~ Capítulo 3 ~

~ Meu insuportável amor ~

Tinha acabado de amanhecer e eu já sentia bastante fome... Nada era tão insuportável quanto minha dor na barriga...

Eu estava indo até a ala de comida para os ursos, e de repente escutei uma enorme gritaria vindo de trás de mim... Quando noto, subitamente um bando de "milhões de crianças" vem correndo do grande portão principal do zoológico.

Ignoro elas e continuo meu caminho... Não queira ter que ficar olhando para a cara de um monte de criança, gritando e chorando por um pingo de atenção e inocência de animais... Isso seria constrangedor para mim!

Quando começo a comer meu bambu... Começo a pensar sobre a minha vida de antigamente (dois dias atrás)... Será que seria esse o meu destino... Viver até a morte cercado por grades e gritos... Precisava de companhia pelo menos...

Comendo bambu, passando o tempo e pensando profundamente sobre a minha vida na selva querida...

Eu já estava sentido saudade de tudo... Família, amigos, bando e até... Da Pandina (minha "noiva" fajuta"). Mas não sei se Deus ouviu meus pensamentos naquele momento... Pois segundos depois foi anunciada a chegada de um novo panda.

Não demorou muito para todos nós vermos a sua cara... Era a Pandina... Feia e horrorosa como nunca tinha visto antes. Parecia que ela tinha acabado de se recuperar de um tremendo choque emocional...

Ela começou desconfiada... Temerosa com o local... Mas se soltou depressa e já começou botando banca com todo mundo da jaula... De fininho fui logo tratar de me esconder dela!

Tentativa em vão... Ela me viu sem passar quase nada de tempo... Foi logo correndo por todo o território até o ponto mais alto de todos, e assim que me viu de longe berrou.

Irritado me sentei com um baque no pé de uma árvore, e correndo ela finalmente me achou... E a sua expressão foi mais ou menos assim ao me ver...

Nem falou nada e foi logo brigando comigo... E abriu logo o jogo também para que não sentisse que ela ficou triste com a minha partida... Ela era muito orgulhosa...

Ela disse que descobriu que eu estava aqui, e veio conferir se eu já tinha morrido, após deixá-la esperando no grande altar de bambu, após o gasto de tanto dinheiro e honra dela e da minha família.

Eu a ignoro e volto a andar despreocupadamente até que ela finalmente lança seu balde de água fria em cima de mim:

– Se pensa que seus pais sentiram sua falta... Fique feliz, pois eles não derramaram nem uma lágrima sequer pensando em você... - e se ergue na minha frente - Nem sonhe que é importante para alguém naquele bando... Seu inútil.

De repente aquela panda de antes, pula nela e me defende... Elas começam a brigar e rogar pragas uma em cima da outra... Isso atrai a atenção de todos os humanos e pandas presentes no local... A briga só para quando três homens vestidos vão lá apartar as duas...

Minha expressão imediata é de riso intenso... Fico paralisado de pensar que aquela mesma que me odeia brigou com a que odeio... E quando ela sai já bufando de perto da Pandina, lanço a minha indireta...

– O amor é cego... E o seu é lindo... - e mendo um sorriso sedutor em seus olhos...

Ela me olha com desprezo e com ironia e ar de sarcasmo me diz ao virar o rosto:

– Você é nojento! Só briguei com ela porque ela ameaçou o meu irmão... Disse que ele não ia mais andar sozinho pelas bandas, ou era morto... - e coça as costas.

Sem resistir, provoco-a:

– Você me ama! Me ama muito... Você se faz de durona, mas é doce e maleável... - e a abraço - Por isso eu te amo...

Péssimo momento para fazer isso! Pandina estava atrás de nós naquele momento, e só Deus sabe o que ela iria fazer conosco agora que sabia de minha paixão pela... "Sem nome..."

| Cap 4 - 03/04/13 |