PDV Rachel

Acordei bem devagar.

Será que eu estava morta? Não, aquilo não podia ser a morte, era ruim demais.

Choraminguei baixinho e senti alguém segurar minha mão.

— Rachel, vai ficar tudo bem, só tente ficar quietinha. —Ouvi alguém dizer. A voz era muito familiar, mas eu não consegui reconhecer.

Aos poucos, senti-me melhor, capaz de abrir os olhos.

No primeiro segundo, a garota à minha frente era totalmente estranha: pálida, cabelos loiros e cacheados, olhos cinzentos e um rosto delicado. De repente, eu a reconheci.

— Oi, Annie. O que aconteceu? — Perguntei, meio grogue. Annabeth sorriu.

— Aquele retardado do Connor te assustou e você caiu da escadaria. A batida foi feia, mas, por um milagre, você não se machucou tanto assim.

— Eu vou matar aquele maldito quando melhorar. 

— Depois, mas, por enquanto, relaxe e dê um tempo a si mesma. Aliás, eu te trouxe um presente. — Disse, tirando um embrulho da bolsa.

Quando abri e vi o que era, quase desmaiei de felicidade. Era a nova edição do Almanaque de Belas Artes. Eu tinha todas as versões desde os sete anos, quando começara a me interessar por artes.

— É simplesmente maravilhoso, Annie!

— Não fique zangada, mas eu vi os esboços que você fez e reparei que desenha muito bem. Achei que ia gostar disso. 

Abri o livro e reparei na dedicatória:

Melhore logo, ruivinha.

Beijos,

Annie

Sorri ao ver estas palavras e olhei para Annie, que deu de ombros novamente.

— Adorei, mesmo. Quer olhar comigo?

Ela chegou mais perto de mim, inclinando-se para olhar o livro.

Nossos cabelos se trançaram por cima do livro, ouro e fogo. Aquela imagem ficou gravada na minha memória e eu tive certeza de que mais tarde eu desenharia.

Aquele era o símbolo de uma amizade que, naquele segundo, parecia inabalável.