Me permiti dormir naquele momento, para ver se esquecia as constantes perguntas e duvidas que apareciam mais a cada momento. Não sentia fome, o que mudou quando acordei à meia-noite.

Desci pra cozinha e belisquei uns paezinhos. Também fiz um leite quente, pra tentar recuperar o sono. Tomei e subi. Os olhos secos, parecia que eu tinha dormido tudo o que havia para dormir. Olhei pela janela. Claro, na direção da casa. Nem sinal da vida dentro daquele lugar. Retardada, o que você pode ver daqui? O telhado, no máximo? Aparentemente, sim. Mas, atentamente, não era só. Parecia haver uma janelinha...com cortinas rosas...talvez...era dificil ter uma definição de noite...principalmente quando o sono volta a atacar.

Me joguei na cama com vontade.

                           *-*-*-*-*

Quiase não pude acordar no dia seguinte, quem me despertou foram as batidas de meu pai na porta.

-Agatha!!! Ei!!! Você está atrazada! Levante-se!

-Já vou!!!

Estava mesmo atrazada. Já eram sete e meia. Só tive tempo de tomar um rapidissimo banho e por o uniforme. Sabia que não iria dar tempo de pentear o cabelo então molhei ele bastante, assim ficava mais fácil desembaraçar; serviço que, por sinal, fui fazendo na rua mesmo, enquanto corria para o colégio.

Meu pai havia me dito que iria retornar ao medico para ver o resultado de uns exames, então provavelmente, quando eu chegasse não haveria ninguem em casa. Mamae também ja tinha saido pra trabalhar.

Cheguei na escola a tempo para ver uma coisa inusitada: Ashley tinha pintado os cabelos negros de loiro. Ridículo. Logo ela, que era uma morena tão bonita, os cabelos pretos contrastando com a pele branca. Que merda que ela tinha feito. Mas, também, logo ela, que não tinha nada dentro da cabeça!

Parece que ela fez questão de me mostrar a nova tintura.

-Vê, Symons? Agora eu sou loira, ou seja, estou ainda mais bonita do que antes. - Convencida também, consequentemente. - Não pense que esse seu bege opaco pode conseguir algo, viu?

As puxas-saco que rodeavam ela riram, todas patéticas. Nem questionei o mal gosto de minha mais antiga rival. Haviam coisas melhores para fazer: Elisabeth e Sthephanye entravam pelo portão. Então, larguei as piruas e fui ao encontro de minhas amigas para mais um dia de aula.

Como antes, não avistei Christopher. Era angustiante, eu sabia. Mas tinha que me concentrar em outras coisas em minha vida. Até agora tudo o que me veio por correr atrás dessa historia de casa misteriosa, Christopher, e tudo o mais, foram noites mal dormidas, falta de atenção às aulas, e discussões.

Não me perguntaram nada de imadiato além de Tudo bem? e Vamos entrar?.

Tentei prestar o máximo de atenção possível na aula de matemática. As distrações do dia anterior tinham mesmo me deixado fora de conxão com a matéria. O resto do dia passou bem, sem que eu tivesse grandes acessos de pensamentos sobre as coisas que vinham me acontecendo. Antes do intervalo, a aula foi vaga, coisa rara. Então aproveitamos para conversar sobre o baile, chamado Baile de Boas-vindas aos Ingressantes do 1° Ano.

-Nomezinho grande, não? - comentei meio sarcástica.

-Bem significativo. - apoiou Beth.

-O nome é o de menos. O que importa é se a festa vai ser grande. - interveio Sthephy, sempre de bem com a vida.

-Você parece melhor hoje, Ag. - comentou Beth.

- É verdade, Ag. Você o reencontrou? - perguntou Sthephy.

-Não, não o vi mais. Só que eu acho que finalmente tomei uma decisão.

-Uma decisão? Qual é? - interessou-se Beth.

-Só espero que não tenha tomado a infeliz ideia de seguir o conselho de Beth. - comentou Sthephy, como se possuísse toda a razão do mundo. Não aguentei.

-Infeliz eu estou sendo agora, Sthephy! Não posso mais ficar alimentando essa história ridícula! Inventando sensações porque vi uma casa, ou porque conheci um menino bonito. Isso está me matando! Não posso mais agir como crinaça que brinca de detetive e sempre acha que há algo a mais em tudo. Tenho que crescer e viver minha vida. - respirei fundo, tinha sido direta, pela primeira vez os pensamentos se assentavam em minha cabeça, tomando seus devidos lugares.

Nenhuma da duas tentou discordar, embora Sthephy aparentasse estar achando tudo um absurdo. Não liguei para isso. Beth parecia me apoiar.

-Veja, tenho passado noites de sono, desde a historia da casa, e agora, nem me concentro mais nas aulas por causa de Christopher, enquanto o que? : ele nem mesmo aparece na escola. Duvido mesmo que more em Mylan City.

Silêncio das duas. Ate que Sthephy pareceu tomar coragem e perguntou calmamente:

-Então, achou uma teoria para ele saber seu nome?

-Não. Não pretento nem mais pensar nesse assunto. Já até pensei em algo para distrair.

Beth se animou.

- O que Ag? No que pensou?

-Vou trabalhar.

Sthephy arregalou os olhos, ainda em choque. Beth pareceu feliz. Abriu um sorriso sincero e disse:

-Boa, Ag, boa! Já sabe onde?

-Não, mas hoje mesmo vou conversar com meus pais sobre isso. Saber se eles tem alguma indicação. Estou tendo muito tempo livre, é isso que está atiçando minha imaginação.

Sthephy amuou. Viu que eu não estva brincando. Estava séria, talvez como nunca antes.

-Eu te apoio, Agatha. - disse Beth - eu também vou procurar algo legal par você. Quem sabe eu também não vou, hein?

Sorri. Aquele era um recomeço, eu tinha que me livrar das malditas imaginaçoes que me rondavam.

Quando o sinal batel, descemos para o lanche comentando o sobre o novo visual de Ashley. Beth disse que já tinha demorado muito para ela fazer aquilo. Era uma surpresa que não tivesse feito antes. Sthephy zuou dizendo que era a mais nova técnica mortal para atrair admiradores e novos namorados. Rimos demais. Meu estômago roncou, eu nem tinha comido nada de manhã. Fomos para o refeitorio comprar um lanche. Puz a mão no bolso e gelei.

Na pressa, eu não pegara minha carteira.