Anjos De Redenção escrita por Arthur Almeida Souza


Capítulo 13
Volta ao céu




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         Alex despertou ainda cansado e assustado, estava com suas roupas surradas, suas asas guardadas, sem sua espada em mãos. Em outras palavras estava despreparado para um embate, mas algo interessante o chamou atenção, no seu braço direito estava amarrado uma tira de pano, como se estivesse ferido.

            Ele se encontrava em uma cabana velha no meio da neve, se levantou á procura de alguem, primeiro foi até a vanrando procurando Zael ou quem sabe Rayssa, mas não encontrou ninguem até ouviu uma voz o chamando mais á dentro da cabana.

            Caminhou até a voz misteriosa, um tanto quando familiar.

            Entrou na cozinha e se deparou com Sieme preparando um coelho branco, ela vestia um vestido florido, não era o esperado para aquela temperatura, mas afinal de contas ela era um anjo, não tinha prblema com esse tipo de coisa.

            Mesmo sendo um lindo vestido com tons alaranjados não estava em seus melhores dias, além de estar sujo de sangue do coelho estava amarrotado.

            __Alex, fico feliz que você tenha se levantado—os olhos dela não fugiam do coelho.

            Seu rosto não era muito diferente da sua forma angelical, com excessão é claro do briho frenético que agora não existia mais.

            Seus cabelos ainda eram os mesmos, longos, ruivos e desarrumados.

            __Sieme, obrigado por ter me salvado.

            __Então você estava acordado?

            __Na verdade eu estava longe, procurando alguém que costuma me ajudar quando eu estou em momentos como aqueles.—Alex se sentou em uma velha mesa que o separava da pia onde Sieme fazia o seu trabalho.

            __Foi esse alguém que me mandou para te buscar.

            __Eu não entendo, deveria ser forte o bastante para ao menos fugir.

            __Alex—Sieme se sentou á velha mesa—você já deve saber que Justiceira suprema se mantém de acordo com o tamanho da graça de Deus que você tem. Para vocês querubins é mais fácil louvá-lo á questioná-lo.

            __Ainda não entendo.

            __Talvez o seu erro esteja na compreensão da palavra graça. Não é o quanto você está perto de Deus, ou ele de você, ou o quanto ele age em sua vida, a graça é o quanto você o entende e acredita, você só pode fazer isso se questioná-lo.

            __Para vocês serafins deve ser fácil, você já viu o rosto de Deus.

            __Na verdade não nos deixamos levar por isso, o fato de já ter visto o rosto de Deus não muda nada, você entendera isso um dia.

            __Ele já viu os rosto do criador?

            __Quem?

            __Lúcifer.

            __Sim, na verdade ele foi o primeiro, ninguém entende por que ele se virou contra Deus.

            __Por querer mais atenção?

            __Não pode ser isso, se for é uma idiotice ele, ele era o arcanjo mais velho, estava no topo da hierarquia celeste, por que jogar tudo isso fora.

            __Eu não sei... Mas mundando de assunto, onde está Justiceira suprema?

            __Acalme-se, ela é sua e onde quer que você vá ela vai, agora ela está no outro plano esperando para ser chamada.

            __Entendo, agora devemos voltar ao céu?

            __O plano é sim, mas acho melhor que você ainda melhore um pouco.

            __Melhorar o que? Estou ótimo.

            __Não está não, tem duas hemorragias internas, quatro costelas quebradas e roxidão por todo o corpo, Caos castigou muito você.

            __Mas o apocalipse precisa ocorrer, enquanto ele não iniciar o exército de Tehom vai apenas aumentar cada vez mais, precisamos fazer algo contra isso.

            __Alex acalme-se, você adormeceu por apenas 6 horas.

            __Onde estamos?

            __No canadá.

            __Poderia ser mais específica?

            __A uns quinhetos quilometros de Vancouver.

            __Que dia é hoje?

            __Bem acho que júpiter está na casa de...

            __Quero tempo humano.

            __Estamos em seis de agosto.

            __Aqui faz frio.

            __Alex do que você esta falando? Você não sente frio.

            __Eu sei, mas é que depois de viver com humanos por um tempo, você acaba se acostumando com suas limitações. Olha só pra mim, me refiro a eles como uma raça distinta, mas eu sou um deles. Sou uma aberração mesmo.

            Sieme desferiu um tapa no rosto de Alex, ele olhou para ela ainda atordoado e sem saber por que ela tinha feito aquilo.

            __Nunca mais repita isso Alex Allen, você não é uma aberração, nunca será.

            Alex se levantou da mesa e saiu pelo corredor que levava ao sala, ele saiu para a varanda e se sentou na escadaria e chorou. Alguns segundo depois Sieme se sentou ao seu lado nas escadas, eles observavam o inferno de gelo onde estavam.

            __O que foi Alex?

            __Ela morreu... Eu não queria que ela morresse.

            __Se refere á humana pela qual Zael se converteu? O nome dela é Rayssa não é?

            __Sim...

            __Alex não é o fim, ela está no paraíso esperando por você.

            __Como você pode ter tanta certeza?

            __Ela cometeu o auto-sacrifício, ou seja, tem passagem garantida ao céu.

            Alex se apoiou no ombro de Sieme.

            __Eu quero encontrá-la... Sieme, o que é isso em meu braço.—Alex iria tirar as tirar de pano do braço para ver, mas foi detido por Sieme.

            __Não tem importância, apenas saiba que eu fiz o que pude por você.

            Alex naquele momento se lembrou do que tinha ocorrido, e que aquela era uma ferida causada por Tehom, ele apertou o braço. Se sentiu culpado por não ser forte o bastante para enfrentar Caos ou Tehom sozinho, também veio á sua mente a imagem de Zael indo sem amor.

            __A sexta trombeta tocou?

            __Sim, durante seu sono.

            __Quando a sétima tocará?

            __Com a sua volta ao céu.

            __Quando partimos?

            __Bem eu esperava em uma semana, mas se você estive apto a voltar agora ou amanhã eu acho uma boa ideia.

            __Vamos ter que adiar os planos.

            __Como assim, o que pretende?

            Alex já estava de pé preparando para alçar voo com suas asas já abertas.

            __Para onde vamos?

            __Vamos ver um amigo.

            __Quem?

            __Você logo saberá, vem te conto no caminho.

                Ambos alçaram voo e atravessaram a floresta que já estava completamente morta pelo frio.

            Alex e Sieme alcançaram o continente asiático no anoitecer do dia 6 de agosto, agora Siem já estava a par do plano de Alex, mas ainda sim não acreditava que daria certo. Ao alcançar a região aérea da Índia foram parados por um ser com roupas um tanto quanto festivas, alegres um alto cabelo, era Shiva.

            __Celestes?! Vejo que são uma serafim e um querubim, que irônico vocês aqui, mas o que os trazem até aqui?

            __Talvez você não esteja me reconhecendo Shiva, graças as minhas novas asas, mas sou eu, Alex Allen, o querubim que acompanhou Miguel a reunião com os deuses pagãos.

            Shiva olhou para o chão, eles estavam muito acima dele.

            __Eu não o culpo, você foi o único que não se aliou a nenhum dos cavaleiros, e creio que tenha sido por vontade própria já que você é um dos mais poderosos deus que existe hoje.

            __O que você quer?

            __Venho aqui por dois motivos, primeiro alertá-lo sobre o apocalipse, se realmente ama esses que o louvam avisem á eles que viram tempos difícieis.

            __Isso é uma ameaça?

            __Faça-me o favor Shiva...

            __Preste atenção deus pagão, eu não tenho nada contra você, e creio que você também não tenha cada contra um humano-anjo como eu, então não há motivos para uma ameaça, mas o segundo motivo é o seguinte preciso saber sobre o vírus da escuridão de Tehom.

            __O que quer saber exatamente?

            __Bem de acordo com Sieme o número de anjos infectados é baixíssimo, cerca de 20 talvez 30, o número de demônios também creio que seja pequeno já que Lúcifer não percebeu a ausência de seus lacaios. O que me traz a pergunta principal, quantos humanos foram infectados pelo vírus do Caos?

            __O vírus do Caos se liga ao vírus da peste negra espalhada pelo cavaleiro peste, você deve saber que se concentra na China.

            __Eu preciso de algué que me ajude a avisar todos o seres humanos do apocalipse.

            __Só um instante, eu posso ajudar nisso.

            __Mesmo sendo um deus pagão poderoso ainda não é o bastante, como acertaremos os cistãos? Ou os ateus? Precisamos de algo mais efetivo que acerte todas as pessoas de todos os lugares sem restrições.

            __Sonhos... Alex podemos usar um dos perpétuos.

            __Perpétuos? Já ouvi algo sobre eles, mas afinal, quem são?

            __Desde a criação dos seres humanos eles existem, são no total sete, Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio, poderíamos utilizar da sonho para avisar aos humanos o que acontecerá.

            __Morte... Vejo que a morte é bem ocupada lá em cima.

            __Mas o problema celeste é, onde está o sonho? Ele pode estar em qualquer parte do universo.

            __Eu poderia apostar que não, e que ele está na terra, estamos em pleno início do apocalipse, tudo se converte á terra.

            __Talvez ele esteja certo, mas se não se importam preciso ir.

            __Claro Shiva, e obrigado por nos receber, e lembre-se, diga aos homens a verdade.

            __Eu me lembrarei, na verdade eu é que tenho que agradecer. Até mais celestes.

            __Até.

            Alex se virou e foi seguido por Sieme eles cortaram o céu com o sol já em um ponto alto, tinha acabado de amanhecer.

            __Não creio que um deus-pagão tenha sido tão agradável conosco. Por que você acha que ele fez isso?

            __Ele devia isso a um velho amigo.

            __Que seja... Já sabe como vamos achar o sonho?

            __Sim, a morte é um perpétuo, ja que eu consigo rastreá-la, talvez eu ache um sinal dela.

            Já era noite em Nova York, os ratos passeavam sem medo as vielas do Brooklyn, poucas pessoas estavam acordadas, alguns moradores de rua se encolhiam graças ao frio. Alguns intrépidos moradores ainda caminhavam pelas ruas, agora tomadas pela escuridão, algumas prostitutas, alguns usuários de drogas, tudo muito “normal”, mas todos, sem exceção alguma, todos tinham sono.

            Dois seres alados pousaram em meio a rua já sem movimento algum, somente algumas pessoas drogadas, ao verem as imagens angelicas estes saíram correndo pensando que necessitava de redenção, era mais ou menos isso.

            A atmosfera era pesada, escura e densa. Alex e Sieme adentraram um beco, um homem com trajes escuros que lhe cobriam todo o corpo os esperava encostado na parede com parte da luz o iluminando suas pernas.

            __Só me procuram quando precisam de algo, o que vocês querem Sieme e Alex Allen?

            __Sabe quem nós somos?

            __Sei pelo garoto, tem tido muitos pesadelos ultimamente não é senhor Allen? E quanto a você Sieme, é a única serafim fora do terceiro céu agora, e mesmo na sua forma humana posso ver seus pares de asas balançando no outro plano.

            __Como você sabe que eu tenho pesadelos?

            __Alex, a única coisa que eu tenho para lhe dizer é que não foi culpa sua.

            __Não foi culpa minha o que?

            __Você sabe muito bem.

            A resposta pode até ter parecido ríspida, mas foi sincera.

            __Por que vocês não vão á minha casa, assim poderemos ter um lugar mais reservado além é claro de podermos conversar melhor sem todo essa barulho.

            __Sonho estamos com pressa.

            __Gostaria que vocês não me chamassem assim, é um nome totalmente inexpressivo.

            __E como devemos te chamar?

            __Gosto de Sandman.

            __Sandman?

            __Sim, é uma alcunha dada pelos humanos, eles dizem isso graças a analogia que fizeram com a “areia” em seu olhos.

            __Certo, mas onde você mora Sandman?

            __Vocês podem me acompanhar?

            __Claro.

            Sandman se ergueu e caminhou até a luz, seu rosto era magro, pálido, os olhos eram duas órbitas completamente negras com um ponto amarelo vivo em cada, seu cabelo era dessarrumado como o de alguém que acaba de acordar.

            __Venham comigo.

            Os olhos de Sandman eram profundos, desafiadores e até perversos de certa forma.

            As três figuras atravessaram ruas e caminharam até um casarão com grama e cerca em meio aquela floreste de pedra.

            Alex ainda não havia percebido seu estado, camisa rasgada, sangue em sua calça jeans, um braço enfaixada por um tecido que parecia ser um lençol improvisado, ele não comentou nada com Sieme mas achou o adereço ridículo, mas sabia que tinha sido feito com boa intenção, por isso premaneceu em silêncio. O anjo se concentrou e viu suas roupas mudarem, a camisa branca reagada deu lugar a uma camisa da cor preta, a calça se refez.

            __Bom truque garoto.—Sandman zombava do que Alex tinha acabado de fazer.

            Eles entraram pelo portão central e atravessaram o jardim que precisava de uma séria reforma. Entraram na casa, passaram pelo corredor, ela dava a impressão de por dentro ser maior do que por fora, fato comprovado ao se ver uma grande escada que levava ao segundo andar, sendo que do lado de fora acasa aparentava ter somente um.

            __Venham comigo.—eles caminharam pelo corredor central até se virar em uma grande sala—sintam-se á vonteade, desejam algo?

            __Não obrigado senhor Sandman, desejamos apenas conversar.

            __Ótimo, conversaremos tendo uma boa partida de xadrez.

            __Eu não sei se posso...

            __Alex—Sieme puxou o celeste para um canto e lhe disse.—não se nega um pedido de um perpétuo que lhe convidou á sua casa.

            __Como assim Sieme?

            __Veja dessa forma Alex, ele nos convidou para a sua casa, foi educado conosco, nos ofereceu algo para comer, em outras palavras ele está sendo bom conosco, celestes, coisa rara vinda dos perpétuos.

            __Isso por acaso é alguma obrigação?

            __Sim.

            Do outro lado sa sala Sandman observava aquilo com desdenha.

            __Vamos jogar ou não anjo?

            __Vamos sim Sand... posso te chamar assim não é?

            __Não, não pode.

            __Certo... vamos começar o jogo logo.

            Duas poltronas se formara e no centro uma mesa de madeira, em cima da mesa o jogo de xadrez se posicionava, todas as peças já montadas. Alex se sentou e depois Sandman, Sieme se colocou ao lado no centro da mesa para apreciar o jogo.

            Houve então os vinte primeiros movimentos para que o jogo realmente começasse, Alex nunca tinha jogado xadrez, mas conhecia bem a essência do jogo de estratégia, afinal de contas era um guerreiro de Deus e Miguel havia lhe ensinado tudo sobre estratégia.

            Alex não queria prosseguir com o jogo então fazia de tudo para perder, mas parecia que Sandman desejava um jogo longo por isso não seguia as brechas de Alex, então o que se formou foi um jogo de movimentos breves, chegaram á um momento em que qualquer movimento levaria ao cheque-mate de Alex.

            __Bem mas o que você deseja mesmo Alex?

            __Sandman, eu desejo que você me ajude em algo.

            __Farei o possível.

            __Desejo que você através dos sonhos avisem aos homens sobre o apocalipse, dizer que eles tenham medo.

            __Alex as coisas não são assim, os sonhos não são feitos por mim, eu apenas os organizo, os sonhos são das pessoas.

            __Mas você não pode fazer nada Sandman?

            __Creio que não Sieme.

            __Mas nós não podemos nem sequer dar uma sugestão bem discreta á eles?

            __Isso seria quebrar as regras, mas creio que não existem mais regras.

            __Você faria isso?

            __A única coisa que eu posso fazer é transmitir uma mensagem. O que você vai deixar de mensagem anjo?

            __Eu posso fazer isso? Criar algo para os seres humanos.

            __Apenas se me vencer nesse jogo.

            Alex olhou para Sandman, se fosse verdade ele já poderia dizer adeus a remota ideia de avisar aos homens sobre o fim do mundo, o pavor passou pelos olhos de Alex.

            __Vamos anjo, estou brincando, eu sei que você sequer jogou, até te entendo já que estamos em pleno fim do mundo. Mas ainda quero lhe enfrentar um dia, agora vamos me siga.

            Sandman se levantou e foi seguido por Sieme e Alex, eles retornaram ao corredor central pegaram as escadas e subiram ao segundo andar, eles, Alex e Sieme observaram o teto, agora era um grande domo com as estrelas no céu, parecia ser um “papel de parede”, Sandman se aproximou de um pedestal, quando isso ocorreu o céu mudou.

            O céu se tornou azul, não o azul corriqueiro dos dias normais, um azul ainda mais vivo, objetos sem formas, redondos, de cor verde, um verde vivo, da cor das jovens folhas que nascem na primavera.

            __Alex venha até aqui.

            Alex caminhou em direção a Sandman, se aproximou e aguardou segundas ordens, Siem ficou parada imóvel ainda observando o céu.

            __Bem, agora é só você falar. Tudo o que dirá será transpassado ao sonho de todos.

            __Mas os que tem pesadelos? Podem não me entender.

            __Alex vou lhe contar um segredo, não existe pesadelos, apenas maus sonhos, mas sempre que você estiver em um deles lembre-se de duas coisas. Primeiro, é um sonho, algo criado para lhe manter feliz durante seu descanço e segundo, você sempre pode acordar de um pesadelo, o que terá é o receio de acordar, mas se acordar de um sonho terá a satisfação de ter tido algo bom para se lembrar, talvez um pouco de saudade, mas se tiver essa saudade lembre-se de que pode fazer sua vida se tornar um sonho.

            __Obrigado, mas e quanto aos sonhos que eu tenho tido com a Rayssa, o que é aquilo?

            __Alex a culpa não foi sua, e Zael não voltou ao inferno por culpa sua, ou sequer por você, ele defendia uma idéia, e se te faz sentir melhor ele iniciou uma revolução no inferno. Aliás se te ajuda ele foi recebido novamente no exército de demônios, ele era muito poderoso para ser perdido.

            Alex consentiu, se apoiou no pedestal, respirou fundo, expirou e se preparou.

            __Sou Alex Allen, um anjo mortal, sou mais parecido com vocês do que possam imaginar, já senti dor, medo e sofrimento, sei como vocês estão tendo medo do que está  ocorrendo, eu sei o que sentem mas não sei o que dizer, apenas tenham coragem pois alguém maior do que vocês está velando por vós. Então não temais o desconhecido, mas sim creiam que um dia melhor virá, para mim, para vocês, para todos sem restrições, pois todos são amados.

            __Acho que apenas isso ja basta anjo. Bem isso será repetido por dias e mais dias, pra ser mais específico durante todo o apocalipse aos humanos, prometo.

            Alex desceu e se aproximou de Sieme.

            __O que achou, fui bem?

            Sieme o abraçou forte.

            __Você foi muito bem.

            As estruturas do lugar tremeram, tinha alguma coisa ou alguém la fora.

            __O que foi isso?

            Sandman fechou os olhos por um segundo, estava tomando conhecimento do que ocorria lá fora, a casa era um extensão do seu corpo.

            __Tem, um general demônio lá fora, acompanhado com uma horda com mais de 50 demônios.

            __Quem é?

            __Baal.

            __Certo, Sieme vamos fugir, Sandman você pode abrir o domo para fugirmos?

            __Posso claro.—acima deles o domo se abriu lentamente, alguns demônios ja se prontificaram e tentaram entrar, Sieme tirou seu arco, apontou e com apenas uma flecha consegui matar um demônio atravessando seu corpo e ferir outro no ombro.—Vão! Vão! Antes que eles entrem aqui e capturem vocês.

            __Obrigado Sandman! Sou muito grato.

            __Não me agradeça anjo, agora vá!

            Alex e Sieme saíram voando pela abertura, que logo se fechou. Sandman desceu as escadas, retornou á sala em que repousava os jogo de xadrez, ainda em pé fez um movimento com seu bispo e colocou em cheque-mate o rei de Alex.

            __Espero que você lute melhor do que joga anjo, ou precisaremos de muita sorte.

            Alex e Sieme conseguiram fugir, abriram uma vantagem sobre os demônios por serem rápidos e apenas dois. A horda que os seguia era bem variada, alguns demônios tinham apenas um par de asas, então era difícil se manter no ar, outros tinham apenas o musculo, sem a camada de pele que os possibilitava voar, mas a maioria tinha furos nas asas, eles eram realmente muito devagar.

            Á frente deles estava Baal, usava uma roupa do exército, era alemã, podia se perceber graças ao elmo com uma ponta. Talvez ele tenha roubado de alguém pensava Alex já que não se usavam aquelas roupas desde o fim da segunda guerra mundial.

            __Espere um instante.—Alex trouxe Justiceira suprema e a empunhou.—Por que estamos fugindo? Podemos lutar, você e eu podemos acabar com eles.

            __Alex não! Estamos em desvantagem numérica, não são demônios quaisquer, são demônio de alta patente, além do mais não é esse o nosso objetivo, devemos voltar ao céu o quanto antes para que o apocalipse tome início. E pense bem Alex, estamos em pleno voo, uma batalha de estada contra tantos assim em voo pode não ser muito interessante, mesmo sendo a Justiceira suprema.

            __Certo, mas precisamos estar no chão concentrados para que possamos nos desmaterializar. Se pararmos eles nos alcançam, eu sugiro um portal.

            __Um portal? Creio que com a proximidade do apocalipse eles estejam totalmente prontos para permitir a passagem dos anjos para a guerra.

            __Isso pode nos dar uma vatagem Sieme, agora vamos.

            Os anjos voaram por cima do mar até chegar ao meio do atlântico, a maioria dos portais se encontravam em lugar como este já que ainda são de pouco acesso humano.

            Era uma grande nuvem, maior do que a maioria, acima dela existia um portal dourado que brilhava de forma desmasiada, poderia chamar atenção de qualquer barqueiro em meio aquela escuridão em que somente a lua provinha luz além das estrelas.

            Alex e Sieme pousaram na nuvem, ao longe viram os demônios parando, Baal saiu do fundo da formação e se aproximou de Alex, ainda estava á uma distância segura de Justiceira sagrada, mas não de uma flecha de Sieme.

            __Bem se vocês olharem para trás perceberam que o sentinela não está aí, em outras palavras, se querem passar teram que abrir o portal por si mesmos.

            Alex se virou para se aproximar do portão, Sieme estava com uma flecha apontada para a cabeça de Baal. Alex se aproximou do portão, tocou levemente o frio ouro, tentou empurrar, mas não conseguiu mover um centímetro do portão.

            Sieme se aproximou de Alex ainda com a flecha preparada.

            __Creio que nós dois juntos possamos empurrar a parede, mas creio que não possamos deixar ela aberta por muito tempo, você deve passar.

            __Mas e você?

            __Essa era minha missão Alex, te levar ao céu, agora que acabou está tudo bem.

            __Eu não posso ir sem você, não posso! Já deixei pessoas demais se sacrificarem por mim, não será assim com você.

            __Será sim.

            __Espere, como se chama seu arco?

            __Asa de Prata.

            Existia uma conduta entre os serafins, eles não eram anjos de batalha, mas suas armas eram algo importante para eles, mesmo tendo suas habilidades maiores que qualquer outro tipo de anjo se comparando aos arcanjos eles não gostavam de batalhar, a sua arma eram uma relíquia pessoal, quando outro anjo perguntava o nome de uma arma ao seu serafim era como um trato, pacto feito com este anjo.

            Alex agora estava fazendo este pacto com Sieme, como uma promessa de volta, de que salvaria Sieme, ela acreditava nisso, mas achava melhor que Alex chegasse ao céu vivo.

            Sieme tocou o portão e apenas com uma das mãos conseguiu abrir o portão que foi se fechando lentamente, a diferença de poder era incrível o que deixava Alex ainda mais frustado por não ser forte o bastante para proteger os que ele ama.

            Sieme pegou o ombro de Alex e o lançou ao primeiro céu, o portão se fechou rápido demais para Alex poder voltar, ele bateu no portão inúmeras vezes e percebque eu não poderia voltar, então ele agora com suas asas vermelhas liberadas e com a sua armadura dourada, braçal e Justiceira suprema em sua cintura subiu ainda mais no céu.

            Sieme se posicionou diante do portal, estava com três flechas prontas para serem lançadas, os demônios se aproximavam de forma lenta.

            Sieme era uma poderosa serafim, mas mesmo assim eram muitos, ela pretendia segurar eles pelo tempo máximo possível e depois voaria o mais rápido que conseguisse e depois voar para o mais longe possível até que eles parassem de segui-la e ela podesse voltar ao céu.

            Ela sabia que eles não parariam até tê-la, então o plano  não daria certo, mas era melhor pensar que daria e ter fé.

            __Qual é o plano senhor?

            __Ataquem sem piedade, já que não teremos o anjo, ao menos um serafim nós levaremos ao inferno. Agora vão!

            Baal fez sinal com sua espada, ela tinha base redonda e ia diminuindo sua dimensão para formar uma ponta no final.

            Os demônios seguiram com fúria, pareciam ser imparáveis, alguns tinham formas híbridas de animais. Sieme lançou uma chuva de flecha que matou e fez despencar a primeira onda de demônios.

            Sieme novamente levou a mão á bolsa na suas costas para pegar mais flechas, ela estava vazia.

            Mais demônios se aproximavam dela, Sieme dava alguns passos para trás até incostar no portal de ouro.

            Agora cerca de vinte demônios estavam na mesma nuvem, prontos para avançar. Junto deles estava Baal.

            __Normalmente nós não sequestramos serafins, é arranjar problemas, é como uma regra, mas creio que não existam mais regras nesse jogo.

            Baal deus alguns passos e se destacou na formação de demônios.

            __Peguem ela.

            Cinco demônios com forma mais “humana” que os outros. Sieme ouviu a última trombeta soar, Alex tinha chegado ao seu destino, o apocalipse iria iniciar, Sieme estava feliz por ter cumprido a sua missão.

            Os portões de ouro se abriram, uma forte luz se emanou dele, uma luz cegante e que afetava de forma incrível os demônios, em meio á essa luz era visível uma silhueta, uma alta silhueta com armadura e segurando e uma das mãos uma lança.

            Esse ser se moveu de forma mais rápida do que os demônio podiam observar, ele fincou, cortou e dilascerou os cinco demônios que se moveram á frente, eles nem sequer puderam se defender ou agir. Todos foram mortos, normalmente seriam mandados de volta ao inferno, mas era o apocalipse, os mundos haviam se unido em um só plano, as feridas agora não apenas afetavam os corpos materiais, mas agora a essência de cada ser.

            A silhueta parou em frente de Baal e o encarou, era Alex, a sua aparência agora era angelical , seus longos e lisos cabelos rubros, pele branca e olhos cinzas. Estava empunhando Imperius, sentia falta da sua arma, mas agora ela ressoava como nunca.

            __Você então é o anjo que derrotou Belzebu? Eu não esperava menos. Mas creio que você não seja o bastante para tantos, pode até ser, mas irá te desgastar.

            __Eu não preciso enfrentar vocês... Atacar!—o rugido de Alex ecoou pelo prtão e o fez tremer.

            Alex apontou a ponta de imperius para os demônios, do portal saiu inúmeros anjos, alguns paravam e enfrentavam os demônios que ali estavam, outros se perdiam ou enchiam o horizonte.

            Em meio a essa desordem Alex se virou para Sieme, ele a segirou em seu braços e a entregou uma bolça com mais flechas.

            __Como você sabia?

            __Eu não sabia, apenas me preparei.

            Baal, ainda extasiado perante toda aquela desordem procurou uma forma de atacar Alex, aproveitando que ele estava de costas Baal iria executar um golpe covarde, iria apunhalado por costas.

            Correu, saltou e empunhou sua espada, mas foi suprêendido por um anjo que saiu de dentro do portal saltando como um leão, ele pegou no ar Baal e o botou no chão novamente, ou melhor, na nuvem.

            Alex se virou e percebeu o que tinha ocorrido.

            __Obrigado Valiel. Mais uma vez eu lhe agradeço, graças aos anjos sobe sua ordemeu sua salvar  minha amiga, obrigado.

            __Não seja por isso me caro amigo.—Valiel ergueu Baal.—e o que eu faço com ele?

            __Bem como você sabe Valiel estamos no apocalipse, você tem permissão para matar ele, há menos...

            __Há menos que o que anjo?!—baal estava furioso.

            __Há menos que você se arrependa dos erros que cometeu, se arrepende?

            __Nunca. Tenho orgulho.

            __E isso será sua ruína, Valiel, já sabe o que fazer.

            Valiel retirou uma pequena lâmina de um compartimento da armadura, e cortou a cabeça de Baal com ela, da mesma forma que os anjos morrem os demônios também morrem , a diferença é que não ocorre toda aquela luz ou tristeza e ao mesmo tempo honra, e um pouco ao contrario, eles se vão em cinzas, com um certo sentimento de alívio e se vai em desonra. Mas dizem que quando um demônio morre e se vai Deus chora por ter perdido um filho que estava longe dele, os demônios vão ao mesmo lugar que os anjos após a morte, eles se vão ao infinito.

            Alex se direcionou á Sieme.

            __Pra onde você vai agora?

            __Bem voltarei ao terceiro céu e me prepararei.

            __Eu vou te ver de novo?

            __Talvez ao final do apocalipse.

            __Eu estarei aguardando.

            Sieme aproximou-se de Alex e beijou seu rosto enquanto se desprendia da forma humana e trazia consigo seus três pares de asa, quando obeijo terminou ela cobriu a face com um par de asas. Ela adentrou o portão e saiu voando até o terceiro céu.

            Alex viu que alguns anjos mensageiros saíam do portão então perguntou á um deles.

            __Onde estãos os arcanjos e o cordeiro?

            __Bem, Rafael, Gabriel e o Messias estão no segundo céu, Miguel está na entrada do terceiro.

            __Certo obrigado.

            Alex abriu suas asas, guardou a lança nas costas e voou rumando o segundo céu, o término da sua missão e o início do fim, da revelação.


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