanana, que feio. – Disse Regina, claramente imitando o jeito agudo de Carol falar.

–E... Eu não sabia o endereço. –Desculpou-se Pedro. Carol, prevendo o que iria acontecer, começou a tremer e empalideceu.

–Mas e você Carol... Eu te enviei as cartas do Thomas! O que houve? Esqueceu de entregar?

Carol não tinha para onde fugir, se seus pés a obedecessem teria corrido para longe, mas não adiantaria nada, não havia como escapar daquele momento. A verdade viria à tona.

–Como assim Carol? Você não me disse que o Thomas tinha escrito! É verdade isso? Que história é essa? – Perguntou Pedro, soltando a mão da garota e levantando a voz.

–Não... Não amor.

–É verdade sim não é primo? EU acho que a sua amiga deve estar meio esquecida. – Ironizou Regina, percebendo o desespero de Carol.

–Eu escrevi, várias vezes, toda a semana... Eu dava a carta pra Rê e ela enviava pra você, pra chegar no Pedro... Lembra? – Explicou Thomas, meio forçado por Regina.

–É melhor você explicar muito, mas muito bem o que você fez com essas cartas Carol. – Pediu Thomas com forçosa calma, estava se esforçando para não pegá-la pelos braços e fazê-la falar.

Carol foi tomada de um surto de raiva momentânea, sabia que não adiantava mais esconder a verdade, e tomada de raiva falou, desta vez não com sua voz de criança, mas mais grave e severa:

–Querem mesmo saber? Eu queimei! Queimei tudo! Todas as cartas que esse viado aqui enviou para o MEU homem! – Disse ela usando uma mão para bater no próprio peito e a outra para apontar para Thomas. – Meu sim! O Pedro me ama! Ele não precisa ficar se iludindo com outros, ele tem a mim! Ele pertence a mim, é parte de mim, de mais ninguém! Eu fiz tudo aquilo pra protegê-lo de você Thomas, das ilusões! Enquanto ele esteve contigo ele apanhou, chorou, foi triste! Comigo ele foi feliz, por que é o destino dele ser meu!

–Garota, o Pedro é gay. – Disse Regina com incrível calma.

–Não, não é – O olhar de Carol era fulminante, quase maníaco. – Ele se deitou comigo, ele me amou uma noite inteira! E que noite! EU me lembro de cada detalhe, ELE se lembra também do quanto ele gostou! Foi maravilhoso! Nunca que ele sentiria com esse viadinho o que ele sentiu comigo!

–Carol, eu tava bêbado, por favor, para de gritar. – Interferiu Pedro, que se sentia culpado e constrangido, ele olhou parta Thomas procurando por piedade, porém só encontrou decepção.

–Amor, não se deixe enganar por essa gente... Eles estão te colocando contra mim! Você é meu! Só meu... é meu anjo da guarda, é parte da minha identidade né? – Nesse ponto ela começou a derramar lágrimas e a tentar se agarrar no pescoço de Pedro que permanecia sério, Carol estava desvairada, começou a berrar e a investir contra Regina e Thomas:

–O Pedro é MEU, é parte de mim! Olha o que vocês estão fazendo, estão tirando o que é meu de mim! É com ele que eu me sinto eu, entenderam? Amor, não deixa eu, não acredita neles, não me deixa! Esse viado e essa cabeça de pica-pau eles tão mentindo Pêpo! Mentindo.

–Escuta aqui garota! – Berrou Regina - Em primeiro lugar não fala mal do meu primo! - Regina pegou Carol pelos braços apertando com força. – Em segundo lugar se você quer me tirar do sério a maneira mais eficaz é falar da cor do meu cabelo.

–Me solta sua maluca, você tá me machucando. – Carol tentava se libertar, mas Regina era mais forte e mais ágil, e prendeu os braços dela.

–Maluca? Quem é maluca aqui? Se enxerga menina! Você vive no mundo da imaginação! Será que dá pra acordar? Hora de ir pra creche aprender um pouco! Deixa de ser infantil! O Pedro não pertence a você! Pessoa alguma é uma propriedade! E, além disso, ele nunca te amou. Você é que é uma vadia intrometida.

Carol saiu de si, acertou Regina com uma joelhada, mas isso foi o suficiente para que a ruiva se irritasse para valer, e derrubou Carol no chão atirando-a contra a areia, que se prendeu nos cabelos e nas roupas das duas que se engalfinharam como dois animais. Regina levava a melhor. E logo ficou por cima, estapeando Carol

–Um por ter me chamado de pica-pau- Disse a ruiva, seguida de um tapa – outro por ter xingado meu primo - outro tapa - E o terceiro por ter entrado nas nossas vidas! –Exclamou ela seguida de mais uma bofetada, teria desferido mais alguns golpes se Pedro e Thomas finalmente não conseguissem interceder e separar as duas. Cada garota foi para um lado: Carol irritada, chutando tudo que encontrava, empurrando a todos e disparando injúrias, estava coberta de areia e lama da cabeça aos pés, a sujeira se grudava em seus cabelos e caia a cada passo. Regina estava calma, e se limpava com as mãos até estar livre da camada de areia que cobria suas roupas.

Ela se afastou até deixar Pedro e Thomas a sós... Juntos tudo o que conseguiram foi um longo período de silêncio constrangedor, mas Thomas teve coragem e começou a falar:

–Nossa... E pensar que há dois meses atrás nós estávamos naquele mesmo banco namorando, eu era todo bobo, tinha medo até de ser tocado, eu tinha medo até que olhassem pra mim de outro jeito... E sei lá... foi tudo tão bom, é estranho lembrar, parece até um filme. – Refletiu Thomas, com um olhar triste.

–Mas pode ser real Tom, eu ainda te amo. – Interveio Pedro, tentando abraçar Thomas, mas o garoto se esquivou:

–Sai dessa cara, sai pra lá, sério... Deixa de ser tão hipócrita.

–Tom, eu to sendo sincero. Eu sinto saudade do teu toque, do teus beijos... De tudo que a gente viveu junto. – Pedro tentou beijar Thomas, mas este recuou dois passos fazendo Pedro quase cair. Thomas já não era aquele rapazinho ingênuo e crédulo, havia mudado, crescido, e não iria acreditar em qualquer coisa, por mais sincero que estivesse sendo.

–Sério Pedro, é melhor parar ou eu vou deixar de sentir o mínimo respeito que eu tenho por ti. – Censurou Thomas, severo. Pedro notou que até seu tom tinha mudado, era um garoto doce, amigável, como uma criança, mas agora falava com rigidez, força, Pedro se assustou um pouco com aquela mudança.

–Mas por que Thomas? Eu sei que eu errei, mas... – Pedro no fundo entendia o motivo, mas estava arrependido, queria que Thomas entendesse, mas ele não parecia compreensivo.

–Mas o que Pedro? Você não espera nem eu colocar um pé fora daqui pra foder uma vadia qualquer? Era isso que você queria? Sexo? Não deveria ter me procurado então... – Irritou-se Thomas, o rapaz estava cansado de tanta cafajestagem em sua vida, será que todos os homens eram assim?

–Não Thomas, por tudo o que é mais sagrado! Eu não tive culpa! Ela queimou suas cartas, ela me seduziu, eu pensei que você tivesse me esquecido!

–Pedro... Não é desculpa, você ficou com ela por que quis! Ninguém te obrigou,e olha, eu vou abrir o jogo pra você: eu também me envolvi com outra pessoa, mas eu te juro Pedro, se você tivesse pelo menos me respondido, eu teria feito diferente, em momento algum eu me esqueci de você! – Thomas quase chorava de tanta água que se acumulava em seus olhos. –Por que você não estava lá?

–Eu estou aqui Tom, ainda dá pra gente ficar junto! – Gritou Pedro pegando Thomas pelo braço e puxando-o para junto de si.

–Não, é tarde. – Negou Thomas se esquivando e se afastando para longe, deixando Pedro sozinho.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Não deixem de comentar! Abraços e beijos virtuais a todos os leitores queridos >.< PS. eu gostaria de agradecer muito muito muito de coração ao @Mhozz pela recomendação da história, te love por isso >.< minha primeira recomendação ever *u* .