Anjos De Redenção escrita por Arthur Almeida Souza


Capítulo 17
Estrela negra




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            Alexiel atravessou o céu com sua asa mediana, a inferior tampava seus pés a superior sua face, a ferida já tinha cicatrizado, Alexiel havia voado apenas por algumas horas mas já havia encontrado hordas inteiras de demônios, ele sozinho era capaz de derrotá-los sem sequer precisar desembainhar Justiceira suprema. Utilizava apenas uma exclamação á Deus e já conseguia levar boa parte deles ao chão.

            Ele vagava pela terra em busca da horda que estava com Zael, tinha passado por generais angelicais, reencontrou Bael e Liel que agora se assustavam com suas asas que eram verdadeiras e 6. Eles estavam em uma batalha contra Astaroth, graças a Alexiel existiam apenas 6 condes do inferno, já que ele havida derrotado, Belzebuu, Baal e Mamoth, a vantagem numérica estava do lado celeste.

            Alexiel não podia parar para conversar muito com seus amigos então apenas passou de forma rápida por eles, ele estava atrás de alguém.

            Alexiel voava por cima das plánices europeias, estava atravessando o globo, ao longe viu uma cidade, era Londres, reconheceu graças aos grandes onibus vermelhos de dois andares que agora estava parados no meio da rua sem nenhum passageiro. Logo Alexiel foi parado por um homem, um anjo que se pôs á sua frente em pleno voo.

            Era alto, largo e moreno, tinha uma armadura dourada, asas brancas, era alguém comum á não ser pela sua força e por um detalhe em sua couraça que o indentificava como um sentinela.

            __Você é Alexiel não é? Admito, você é difícil de se alcançar, mesmo pra mim.

            __Sim, como você sabe?

            __Sieme me contou sobre você, ela pediu para eu lhe dar uma informação.

            __O que é?

            __Ela disse que Mefistófeles tem algo que você quer. Ela pediu que eu mencionasse algo, Estrela negra, isso faz sentido para você?

            Os olhos se Alex se dirigiram ao chão enfrentando o vazio da culpa.

            __Onde ele está?!

            __Está em um portal em especial, um portal que atravessa a terra e os três céus, que agora se expandiu a todo o universo além do inferno.

            __Quem sabe da existência desse portal?

            __Bem, além de mim e dos serafins e arcanjos apenas Lúcifer.

            __Lúcifer? Como ele sabe disso?

            __Ele inspencionou o portal entre o toque da quarta e quinta trombeta.

            __Sim... por isso houve o ataque inesperado.

            __Bem acho que agora você deve estar esperando saber onde fica o portal, acho melhor esperarmos um batalhão para atacar, ele tem duas hordas inteiras de demônios.

            __Não me importo com isso, onde ele está?

            __Não sem importa com o que?

            __Não me importo com o número deles, eu tenho uma promessa com Zael, e preciso ir atrás dele, então por favor me fale onde está.

            __No oceano Pacífico, mas pesso novamente, você tem que esperar que chegue os reforços. Você não pode sozinho contra eles.

            __Posso sim.

            __Mas o que esse demônio fez tanto por você? Ele  é apenas um demônio qualquer.

            __Não, ele poderia ser um demônio qualquer mas se tornou algo maior quando quis ser algo melhor.

            Alexiel se moveu de forma rápida e passou pelo sentinela, ele era teimoso precisava salvar Zael, essa era seu acordo, agora tinha poder para cumpri-lo. Alexiel soltou uma explosão de velociade, deu o máximo de si e em questão de poucos segundos estava á frente do portal.

            O portal era um grande portão, tinha talvez dez metros de altura e ficava acima de uma nuvem em meio ao mar, o sol estava no seu ápice, Alexiel estranhou a falta da horda mencionada Alexiel o tocou, ele se abriu diante dele. Uma forte luz emanava da abertura, Alexiel passou por ele, o serafim desejava chegar ao terceiro céu e sua vontade foi obedecida.

            Ele saiu e estava em meio ao segundo céu, ao seu lado duas paredes de pedra se erguiam, no horizonte podia ver o monte Tsafon, ele havia estado ali a poucos instantes, deu alguns passos com as suas asas superiores protegendo sua face e as inferiores seus pés, quanto as suas asas medianas protegiam o peito passando por cima do seu ombro e se se cruzaram, ele andava em direção a saída daquilo que poderia ser uma armadilha á ele. Tarde demais.

            De cima da muralha natural de pedra que existia nos dois lados de Alexiel surgiram demônios, vários demônios, alguns carregavam espadas, pedras, correntes outros armas. Alexiel abriu suas asas e se elevou ao espaço, não que aquelas armas realmente pudessem ultrapassar sua nova armadura, mas ali ele era um alvo fácil e seus ataques seriam afetados também.

            O céu não existia, mas sim o espaço longíquo no paraíso.

            Alexiel se pôs acima dos demônios, conseguiu contabilizar mais de 200 deles.

            Alexiel agora abriu todas as suas asas, a primeira tática foi brilhar intensamente e mostrar aos demônios a luz redentora do senhor, a maioria deles caiu, mas ainda existiam alguns que resistiam, eram anjos sem salvação. Alex desembainhou Justiceira suprema.

            __Meu senhor, peço que a vossa perfeição perdoe-me pelo que farei, mas é apenas pelo equilíbrio.

            Alexiel cortou o ar e provocou uma onda de energia, todos os demônios tinha se reunido e atacavam juntos, o que eles achavam ser a vantagem se tornou um problema, o corte atravessou todos juntos.

            Alexiel se virou e continou seu voo antes mesmo do ataque chegar ao som e produzir um grande estrondo, ele já sabia que os demônios já estavam derrotados.

            O serafim voou por mais alguns instantes até novamente ser parado, estava se aproximando do monte Tsafon quando foi atingido por uma esfera de energia, antes mesmo que o objeto o alcançasse ele já tinha parado no ar e utilizando uma das asas medianas contra o ataque que a acertou e Alexiel consegui desviar a esferas de energia através da asas para as colinas.

            Ele viu no chão duas figuras, uma tomando a frente, utilizava um terno rosa e uma cartola, cabelos azuis e um lenço branco preso em seu terno. Era Mefistófeles.

            Ele trazia duas lâminas presas ao cinto. E logo atrás dele estava alguém que há muito Alexiel não via, tinha roupas surradas mas ainda era reconhecível, magro, pálido com cabelos negros e olhos vermelhos, era Zael.

            O demônio se espantou ao ver o amigo, agora com três pares de asas e armadura prata, era alguém diferente, ainda era Alex, mas tinha algo em especial.

            O serafim caiu diante do conde, ele afastou Zael o colocando mais ao fundo, Mefistófeles não costuma apresentar suas asas, Zael as deixava soltas, eram lindas, ele era um dos poucos com asas negras, asas tão negras quanto a mais sombria noite e o céu do mais solitário inverno.

            __Mefistófeles, peço que você saia daqui agora e retorne ao inferno, e que permita a liberdade de meu amigo.

            __E se eu não quiser lhe obedecer?

            __Bem, teremos sérios problemas.

            __Eu quero ver esses problemas.

            Mefistófeles tirou duas espadas, uma delas era estrela negra, a espada de Zael.

            __O que você faz com a espada de Zael?

            __Ele está sob os meus comandos serafim.

            __Serafim?...—Zael se espantou com o que acabava de ouvir.—Você se tornou um serafim?

            __Sim, agora eu sou um serafim meu caro amigo.

            __Que tal um trato serafim?—Mefisto interviu.—Eu tenho o seu amigo, e você tem algo que eu quero, a Justiceira.

            A mente de Alexiel entrou em profunda meditação, ele teria que entregar a arma mais poderosa dele para cumprir sua palavra, mas mesmo que isso ocorresse, será que Mefisto realmente entregaria a estrela negra á Zael e quebraria o contrato entre eles?

            __Você conhece a história dessa lâmina Alex...

            __Alexiel, meu nome agora é Alexiel.

            __Que seja, sempre odiei nomes acabados em el. Você conhece a história da estrela não é? Não? Deixe-me lhe contar, Este demônio fazia parte da primeira linhagem de anjos, ele era poderoso, então nada mais justo que lhe presentear com algo, ele era um dos preferidos sabia? Um dos poucos a ter asas negras.

            __Onde quer chegar?

            __Estrela negra foi criada da mesma forma que a Justiceira foi criada, mas a estrela negra foi criada usando de um estrela em colapso. Então ela é bem instável, entende agora?

            __Ainda não entendo onde quer chegar Mefisto.

            __Eu sou bom com contratos sabe serafim, e o que eu quero é isso, você me entrega a Justiceira, e eu não lanço essa espada á terra e destruo o planeta inteiro.

            __Por que eu deveria acreditar em você?

            __Acredite Alexiel, eu cumpro com as minhas promessas.

            __Por que será que ainda não acredito em você? Será que é graças ao “Fausto”.

            __Não venha com essa velha história, ele teve tudo o que quis, e no fim, como eu previ, não queria nada, não queria aquilo...

            __Eu tenho outra opção?

            __Você pode tomar ela á força de mim... Pode tentar.

            Não precisava dizer mais nada, Alexiel abriu suas asas e provocou uma movimentação em uma massa de ar, Mefisto protegeu os olhos diante dela, quando percebeu Alexiel já estava atrás dele ameaçando atacar com Justiceira dando um corte horizontal, Mefisto se defendeu com a outra lâmina que trazia com ele, a conhecida noite azul, a lâmina tinha uma cor azul e na sua guarda era perceptível traços de um dragão.

            Alexiel em um movimento de desarmamento lançou a espada ao ar, ambos pularam para alcança-la, Alexiel tinha o auxílio das suas asas então alcançou de forma mais rápida a lâmina e voltou ao chão.

            Alexiel pousou á alguns metros de Mefisto, se ergueu e o viu, estava com a face enfurecida, Alexiel cravou a noite azul no chão e empunhou Justiceira com as duas mãos.

            __Como você ousa pegar minha espada seu bastardo?!

            __Vamos brigar ou ficaremos brincando?

            __Você quer mesmo brigar não é?

            Mefisto retirou seu terno, abriu suas asas, eram azuis como o mar.

            __Sinta-se honrado serafim, você acaba de ver as minhas asas. Pena que verá antes da morte.

            __Sabe etem uma parte de mim que quer lhe oferecer redenção, precisa lhe oferecer redenção, mas tem uma parte de mim que vai adorar chutar esse seu traseiro azul.

            __Vocês está bricando com o conde errado. Eu não sou tão tolo quanto Belzebuu.

            __Eu imagino isso.—Alex desembainhou Justiceira suprema e a cravou no chão ao lado da noite azul.—não utilizarei da Justiceira, seria fácil demais.

            __Você verá que não.

            Alexiel dobrou os joelhos, do outro lado Mefisto erguia estrela negra, um olhar de ódio varreu ambos, noite azul era como a honra de Mefisto, roubá-la foi como iniciar uma disputa pessoal com Mefisto, antes ele seguia ordens, agora ficou pessoal.

            Mefisto se movimentou, correu impulsionado pelas asas, empunhando estrela negra, cortou verticalmente, Alexiel se moveu para a direita, Mefisto perdeu o corte no ar, primeiro sofreu um golpe nas costas efetuado por Alexiel, foi um soco, uma exclamação á Deus.

            O chão estremeceu diante do impacto, o corpo de Mefisto se encontrou com o chão, pressionado pelo punho do celeste Mefisto cuspiu sangue e ficou sem ar.

            __Solte Estrela negra, agora!—o tom de voz do serafim era autoritário.

            __Não, me obrigue se for capaz.

            __Acho que você está brincando com o celeste errado e sabe muito bem disso.

            __Você não pode, não pode me matar.

            __É mesmo? Você diz isso por eu ser um serafim? Mas se engana, posso ser um serafim, mas, tem algo em mim humano, em outras palavras, eu sou livre de boa parte dos impedimentos impostos á um serafim natural, eu sou um serafim sem limites.

            __Mas... Mas... Você não pode ser tão poderoso assim, aposto a Estrela negra.

            __O último conde do inferno que me desafiou a algo assim foi derrotado.

            __Belzebuu não era uma ameaça, eu sou.

            __Farei isso apenas para provar que sou mais poderoso do que você.—Alexiel aproximou-se á face de Mefisto.—Por que se quisesse poderia destroçar seu tronco com apenas um golpe.

            Alexiel se ergueu e retirou do chão Mefisto, ele se alinhou, caminhou até entre as espadas e cravou estrela negra ao lado de Justiceira suprema e Noite azul, um rápido olhar varreu rapidamente a lâmina azul. Ele queria pega-la e evitar embates, mas já era tarde demais, sua honra estava comprometida, e era melhor ser morto do que ter problemas ao falhar com Lúcifer.

            __Qual é a aposta?

            __Você me vencer em uma prova. Uma queda de braço.

             A proposta parecia simples demais, até mesmo sem requinte algum para um demônio como Mefisto que prezava tanto etiquetas e exageros.

            __Apenas isso? Nada mais?

            __Sim, apenas isso.

            Parecia simples demais, Alexiel sabia disso, sabia que poderia ser uma armadilha.

            __Vamos então?

            __Claro.

            Ambos procuraram um pedra, encontraram uma perfeita para tal ato, estava longe, Alexiel apenas conseguiu vê-la graças á sua visão agulçada.

            Alexiel abriu vooo seguido por Zael, Mefisto apenas caminhou levemente até a pedra.

            __O que há com ele Zael?

            __Bem, ele é assim. Odeia usar suas asas, odeia se lembrar que ja foi um anjo. Deve ser muita dor, ou ódio.

            __Não entendo...

            __Alex... Alexiel, obrigado por ter vindo, não aguentava mais ver as mãos sujas dele tocando Estrela negra.

            __É pra isso que serve os amigos...

            __É bom ter um amigo como você.

            Alexiel e Zael chegaram ao local e no horizonte viram Mefisto caminhando lentamente e de forma calma.

            __Você acha mesmo que ele irá cumprir com o trato?

            __Não sei, com Belzebuu eu o fiz cumprir. Soube que você começou uma revolução no inferno, isso me deixa feliz.

            Alexiel olhou nos olhos do amigo e deu um “tapinha” em seu ombro.

            __Sabe é estranho ser admirado por outros demônios, a maioria são almas humanas perdidas, poucos anjos caídos realmente demonstraram isso. Mas todos, sem exceções foram tocados pela chance de voltar ao céu.

            __Apenas são orgulhosos demais pra isso, pra admitir que estava errados e que o melhor e ao lado do senhor.

            __Acredite, eles querem, apenas acham que não podem, que não seram aceitos. Mas o pior são os generais, pessoas como Mefisto, eles vivem bem dessa forma, não aceitam a possibilidade de uma revolução por isso acabam com qualquer foco de concentração. Eu apenas fui forçado a ficar ao lado dele por agora ele ser o mais poderoso general.

            __Quantos ainda vivem?

            __Bem, você foi responsável direta ou indiretamente pela derrota de Belzebuu, Mamoth e Baal, além de Mefisto acho que ainda resistem Astaroth e outros. Mas a vantagem deles e a desordem, é o mesmo número de soldados em ambos os lados são iguais, mas a diferença é a seguinte, vocês tem anjos médicos, anjos não são dispensáveis, isso está fora de cogitação, já por outro lado qualquer demônio é descartável para os planos de Lúcifer.

            __Ainda não compreendo onde você quer chegar.

            __Quando um anjo está ferido sendo cuidado por outro temos dois alvos fracos, quem poderia ajudar? Anjos mensageiros? Não, isso seria demais pra eles, são velozes sim, mas não muito fortes, então esse é o plano inicial de Lúcifer, empurrar todos para o segundo céu e depois atacar diretamente á Rafael, e depois aos anjos responsáveis por cuidados, isso os deixaria atordoados e desordenados, é necessário que Astaroth não alcance Rafael e o mate.

            __Posso fazer isso, mas antes tenho que cuidar de Mefisto e te libertar.

            __Não perca tempo com isso, você deve ir ao encontro de Miguel e assistir a batalha entre ambos, Miguel e Lúcifer, algo me diz que Lúcifer não será justo.

            __Mas e quanto á Rafael?

            __Eu cuido disso não se preocupe, você deve apenas recuperar Estrela negra e matar Mefisto, apartir daí fico livre de qualquer ligação com ele.

            __Apenas uma dúvida, quando você vê minha face ou minha pele, o que sente?

            __Paz, o que não sentia á muito... Por que?

            __A maioria dos demônios menores desmaiam diante dela, talvez isso seja um sinal de que Deus já o acolhe.

            __Ele está chegando. Vamos acabar logo com isso.

            Mefisto os alcançou rapidamente, não olhou para nenhum dos dois, parecia repudia-los, se colocou  de um lado da pedra, Alexiel do outro, ambos apoiaram o cotovelo na pedra e deram as mãos.

            Se entre-olharam,  enrigideceram seus músculos, apertaram a mão e forçaram o braço do inimigo contra o chão.

            No início a força se manteve igual, nenhum cedeu um centímetro que seja, a pressão da força de ambos abalava tudo o que existia nas proximidades, o chão tremia diante de tamanha poder massivo entre eles.

            Alexiel sobrou os joelhos, respirou fundo e abriu suas asas o e esticou suas asas o maximo possível, com dificuldade abriu uma vantagem aproximando a mão de Mefisto ao chão.

            __Acho que vão foi uma boa ideia você escolher um desafio corporal pra competir comigo Mefisto.

            __Você tem o mesmo pensamento da maioria como eu pensei, você é tão tolo.

            Mefisto ergueu o braço esquerdo, cujo ele não utilizava naquela peleja, esticou rumo ao horizonte, algo surgiu na linha do horizonte, vinha de forma rápida, depois de alguns milésimos de segundo era perceptível aquele objeto, era Noite azul. Zael estava alguns passos afastado de ambos, mas ao perceber o que estava acontecendo correu em direção á Mefisto mas chegou tarde demais, ele já tinha empunhado Noite azul, e agora estava cortando verticalmente contra a face de Alexiel.

            Mefisto já tinha ganhado a batalha, não tinha como Alexiel ser capaz de segurar a lâmina azul, ou sequer detê-la de outra forma... Mas ele nem precisava.

            Noite azul parou, o vento moveu levemente os rubros cabelos de Alexiel soltos, a espada estava imovel, estática no ar, Mefisto ainda fazia força para concluir o ataque, ao menos tentava.

            __O que há?

            __Mefisto eu agora sou um serafim, controlo todo o espaço, cada elemento, cada estrela, cara buraco negro, tudo está ao meu alcance agora. O universo se tornou uma pequena esfera comprimida, você não pode fazer nada contra mim.

            Alexiel usando a mão esquerda alcançou a lâmina de Noite azul, apertou a ponta e a fez quebrar ao meio.

            __Vamos acabar logo com isso.

            Alexiel se recolheu por um instante dentro de seus pensamentos, pensou em algo que o atormentava desde que ele tinha se tornado um serafim. Deus o concedia as habilidades, as forças, os dons, sua vida, tudo, então pelo que vivemos? Pelo que existimos?

            Se Deus nos oferece tanto, quando devemos nos vangloriar? Se é que devemos nos vangloriar.

            Talvez sejamos apenas peças em um tabuleiro. Não! Não somos, nunca seremos, tudo isso é de fato oferecido por Deus, tudo isso vem sim de Deus, mas se tem algo que nunca seremos é controlados por Deus, ele nos permite escolher o que quiser, se quisermos ser fortes e poderosos seremos, e era isso que importava.

            __Você não pode ser mais forte que eu serafim!

            __É apenas uma questão de querer e acreditar...

            __Palavras não te auxiliaram.

            Um momento de silêncio, o medo tomou o olhar de Mefisto, um milesimo de segundo sem ruídos, a face de Zael não transpassava emoção alguma, no céu, era possível perceber em algumas partes nuvens e em outras o infinito do universo. Até que em um estrondo a rocha se partiu e o punho de Mefisto foi levado ao chão, no ar, os fragmentos de rocha se perdiam, o chão tremia, vibrava e ressoava com o poder do serafim.

            Tamanha força abalava as estruturas do segundo céu, Mefisto era levado ao chão, seu punho tocou a terra em uma vibração que  moveu uma grande massa de ar lançando areia e terra aos olhos de todos, quando a algazarra diminuiu e o ar abaixou Mefisto estava no chão coberto por pedras, estava ferido fortemente no ombro direito, Alexiel limpava a poeira presa nas placas de sua armadura e Zael se espantava com o poder que o serafim agora tinha.

            __De onde vem tudo isso Alexiel?

            __Não há tempo para explicações, vamos.

            __Espere.—uma voz fraca e forçada se apresentou.—Como você conseguiu?

            __Consegui graças ao poder de Deus, coisa que você abandonou a muito tempo.

            __Deus.... Você tem um dom Alexiel, um dom que poucos tem, muitos poucos.

            __Que dom?

            __O dom da redenção total. Houve uma época, anterior a existência de humanos, anterior ao pecado, quando o universo não corria em volta apenas da terra e das necessidades humanas, quando Lúcifer ainda era um dos favoritos, eles nasceram.

            __Eles quem?

            __Os serafins como você, os serafins da redenção... Os serafins redentores.

            __O que eles eram?—uma curiosidade anormal foi tomada por Alexiel.

            __Eram Serafins com um dom, o dom da redenção, na época não fazia sentido tal poder já que o pecado não existia ainda, mas eles eram os melhores anjos que já existiram, amavam a Deus de forma sublime, não que os outros anjos não o fizessem mas  eles eram mais que especiais.

            __O que aconteceu com eles Mefisto? E espero que esse não seja um truque seu.

            __Eles, eles foram mortos por Lúcifer, foi um verdadeiro genocídio, eles não fizeram nada. Nem se defenderam.

            __Quando isso ocorreu?

            __Na queda, quando Lúcifer decidiu tomar Deus em Tsafon, eles estavam lá. Foi uma pena Miguel ter chegado tarde demais.

            __O que você quer me contando isso?

            __Queria ao menos fazer algo antes da minha redenção.

            __Você não fará isso não é Alexiel? Dará mesmo a redenção a esse demônio? Mesmo depois de tudo o que ele fez?

            __Esse é o meu trabalho Zael, como ele disse tenho um dom especial, preciso perdoá-lo.

            __Mas então é assim? Ele se virou contra Deus, fez tantos sofrerem, e agora você simplesmente o dará a redenção?

            __Sim, é assim.

            __Isso lhe parece justo? É por isso que eu cai, não aguento tais injustiças.

            __Mefisto, você realmente se arrepende?

            __Sim.

            __Fácil dizer isso agora debaixo de pedras e sabendo que vai morrer!

            __Não o reprima Zael, apenas me responda algo antes que eu o absolva de seus erros. Por que se arrepender sabendo que de uma forma ou de outra seu fim será o mesmo?

            Zael se espantou a princípio, não sabia que ambos os fins seriam o mesmo, então não havia motivo para que Mefisto se rebaixasse daquela forma.

            __Por que não quero que meu último feito antes de perder minha consiência seja algo repudiante, que ao menos uma vez em minha vida eu possa fazer algo bom.

            __Ele mente! Você não vê isso Alexiel?

            __Não, ele não mente, ele é como você.

            As palavras atravessaram de forma fria a alma de Zael, ele estava sendo comparado com aquele que mais repudiava. Não pudia ser verdade, ele queria que não fosse.

            __Por que você esta fazendo isso afinal de contas anjo?—Zael encarava o chão sem ter coragem de olhar nos olhos de Alexiel.

            __Por que se eu não o fizer ninguém vai fazer.

            __Eu não posso crer que você realmente fará esse monstro ter seus erros perdoados e sair daqui como alguém puro de erros. Não quero crer.

            Alexiel abraçou o amigo, o apertou forte, sentiu as lagrimas dele indo ao seu rosto.

            __Não chore, meu amigo é o melhor a se fazer, não me importo com quem ele foi, me importo com quem ele vai ser, ninguém pode realmente morrer sem a redenção, já que se tornara parte de Deus nesse infinito espaço. A diferença entre você e eles é que você tem tempo pra agradecer a Deus pela dádiva que ganhou, eles não.

            __Mas eu já sou aceito por Deus?

            __Sim, não vê que sua chaga sumiu? Deus já compreende o que você realmente quer, o que sua alma realmente almeja.

            Zael engoliu o choro, limpou seu rosto, não havia tempo pra isso.

            Alexiel se aproximou de Mefisto, apontou sua mão em sua direção.

            __ Eu, serafim Alexiel, anjo pertecente á primeira ordem do nono coro angelical, reintegro você, Mefisto, ao senhor Deus absolvido de qualquer atentado contra tal, e agora, você Mefisto se entregará de forma completa á deus?

            __Sim.

            __Certo, está consumado. Você está perdoado.

            Alexiel se virou olhando para Zael que ainda limpava o rosto mas apreciava tal situação. Antes de alçar voo foi repreendido por alguém.

            __Você poderia me dar um fim serafim? Uma monrte honroso, não aguento mais essa dor, poderia acabar com ela?

            __Isso é o que você realmente deseja?

            __Sim, é isso.

            __Meu senhor, peço perdão por isso, mas é pelo fim da dor desta pobre alma.

            Alexiel se aproximou de Mefisto, se curvou e beijou sua testa em sinal de despedida. Ergueu-se cerrou os punhos, um brilho claro e singelo nasceu deles, Alexiel o aproximou de seu rosto, o ergueu acima da cabeça, quando o fez o brilho se tornou mais intenso e vermelho vivo.

            O serafim desceu o golpe sobre o crânio de Mefisto, o golpe não encontrou  resistência ou dificuldades em quebrar em partes o crânio de Mefisto, o sangue espirrou por alguns metros, deveria acertar a face ou a armadura de Alexiel o que não ocorreu, pelo contrário os sangue foi repulsado, talvez graças aos poderes de Alexiel.

            Ele se ergueu, olhou para Zael. O corpo de Mefisto estava se tornando pó de cor dourada, “do pó viemos ao pó voltaremos” não era muito diferente com o anjos.

            __Vamos? Ainda tem muito á se fazer.

            Zael se ajoelho no chão.

            __Conceda-me o perdão divino.

            __Você não precisa disso.—Alexiel segurou os ombros de Zael e o ergueu novamente.—Você não precisa de mim, sou apenas um canal, ajudo os que estão diretamente na escuridão, mas você não precisa disso, vamos tente fazer uma oração.

            O rosto de Zael ainda estava estático, á muito não tentava, ousava, aclamar ao senhor, devia ter até se esquecido como se faz, mas tinha que tentar.

            __Senhor meu Deus, traga paz aos que precisam e forças á mim...—Os olhos dele encaravam com temor Alexiel.—o que achou?

            __Pode ser melhor.—Alexiel levou a mão ao ombro do amigo.—Simplesmente esqueça tudo o que você fez de errado isso não importa mais, nunca realmente importou.

            __Eu não sei se consigo.

            __Já chega de lamentações Zael!—Alexiel foi ríspido.—Já chega dessa sua auto-piedade, não devia ser assim, Deus já tem piedade por você, já é momento de você ser o que recebe essa piedade, vá e tome posse do amor de Deus.

            Os olhos de Zael se encheram novamente de lágrimas, ele agora se sentia de certa forma a paz que há muito o deixará, agora realmente sentia como se fosse agradavel estar com Deus.

            __Meu Senhor, perdão por meus erros, admita-me novamente em seu reino, eu não ousarei mais deixar meu posto como antes fizera, apenas perdoe-me e aceite-me de volta.—Zael abriu os olhos antes fechados para a oração, admirou o mundo, agora ele parecia estar pulsando de forma melhor ao seu redor. Ele caiu ao chão se ajoelhando.—Eu apenas quero pedir desculpas, apenas a uma pessoa, a minha protegida, quem sou eu pra fazer isso? Nem me recordo o nome dela, mas por favor... Meu senhor por favor.

            Alexiel poderia ter dito para Zael parar de Chorar, que não era momento oportuno para tal, ou poderia ter dito que Deus o aceitava, mas não importa o que ele dissesse, nada explicaria ou alcançaria a Zael agora.

            Ambos se ergueram, Alexiel tampou sua face e pés com as asas, abriu suas asas medianas e abriram voo. Nenhum deles ouzava dizer uma palavra que fosse, Alexiel respeitava o momento de reflexão de Zael, Zael não sabia o que era agora, talvez um anjo, um demônio, talvez nenhum dos dois, o que ele realmente era?

            Eles tocaram o chão em minutos, pareceu ter sido mais tempo pelo silêncio, Alexiel retirou sua espada do chão e foi seguido por Zael que retirou Estrela negra que antes perecia presa ao chão. Noite azul ainda estava ali, imovel, levemente caída para a direita mas ainda refletia uma cor azul.

            __O que fazemos com ela?

            __Deixaremos ela aqui, como referência a redenção de Mefisto.

            __Certo.—Zael ainda estava desacreditado de tal fato.

            Guardaram suas espadas em suas respectivas bainhas.

            __E agora o que faremos?

            __Tenho que ir até Miguel e me opor a batalha entre irmãos.

            __Não existe nenhum interesse pessoal envolvido nesse seu desejo, não é Alexiel?

            __Espero que não, pelo que me parece Lúcifer pretende manipular a luta a seu favor. Preciso impredir isso.

            __Isso já era esperado, apenas Miguel achou que ele seria justo nessa peleja.

            __Mas e quando a Astaroth?

            __Eu já disse para você deixar isso comigo, creio eu que os exércitos angelicais já estejam dominando as hordas de demônios. Mas um golpe desse em Rafael poderia decidir o rumo da guerra, da revelação.

            __Apenas me prometa algo Zael.

            __Claro, mas o que?

            __Que você vai deter Astaroth pelo bem do senhor meu Deus.

            __Você sentira orgulho de mim, defenderei o senhor nosso Deus.

            __Eu, com o poder que tenho como serafim lhe restituo a posição de anjo. Agora você é um guerreiro de Deus o ficialmente, tudo é claro com o consencimento de Deus.—uma brisa leve e aconchegante, não tortuosa e forte como é a ventania no terceiro céu, mas adoravel e pacífica beijou a face de ambos os anjos.—Ele conscente.

            Os dois anjos voaram em direções opostas, Alexiel seguia para Tsafon, para o local onde ocorreria a batalha que definiria o curso do universo, se Miguel não detesse Lúcifer, ninguém mais deteria. Quanto á Zael, este estava retornando ao portal, que agora funcionava como um elevador entre a terra e os céus, para uma batalha que também poderia re-definir o curso de toda a revelação.

                Nenhum deles olhou para trás, para o campo destruído, para as dores deixadas lá, agora ambos eram anjos, ambos anjos da redenção.


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