- É ... bem ...e-eu ...

Era as únicas palavras que saíam da minha boca. Laxus me olhava com desconfiança enquanto segurava meu pulso e MEU DEUS ELE ESTAVA ME TOCANDO. Eu poderia revirar os olhos apenas com isso, se não fosse pelo desespero que sua expressão me causava. Minha mão tinha manchas de tinta que eu não conseguira tirar e ligando os pontos, imagino eu, Laxus se sentiu intrigado ao ver aquilo.

- O que há de errado com você? Me responda!!! – ele exigiu e eu estremeci. Do fundo da minha alma tive vontade de gritar que ele era o erro da minha vida que poderia ser muito bem hétera, mas como já disse, o pânico havia me deixado travado até mesmo para falar, enquanto sentia algo dentro de mim gritar como uma garota histérica por sentir quanto o aperto da mão dele é forte.

Foi aí que eu descobri que no fundo eu sou BEM masoquista.

 - Foi um acidente .. – eu disse engasgado. – quando estava ... – minha mente formulou uma resposta perfeita. – limpando a casa!

Engoli em seco quando ele ficou em silêncio, mas creio que Laxus teve pena de mim ou realmente acreditou na minha desculpa. Ele soltou meu braço com descaso e continuou a caminhar. Evergreen e Bickslow olharam a tudo aquilo em silêncio. Todos continuamos a caminhar atrás de Laxus e eu cheguei a sentir medo daquela reação, mas tive vontade de beijar meus pulsos ao ver as marcas vermelhas que ficaram ali.

Sim, eu tive certeza de que sou masoquista.

Até hoje não sei explicar como que aquela carta foi para nas mãos do pessoal da guilda e fiquei com isso na cabeça durante todo o trajeto da primeira cidade que teríamos de atravessar. Laxus estava bastante rabugento naquele dia e já havia notado que isso vinha acontecendo freqüentemente. Os outros membros da Raijinshuu também chegaram a comentar no assunto, mas não nos estendemos naquilo. Não era da nossa conta e ...

EU QUERO SABER SE É POR FALTA DE SEXO.

Evergreen já havia comentado que Laxus era viciado em sexo e quando ficava sem fazer por um dia inteiro ele ficava rabugento. Acho que posso confiar nessa informação, pois até mesmo ela já ficou andando torto depois de dormir com Laxus.

Enfim, deixando as dúvidas de lado, assim que ultrapassamos a segunda cidade depois de Magnólia começou a chover. Imaginamos que seria apenas uma chuva passageira, mas consegui obter a informação de que aquela chuva se estenderia por dias. Repassei a informação para o chefe da nossa equipe, vulgo o homem que eu amo.

Discutimos durante horas como faríamos para andar em meio a uma tempestade e mesmo eu me oferecendo para abrigar todos da chuva, acabaram por jogar na minha cara que minha magia não seria forte o suficiente para nos proteger por todo o caminho. No fim acabamos por decidir pela viagem de carruagem e mesmo que Laxus não gostasse daquilo, acabou aceitando.

E aconteceu um dos melhores momentos da minha vida.

Conseguimos encontrar dois cocheiros disponíveis e corajosos o suficiente para nos levar no meio daquela chuva até a cidade onde fomos chamados. O problema era que as carruagens eram pequenas e cabiam apenas duas pessoas dentro de cada. Eu tentei não me animar com a esperança de ir sozinho com Laxus, mas para minha felicidade e espanto, Evergreen disse que queria ir com Bickslow e ameaçou transformá-lo em pedra caso recusasse.

Uma longa discussão se estendeu. Laxus resmungando que preferia derreter na chuva, Evergreen me dando claros sinais de que estava tentando me ajudar e Bickslow gritando que queria ir comigo.

Sinceramente, eu tenho MUITO medo do Bickslow.

Passou algumas horas e arrumamos nossos pertences. Meu coração saltitava de felicidade e eu continha risos dentro da carruagem que mal começou a se mover e me lembrou de um pequeno inconveniente.

Laxus era um Dragon Slayer.

Mesmo não admitindo, ele ficava tremendamente enjoado em transportes, assim como Natsu e Gajeel. Não chegamos a andar nem mesmo dois metros e ele levou as mãos até a boca, ficando com o rosto roxo pelo enjôo.

- La-laxus você está bem? – estiquei o corpo para frente, ficando próximo a ele. Laxus virou o rosto e bufou, deixando claro que eu deveria deixá-lo em paz.

Confesso que cheguei a perder a graça daquela situação, mas conforme a carruagem andava nossos corpos eram jogados de um lado devido à estrada precária do caminho. Laxus já respirava fundo e eu via que ele estava a ponto de vomitar. Abri a bolsa que sempre carrego em viagens e peguei uma garrafa d’água para oferecer a ele.

Foi quando aconteceu.

Algum animal cruzou na frente da carruagem e o cocheiro teve de puxar as rédeas do cavalo de uma vez. Com a parada repentina Laxus, que estava sentado de frente a mim, foi jogado para frente e caiu EM CIMA DE MIM.

Sabe quando você vai espirrar ...  seu coração pára e para acompanhar, seu corpo estremece todo. Foi essa a sensação. E não foram por poucos segundos.

Como posso dizer ... o cheiro dele é ainda mais gostoso de perto. Me fez arrepiar, suar e querer agarrá-lo. Como se não bastasse ele ainda gemeu com a boca perto do meu ouvido. Meu corpo doeu um pouco pelo peso do corpo dele em cima de mim, mas por favor, meu cérebro só processava que deveria aproveitar aquilo enquanto minha mente travava uma guerra de palavras.

“Eu devo empurrá-lo? Pergunto se ele estava bem? O cheiro dele é tão gostoso .... CONCENTRAÇÃO FREED! Ele está tão próximo e pelo amor de Deus pare de ofegar na minha orelha. Eu vou te agarrar e te beijar se você não parar. Eu quero te agarrar. Quero te beijar, mas se eu fizer isso vou ser obrigado a andar torto? CONCENTRE-SE! Minhas mãos ... pelo amor de Deus estão perto da cintura dele. Eu quero apertar a bunda dele. Mas e se eu me desajeitar e apertar outra coisa? ELE VAI ME BATER. Meu Pai, me dê concentração e ação, porque eu to travado. O que eu faço?? ELE ESTÁ SE MEXENDO. Está levantando o corpo ... ótimo!”

NÃO!!! VOLTA AQUI. EU QUERO VOCÊ EM CIMA DE MIM!

Eu vi a cara da safadeza que eu estava refletida naqueles olhos. Eu me continha para não revirar os olhos e estava vermelho feito um tomate. Jurava que ele iria me bater, mas para meu espanto ele apenas se desculpou antes de tentar gritar para o cocheiro alguma coisa, provavelmente um palavrão. A chuva do lado de fora caía pesada e imagino que o cocheiro não ouviria nem mesmo se ele berrasse a plenos pulmões.

Laxus jogou o corpo para trás e se sentou de novo, tombando a cabeça. Eu ainda estava travado, mas virei o rosto para o lado quando ele abriu a pernas. Tive vontade de voar pra cima dele, juro pela minha alma, mas me vi a beira da perca do controle quando ele me chamou pelo nome com a voz abafada.

- Si-sim?? – eu quase gritei em resposta.

- Quero que faça algo ... – ele ainda gemia e seu rosto estava roxo pelo enjôo. Não era nojo de mim, tenho certeza.

- Pode falar. – parecia que eu havia corrido uma maratona. Estava sem fôlego nenhum e freio no tom de voz.

- Venha até aqui.

Meu corpo travou novamente. A visão de um Laxus sentado de pernas abertas e fazendo um sinal com o dedo indicador para que eu me aproximasse foi o suficiente para fazer isso. O ar já não era o suficiente para meu pulmão que fazia meu peito subir e descer rápido. Meu coração parecia querer sair do meu peito.

Meu Deus .... EU NÃO ESTOU PREPARADO PARA ANDAR TORTO. Pelo menos não ... ainda!!

Fase 02 da missão: isso não fazia parte dos planos! Não mesmo.