Pov Percy

Depois que eles saíram eu me troquei, peguei meu carro e fui para o lugar mais improvável que eu poderia querer ir: o cemitério.

Eu não entendi e nunca entenderei o por quê de ter feito isso. Eu não gostava dele e agora nunca mais teria essa oportunidade. Ele era tão parecido comigo e com o meu pai. Estava tão óbvio.

Desci do carro e me dirigi à lápide de Tritão. Que não conheceu sua família. Que nunca teve um pai, irmãos. Nunca realizou seu maior desejo: ter o que eu tinha. Olhei para a pedra e falei:

–Então...cara...eu não trouxe flores por que achei que não gostaria. Eu não te aceitei, mesmo você não tendo culpa de nada. Tu chegou numa hora tão inoportuna. Com os meus pais se separando, nosso pai se casando e eu brigando com a Annie. Tudo que tinha pra dar errado, deu. Eu não queria que você morresse, sumisse por uns ano sim… mas morrer, não.

Tivemos nossas rivalidades, muitas, até demais. Brigas demais. Isso só me fez se sentir pior. E a Annie… ela realmente te amou. Eu cheguei numa hora confusa; Melhor, “Eu” não, “Nós”. “Nós chegamos em uma hora confusa”. E agora você não pode ter um recomeço, por que você morreu. E eu só queria te avisar, que a sua mãe é doidona, cara.

Meu telefone tocou e no visor apareceu “Sabidinha”. Sorri e deu uns tapinhas na lápide, sussurrando antes de atender “ nossa garota está chamando”.

POV ANNIE

Eu estava em uma sala de estar branca, chata e monótona enquanto Persófone tentava separar Bianca e Nico, mesmo parecendo que brigava com o garoto.

Jason me trouxe água. Ele se sentou ao meu lado e eu me afundei em seu peito chorando.

–Calma Annie, vai ficar tudo bem.

–Jay, o meu pai está em coma, e não sabem quando ele pode acordar. Ele pode ficar anos assim! Ah Jay, se não fosse por você, eu não sei o que poderia ter acontecido. Eu só vi aqueles caras vindo pra cima de nós e o meu pai caindo. E se acontecer alguma coisa ? Você sabe… pior…. Eu acho que eu não vou suportar.

– Annabeth - Disse… Reyna? O que ela fazia ali ? - Podemos conversar ?

– Reyna ? O que faz aqui? - perguntei.

– Eu chamei ela. Jaron disse. - Sei que vocês tem suas rivalidades, mas ela pode te ajudar, agora. A única que pode fazer isso.

– Como assim, Jason?- Perguntei

– Escute ela.

– Quem mais você chamou ?

– Annie, por favor.

– Como pode fazer isso ? - Eu disse sentindo meus olhos se encher de lágrimas.

– Vem aqui. - Reyna disse e me puxou para a lanchonete.

– O que você quer ? Já não basta o que aconteceu com meu pai ? - perguntei olhando para o chão.

– Meu pai morreu. OK ? Ele morreu assim. Ví seus olhos marejarem tanto quanto os meus. - Ele devia muito. Minha irmã e eu, morávamos com ele. Ele jogava e estava sempre bêbado. E um dia ele saiu e não voltou. Eu passo todos os dias da minha vida, lembrando que meu pai morreu espancado por seu amigos em um beco. - Ela chorava tanto quanto eu.

– E como isso me ajuda ?

– Você não está sozinha. Eles podem não entenderem. Mas eu sim. - Ela colocou a mãos em cima da minha.

– Anh, se importa de irmos para fora ? - ela pergutou.

– Ah, tudo bem. - levantamos e fomos para fora imediatamente, Reyna tirou um cigarro da bolsa e o acendeu.

– Você ta louca ? Você fumou ? Um minuto Percy também fuma ?

– Ás vezes. Não pegou gosto, como eu.

– Reyna. Isso vai acabar matando.

– Não. Mais uma não! Olha,só não conta pro Jason,ta bom ? Ele ia acabar me entregando pra minha mãe. Olha, eu sei como é. Eu sei pelo que você está passando. Mas de qualquer jeito...trégua ? - ela estendeu a mão. Eu a apartei.

– Mas que droga está acontecendo aqui ? - ouvimos o grito de Percy até na China. Viramos e o moreno nos olhava como se visse um jacaré falante.

– Cansamos de brigar. - eu disse e entrei.

Aliás, quem chamou ele ? Cheguei a sala de espera e olhei a cena:

Thalia brigava com Nico por alguns motivo ainda não esclarecido para a minha pessoa. Percy e Reyna chegaram logo depois de mim. Quando Thalia havia chegado? Jason deveria ter ligado para ela. Will também estava ali, sentado ao lado de Bianca.

–Por quê eles estão brigando?

–Thalia colocou na cabeça que o Nico ta traindo ela.

A discução só ia de mal a pior. Se passaram horas, e chegou o almoço, a tarde foi mais lenta ainda. Já tinha escurecido quando Reyna falou.

–Ah pessoal, eu tenho que ir, mas me deixem informada.- Disse Reyna.- Shopping amanhã Annabeth?

–Claro.- eu respondo e todos no recinto me olharam como se eu tivesse pirado na batatinha. Reyna e eu nos olhamos e sorrimos. Ela beijou Percy e saiu.

Eu teria continuado minha conversa com Bianca, mas o doutor passou pelo corredor. Fui até ele, meus saltos batendo no chão.

–Doutor, pode me informar o estado de Frederick, quarto 301.

–Ah sim. - ele disse olhando a prancheta.- ele não teve melhora, sinto muito.

–Como assim não teve melhora?Ele está em um hospital! Ele tem que melhorar. E além disso estamos pagando.

–Desculpe senhorita, estamos fazendo nosso trabalho.

–Não estão trabalhando direito.- senti uma tontura.

–A senhorita está bem?- o médico inútil perguntou.

–Ótima.- eu disse.

–Algum problema aqui?- Jason chegou por trás.

–Nenhum que te interesse. - eu respondo.

–Com licença, preciso ver outro paciente.

Minhas pernas viraram gelatina, Jason me segurou. Eu logo me soltei.

–Annie, você está nervosa,vem, vamos para casa. Eu te levo.- Jason disse já pegando a chave.

–Não. - Eu disse.- Não quero que você me leve.

–Annie, se ficar aqui só vai ficar mais nervosa. Isso, agora não irá ajudar.- Thalia disse.

–Então irei de táxi.

Mais uma vez, todos me olharam apavorados.

–Annie, por quê...- Jason já ia começando, o interrompi antes de ele terminar.

–Pra você é Annabeth. - dei as costas e fui em bora.

Quando eu estava quase na porta do hospital uma mão me segurou.

–Jason, me solta.

–Não é o Jason.- me virei e contemplei o par de olhos verdes.-E eu? Posso te levar pra casa?

**

Eu sentei no banco do passageiro enquanto Percy no do motorista.

–Então… vai me explicar essa história direito?- Percy perguntou.

–Saímos do Starbucks e eles nos atacaram. Bateram na cabeça do meu pai com uma garrafa e Jason revidou. Isso. Agora… me explica por que diabos você fuma? Cansou de viver?- Percy acelerou tanto, que achei que o carro iria capotar

–Percy, não adianta você ir mais rápido, você vai me responder de qualquer jeito.

Ele ligou o rádio no máximo. Eu abaixei.

–Percy, juro que não quero te dar um sermão, até por que… Você é grande o suficiente pra poder saber o que fazer.

Chegamos em casa. Ele entrou porta a dentro, quase arrancando. Eu sai do carro e respirei fundo. O dia tinha sido cheio. Dei graças a Deus quando entrei em casa. Fui direto para o meu quarto e tirei o vestido e o salto, junto com os brinco e etc. Lavei o rosto inchado, e coloquei uma blusa azul e um shorts larguinho preto. Peguei uma aspirina e desci as escadas indo para a cozinha porém antes de chegar à geladeira, para pegar uma água, uma senti uma dor invadir meus sentidos.

Liguei a luz imediatamente. PERCY!!!! AH, mas será que ele não pode crescer um pouco?

–PERCY!

–QUE FOI?- ouvi do andar superior.

–VEM AQUI AGORA!

–AHHHHH! VEM TU AQUI.

–VEM AQUI NA COZINHA AGORA, IMBECIL!- ouvi passos na escada.

–Já disse que não é pra me chamar de…- ele parou quando viu os cacos de vidro que deveria ter juntado e o sangue no chão.

–E eu disse que era pra você juntar isso!- eu disse apontando para o chão e apoiada no balcão da cozinha.

–Você está bem?- ele perguntou chegando perto.

–Não me toca. Que maravilha, Perseu! E agora, como vou caminhar? Você não pode fazer nada direito?

–Desculpa. Vem aqui.

–NÃO ME TOCA!

–Ta e como você quer que eu te ajude?- merda, ele me encurralou.

–Sei lá, faz um curativo. Mas antes tira esse caco de vidro do meu pé. -eu disse.

–Ta, tem uma pinça por aqui.

–Tem primeiros socorros na segunda gaveta. - ele abriu a gaveta pegou a caixa e fechou novamente. Pegou uma pinça e começou a examinar o meu pé.

–AQUI! Não se mexe.

–Como se eu tivesse escolha. Você não falou comigo no carro.

–Annabeth, tenta entender. A verdade é que eu realmente não te devo mais satisfações.

–Como é?- perguntei espantada.

–Você não é mais minha namorada. Não te devo mais satisfações.

–Ah é? Então por que fica encanado com o Jason? Por que ele não pode dormir aqui?

–A Reyna não dorme aqui. E pensei que ele não fosse seu namorado.

– E não é. Mas você fica encanado com ele todo o santo dia que ele vem aqui. Se você não me deve satisfações, pare de brigar com Jason. Eu também não te devo.

–O que é uma pena não, Annabeth?- ele me olhou. verde no cinza e cinza no verde.

–Eu só queria ajudar. - ele terminou o curativo.

–Então para de ajudar e de falar também. Vou arrumar tudo isso. Fica ai em cima um pouco.

–VOCÊ NÃO PODE ME MANDAR PARAR DE FALAR! - ele pegou a vassoura e começou a varrer. - Além disso, fumar é horrível. Percy, você tem que parar. E esse curativo de merda que você fez, não adiantou nada, ta doendo.

–Então faz um melhor. E cala a boca!

–Vem calar!- ele revirou os olhos e atirou a vassoura longe. Nem um segundo. Nem um milésimo. Ele não evitou. Ele simplesmente me beijou.

Ficou tudo confuso. Tudo girou. Eu não me importava com mais nada. Eu só queria sentir mais daquilo. Do que eu me recusei a sentir noite passada. Percy nos separou.

–Desculpa… Eu não deveria ter feito isso.- Percy começou. Eu sorri.

–Então, se sabe disso, por que fez?

–Acabei de perceber que eu nunca irei superar você, Annabeth.

–Então não supere.- eu disse abraçando seu pescoço. Ele sorriu. E eu acabei com o espaço que nos separava.