Second Chance escrita por Blue Dammerung


Capítulo 5
Capítulo 5:Despertar


Notas iniciais do capítulo

Hum...depois de mais uma tarde inteira escrevendo,aqui está,outro cap!Dessa vez o nosso loirinho favorito vai conhecer o ruivo-mais-gente-boa do pedaço!
boa leitura!



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                              Roxas

 

 

Roxas acordou lentamente.Ainda mantinha os olhos fechados,temendo descobrir aonde estava.Sentia que se encontrava deitado,numa cama relativamente macia,coberto por lençóis finos e agradáveis.Os raios do sol entravam pela janela aberta acima da cama,dando um ar mais quente e acolhedor ao lugar.

Respirou fundo e decidiu abrir os olhos.Era um simples quarto,de tamanho médio,com um armário,uma escrivaninha com uma cadeira,um banheiro pequeno e um closet menor ainda.Ao lado da cama também tinha uma mesinha com um abaju daqueles psicodélicos onde dentro tinha um tipo de água e umas bolhas que flutuavam curiosamente.

A última coisa que lembrava era de desmaiar num beco escuro depois de fugir de casa todo ferido,e também de sentir quando alguém o levantou do chão,alguém com o toque quente,apesar de estar chovendo naquela vez.Seria um anjo?Será que estava morto?Teria morrido e este seria o céu?Quem sabe ele pudesse encontrar seu pai,aquele que o amou verdadeiramente.Se fosse verdade,a morte não seria tão ruim.Mas teria que testar antes.

Roxas tentou se sentar na cama,usando os braços,mas assim que fez o mínimo de esforço,sentiu uma súbita tontura e uma enorme dor em todo o tronco e nos braços.Arquejou de dor e voltou a deitar na cama.Então notou que não só a parte de cima do corpo doía,mas sim ele todo.Levantou o braço esquerdo,só para ver dezenas de ataduras subindo até seu ombro e continuando pelo corpo inteiro.Sentia dor,estava vivo,respirava.

Podia sentir as centenas de cortes na sua pele,alguns superficiais,outros profundos,tendo como vizinhos vários hematomas que deixavam a pele arroxeada.Respirou fundo novamente,tentando se sentar,dessa vez um pouco mais devagar.

Conseguiu,ainda sentindo a tontura e dor,encostar as costas com cuidado na cabeceira da cama.Pela claridade que o sol fazia,devia ser por volta das 1 e pouco da tarde.A quanto tempo estivera dormindo?Então ouviu um barulho estranho e ao mesmo tempo familiar.Escutou melhor e se deu conta que era sua barriga,roncando de fome.A quanto tempo não comia?Passou seus braços sobre a barriga,como se fosse para amenizar a dor que a fome lhe causava.

Então a porta do quarto,que até aquele instante tinha estado fechada,abriu-se com um estrondo alto.Roxas sobressaltou-se na cama,levando um susto.Da porta,apareceu um rapaz,alto,magro,de cintura fina.Tinha cabelos ruivos cor de fogo,lágrimas negras tatuadas em baixo dos olhos cor de esmeralda e um rosto belo e sem imperfeições.

 No mesmo instante que entrou,o rapaz notou a figura surpresa de Roxas sentada na cama.O ruivo assustou-se por um segundo,depois mudando sua feição para quem pedia desculpas,balançando as mãos defensivamente,querendo explicar algo mas sem encontrar as palavras certas.

-Olha...Bem...Cara,desculpa se eu te acordei...Mas eu sempre me esqueço que tem mais alguém aqui em casa e...-Começou o ruivo,sendo interrompido por Roxas,agora fitando o vazio com a expressão já normal.

-Não acordou.A quanto tempo estou assim,desmaiado?

-Hum...A dois dias e umas horas.Você teve sorte sabia?Não estava legal quando te encontrei.

-O que aconteceu exatamente?

O rapaz ruivo pegou a cadeira perto da escrivaninha e se sentou nela,passando as mãos no cabelo,falando:

-Eu passei pelo beco onde você estava desmaiado.Cara,você devia ter visto o tanto de sangue que tinha no chão embaixo de você,dava pra encher um galão de 20 litros,além da febre que você pegou por causa da chuva e da hemorragia...

-Mas e depois?

-Depois o que?

-Você não viu ninguém procurando por mim,não ouviu nada?

-Não.Aliás,não saí de casa desde que você chegou.De noite você grita um bocado,sabia?Você...

-Onde estou?Que bairro é esse?

-É o Número 8.

-Mais que droga!-Roxas envolveu o rosto entre as mãos,escondendo a face repleta de raiva.Estava somente a dois bairros de distância do seu tão odiado padrasto.-Que droga!

Roxas começou a bater as mãos no colchão da cama com força,logo sentindo as feridas abrirem novamente.Manchas vermelhas de sangue começaram a manchar as ataduras brancas.

-Ei,calma!-O ruivo gritou também,se levantando da cadeira com um pulo.

-Vá embora!Me deixe em paz!

-Ei,você podia mostrar um pouco de agradecimento garoto,salvei sua vida sabia?

-Não importa!Eu queria ter morrido!

-Pois morra apodrecido nessa maldita cama!

-Ótimo!

-Ótimo!

O ruivo marchou para fora do quarto,batendo a porta com força.Roxas encolheu-se na cama,se escondendo sob os lençóis.Estava com medo,com raiva,frustrado,podendo sentir as lágrimas quentes escorrerem sobre a pele.

Estava com medo de estar tão próximo da sua antiga casa,medo de ter que voltar a ver aquele terrível homem,medo de perder sua liberdade,sim,ele estava livre.Livre de Xaldin,livre da responsabilidade com sua mãe e de sua família,e só de pensar que não seria mais alvo da raiva de Xaldin,sentia-se feliz por dentro,mas não o bastante.

Estava frustrado consigo mesmo,por ter se afastado tão pouco da casa,e por ser tão fraco.Estava chorando!Como podia chorar numa hora dessas?Nem seu pai chorara,mesmo sabendo que ia morrer.Limpou as lágrimas com as costas das mãos,ainda sentindo o nó na garganta.

Mas o pior de tudo,estava cheio de ódio e raiva dentro de si.Nunca achou que fosse odiar Xaldin tanto assim,mesmo levando em conta tudo o que ele fez.Odiava também sua família,tão ausente,parecendo nem existir.Odiava a si mesmo,por ser tão fraco,tão pequeno,tão pobre,tão...dependente,a ponto de precisar da ajuda de um total estranho.

E se o ruivo contasse a alguém sobre ele?Não podia deixar que aquilo acontecesse,tinha que sair o mais rápido possível,fugir para longe,esquecer tudo e todos,mudar de nome e de nacionalidade.Mas mal conseguia se sentar ainda,muito menos andar.Teria que ficar ali até se recuperar totalmente.Plano feito:Esperar e fugir.

Roxas se acalmou um pouco,apesar de continuar a chorar ainda.Acabou por pegar no sono,sonhando pesadelos com sua antiga vida,ouvindo suas próprias palavras passarem por seus ouvidos como se proferidas por outra pessoa: “Eu queria ter morrido!”.

Queria realmente isso?Ou seria só a raiva do momento?Morrer seria um alívio,se desprender de tudo e ter a possibilidade de encontrar seu pai era uma proposta tentadora,mas Roxas não iria conseguir.Seu mesmo pai não iria querer isso.Ven iria querer o filho vivo,mesmo que tivesse que passar por más horas,afinal,depois da tempestade vem a calmaria,certo?E até mais,no fundo,Roxas não queria morrer,ele mesmo acreditava que se esforçasse,sua vida poderia melhorar e muito.

O loiro acordou horas depois,suado,com a garganta seca e ardendo.Despertara com um grito estridente vindo de algum lugar próximo de si.Sentou-se na cama,passando as costas da mão na testa molhada,mais quente que o normal.Estava com febre e ofegante.Sua barriga ainda roncava alto.Agora o ar frio entrava no quarto pela janela,já era noite,por volta das 19:00.

A porta voltou a abrir,mais silenciosamente dessa vez.Dela saiu o mesmo rapaz ruivo de horas mais cedo.Carregava uma bandeja com sopa numa mão e uma maleta de primeiros-socorros na outra.Deixou a bandeja na escrivaninha e acendeu a luz,puxando a cadeira para perto da cama num movimento rápido.

-Você estava gritando de novo.-Ele começou,abrindo a maleta em seguida,desviando o olhar de Roxas.

-Não estava não,eu estava dormindo.-Roxas respondeu,olhando para as estrelas através da janela.

-Você grita enquanto dorme.

Então o grito estridente vinha dele mesmo?Por isso estava com a garganta ardendo,de tanto gritar.

-Me desculpe por hoje mais cedo.Não queria ter dito aquilo.-Roxas falou,ajeitando-se na cama,de modo que encostasse a cabeça nos joelhos e escondesse a face com os braços.

-Tudo bem.Mas ainda assim,acho que você me deve um obrigado.-O ruivo respondeu.-Não vai fazer mais perguntas?

-Gostaria de saber seu nome.

-É Axel,got it memorized?

-Sou Roxas,prazer.-Sem tirar a cabeça dos joelhos,o loiro estendeu uma das mão para Axel,que a apertou rapidamente.

-Você está quente.Levante o rosto.

Roxas obedeceu,olhando para Axel.Mesmo ainda sendo um desconhecido,não queria que o ruivo visse as marcas das lágrimas em seu rosto.Axel encostou a mão na testa do menor,falando em seguida:

-É,está com febre.Tire a camisa.

-Por quê?

-Você não acha que os curativos duram pra sempre,acha?

-Ah.Acho que vou precisar de ajuda,Axel.

-Aff,sempre me dando trabalho...-Axel sorriu.

Com a ajuda do ruivo,Roxas conseguiu tirar a camisa,mesmo ainda sentindo a dor dos vários cortes e hematomas nos braços e tronco.Axel retirou as ataduras com um puxão só,fazendo Roxas gritar de dor e o nó na garganta reaparecer.

-Ficou maluco?!Tá tentando me matar?!-O loiro gritou,trincando os dentes para não chorar.

-Deixa de ser mole garoto,comparado ao seu antigo estado,isso não é nada.-Axel respondeu,enquanto passava uma coisa fria e agradável na pele irritada.

-Mas isso dói,caramba!

-Fresco.

-Cala a boca.

O silêncio pairou enquanto Axel espalmava a pomada nas costas de Roxas.Era uma sensação agradável e calmante.Calmante.Foi como descrevera o toque daquele que o tinha salvado: “calmante,quente e emanava uma sensação agradável”.Também sentia isso agora,mas só de pensar que Axel,o seu salvador,agora estava passando a mão em suas costas,por algum motivo,o fez corar.

Depois Axel ainda colocou novas ataduras nas costas e nos braços do menor.Se afastou,pegando a bandeja com a sopa e a entregando a Roxas,que a comeu avidamente,pedindo por mais quando terminou.

No final da noite,Roxas estava com os curativos recolocados e com o estômago cheio.Se despediu de Axel,que saiu pela porta rapidamente e adormeceu.Seu últimos pensamentos eram os recentes acontecimentos da sua curta vida,e claro,um ruivo que já dormia no andar de baixo da casa.

Horas mais tarde,lá para as 3 da manhã,Roxas começou a se mover de um lado para o outro na cama.Estava tendo um pesadelo,dessa vez pior que os outros,mais realista,onde ele era encontrado por Xaldin e voltava para sua antiga casa.De algum jeito,onde só nos sonhos acontecem,Ven foi parar lá também,quase morto,tendo o desespero nos orbes azuis,repetindo sempre a mesma frase: “por que você não fez nada,Roxas?por que você me abandonou?”

Então Roxas acordou,sentando-se na cama de repente,chorando,gritando,com medo.O quarto estava escuro,trazendo de volta a imagem desesperadora de seu pai prestes a morrer.Xaldin era um pequeno grão de areia quando comparado ao medo que o desespero de Ven causava a Roxas,que ainda se culpava pela morte do pai.

A porta se abriu de repente.Logo Axel estava sentado na cama de Roxas,segurando os ombros do menor,sacudindo-os,enquanto Roxas ia parando de chorar aos poucos.

-Roxas!O que foi?!-Axel perguntou.Roxas segurou o nó na garganta e olhou nos olhos do mais velho,e foi lá,no oceano verde-esmeralda,que sentiu a calma voltar a si.Sem pensar,como uma criança indefesa procura por abrigo,Roxas abraçou Axel,chorando em seu ombro,descarregando toda a tristeza,o medo,a culpa e até a raiva que tinha acumulado por todos aqueles anos.

Axel correspondeu ao abraço,dando uns tapinhas carinhosos nas costas do menor.Sentia um pouco de pena de Roxas.Na sua vida de filho de um dos homens mais influentes do país,nunca tinha conhecido alguém tão...miserável quanto aquele pequeno loiro em seus braços.Não era miserável no sentido pejorativo,mas sim no sentido de ter tanta miséria em volta de si.Não sabia a história dele,mas tinha certeza que gritar todas as noites não era sinal de uma vida lá muito feliz.

Axel também sempre fora uma pessoa bastante egoísta,tendo como o principal pensamento o individualismo,onde “todos tem seus problemas,assim como cada um tem suas próprias soluções” e “cada um deve resolver sua vida sozinho” eram os principais.

Mas salvar aquele pequenino devia ter ido contra todos os seus pensamentos,no entanto,salvá-lo foi uma coisa da qual não pensou,só fez.E também não se arrependia.Só queria Roxas feliz,queria vê-lo sorrir,por algum motivo que desconhecia.Nunca se importara tanto com nenhum de seus amigos tanto quanto se importava com Roxas,talvez seja por que Axel nunca houvesse tido amigos de verdade,grande parte deles estavam interessados mais no seu dinheiro...

Quando o relógio de pulso de Axel mostrou 4:00 da manhã em ponto,Roxas já havia parado de chorar e agora dormia nos braços do mais velho calmamente.Axel tinha notado o leve roncar de Roxas vinte minutos antes,mas se recusava a soltar o menor.Ele dormia tão serenamente que Axel temia soltá-lo e depois ele voltar a acordar com pesadelos de novo.

Relutante,Axel soltou o menor,deitando-o na cama com cuidado.Sorriu e se levantou da cama.Estava exausto e com sono também.Voltou para o sofá onde dormia,na sala,e adormeceu em seguida.No resto da noite não houve mais gritos.Roxas dormiu tão pesadamente que não chegou a ouvir os altos roncos de Axel no andar de baixo.

 


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Notas finais do capítulo

ok,foram 5 pags no word,fiz o melhor que pude num dia só,hahaha.
(eu faria melhor)
cala a boca,DanDan!você só atrapalha!
(se você não pode ajudar,atrapalhe,pois o importante é participar!)
hahaha...muito engraçado ¬¬'
bem,espero ansiosamente por reviews.
abraços!
obs:proximo cap. vindo aí!



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