O Sol Negro E A Lua Branca escrita por Gabby


Capítulo 9
Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Oi. Quero agradecer á:
Rachel Nelliel
Lithium
Que deixaram ótimas reviews no capítulo anterior. Obrigada a vocês.
Para ter seu nome nas notas inicias, deixe review. Sei que estamos cheios de leitores fantasmas, mas não vou ficar brava com vocês se comentarem. Vamos lá! O comentário de vocês vai fazer toda a diferença!
Capítulo narrado em primeira pessoa por Kurosaki Ichigo.



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O Sol Negro e a Lua Branca

Escrito por: Gaby chan

Treinamento

Nesse dia, no Grande Dia, fazia sol. Ele pegava diretamente em meus olhos e eu tentei tampá-lo com a minha mão. Estendi a mão e tapei o sol, mas a luz vazava dos meus dedos como se ele fosse uma peneira. E daí eu desisti. Virei de lado para o sol e fiquei olhando a Princesa Rukia.

Estávamos em um pequeno monte, o cheiro da grama verde invadindo minhas narinas. Ele fazia parte da propriedade do castelo, mas ninguém costumava vir aqui. A família real já tinha um jardim, um jardim todo ornamentado e bem cuidado. Ele era lindo, mas eu sempre fui simplista. Eu respirei fundo, sentindo o cheiro da grama. Tenho saudades desse cheiro, considerando que a maioria dos lugares da cidade (não só dessa, ta? A maioria geralmente tem) tem cheiro de bosta de cavalo.

Hoje era o dia em que eu iria ensinar a Rukia a lutar, o primeiro dia de um trabalho árduo, e eu que tinha escolhido esse lugar por ser sossegado.

–Princesa, -eu disse –Como você despistou Nell mesmo?

A Rukia estava vestida de modo simplista, pois eu havia pedido isso para ela. Aqueles vestidos enormes atrapalhavam na hora da luta. Ela vestia apenas um vestido azul simples e liso, o que era suficientemente bom para isso.

–Eu disse que queria dar um passeio –ela me respondeu –e, como você ia junto, não havia porquê ela ir também.

–E a Nell não ficou triste?

Eu sabia como a doce Nell era sensível para essas coisas, e como ela e Rukia eram amigas.

A Princesa Kuchiki deu de ombros.

–Ficou um pouco, mas eu acho que a gente precisa desse tempo, e a Nell também precisa para cuidar dela mesma.

Eu fiquei olhando para ela mais um pouquinho. Rukia tinha preso o cabelo em uma pequena trança, presa com um cordão simples que se estendia pela trança toda, cruzando-se e formando um padrão. Ela estava tão linda com aquele penteado, parecia verdadeiramente a guerreira que em breve ela irá se tornar.

–Princesa, tire os sapatos. –eu falei e ela ficou me encarando com um ponto de interrogação na testa –A gente vai treinar, vai lutar, e nenhum dos sapatos que você tenha são apropriados para um treino.

–É você que manda. –ela resmungou, mas tirou as sapatilhas rapidamente. –Então vamos começar.

–A gente vai começar com luta corpo a corpo. –eu lhe disse. Não podia começar um treinamento com espada antes dela saber lutar.

–Não precisa de alongamento, não? –A Rukia perguntou, mantendo-se de pé e fazendo uma posição de luta, só que os pés estavam juntos demais e a mão estava posicionada no lugar errado.

–Besteira. –eu lhe disse.

Esse alongamento pode até ser importante, mas eu nunca fiz e estou me virando muito bem sem ele. Eu olhei um pouco para ela, em uma posição falha de luta, tentando se firmar e colocando uma mão no rosto para tentar se proteger, mas que deixava muitos lugares fatais desprotegidos. Pensei em pedir para ela me mostrar tudo que sabe, mas daí eu me toquei que ela não sabe nada.

Então eu fui corrigir a sua postura. Fiquei bem pertinho dela, atrás dela, (meio que do lado dela, já que essa posição era de lado), o que me permitia ajustá -la perfeitamente. Senti os pelos da nuca dela se arrepiarem, mas não dei importância.

–Princesa, -eu disse, colocando a mão nos pequenos braços dela. –você precisa flexionar esse braço aqui de uma forma que ele proteja seu nariz e também sua costela. –eu fiz o que falei que ela deveria fazer, movendo seus braços em uma posição ideal. –Fique em uma posição reta, -eu aconselhei, colocando a mão na sua caixa torácica e a puxando para o lugar ideal. –e flexione mais os joelhos. –eu não podia ver o rosto da Rukia, estava de um modo que apenas podia sentir o perfume dos cabelos negros. Mas, mesmo assim, pude sentir o movimento dos joelhos, porque ela ficou ainda mais baixa.

Eu saí de perto dela e a olhei de frente, de modo que pude contemplar seu corpo inteiro. O vento soprou mais forte, trazendo um perfume de flores, que deveria vir da floresta fechada que se situava atrás da gente. A posição dela estava perfeita.

Eu demonstrei alguns socos, os mais básicos. Em seguida, pedi para que ela praticasse. Eu fiquei a observando com atenção, me concentrando no movimento de sua mão. Um soco podia machucar mais você do que o adversário se não fosse efetuado direito.

–Isso! –eu exclamei- Você precisa defender suas partes principais, que são o rosto, as costelas e a barriga, manter sua posição firme e ainda atacar.

Uma gota de suor escorreu pela sua testa e ela continuou a socar o ar. Observei ela mais uma vez, os olhos determinados, o cabelo desarrumado, os pequenos pés amassando a grama. Uma mulher de verdade, aquela que não tem medo de colocar a mão na massa.

Eu desci o morro em um impulso. Tinha começado a descer normalmente, mas daí ele foi se inclinando e eu fui pegando velocidade até estar correndo para não dar de cara no chão. Cheguei ao final, sentindo-me suado e com a visão nublada. Isso nunca aconteceu antes por causa de uma bobeira como descer um morro.

Eu vi uma pessoa caída no chão e levei um susto. Me parecia um simples aldeão, mas quando eu fui me aproximar para ver se ele estava bem, vi a grande poça de sangue vazando dele. Tentei berrar, mas o berro não saiu, e só uma rajada de vento entrou até os meus pulmões. Entrei em desespero e limpei os olhos com as mãos, tentando dissipar a névoa negra que tinha se erguido na minha mente para ver o rosto do cara. Mas, quando abri os olhos novamente, não tinha mais nada lá.

Respirei fundo, arfando bastante. Estou ficando louco, pensei. Peguei um saco de feno que eu tinha pegado do castelo para ajudar a Rukia e subi novamente.

A subida era pior do que a descida, mas certamente ela não estava assim quando eu subi com a princesa. O ar ali estava carregado, tinha um sabor doce enjoativo, e eu arfava cada vez mais.

Cheguei ao topo, finalmente. Meus músculos queimavam de cansaço, o que era estranho, considerando que o morro não era muito alto e a subida não era nem tão íngrime assim. A Rukia tinha parado de socar o ar, e parecia assustada, porque girava a cabeça para lá e para cá, aparentando procurar alguém.

–Ichigo, -ela me disse, olhando para mim. –Você viu alguém na floresta?

–Não. –eu respondi francamente. Pessoas mortas, sim, mas ninguém na floresta. –Por que?

–Eu pensei ter ouvido uma risadinha de mulher vinda de lá. Mas, quando fui olhar para o lado, não tinha nada.

Eu fiquei um tanto desconfiado. Pensei em contar para Rukia sobre o aldeão que eu pensei ter visto morto, mas optei por não contar, porque eu acho que ainda estava assustado com o pesadelo que eu tive na noite anterior.

Eu joguei o saco de feno perto dela e disse:

–Princesa, agora você vai treinar com algo sólido...

Mas ela não tinha dado o assunto por encerrado.

–Kurosaki Ichigo, sabe qual é o nome dessa floresta? –ela pergunta, em um tom de mistério. Eu aceno que não com a cabeça, só para acabar logo com isso. –Floresta proibida. –ela me diz, em tom de história de terror. –E sabe por que as pessoas a chamam assim? –Ótimo, agora só falta ser de noite e Rukia estar segurando um lampião.

Eu sou novo, não sei quase nada daqui. Acabei de chegar e a única coisa que sei dessa floresta é que ela é gigante. Tem uma forma duvidosa e, uma vez que começa, ela se fecha tanto que quem está lá dentro não pode nem ver o sol. Tem uma parte dela aqui no castelo, que demarca o fim da propriedade real, e se estende até no caminho para vir para cá, onde uma rua assustadora a corta ao meio. Eu nem sei aonde ela acaba.

–Não. –eu disse para Rukia, para não deixá-la no vácuo.

–A floresta é chamada assim porque quem entra nela, raramente sai. –ela faz uma pausa enfática, como se estivesse esperando um trovão ou um som assustador repentino. –E, quem sai de lá vivo, fica maluco. Ouve vozes e fala coisas sem sentido sobre criaturas assustadoras que riem da sua desgraça. –Eu começo a me aterrorizar, pensando no camponês morto. –E, quando as pessoas estão perto o bastante da floresta, elas avistam alguns seres, ouvem vozes...vêem coisas.

Eu fiquei pensando bastante nessa parte: Vêem coisas.

–Isso é ridículo. –eu disse, tentando mais me convencer do que ela. Solto uma risadinha nervosa.

–Até pode ser, mas os anciões daqui do Reino dizem que há demônios na floresta. Dizem que a floresta está assombrada por um bando de demônios que gostam de brincar com a nossa mente. –eu fico tenso. Coloco as minhas mãos juntas ao corpo e as cerro em punhos, para que Rukia não veja o quando estou nervoso. Consigo ver as juntas dos meus dedos se esbranquiçarem e as minhas veias se destacarem. –Claro que isso pode ser apenas um engano, e eu só tenha ouvido o vento! –ela exclama, e sorri. A bastarda tava tentando me assustar e pelo jeito ela conseguiu.

Ignorando toda a porcaria do meu medo (e não olhando para a floresta de maneira nenhuma), eu começo a outra etapa do treinamento. Seguro o feno, usando o meu corpo como apoio, e digo para a Princesa Kuchiki socá-lo com toda a sua força.

Ela tenta, tenta mesmo, uns cinco minutos sem parar, mas o meu pé não se meche um centímetro. E eu não estou tentando me manter parado de maneira nenhuma. Seus socos não derrubariam ninguém que podesse ameaçá-la. Ninguém.

Então eu coloco o saco de feno no chão e a examino.

Rukia está arfando, com o cabelo bagunçado, frustrada. Ela é magra, magra demais, tanto que seu vestido até fica um pouco largo nela. É pequena, seus braços são finos e suas mãos são pequenas. Ela não pode ser uma lutadora com muita força bruta com essa forma, que é quase desnutrida. Não, desnutrida também não. Seu rosto é redondo e ela tem bochechas cheias. Aparenta boa saúde. Mas, mesmo assim, é muito magra. Essa condição não pode ser causada por falta de comida, já que ela é da família real.

–Princesa Kuchiki, você anda comendo mal? –pergunto, pois tem pessoas que não comem porque simplesmente não querem. Eu tenho raiva dessas pessoas porque por anos queria comer algo e não podia, porque não tinha nada, exceto um monte de ossos que era eu, e um buraco negro no meu estômago.

–Não. –Rukia respondeu, um pouco duvidosa. Daí ela pareceu perceber que eu estava olhando para o corpo dela. –Eu não consigo engordar. –diz Rukia. –Acho que é uma doença. Sempre fui magrinha assim, quase frágil.

Isso muda tudo.

–O.k. –eu assenti, cuidadosamente, pensando em uma estratégia de luta para uma pessoa magra como Rukia. –Princesa, até você não arranjar músculos, -eu sorrio para ela- use os cotovelos e joelhos.

Ela assenti e eu mostro as cotoveladas e joelhadas básicas. Em seguida, a gente treina isso direto no saco do feno e, dessa vez, eu saio do lugar.


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Notas finais do capítulo

Em qual pessoa vocês preferem:
-Primeira pessoa. (eu)
-Terceira pessoa.(ele)

Alguém aí vai sentir saudade do Félix? Eu vouuu!!
Lithium, pode fazer a pergunta que quiser, já que acertou. Mais um game, aí: O que há na floresta proibida? Quem acertar essa, pode escolher a foto que irá no próximo capítulo.
Bye Bye!