Second Chance escrita por Blue Dammerung


Capítulo 2
Capítulo 2:Problemas


Notas iniciais do capítulo

Coisas vão ser explicadas,enquanto outras vão acontecer...
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/36056/chapter/2

Aquele era um tempo feliz.Ven era um ótimo pai,com bons filhos e uma bela esposa.Viviam bem,num bairro pacífico com vizinhos agradáveis.Sua carreira era próspera e lhe garantia também o respeito de várias pessoas.Mas também garantia o ódio.Ven era capitão da força armada da cidade de Hollow Bastion,uma espécie de xerife de polícia.

Havia prendido muitos dos traficantes e bandidos mais influentes e perigosos,arrumando inimigos dentro e fora do país.

Numa noite qualquer,por volta das 3:00 da manhã,Ven recebeu uma ligação do centro,informando que uma rebelião estava se formando perto de uma favela no sul da cidade.

Na mesma hora,Ven se aprontou para ir para lá.Despediu-se da esposa apressado,com um “te explico quando voltar”,dando um beijo na cabeça de cada filho,que tinham acordado com o alarde.Aquilo vivia acontecendo,então não havia motivos para se preocupar,certo?

O problema era que ninguém viu o pequeno Roxas atravessar a porta e esgueirar-se para dentro do carro,no banco detrás.Quieto e animado,Roxas finalmente poderia realizar seu sonho de ver seu pai em ação.

Ven dirigiu até o lugar,no entanto,o local estava totalmente vazio e escuro.Desceu do carro e andou alguns passos.Foi pego pelas costas.Um grupo de 10 pessoas ou mais apareceram de uma hora para outra,desarmaram-no e o derrubaram no chão.Bateram nele por um momento que pareciam ser horas.

Ven tentava se levantar,mas sempre era derrubado novamente com um chute.Ele estava tentando sobreviver,mas não conseguiria.Já sangrava demais e continuava a ser ferido.Enquanto isso,o pequeno Roxas olhava tudo pela janela do carro,assustado demais para se mover,gritar ou fazer algo para salvar seu pai.Lágrimas já escorriam de seus olhos,pois mesmo só tendo 6 anos,já sabia o que viria a acontecer.Começou a contar os segundos.

Os olhos de Ven encontraram os do seu filho.Ven piscou e tentou sorrir,como se dissesse “vai ficar tudo bem,você vai ver”,mas voltou a fechar os olhos para nunca mais abrir.

Foi só por um milagre que os bandidos não fizeram nada com o corpo morto.Saíram dali,tão rápido quanto chegaram.Roxas desceu do carro e sentou-se ao lado de seu pai,que jazia sobre uma enorme poça de sangue.Começou a chorar,um choro baixinho,que não queria ser ouvido por ninguém.Sentiu todas as emoções irem embora.

Desde então,Roxas não era mais o mesmo.Já não sorria com a mesma facilidade de antes,aliás,mal chegava a fazê-lo.Vivia olhando o vazio e mal falava.Muitos tentaram ajudá-lo,mas sempre sem resultado.Seus irmãos também ficaram abalados,mas não tanto quanto Roxas.Sua mãe,no entanto,havia ficado até mais do que ele.Tinha começado a beber e a fumar exageradamente.Virou alcoólatra e viciada em cigarros.

Foi aí que ela conheceu Xaldin,enquanto fumava nos fundos de um restaurante,numa festa de amigos.Em seis meses eles se casaram,venderam a casa e compraram outra nova.

 

 

Roxas ainda parecia estar mais morto do que vivo,mas não demorou a perceber,com aquele seu jeito discreto,que algo não estava certo.Não se dava bem com aquele homem.Seu jeito de olhar e agir em relação a Roxas pareciam extremamente hostis,apesar de ainda não se falarem direito,pois Roxas ainda respondia as perguntas com “sim,não e talvez”.

Começou realmente a piorar quando Marluxia e Demyx arrumaram empregos que exigiam o dia inteiro de trabalho,de tarde até a noite.Ou seja,como eles só chegavam bem mais tarde e acordavam também só quando Xaldin já tinha saído,não tinha como suspeitarem de algo.Mas mesmo assim,Roxas achava que,ou eles realmente não ligavam para ele,ou eles deviam ser muito tapados para não notar que seu irmão mais novo vivia com machucados,nem mesmo quando passavam o dia juntos.

Da primeira vez que Roxas apanhou,quase que revidou.Sabia que aquele homem era hostil,mas não ao ponto de usar a agressão física.E antes de meter-lhe a mão de volta,respirou fundo e abaixou a cabeça.Sua mãe ameaçou de chamar a policia,mas Xaldin pediu perdão,dizendo que nunca mais voltaria a fazer aquilo,e foi perdoado por ela.Esqueceu-se do assunto e a vida voltou a correr normalmente.

No entanto,3 dias depois,Xaldin voltou a fazer o mesmo.Elleonor(mãe de Roxas)fez um pouco de birra,mas não levou muito a sério.De 3 em 3 dias,passou-se para todo dia,até chegar a situação atual.Nada e ninguém impediam de Xaldin bater em Roxas compulsivamente.

E ano após ano,Roxas piorava.Já não sorria nem com as piadas de Demyx.Não sentia mais nada,nem dor,nem alegria,nem medo,exceto raiva.

Tinha raiva daquele homem,de seu dinheiro e do que fazia,aliás,de tudo relacionado a ele.Tinha raiva de sua mãe,por ter se apaixonado por um idiota,de Marluxia,por ser tão ausente,de Demyx,por ser tão tapado ao ponto de nem notar as feridas do mais novo,e principalmente,de si mesmo,por ser tão jovem para poder morar só,por ser tão pobre para comprar outra casa ou para tratar sua mãe,por ser tão fraco para ter que agüentar Xaldin...

E como se não bastasse,ninguém podia ajudar.Tinha que esperar até seus 18 anos para poder se ver livre dali,ou por um milagre,talvez Xaldin acabe tendo um ataque cardíaco qualquer dia...

Roxas riu com esse pensamento.Ver aquele homem sozinho,morto e embaixo da terra o deixava estranhamente feliz.

Atravessou a rua com passos lentos,chegando ao colégio municipal de Hollow Bastion.Era um colégio público,mas tinha ensino melhor de que muito colégios particulares.Caminhou até o pátio que dava para a entrada,mas parou ao ver seu reflexo na água de uma poça formada na noite anterior,quando tinha chovido bastante.

Estava sangrando,com o lábio inferior cortado,olho começando a ficar arroxeado e da sobrancelha caíam alguns fiapos de sangue,que escorriam por todo o lado esquerdo de seu rosto.Já tinha soado o primeiro toque,e se não se apressasse,iria chegar atrasado.Mas também não podia aparecer assim no colégio,ou as pessoas começariam a perguntar,o que não seria bom.

Decidiu que chegar atrasado uma vez sequer não devia fazer tanto mal,e mesmo que quisesse,não podia entrar daquele jeito no colégio sem ser parado e levado a coordenação.

Saiu do pátio silenciosamente,olhando em volta.Deu a volta por trás do colégio,chegando a um antigo banheiro masculino usado somente por funcionários,até que reformaram o colégio e fizeram outro banheiro bem melhor,dentro do colégio.

Entrou no banheiro.Tinha o chão enlameado e úmido.Era realmente pequeno,tendo somente um boxe com um aparelho sanitário e uma pia.Acima desta,havia um espelho,rachado,com partes faltando.No alto da parede,havia também uma janelinha que permitia que o ar circulasse com mais liberdade.Roxas lembrava de alguns dos motivos de porque aquele banheiro fora totalmente desutilizado,além dos óbvios,claro,como a distância do colégio para ele,sua imundice,mas tinha um que Roxas não lembrava no momento...

Aproximou-se da pia e tirou um pedaço de pano do seu bolso.Aprendeu a prevenir-se e sempre andava com ele,tanto que já tinha varias manchas de sangue.Molhou-o na água da torneira e passou-o sobre as feridas.Gemeu de dor quando o pano frio tocou sua pele.

Olhando no espelho,podia ver o tanto de pequenas cicatrizes que tinha espalhadas pelos braços,peito,pescoço e agora...rosto,que tinha ficado incólume até aquele dia.Roxas se espantava de nunca ter quebrado um dente.

Distraiu-se com o barulho agradável que a água fazia ao escorrer pelo ralo.Foi quando fechou a torneira que seus orbes azul-claros captaram algo.Tinha deixado a porta do banheiro aberta,e por acaso ou não,o espelho mostrava exatamente o reflexo dela.

Seus olhos demoraram poucos segundos para perceber que uma figura nada agradável estava na entrada.Seifer.Antes que Roxas pudesse fazer alguma coisa,o outro trancou a porta por fora.No mesmo instante,Roxas lembrou o principal motivo de o porquê aquele banheiro não ser mais usado.Um idiota qualquer,na hora de colocar a única tranca do lugar,tinha a colocado do lado de fora,não do de dentro,e sempre haviam engraçadinhos que adoravam te trancar lá dentro por horas e horas.

-Droga,Seifer!-O loiro gritou com força.-Me tira daqui!

-Poooooobre Roxie.-Respondeu o outro,usando o nome de Roxas de jeito provocativo.-Esqueceu quem manda aqui?Hahahahaha...tchau,otário!

Seifer se afastou,seguido por varias vozes,o que indicava que ele estava acompanhado por sua gangue.Um grupo que não tinham nada melhor para fazer e bancavam os mandões.

Roxas continuou a gritar,mandando abrirem a porta e exclamando palavrões de minutos em minutos.Gritou e gritou,até que sua voz começou a falhar.

Sentou-se no chão imundo,abraçando as pernas,com sua bolsa ao seu lado.Sempre tivera aversão a Seifer,a ponto de desafiá-lo quando estava mais de mal-humor.Mas aquela tinha sido a gota d’água.

Passou um tempo indeterminado lá dentro,até que adormeceu sem perceber.Sonhou com seu pai,sua mãe,seus irmãos e eles,noutro lugar,um que parecia mais feliz...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

terceiro cap. vindo aí...
obrigada(de novo) pela paciência de ler até aqui!
reviews,please!(de novo ou novamente?)