Anjos De Redenção escrita por Arthur Almeida Souza


Capítulo 5
A Fome


Notas iniciais do capítulo

parte 2, os cavaleiros



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         Alex despertou em uma cama de hotel, sabia graças aos sabonetes no banheiro com as suas logo marcas. Ele estava em seu quarto, no corredor era o banheiro no final desse corredor existia a sala e a cozinha junto.

            Ele estava deitado se levantou percebeu que usava uma camiseta gola v branca uma blusa de frio cinza e por cima um blazer, usava também uma calça jeans com um tênis.

            Adentrou o banheiro e se viu no espelho, não acreditou no que via, ele estava diferente do que era antes seus ombros cresceram, ele tinha ficado maior e mais forte além de seus cabelos antes rubros e longos agora negros e curtos tinham a aparência de recém cortados.

            A luz do banheiro se balançava o que fazia com que a sombra de Alex balançasse.

            __Ainda acho que você é melhor dessa forma do que com todas aquelas coisinhas de ouro.

            A sombra de Alex pareceu tomar vida própria, podia se distinguir seus braços sua cabeça, em outras palavras era uma figura humanoide um tanto quanto assustadora, as sombras em seu rosto pareciam muito com uma caveira ou um rosto mais magro. Alex levantou seu punho já preparado para desferir o primeiro golpe.

            __Não gaste energia à toa querubim, ou pecador, tanto faz ainda não me acostumei, não estou aqui, estou em outra camada da realidade o Maximo que você poderá fazer é acertar a própria sombra.

            __Quem é você? O que você quer?

            __É simples Alex, todo ser humano tem seu “anjo”, mas você não já que é um anjo, mas outro detalhe e que todo ser humano tem um demônio que o tenta digamos “um demônio pessoal” e já que você é um ser humano tem o seu, e eu sou o seu.

            __Você é um demônio...

            __Isso... Isso Alex, sou o seu demônio... Zael a seu dispor.

            O demônio se abaixou como um sinal irônico de servidão.

            __Saia daqui demônio!

            __Você acha mesmo que manda em alguma coisa? Você está na terra não mais no céu, aqui Deus não tem controle total, nós os demônios dominamos.

            __Como você ousa blasfemar dessa forma?!—Alex levou a mão até a cintura em busca de justiceira.

            __Anjo, você não é páreo pra mim sem a sua espada ou armadura...

            __Venha até mim para que possamos resolver isso Zael.

            __Na verdade tenho outros comandos...

            __Quais?

            __Já iria chegar nisso, era pra eu manter em segredo e não te contar, mas não vou aguentar o meu trabalho e te fazer pecar.

            __Ainda não entendi demônio.

            __Você é algo especial para os humanos, um exemplo e quando um exemplo cai as pessoas perdem a esperança, por isso o meu mestre tem um interesse especial por você, caso você caia, a humanidade cairá.

            __Então é isso que o diabo quer? Minha morte?

            __Também, mas uma morte em pecado, humilhante, ele quer você suplicar ao seu deus por misericórdia.

            __Ele terá que esperar sentado por isso.

            __É o que vamos ver anjo, é o que vamos ver.

            Alex ouviu um pequeno zumbido em sua cabeça um pequeno chato, mas perceptível zumbido, Alex sabia o que era. A primeira trombeta.

            __O apocalipse se iniciou...

            __É mais que isso anjo... A nossa chance de voltar ao mundo e vencer.

            __Você espera isso? Espera voltar ao mundo com dignidade?

            __Sim... Espero voltar aos céus e me deparar com Deus.

            __Para?... Olha não te conheço direito, enquanto você ainda era um anjo acho que eu nem tinha nascido, mas se tem algo que eu sei é do ódio entre anjos e demônios que é algo recíproco.

            __Calado anjo... Você ficará aqui pra sempre ou derrotara os cavaleiros do apocalipse?

            __Pensei que os cavaleiros eram um trunfo para o seu exército, não é?

            __Alex... Alex, você não é o centro do mundo muito menos dessa guerra existem mais coisas por trás dos cavaleiros do vírus da escuridão e da volta de Tehom, pra que você acha que esta aqui? Pra salvar todos os anjos e humanos? Não. Você esta aqui para dizimar os seus “semelhantes” para iniciar uma guerra... Só isso, sem pressão alguma.

            Zael soltou um riso sarcástico enquanto Alex estava preso dentro de sim pensando em tudo o que ele disse.

            __Vamos anjo não seja tão pessimista ou sério, no final compartilharemos o mesmo final, a derrota.

            __Não você está errado eu serei vencedor.

            __Vencedor? Alex é uma guerra, não existem vencedores em uma guerra, apenas o exército com menos baixas é tido como “vencedor”.

            As palavras de Zael eram calmas e reflexivas.

            __Você está certo demônio... Talvez ter você como campainha não seja algo tão ruim...

            __Não se esqueça da minha missão Alex, fazer você pecar.

            __Pois você não conseguirá Zael ainda sou um anjo.

            __Mas ainda está sujeito a escolhas e é ai que eu entro.

            __Vamos Zael ainda temos muito há fazer.

            __Meu Deus... Quer dizer... Deixa pra lá, a gente da um pouco de intimidade as pessoas deitam e rolam.

            Alex saiu do banheiro e desceu até o saguão do hotel.

            Ele percebeu um grande contraste dentro do hotel pessoas com seus computadores portáteis, alguns com coisas nas mãos mexendo.

            __O que há de errado com essas pessoas? Esbarram-se toda hora, mas nem pedem desculpa, o que seria algo difícil, nem brigam uns com os outros, isso não faz sentido.

             __Alex desde que você foi para o “paraíso” as coisas mudaram as pessoas se afastaram ainda mais graças a sua “evolução” tanto tecnológica quanto pessoal, em outras palavras as pessoas perderam seu contato, preferem tocar uma máquina fria que um de seus iguais.

            Zael estava colocado ao lado de Alex como estivesse andando na sua sombra dessa vez estava bem vestido, era um homem de meia idade com uma camisa branca aberta e uma calça.

            As pilastras que mantinha o hotel tinham televisões no seu esquema nas televisões parecia passar algo sobre os estados unidos e a china.

            __O que há de errado?

            __Com o mundo? Tudo. Simples a guerra, a terceira ou se preferir última guerra mundial.

            __Como assim?

            __Olha as coisas por aqui estão problemáticas quando a ONU conseguiu se instalar em todos os países do mundo ela supôs a unificação do mesmo, alguns países não gostaram e se viraram contra ideia, mas a maioria concordou, mas ai nasceu uma nova duvida que cultura vá subjugar as outras? A cultura “escolhida”— Zael usava certo tom irônico— escolhida? Devo dizer obrigada a ser seguida foi à americana, os países tenho que mandar todos seus principais recursos até aquele medíocre e arrogante país eu sei não faz sentido algum já que é uma cultura consumista o que fará com que o planeta se consuma de forma muito mais rápida... Países como a china estão se voltando contra os EUA, a guerra esta quase deflagrada.

            __Mas onde estamos?

            __No Brasil, sim já foi uma boa terra, mas os custos e a exportação forçada dos Estados Unidos o fizeram ficar o que é hoje. A pobreza e a fome. Pena que esse país não pode se virar contra os estados unidos, estão no mesmo continente seria desvantajoso para ambas às partes, mas o Brasil secretamente apoia a China, não só o Brasil, mas vários países da America, outros preferem ficar neutro e serem dominados.

            __Certo... Cavaleiro da fome hein? Qual deus esta com ele?

            __Suponho que seja o Mercúrio, o antigo Deus grego mensageiro patrono dos ladrões.

            __Certo... Agora o problema é encontrar a fome...

            Alex saiu do hotel atravessou a rua e se viu num choque de realidades pessoas espalhadas pela rua magras, raquíticas pediam por comida água qualquer coisa que pudesse os socorrer que pudesse prolongar as suas vidas, mulheres com seus bebês nos braços a ponto de morrer e levar consigo mesma seu filho os homens imploravam por trabalho uns tentavam roubar, mas as suas forças eram poucas e acabavam apanhando dos deus próprios alvos.

            __Ainda não entendo algo, foi o próprio cordeiro que mando os cavaleiros, por que eles se virariam contra ele?

            Zael agora estava como uma nuvem de sombras a volta de Alex.

            __Quem disse que foi o cordeiro que os mandou? Existem mais coisas por trás deles Alex, mas o que eu posso lhe dizer agora é que os cavaleiros são uma pequena peça nessa guerra, não a peça principal.

            Alex caminhava entre as pessoas algumas eram corpos mortos de fome, um homem puxou o pé de Alex em súplica, Alex não sabia o que fazer, ergueu o homem e o deu um pedaço de pão que trazia consigo do hotel.

            __Se você continuar desse jeito não sobrivivera aqui. Não seja tão legal assim com as pessoas boa parte delas não merecem sua compaixão.

            __Por que você diz isso?

            __Você talvez tenha se esquecido da real natureza humana, mas eu me lembro muito bem, de toda a maldade, arrogância, a ainda por cima são elogiados por Deus talvez nem saibam o que é isso.

            __Também não te entendo Zael. De que lado está?

            __Do lado vencedor é claro! Não me importo com essas batalhas só quero sobreviver.

            __A ideia de voltar a ser um anjo te agrada?

            __Um pouco... Na verdade quando penso nisso me vem à mente o quão era bom viver a sombra de Deus, tínhamos que obedecê-lo, não éramos obrigados, nunca fomos, mas mesmo assim o nos honrava o obedecer.

            __Se você se sentia honrado em servi-lo... Por que se uniu ao diabo? Ou melhor, a lúcifer?

            __Você sabe como é não é?   Ah é mesmo você nunca deve ter falado com ele, imagine o poder de convencimento em pessoa, agora multiplique pelo infinito, esse é ele. Ardiloso, maldoso, um ser sem escrúpulos que só quer ser melhor que Deus... Esse é ele. Esse é o diabo.

            __Você não sabia disso quando se uniu a ele...

            __Ele dizia lindas palavras... Dizia que traria uma revolução, que mudaria tudo que os seres humanos não existiriam mais...

            __Então é isso? É por causa dos seres humanos que uma terça parte do céu caiu?

            __De certa forma sim... Mas se coloque em nosso lugar... Éramos seres eternos dedicávamos toda a nossa eternidade há Deus e ele ainda preferia os seres humanos? Era algo inconcebível!

            __Por que você acha que ele nos preferia?... Quer dizer preferia os humanos?

            __Alex você é um ser humano, mas também um anjo, você é ambos, uma aberração, algo que não devia existir.

            __Calado Zael! Sou o que sou, sou uma criação de Deus!

            __Certo... Certo anjo eu posso continuar?

            __Pode, mas não fale mais isso.

            Alex agora estava numa área mais boemia os prédios tomavam um ar ainda maior e as pessoas paravam de aparecer tanto.

            __Você se acha mesmo importante não é anjo?

            __Sim... Sim com todos dizendo isso.

            __Cuidado com seu ego anjo ele será o seu fim.

            __Nunca imaginei que isso iria acontecer... Eu... Um anjo... Receberia alguma palestra sobre humildade de um demônio... Talvez você seja um bom amigo. Prometo que no fim dos tempos sua situação será mudada. Talvez repensada.

            Houve certo silêncio por um tempo até que Zael se pronunciou.

            __Não somos amigos Alex. Não seja tão ingênuo. Nos seus momentos mais difíceis eu estarei lá fazendo você desistir de Deus, de você mesmo... Essa é a função dos demônios destruir toda a fé tanto em você mesmo e toda a sua fé quanto em Deus.

            Nenhum deles se pronunciou após isso o silencio se instalo entre ambos, eles se encontravam em uma região rica da cidade, que era uma cidade litorânea.

            Alex adentrou um hospital público. E novamente se assustou com o que via pessoas pedindo por comida não por atendimento médico era um hospital medíocre em todos os sentidos poucos leitos pessoas a ponto de morrer de fome e corpos já mortos em decomposição espalhados pelo hospital, com um cheiro fúnebre se espalhando pelo ar. As paredes caiam ao pedaço, todas desbotadas e com fungos espalhados, Alex estava na entrada em uma espécie de encruzilhada de leitos.

            __Mas o que é isso?

            __Isso? Isso são os seres tão amados por Deus, seus iguais, seus irmãos...

            __Mas, se eles são tão amados...

            __Por que sofrem tanto? Sei lá, não faço a mínima ideia, por que você não pergunta para Deus?

            Zael tinha um tom irônico em seu falar.

            __A única resposta que eu consigo achar é... Que ele não os ama...

            Alex saiu daquele lugar correndo nunca queria voltar até aquele hospital queria voltar ao céu. Mas não podia e sabia disso...

            Alex caminhou por mais um pouco perdeu qualquer noção de tempo. Corria e pensava em seu Deus de amor... Será que tudo aquilo foi uma mentira?

            Ele encontrou um hotel com 60 andares um hotel com arquitetura arrojada um tanto quanto moderna ate mesmo pra sua época tinha uma espécie de espelho na sua frente, era o prédio mais alto da cidade era um lugar agitado os funcionários usavam roupas verdes que era uma espécie de identidade do hotel.

            Isso chamou a atenção de Alex.

            Ele tinha entrado e estava no saguão principal do hotel, tinha uma escada principal que subia até um andar superior, por fora o hotel era moderno e arrojado por dentro era um tanto quanto antiquado com uma decoração dos anos 30 a 40.

            O cheiro de fritura tomava o ar. Um cheiro intragável de óleo de cozinha e uma movimentação, que de certa forma irritava Alex, de empregados com suas roupas verdes musgo e bandejas na mão com suas “batatas fritas” e seus “pasteis” respingando óleo e calorias.

            Alex pegou um corredor que saia do saguão, no outro lado um garçom vinha carregando consigo uma bandeja de “camarão frita” Alex acelerou seu passo quando chegou perto do garçom usou seu braço direito e apertou o pescoço do homem contra a parede e o ergueu acima do chão.

            __Quem é o dono desse hotel?

            O homem já estava asfixiando.

            __Quem?... Quem é você?...

            __Não importa quem eu sou... E acredite você não quer saber.

            __O que você quer?...

            __A única coisa que eu quero é o nome do dono desse hotel! De preferência agora seu verme insolente!

            “Isso Alex, continue, ele não merece sua misericórdia ou sua compaixão” a voz de Zael ecoava dentro da mente de Alex ate ele cair em si e perceber o que fazia, ele estava enforcando um homem... A troca de que? Caso esse homem não dissesse ou soubesse de nada o que aconteceria? Alex procuraria outro? Outro para morrer sua causa? Mas até quando? Ou melhor, quantos teriam que morrer para isso?

            Alex abaixou aos poucos o homem ate encostar suas pernas no chão e perceber que sua coloração voltava.

            __Eu vou perguntar mais uma vez... É só isso que eu quero saber. Quem é o dono desse hotel?

            Os olhos do homem ainda estavam vidrados em Alex de medo.

            __Quem e você?

            __Meu nome é ninguém, me diga quem é o dono desse hotel.

             Alex sabia que não era bom se expor.

            __Senhor Green. Ele se chama Green.

            __Obrigado, mas ele sai em público? Festas, entrevistas ou jantares?

            __Sim... —os olhos do homem passaram a olhar para o chão.

            __Tem algo que deseja comentar? Senhor...

            __Alves... Senhor Alves.

            __Certo Alves... Qual o seu primeiro nome?

            __Bruno... Bruno Alves...

            __Certo Bruno Alves, ele vai fazer alguma comemoração?

            __Sim hoje às nove e meia da noite... Uma espécie de jantar... Na sua cobertura.

__Eu preciso entrar lá... Você pode conseguir isso pra mim?

            __O que você planeja?

            __Simples, desde que o senhor Green chegou aqui a fome também chegou certo?

            __Sim certo... Eu já tinha percebido...

            __Sim... Eu vou acabar com isso...

            __Acabar?... Acabar?! Como assim acabar? Vai matar o senhor Green?

            __Bruno existe mais coisas entre o céu e a terra que a nossa vão filosofia.

            __E um jantar de gala você precisa de roupa e um convite só nisso posso te ajudar. Agora me deixe ir.

            __Obrigado bruno.

            Alex se afastou e continuou caminhando até sair do corredor.

            Encontrou uma porta que saia do prédio saiu e caminhou entre aquelas ruas pobre e sedentas de alimento.

            __Oh Alex! Como planeja entrar no jantar?

            __Disso cuido eu Zael... Mas o que foi aquilo lá dentro? O que você fez comigo?

            __Apenas apresentei uma forma diferente de você lidar com tudo isso. Uma forma mais fácil.

            __Nunca mais faça isso ou...

            __Ou o que anjo? Você não pode nada contra mim.

            __Ainda não...

            __Mas como planeja entrar na festa? Não tem o convite.

            __Eu posso dar meu jeito.

            As roupas de Alex foram mudando de acordo com sua vontade até ele estar vestido a rigor para o jantar, usava um smoking preto, com uma gravata borboleta também preto com uma camisa social branca.

            Alex andou por mais alguns quarteirões deu a volta neles até chegar ao hotel mais uma vez, mas desta supôs que ninguém o reconheceria como um homem poderia ter mudado de trajes tão rapidamente? Essa era vantagem dos corpos humanos dos anjos a sua roupa estava de acordo com a sua vontade.

            Subiu pelas escadas até o último andar e se escondeu num corredor, o único, do último andar, levava até uma grandiosa porta com duas maçanetas de ouro, tudo de ouro o que fazia lugar um tanto quanto assustador, um homem em um balcão parecia esperar algo.

            Alex viu um casal sair do elevador eles não portavam nada nas mãos além de parecerem um casal da alta sociedade, uma mulher já de idade com um cachecol de algo que parecia ser uma raposa no pescoço, usava um vestido branco e trazia consigo marcas de cirurgias plásticas que eram visíveis e não cumpriam as suas funções de esconder a idade da mulher que já beirava os sessenta anos.

            O homem era um aristocrata de sucesso trazia consigo com suas madeixas negras certo ódio ou rancor no olhar, um pouco de receio por estar ali diferente da mulher que trazia alegria em seu semblante.

            Eles saíram do elevador e caminhou até o balcão onde o homem com olhar suplicou em silêncio por ajuda, o aristocrata se aproximou e esperou em silencio algo.

            __Senhor Montecarlo?—o homem olhava uma lista abaixo do balcão procurando algo, um nome.

            __Sim... O que esta esperando?

            As portas de ouro se abriram e o par adentrou o salão.

            Podia ser idiotice, mas Alex sabia que talvez pudesse dar certo, ele se aproximou do homem que ainda mantinha ainda os olhos vibrantes de medo ou receio.

            __Alex... Alex Allen...

            Um raio de felicidade atravessou o rosto do homem que logo foi seguido por um olhar ainda aflito.

            __Senhor Allen? Senhor Green disse que você viria... Mesmo o senhor estando um pouco atrasado.

            __Disse? O que mais ele disse? Espera atrasado?

            __Sim o jantar e para o senhor a sua chegada à cidade, ele disse que vocês são velhos amigos e que os irmãos dele não acreditavam na sua vinda, mas ele... Ele sempre soube que o senhor viria.

            __Oh Alex! Isso está muito estranho, eu pré suponho que esse senhor “Green” seja a fome e queira te matar então pra que oferecer um jantar a você?

            Alex encarou Zael com um canto de olho ele sabia que Zael estava certo mais não podia deixar na cara que tinha um demônio no seu ombro na forma de uma fumaça, nuvem negra.

            __Eu posso entrar?

            __Deve senhor Allen, mil perdões...

            As portas de ouro se abriram novamente e Alex encontrou dentro do salão, era algo gigantesco com pilastras e um segundo andar, com uma mesa ocupava boa parte do salão lugar estava em estado que se podia chamar de orgia alimentar era possível ver pessoas comendo dos mais variados pratos com certa gula como seu aquele fosse o último prato do mundo inteiro sendo que a sua frente existiam pratos muito maiores, cada vez maiores.

            Pessoas com fome passavam com bandejas de pratos, mas não podiam se alimentar o que parecia ser uma tortura para cada um deles.

            Ninguém estava sentado na mesa gigantesca, frutas de vários lugares diferentes estava disposta sobre a mesa, mas no meio dela existia uma balança de ouro que era grande e até mesmo rústica com seus pratos redondos e suspensos por três correntes em sua circunferência.

            Com uma espécie de flecha que estava no meio, mas mesmo estando no meio um dos pratos pendiam mais para um lado que para outro o que demonstrava que a balança estava quebrada.

            No segundo andar do salão existia uma sacada, uma sacada que dava para um quarto altamente luxuoso e além disse levava a uma sacada externa.

            Nessa sacada interna apareceu um ser peculiar, uma espécie de ator, pra ser mais exato parecia um humorista com seu terno verde e seu guarda costa um tanto quanto magro demais pra ser guarda costa, mas parecia ser rápido, o homem trazia no rosto um sorriso triste e macabro, estava a vislumbrar a festa e toda aquela orgia com alegria, uma alegria com tom de maldade. Os olhos do homem ainda não haviam vislumbrado Alex.

            Até que ele encontrou o que procurava com os olhos.

            __Senhor Montecarlo! Se já bem vindo ao meu humilde hotel.

            O senhor Montecarlo esta sentado em uma pequena mesa junto com sua mulher, ambos estavam deliciando uma bela picanha com molho extra a boca do home estava suja e grudenta, limpou a boca na própria roupa, e ainda com resquícios de molho se virou ao senhor “humorista”.

            __Senhor Green! Admito a sua humildade é mesmo algo invejável, mas sejamos sinceros você tem o maior hotel luxuoso da cidade, pra que me chamar a esse jantar que, aliás, está maravilhoso!

            __Já que você foi sincero comigo serei sincero com você, e com todos aqui presente, eu desejo que eu seja o maior empresário da cidade talvez dessa zona, pra isso quero comprar a sua rede de construtoras, mas digamos que o seu valor e muito alto caso eu compre eu não serei, mas o mais rico, em outras palavras você irá me vender as suas ações que ultrapassam 90 por cento na sua empresa por preço de “banana” que tal 10 por cento do valor real de mercado.

            __Você só pode estar brincando comigo eu nunca vou vender por como você diz um preço de “banana”.

            __Que pena, na verdade não queria fazer isso, mas você me obriga senhor Montecarlo. —ele ergueu uma das mãos e a balançou rapidamente— retirem a comida.

            Cada pessoa com uma badeja de alimento se retirou entrando em uma das varias passagens laterais ate que em um pequeno instante todos se retiraram a as mesas ficaram sem alimento nenhum.

            __Espere! O que você esta fazendo? Devolva-me esses lindos e saborosos alimentos, não e necessário tanto.

            __Quer mais da minha comida? Deixe me ver se eu entendi... —a fome descia das escadas, em direção ao senhor Montecarlo Alex já estava longe da mesa se escondendo entre os outros convidados. —você vem até minha casa, meu hotel, não aceita a minha proposta generosa, olha se eu quisesse poderia ter simplesmente tomado de você a sua preciosa empresa.

            A fome bateu na mesa e levantou o senhor Montecarlo pelo pescoço...

            __Você acha mesmo que esse jantar foi pra você? Você é patético, não me interessa nesse exato momento você esta perdendo a sua fabulosa empresa... Pra mim.

            Os olhos da fome se dirigiram diretamente a Alex o que foi algo realmente assustador, em meio a toda aquela multidão de convidados a fome olhou dentro dos olhos de Alex, o seu guarda costa procurava em meio aos convidados até encontrar Alex, quando o encontrou dobrou o corpo de forma que parecia que ele avançaria até ele uma das mãos da fome o atrapalhou.

            __Alex... Alex Allen... O anjinho de deus, o queridinho, ou como te chamamos “o anjo” você é mesmo peculiar—ele jogou o corpo de Montecarlo para longe e se sentou em seu lugar, sua mulher já chorava— um humano anjo ou um anjo humano? Nunca soube a resposta pra essa pergunta, mas sempre me perguntei— Alex estava de pé em meio ao emaranhado de pessoas sentadas pedindo e clamando por comida. —vamos Alex se levante não vou comê-lo nem mata-lo pelo menos não ainda... Aliás, eu já sei quem e você e onde esta não adianta de esconder em meio a essa multidão de gente.

            Alex se ergueu imponente em meio ao público que assistia horrorizado a aquele show que a fome dava além de boa parte olhar em volta a procura da pessoa tão esperada, o motivo daquele jantar.

            Alex com seus ombros largos e tórax avantajado ele se ergueu em meio a aquela multidão que agora o observava.

            __Não? Não quer me matar? Estou bem mais calmo. —o tom de voz de Alex era um tanto quanto irônico.

            __Anjo, anjo... Você é mesmo previsível dessa forma fica fácil e sem graça o nosso “joguinho”.

            __ “Joguinho”? Você vê tudo isso como um jogo?

            __Sim de certa forma não tem um porque levar a vida sério anjo, você aprendera isso quando for à hora.

            __Esse eu suponho seja mercúrio? – Alex agora apontava para o guarda costas

            __Sim é... Mas ele não e muito falar... Já tentei.

            __Então acabemos logo com isso não é? Vem pra cima fome.

            __Não! Não! Não! Não! Não! As coisas não vão ser assim, não pra mim, acho que meu irmão guerra vai gostar de você, dessa sua força de vontade. Vamos. Siga-me.

             A fome se levantou caminhou ate a mesa do jantar a apanhou sua balança e caminhou ate o elevador. Sempre seguido de seu guarda costa.

            __Te vejo no terraço anjo.

            Alex correu até as escadas e subiu um andar a mais e saiu de uma pequena casa que se encontrava no terraço do hotel, o sol já nascia no horizonte, o sol tomava seus primeiros raios em meio aos prédios que tomavam tonalidades anis ele podia perceber o mar, o hotel era o mais alto da cidade o que causava vertigem ao observar a distancia dos outros hotéis e prédios. Já eram cinco e meia da manhã dentro do salão a medida de tempo é um tanto quanto estranha e diferente da real. Fome estava sentada em sua cadeira de ouro frondosa, e em meio ao terraço estava a sua preciosa balança e sobre ela três pesos, cada um com uma coloração diferente, um era azul o outro roxo e o ultimo tomava uma tonalidade avermelhada.

            __Certo o jogo é simples, temos três pesos, a fé a justiça e a culpa, o seu único objetivo é dar um chute, caso você descubra qual é o mais pesado ou o mais leve você ganha e leva.

            __Levo? Mas só um instante, e ele?—Alex apontou para mercúrio que estava ao lado da majestosa cadeira da fome.

            __Ele? Você sabe que mais cedo mais tarde terá que enfrenta-lo... Ele vai me defender de você de qualquer forma... Essa é a missão dele...

            __Quem foi que o ordenou isso a ele?

            __Tehom, quem mais além da deusa da escuridão?

            __Você o conhece? Como ele é?

            __Acredite você não vai querer conhecer ele, ele é o oposto de Deus, o oposto completo de Deus.

            __Entendo...

            Alex se aproximou da balança e olhou para os pesos acima de sua cabeça.

            __Culpa... —a órbita roxa se moveu e cintilou e se abaixou ao nível do ombro de Alex.

            __suponho que seja mais pesada que...

            __Alex só um instante, caso você erre uma vez você perde...

            __Mas o que acontece quando eu perco?

            __Ah você sabe, você morre.

            Essa opção não existia para Alex, ele não sabia o que aconteceria caso ele morresse, a parte humana iria ao céu e talvez perdesse os dons de anjo, caso ele morresse como um anjo a sua aura de dissiparia no universo.

            __Certo... —Alex tentava concentrar no seu trabalho— voltando eu julgo que a fé seja mais pesada que a culpa.

            __Certo vamos lá.

            Os pesos desceram e ocuparam os pratos, o prato da fé se abaixou mostrando ser mais pesado que o outro.

            __Você está certo garoto, mas e agora? Você sabe o mais obvio que é a fé e a culpa, mas e a justiça? Ele é a mais pesada ou a mais Leve? Ou está entre eles?

            __Vejamos...

            O que Alex deveria colocar? A dúvida o consumia, sua parte humana lhe dizia a fé era maior que a justiça, mas sua parte celeste lhe dizia que a justiça era maior que a fé, o que escolher? A quem ouvir? Uma luz ocorreu em sua mente.

            __Eu suponho que a fé e a justiça tenham o mesmo peso.

            Era percebível o espanto na face da fome.

            __Você tem certeza do que está falando anjo?...

            __Não, não tenho, mas fazer o que não é?

            __Vamos lá então anjo.

            Os pesos se locomoveram e tomou seu lugar, os pratos não se moveram a seta ainda continuou em seu lugar, o que manteve a calma de Alex.

            Ele tinha vencido o desafio.

            __Mas então... É isso? Quero dizer tudo isso pra isso? Por um instante pensei que iria morrer, mas se você e seus irmãos forem assim eu já venci. —Alex zombava de seu inimigo.

            __Eu admito você me surpreendeu. Mas só quero saber como você soube? Como acertou?

            __Pra mim a duvida foi ainda maior, na minha parte humana dizia a fé, o seu humano foi criado para ter fé essa e a sua maior arma, benção ou maldição, o ser humano precisa acreditar precisa ter fé, pois sem ela ele nada é. Aquele que não crê não pode sentir a glória do senhor. Mas a minha parte celeste me dizia que a justiça era maior, eu conheço o meu Deus, não preciso acreditar cegamente nele por que já o vejo, e a justiça é algo adorado por Deus então também pelos anjos.

            __Entendo... Mas por que você escolheu ambos?

            __Porque ambas são armas divinas, a justiça e a arma do senhor para os humanos, a fé é a arma dos humanos.

            __Certo... Certo...

            Alex passou pela balança e se locomoveu até a cadeira, mas Mercúrio se colocou diante dela.

            __Eu tenho que te vencer não é?

            __sim...

            __Vamos fale alguma coisa.

            Mercúrio dobrou seus joelhos como se fosse dar uma investida, o seu terno foi substituído por um pano transversal azul tomando forma de uma toga. Uma chapa protegia sua mão direita, mas deixava sua mão á mostra, no lado esquerdo ele usava uma luva de ouro. Mercúrio levou suas mãos às costas e arrancou duas adagas, uma com a lâmina virada contra Alex e outra com a lâmina ao contrario para trás.

            __Vamos lá então.

            Alex levantou sua mão direita e em uma explosão surgiu justiceira brilhando preparada para outra batalha em meio a aqueles raios que fugiam da explosão e tomava o chão, em meio a tudo aquilo justiceira aparecia brilhando e se destacando com os primeiros raios de sol a atingindo e refletindo no terraço inteiro.

            Graças ao brilho da espada Mercúrio recuou por um instante voltando seu passo. Como se temesse algo.

            Justiceira se abaixava e chegava ao nível do braço de Alex, Zael se silenciou e foi como se ele parasse de existir Alex se encontrava em paz, total paz, apenas ele e sua espada justiceira. Ele tocou com seu dedo a espada que com um leve brilho respondeu, Alex pegou sua espada com a mão direita. No seu antebraço veio outra explosão dessa vez mais intensa, era seu braçal, que agora brilhava ainda mais, trazia consigo um brilho dourado que fazia um contraste com o brilho metálico, prateado, de justiceira, seu braçal parecia estar novo em folha, nem parecia o mesmo braçal que Amaterasu tinha cortado e que há algum tempo atrás estava suja do sangue de Alex. Os desenhos estavam mais reluzentes que nunca em seu braçal, tinham marcações e desenhos sem formal composto por linhas e desenhos circulares no centro tinha um desenho especial, duas asas. Tinha uma segunda chapa que saia do braçal e ficava sobre sua mão também cobria os dedos.

            __Vamos lá Mercúrio.

            Alex e mercúrio se enfrentavam com os olhos enquanto a fome observava ambos.

            Mercúrio se moveu e correu para dar um golpe saltou e desceu um golpe com sua adaga, Alex se protegeu com justiceira, mas Alex se esqueceu da outra adaga, Mercúrio com um giro acertou as costelas de Alex que dobrou um joelho e caiu no chão atordoado. Alex virou a espada e lançou Mercúrio que com um salto se retirou da proximidade de Alex, da sua zona de ataque. Alex atordoava e sangrava de joelho no chão com sua espada cravada no chão.

            __Vamos celestial. Se levante!

            __Até que enfim.

            __O que foi anjo?

            __Até que enfim você disse algo além de “sim”.

            Mercúrio correu, Alex se levantou, quando Mercúrio se aproximou Alex cortou o ar com sua espada, Mercúrio desviou, e passou pelas costas de Alex, quando ia atacar seu lado esquerdo Alex, com um reflexo, atacou com justiceira á mercúrio que caiu para trás. Ele caiu apenas com uma das adagas.

            Mercúrio se levantou ainda atordoado, mas investiu mais uma vez da mesma forma que tinha feito antes quando chegou ao lado esquerdo de Alex levou um golpe do braço de esquerdo de Alex.

            Uma das adagas de Mercúrio tinha sangue gotejando.

            E como um raio a dor atravessou Alex que sentiu a ferida que a adaga havia feito. Estava atordoado.

            __Já estou cansado disso...

            __Do que celeste? Da nossa luta? Ah que isso! Agora que começamos!

            __Não... Não da nossa luta... Mas da mania de vocês deuses de me ferir sem eu perceber, e quando eu percebo já é tarde demais.

            __Não seja por isso querubim, vou acabar com nossa luta agora.

            Mercúrio colocou as duas laminas de sua adaga para trás, correu e saltou esticando bem seus braços, as duas lâminas se projetaram em direção a Alex, pareciam duas presas de víboras descendo para o golpe final.

            Alex estava despreparado para um golpe tão direto, não fazia sentido Mercúrio atacar dessa forma o alcance das suas adagas não o permitia atacar diretamente já que tinha um alcance limitado um alcance menor que a espada de Alex, era um ataque perigoso e muito arriscado. Era o ataque final.

            Alex não sabia o que fazer, não sabia se faria uma técnica ousada ou algo parecido, então lhe restava o mais óbvio a defesa.

            Alex levantou sobre o rosto seu braço direito com seu braçal enquanto segurava justiceira com a esquerda. As adagas desceram rasgando o ar ao meio, mas foram impedidas pelo braçal, nem parecia o braçal que tinha sido cortado com tanta facilidade por Amaterasu, o braçal parecia estar mais forte do que nunca, o ataque não surtiu efeito algum apenas passou pelo braçal arranhando, mas a ponta de uma se quebrou, Alex se virou como um raio e cortou Mercúrio que voou ate certa distância, durante seu salto soltou uma das adagas, a que ainda tinha sua ponta.

            Mercúrio caiu machucado tinha sido um corte profundo em sua barriga, estava segurando uma adaga sem ponta, enquanto a outra perecia abaixo do pé de Alex.

            __Qual é a sua importância nesse mundo anjo?

            __A minha? Total. Mas e o seu Mercúrio? Já foi Hermes, já foi adorado e glorificado, mas agora, agora é apenas um capacho onde esta a sua honra?

            __Da mesma forma que o meu tempo passou o tempo do seu deus também passara, Tehom dominara o mundo que você conhece e até o que desconhece. Ela será uma imperatriz suprema, será mais poderosa que o seu deus.

            __Ela pode até ser mais poderosa que Deus, mas uma imperatriz melhor, não, Deus não é um imperador, ele é o senhor da criação e Tehom? Criou algo?

            __Não... Ele apenas destrói. Ira destruir você e seus preciosos senhores, os arcanjos.

            __Então esse e o plano dele? Derrotar os arcanjos?

            __Não exatamente, esse e o trabalho de lúcifer, Tehom é mais ambiciosa.

            __Então o alvo direto de Tehom não e Miguel ou os outros arcanjos?

            __Não diretamente, o alvo dele é outro.

            __Quem?

            __Já chega.

            Mercúrio se ergueu e parou de tentar estancar a sua ferida, seus olhos azuis se fixaram em Alex, ainda estava escuro o sol não tinha tomado sua posição máxima, a fome estava sentada imóvel e calada desde que a luta tinha começado.

            __Sou um deus, eu concerteza vou perder pra você celeste, mas que a minha morte seja honrosa.

            __Que seja assim...

            Mercúrio correu em direção há Alex, ergueu sua adaga quebrada ao nível do rosto de Alex, Alex colocou um pé a frente de outro e segurou justiceira com as duas mãos, e aguardou o ataque.

            Mercúrio se aproximou com sua adaga, queria acertar a face de Alex que desviou e o Maximo conseguido com um pequeno corte na maçã do rosto, Alex com sua espada seu o ultimo golpe em mercúrio.

            Alex empurrou seu corpo que caiu no chão já quase sem vida, tinha hemorragias internas e sua boca sangrava. Alex se abaixou até o rosto de Mercúrio.

            __Já vai?

            __Não sou como Zeus ou Amaterasu, eu não sou tão poderoso nem nunca fui tão idolatrado, então eu simplesmente morro, mas pelo menos tive uma morte rápida. Obrigado anjo.

            __Disponha Mercúrio, até quem sabe um dia não é mesmo?

            __Sim...

            __Mercúrio antes que você vá tenho uma pergunta a lhe fazer, por que você me perguntou qual era a minha importância?

            __Alex—uma das mãos de Mercúrio se ergueu e pegou o smoking de Alex. – não se torne como eles... Como os celestes... Não seja tão orgulhoso... E não importa o que aconteça não perca sua parte humana.

            A mão de Mercúrio caiu e tocou o chão frio.

            Alex fechou os olhos azuis de Mercúrio e se levantou. Já era dia por completo, o sol já havia nascido totalmente.

            __Adeus mercúrio.

            As roupas de Alex foram voltando aos poucos e em vez daquele smoking ele agora usava o mesmo blazer e a mesma calça jeans.

            Ele caminhou lentamente até a fome que assistia tudo aquilo conformada, Alex ainda segurava justiceira. Aproximou-se e tocou a face da fome.

            __Eu refaço o selo quebrado, e devolvo este ser ao cordeiro... Devolvo a fome.

            O céu já estava azul, mas passou a se tornar cada vez mais e mais escuro de acordo com a voz de Alex. A fome subia aos poucos e parecia mudar com isso, sua face de escárnio ia mudando e se tornado uma face séria e justa, seu olhar parecia penetrante não mais artificial.

            __Boa sorte anjo.

            Ao tocar de fome sobre o céu o mesmo tomou uma tonalidade de verde vivo, por alguns instantes, e depois voltou ao azul celeste de sempre.

            No inferno as hordas de demônios de agitavam e brigavam entre si, o lugar era pequeno para tamanho exército, todos estavam concentrados no pátio interno do castelo de lúcifer, que era uma construção cravada na pedra de acabamentos maravilhosamente belos, existia uma sacada no pátio interno onde lúcifer ficava em seu divã observando as brigas e a movimentação raramente se intrometia e sempre achava divertido e até mesmo assistia com alimentos como uvas e outros. Por dentro o castelo era dividido em duas partes, a parte interna da sacada era o quarto de lúcifer, não passava de uma grande orgia varias succubus e até mesmo inccubus estavam ali (esses dois são dois tipos de demônio da tentação, um feminino e outro masculino respectivamente) aguardando as ordens da estrela da manhã. Na parte inferior estava à sala de visitas de lúcifer alguns moveis fora de ordem e sua cadeira magistral, como sempre, polida e confortável, essa área não era muito utilizada, lúcifer não tinha muitas visitas então quando estava em casa se encontrava em seus aposentos que era restrita a entrada de qualquer demônio apenas os que o próprio anjo caído convidava.

            Lúcifer estava sentado em seu divã, apreensivo com algo, na sua antessala  estavam dois demônios, Mamoth e um de seus servos, Mamoth tinha  uma forma animal, um corpo de hipopótamo e uma cabeço humana com seus cabelos desgarrados e rosto cansado.

            __Vamos não de desobedeça! Eu te ordeno que entre e avise o nosso mestre!

            __Desculpe meu senhor... Mas eu não posso... —a voz do demônio estava baixa.

            __Vamos resolver isso de forma justa certo?—a ironia da situação era muito grande, um demônio falando sobre ser justo. Ou não.

            __Como senhor?—a voz do demônio ganhava certa força e confiança.

            __Par?

            __Certo, impar.

            Os dois ergueram suas mãos e desceram ao mesmo tempo Mamoth levantou usa pata de ao descer usou a unha para demonstrar sua escolha. Mamoth colocou três e seu cervo colocou dois. Houve um silencio no local.

            __Bem senhor, acho que o senhor deve ir.

            __Cale a boca objeto de repulsa! Eu sou o seu senhor e lhe ordeno que vá.

            __Mamoth! Venha até aqui. —a voz era de lúcifer. —é uma ordem não um pedido.

            Mamoth se assustou com o repentino grito saiu da sala de espera e atravessou algumas cortinas entrando na sacada sem antes ver um pequeno sorriso no rosto de seu vassalo.

            As madeixas loiras de lúcifer caiam sobre seu rosto, sua pele branca e seus olhos vermelhos como vinho lhe causavam uma aparência maravilhosa uma aparência ludibriosa, seus olhos chamavam a atenção e a tiravam de uma ferida que estava localizada na área dos olhos descendo ate o queixo. Ele estava sentado com as mãos cruzadas sobre o seu divã. Mamoth se colocou atrás do divã, não queria olhar diretamente para seu senhor.

            __Vamos seu ser horrível e decrépito me de uma noticia empolgante, já não aguento mais ficar aqui e esperar.

            __Senhor... – voz de Mamoth estava baixa quase imperceptível.

            __Vamos demônio fale para fora!

            Lúcifer se levantou o que fez com que Mamoth se abaixasse mais entre seus ombros e sentisse medo.

            __Senhores nós temos noticias da fome, ela e mercúrio parecem ter sido derrotados... Por um celeste...

            A face de lúcifer se tornou rígida, mas logo depois voltou ao normal.

            __Um celeste? Meu irmão? Algum anjo mais poderoso?

            __Não é um anjo qualquer senhor ele não destruiu a fome...

            __Até mesmo por que isso e impossível seu idiota! Os cavaleiros existem e vão existir até o último humano viver.

            __Então senhor... O selo foi refeito...

            __Como?!—o urro de lúcifer se ecoou por todas as pilastras do castelo e fez com que o exercito de aquietasse por um instante. —como ele pode ter sido refeito? Quer dizer que aquele messias ganhou seu precioso cavaleiro de volta? Isso é algo imperdoável!

            __Eu sei senhor...

            __Não me interrompa!—o grito dessa vez se ecoou por todo o inferno.

            Lúcifer caminhou o mais rápido que pode sem parecer que estava correndo e lançou seu divã para longe, ele bateu na parede e causou um estalo, lúcifer olhou diretamente para Mamoth que estava encolhido e com medo, ele não era o demônio mais forte, nem o mais influente, era o saco de pancadas dos outros duques e graças a sua forma era fonte de piadas de gozo. Lúcifer percebeu que tinha perdido o controle e voltou a si esfregando as mãos nos olhos.

            __Venha comigo Mamoth— ambos entraram nas cortinas, mas saíram no harém de lúcifer. —agora me diga o que você acha disso?

            __Bem senhor... —era difícil Mamoth manter sua concentração, ele não tinha dotes de beleza, então toda súcubos se sentia na obrigação de fazer piadas com ele, e ver aquelas figuras agora se “divertindo” lhe fazia perder a concentração, os anjos não tem desejos carnais, pelo menos não tem já os demônios... Eles são outra história se apaixonaram pela carne humana. E suas fraquezas. —eu acho que o senhor esta dando atenção demais há eles, o senhor tem aqui milhares, milhões de demônios esperando a sua ordem. O que quatro? Devo dizer oito seres vão mudar?

            Lúcifer já estava sentado em sua cadeira, ou melhor, trono, ele e realmente apaixonado por isso se sentir maior, melhor que as outras pessoas, que seus subordinados. Ele estava com uma mão em seu queixo descansando a cabeça como alguém que ouve uma ladainha de reclamações.

            __Vocês?—lúcifer soltou uma risada de escárnio—não me faça rir, olha, veja bem já lutei com vocês, e pelo que eu me lembre eu perdi, e cai quando isso aconteceu, e esses “quatro” são os brinquedinhos de Jesus, e se quer saber adoro pegar brinquedos emprestados, mas tenho um defeito, sempre quebro eles. Já os deuses aposto que os que estão envolvidos do nosso lado derrotariam você fácil. Então não reclame está bem? Se você quer atenção pode levar uma succubus daqui como sua escrava. Isso vai ser como uma tortura para ela, então pegue a menos bonita.

            Normalmente Mamoth se irritaria, mas estava muito feliz com tudo aquilo até que enfim se “divertiria”.

            __Mas antes Mamoth preciso saber de algo, e Tehom? Ela já sabe disso.

            __Não senhor, nos últimos dias ele sumiu, agora posso ir?—Mamoth mal se aguentava de alegria.

            __Saia.

            E lá foi Mamoth se meter pelas entranhas do harém atrás de alguma succubus, minutos depois saiu com uma que olhava piedosamente para lúcifer que nem a percebeu, estava mergulhado em seus pensamentos.

            __Então Miguel não blefava? Eles têm mesmo “O Anjo” tão prometido por Deus, que seja assim, arrumarei alguém a sua altura, mas como eu não soube de nada? De nenhuma emanação celeste na terra, e agora Tehom some isso deve estar ligado, mas agora preciso me divertir... Lilith? Está aqui?

            Uma mulher nua com cabelos loiros saiu do meio da multidão de succubus e inccubus que se divertiam sem escrúpulo algum.

            __Me chamou?

            __Sim... Venha até aqui preciso esquecer-me de alguns problemas...

            __Não sirvo para isso e você sabe bem. —ela parecia decidida e irredutível.

            __Já chega—ele também— tenho uma missão pra você, tem um humano que precisa ser tentado...

            __Se for só isso mandará uma das minhas até ele.

            __Você não entende, tem que ser você, a mais habilidosa, ele é um anjo.

            __Ótimo então eu vou. Mas não agora.

            __Claro que não, agora vamos brincar um pouco.

            __Você me enoja.

            __Do que esta falando? Você não é pior que eu mulher de Adão.

            __Nunca mais repita isso. —o tom de voz dela estava mais alto que o de lúcifer ele normalmente se irritaria, mas Lilith era uma de suas favoritas e ela sabia disso.

            __Estamos no mesmo barco, podemos pelo menos nos ajudar, vamos?

            __Essa será a ultima vez—ela sempre dizia isso— dessa vez é serio— isso também sempre era repetido por ela— vamos acabar logo com isso.

            __Não será enquanto eu for tão persuasivo terei você todos os dias.

            __Amaldiçoou o dia que te conheci e você prometeu coisas maravilhosas para mim, você sempre e o mesmo e nunca mudara, você é um monstro.

            __Olhe pelo lado bom, te livrei de uma vida chata ao lado de Adão, ele não era homem o bastante para você.

            __Você também não é.

            __Mulher suas afrontas não me incomodam apenas me fazem mais apetitoso por você. Vamos logo com isso.

                __Eu te odeio... Realmente te odeio...


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