Eu sou Isabella Cullen, eu estava adentrando a fazenda do meu pai, havia alguns meses que eu não o via, eu ainda não conhecia Esme sua nova mulher ou os filhos e sobrinhos dela que moravam na mesma casa.

 Meu pai se chamava Carlisle Cullen, meu protetor meu porto seguro, era casado com Esme Masen que até onde fiquei sabendo era uma mulher altruísta e amável, ela tinha três filhos do seu primeiro casamento Edward, Emmett e Alice, mas a cinco anos quanto sua irmã morreu ficou com seus dois sobrinhos Jasper e Rosalie.

 Eu sabia de tudo isso por meu pai, era a primeira vez que os veria, mas eu não confiava em ninguém, eu mal falava há um ano, eu só tinha 17 anos e já tinha tantos pesadelos, só Deus sabe o tamanho dos fantasmas que eu tinha em minha vida, esses fantasmas que eu nunca poderia deixar para trás.

-Bells! –Ouvi meu pai dizer ao descer do carro e o abracei, sentindo seu perfume de casa.

-Olá papai. –Eu disse.

-Como se sente? –Ele questionou olhando em meus olhos a procura de algum vestígio.

-Ainda tenho pesadelos. –Eu disse desviando meus olhos para trás dele onde eu podia ver muitas arvores. –Às vezes a noite eu acordo gritando.

-Isso vai passar, eu prometo, eu estou aqui por você, para sempre! –Ele disse, eu sorri fraco, era o mínimo de sorriso que eu conseguia dar.

-Eu sei papai. –Respondi.

-Venha deixe-me te apresentar todas essas pessoas lindas que moram nessa casa. –Meu pai disse e com os braços no meu ombro me guiou para dentro da mansão da fazenda, era uma linda casa por dentro, as cores eram vivas, meus olhos pararam ao encontrar os rostos curiosos na sala. –Gente essa é Bella, minha filha, Bella esses são os Masen.

-Olá. –A mulher mais velha disse, eu sabia que era Esme, ela era linda com um cabelo cobre e olhos verdes. –Sou Esme. –Ela disse e deu um passo na minha direção eu me encolhi e pareceu que ela notou, eu não sabia o quanto meu pai havia contado, mas parecia que eles estavam cientes que eu não gostava que se encostassem a mim.

-Olá. –Eu disse baixo, mas eles escutaram.

-Eu sou Alice. –Uma garota que deveria ter por volta dos 16 anos disse, ela tinha o cabelo preto espetado para os lados, era pequena e os olhos verdes, todos tinham os olhos verdes.

-Eu sou Emmett. –Um cara grande disse, ele sorriu e eu vi duas covinhas aparecerem em suas bochechas.

-Eu sou Rosalie Halle Masen. –A garota era loira e esbelta em seu rosto um sorriso fraco apareceu.

-Eu sou Jasper. –O garoto era loiro como a irmã, ele era mais fraco que o primeiro, mas era bonito.

-Eu sou Edward. – Ele era lindo, forte mais nem tanto, com cabelos cobres como o da mãe os olhos verdes faziam contrastes com a pele branca e o queixo quadrado.

-Venha eu vou te mostrar seu quarto. –Esme disse, eu a segui escada a cima e ela abriu a porta de um quarto, ele era lilás e roxo, tinha um notboock na mesa, a cama de casal e um closet com um banheiro. –Vou deixar você descansar.

-Obrigada! –Agradeci.

 Sozinha em meu novo quarto comecei a guardar minhas coisas, ouvi umas risadas do lado de fora, ao olhar pela varanda eu pude ver os Masen e Halle brincando e rindo, todos deveriam ter minha idade, Edward estava prendendo a irmã em baixo de si enquanto fazia cosquinhas na mesma, enquanto Emmett e Jasper corriam atrás de Rosalie.

-Hei Bella. –Ouvi meu nome ser chamada e voltei meus olhos para Alice que agora se encontrava de pé e ao me chamar havia ganhado toda a atenção. –Desça e se junte a nós.

-Eu preciso terminar de guardar as minhas coisas. –Respondi e entrei me joguei em minha cama tentando respirar fundo, até onde esse medo iria meu Deus.

 Tomei uma ducha e cai na cama, senti o sono chegar e deixei que me levasse para longe dali, eu estava cansada de mais para lutar contra o sono mesmo conhecendo os riscos que isso me traria.

 Era noite eu sentia suas mãos em mim, três pares de olhos em cima de mim, me sentia sozinha, indefesa, eu sabia que aquilo era um sonho, na minha frente uma garota era queimada viva, aquilo não pertencia aquela lembrança, gritos de ódio e terror eram escutado vidros quebrados, nada daquilo fazia sentido todas as lembranças juntas no mesmo momento.

-Me ajuda. –A garota pediu enquanto eu chorava e não conseguia me mover.

-Não de novo não. –Eu pedi em prantos. –Não, não toquem em mim, não! –Eu acordei sentindo dois braços fortes segurarem minhas mãos antes que elas aranhassem meus braços.

-Bella! –Eu ouvi a voz do meu pai enquanto ainda me debatia voltando a mim, ao abrir os olhos, Edward segurava firmemente meus braços enquanto meu pai alisava meu rosto.

-Me solta. –Eu gritei. –Não toca em mim, me solta. –Eu continuei gritando e tentando me soltar, meu pai fez sinal para ele me soltar e eu levantei correndo direto para o banheiro.

 Bati a porta com uma força desnecessária enquanto lagrimas saiam dos meus olhos e soluços dos meus lábios, me sentei encolhida no canto do banheiro, coloquei as duas mãos no rosto pedindo para esquecer aquele pesadelo, para deixar para trás.

-Bella. –Ouvi a voz doce de Carlisle na porta, eu não tinha forças para responder. –Querida abra a porta.

-Me deixe em paz. –Eu gritei.

-Bella não faça isso, por favor. –Eu podia ouvir a suplica em sua voz.

-Eu preciso de um tempo, será que pode me deixar ficar calma? –Eu disse tentando controlar minha voz.

-Tudo bem, estarei lá em baixo. –Ele disse e ouvi a porta bater.

 A dor não cessava se fechasse os olhos eu ainda podia ver tudo que estava naquele sonho. Procurando um jeito de aplacar a dor procurei pelo canivete que eu tinha guardado na gaveta, abri-o e olhei para meu pulso, antes que eu pudesse pensar melhor eu enfiei a ponta cortando meu pulso, o sangue escorreu para fora, eu soltei o canivete e fiquei vendo o sangue jorra.

 Eu pude sentir a queimação no pulso, me pus de pé, lavei o canivete e o guardei, depois lavei o pulso e pus minha munhequeira de volta ao pulso para esconder as cicatrizes, eu já havia perdido as contas de quantas vezes eu havia me machucado.

 Com o rosto melhor depois de uma maquiagem sai do quarto estava prestes a descer as escadas quando eu os ouvi dizer.

-Eu sei Carlisle que você quer que ela mesma comece a confiar em nós e nos conte, mas você esta sendo muito vago, como podemos ajudar sem sabermos com o que estamos lidando? –Esme questionou.

-Todos temos pesadelos Esme querida, Bella teve uma infância cheia de cicatrizes, uma adolescência pior ainda, ela nunca confiou nas pessoas poucos ganharam a confiança dela, ela é cheia de fantasmas, ela não consegue deixa-los ir embora. Os pesadelos a assombram a anos, teve uma época que eles eram constantes, era só ela dormir, depois melhoraram, quase sumiram eram raras as vezes, mas dês do ano passado eles ganharam um novo aliado e só pioraram, a mãe de Bella me disse que tem noites que eles não aparecem, mas a noite que eles são tão reais que Bella mesma acordada não consegue distinguir a realidade da ilusão. –Meu pai disse e ouvi todos eles arfarem, não me movi esperando pelas próximas palavras.

-É tão ruim assim? –Emmett questionou.

-É pior do que eu possa dizer. –Meu pai disse e suspirou.

 Eu levantei o queixo e aproveitei que todos se calaram para descer as escadas, eu não olhei ninguém nos olhos apenas olhei para meu pai, vi uma dor passar por seus olhos, mas não me deixei abater.

-Podemos conversar agora? –Questionei e ele assentiu me guiando para o escritório, pude sentir os olhos dos outros na minha costa, mas me mantive forte com uma postura reta, mas nada daquilo era real, a dor em meu peito não havia diminuído nem um pouco, só estava pior, eu sempre prometi parar com a alta mutilação e lá estava eu novamente, eu era uma estúpida isso sim.