Contrato Assinado. escrita por Rockines


Capítulo 5
Reconciliações


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiii este é um capítulo muito emocional e grandinho por isso tenham paciência comigo i love emotions ♥ XD



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Eu e Lola passámos mais algum tempo a conversar sobre assuntos aleatórios e acabámos por beber chocolate quente juntas.  Eram nove horas da noite quando saí decidida a confrontar Travis. Enquanto descia  os 34 andares no elevador olhava-me no espelho e pensava na maneira com que haveria de falar com ele, afinal, Travis não fazia a mínima ideia que eu sabia sobre o envelope... nem ele nem ninguém.

Já tinha anoitecido e a luz das ruas reflectia-se no meu cabelo. Apanhei um táxi e rezei para que o Travis ainda não estivesse deitado.  Mal cheguei pousei as coisas e dirigi-me ao quarto de Travis, bati na porta. De repente ouvi passos apressados e a porta abriu-se bruscamente. Pelos vistos Travis tinha acabado de tomar banho e estava só com uma toalha a cobrir os genitais. Bela maneira de começar uma conversa...

Onde estiveste??” Travis aproximava-se assustadoramente de mim e parecia estar furioso.

Em casa da Lola! Porquê tanta exaltação??” eu franzia as sobrancelhas em sinal de surpresa.

Em casa da Lola?? Em casa da Lola??” Travis dava risos nervosos como se eu tivesse feito a pior barbaridade do universo.

Sim, que eu saiba não estou proibida de visitar os meus amigos!” Começava a sentir-me mal comigo própria como se tivesse quebrado uma máxima universal.

Não, não estas proibida, desde que o meu jantar não falte!

Tinha me  esquecido completamente! Fazia parte dos meus deveres cozinhar naquela casa, mas antes de eu estar cá Travis tinha de se desenrascar sem mim, ele estava só a fazer fita porque não deve ter gostado que eu estivesse com a Lola por uma razão qualquer. Tinha de acabar com esta conversa sem jeito e preocupar-me com o que realmente interessava.

O que andas a fazer à Lola?” perguntei séria e rapidamente. Foi como se Travis tivesse visto um fantasma.

De que é que estas a falar?...” Ele parecia confuso.

Andas a cobrar-lhe dinheiro por atenção é isso?” apontei para o envelope que estava em cima da sua mesa de cabeceira.

Travis virou-se, olhou para o objecto em questão e perguntou:

Cobrar-lhe dinheiro por...” Tu és louca! Eu não cobro dinheiro a ninguém muito menos à Lola!” Travis estava completamente enervado e as gotas de água escorriam do seu cabelo directamente para os seus ombros e iam percorrendo os seu quadril. Travis pôs a mão na cabeça e afastou o cabelo para trás, entrou no quarto e vestiu uma t-shirt com decote em V. Enquanto se vestia falava comigo nervosamente.

Foi a Lola que falou contigo sobre isto??” Travis praticamente gritava comigo e só parou quando uma dor de cabeça se apoderou dele.

A Lola não tem nada a ver com isto!” eu levantei a voz, estava farta de que a sua voz grave se sobrepusesse à minha.

Jen... fala baixo... estou com dor de cabeça” Ele arrastava a voz. “Se não foi ela, quem foi??” Travis tentava ser paciente e manter a conversa comigo apesar da ressaca com que estava.

Eu olhava para baixo, sentia vergonha por admitir que os tinha espiado e não queria encarar a reacção dele. “Eu ouvi e vi tudo ontem à noite...”

haha...” Travis ria ironicamente enquanto avançava lentamente até parar à minha frente. Eu não levantava os olhos do chão.

Eu não acredito... a casa é insonorizada, e mesmo assim há sempre alguém que não resiste em ouvir os assuntos dos outros...” O seu tom de voz carregava desilusão e desprezo o que me fez sentir  com vontade de chorar.

Desculpa...” Foi a única coisa que fui capaz de dizer, a minha voz tremia e eu sabia que se dissesse  mais uma única palavra que fosse  explodiria em lágrimas.

Pára de choramingar... “ A voz de Travis era forte e poderosa e acho que eu nunca tinha feito um esforço tão grande para não chorar.

Aquele envelope ali, não é o pagamento da Lola por tê-la deixado passar um tempo comigo, aquilo são bilhetes V.I.P  arranjados por ela, para eu e a minha banda podermos tocar num concerto daqui a um mês.  E antes que morras de curiosidade sim, eu e a Lola namoramos e posso dizer que por vezes a uso como meio para atingir fins.  Isto é a lei da vida em Nova York.”     Travis aproximava-se de mim.      “Aqui as pessoas não são mimadas e têm de se safar, mesmo que tenham de descer muito baixo para conseguir sobreviver. Eu sei que aos olhos de muitas pessoas da tua terra e principalmente para ti, o que eu faço à Lola é inaceitável, mas ao menos eu preocupo-me em arranjar trabalho, não em bisbilhotar a vida dos outros.”

Eu tinha ouvido o que Travis tinha dito sem olhar uma única vez para ele, mas a sua voz era tão firme, que as suas palavras ficaram enterradas na minha cabeça. Lentamente, fui descendo as escadas, neste momento desejava nunca ter tido esta conversa.

“ Ah! E Jen!” exclamou o Travis “ Lembras-te de teres dito que não me conhecias há tempo suficiente para dormir comigo? É exactamente essa a razão, pela qual não deves meter-te nos meus assuntos” Travis entrou no quarto e fechou a porta. Comecei a lacrimejar. Ben saiu do quarto a perguntando porque é que havia tanto barulho e foi ao meu encontro, mas eu recusei a sua companhia e fechei-me no quarto.

O que eu tinha pensado que Travis fazia à Lola era mau, mas isto ultrapassava tudo.

Sentia-me mal por me ter metido na vida deles, mas eu só tinha feito isto para proteger a minha única amiga. Outra razão porque o fiz foi para acabar com a minha incessante curiosidade sobre a relação deles, mas esse assunto só lhes diz respeito a eles, e eu sou só uma recém chegada que a única coisa que sabe sobre tudo é o que a Lola tinha contado.

Estava arrependida pelo que tinha feito. Quando soube que eles namoravam podia ter continuado a minha vida normalmente, podia ter cumprido a promessa de dormir com ele sem questionar, mas alguma coisa dentro de mim, talvez aquela bomba prestes a explodir, que tinha sentido naquele dia no corredor da universidade, me tivesse obrigado a querer saber mais.

Já deitada, eu tentava perceber, com todas as minhas forças, o porquê de ter ficado tão interessada em toda aquela história que não me dizia respeito, tentei ignorar a opção de, apesar de tudo, poder estar a ficar ,involuntariamente, cada vez mais interessada em Travis... Acabei por adormecer para evitar que o meu cérebro e o meu coração se matassem um ao outro.

***

Mais que tudo, eu queria resolver as coisas com Travis. Já tinham passado duas semanas, e durante esse tempo Travis tinha-me ignorado, e eu a ele. Eu já não aguentava mais ter de evitá-lo por vergonha de o olhar nos olhos, eu queria falar, explicar-lhe as minhas razões por ter feito o que fiz, mas nunca havia oportunidade de ficar sozinha com ele, aliás, acho que ele fazia de propósito para não estar comigo. Travis estava sempre ocupado, quer fosse com intermináveis ensaios da banda, ou com a Lola. Quando ela vinha a nossa casa, Travis virava toda a atenção para ela o que não deixava que eu pudesse ter a companhia dela além da escola. Também não podia falar com os rapazes sobre o que se tinha passado porque isso envolvia contar-lhes o que Travis fazia à Lola. Eu sentia-me extremamente sozinha, e principalmente não achava justo que toda a gente pudesse estar com Travis menos eu. Os rapazes estavam com ele maior parte do dia, a ensaiar, e Lola não só passava o dia, como também dormia com ele. Mas hoje isto tinha de acabar, eu tinha decidido que ia resolver as coisas com ele custasse o que custasse e era isso que eu ia fazer.  

Fiquei à espera que surgisse um momento para falarmos, mas o dia passou sem que eu pudesse ter contacto com ele. Estava sentada na cama a tocar uns acordes e pensava que, se calhar, eu devia esquecer e procurar um novo sítio para viver, se isto não se resolvesse rápido não sabia quanto tempo mais eu iria aguentar viver naquela casa. De repente comecei a ouvir os rapazes discutir e fui até à sala.

Então e porque é que tenho de ir eu?? “ Travis  estava sentado no sofá enquanto barafustava com Ben e James.

Porque não hás de ir tu!?  A única coisa que fazes é dormir, tocar guitarra e estar com a Lola, e quando te pedimos para fazer um favor ainda te sentes insultado!” James falava bruscamente com Travis.

Tem cuidado com o que dizes, quem arranjou lugar para actuar fui eu! Por isso não te atrevas a dizer que eu não faço nada!” Travis tinha se levantado e estava agora cara a cara com James.

Comecei a recear que aquela discussão pudesse torna-se mais do que isso e aproveitei a situação: “Eu vou contigo...”

Os rapazes olharam para mim.

Esqueçam, eu vou sozinho” Travis acabou por ceder e começava a dirigir-se para a porta a passos apressados.

Leva a Jen contigo!” Ben tinha percebido as minhas intenções e ajudava-me a convencer Travis a levar-me com ele, agradeci-lhe com o olhar.

Ela não é nenhum cachorro para a levar a passear!” Travis começou a abrir a porta e a preparar-se para sair. Antes que ele pudesse fechar a porta eu saí e acabamos por ficar pela primeira vez em duas semanas completamente sozinhos.

Travis rosnou de raiva.

Olha eu vou a pé para não gastar gasolina por isso decide-te se queres mesmo ir, é um bocado longe.” Ele acendeu um cigarro e começou a andar. Eu segui-o . Travis andava rápido o que tornava difícil acompanhá-lo. Era noite, mas estava calor e ouviam-se os grilos a cantar, estava um ambiente agradável e desejei que isso fosse um sinal de que a nossa conversa ia correr bem, porque ultimamente tinha estado a chover.

Andámos 1 quarteirão sem nunca dizer uma palavra, Travis colocou os phones nos ouvidos e desligou-se do mundo. Fomos a um restaurante indiano e Travis pediu a comida entregando-me dois sacos cheios de caril. Ele levava dois numa mão e na outra as bebidas. Travis pagou tudo o que me fez lembrar o dia em que me tinha pago as minhas roupas por causa do meu cartão ter sido recusado. Saímos o restaurante e pusemo-nos a caminho outra vez. Aquelas ruas não eram muito iluminadas e a única coisa que nos dava um pouco de luz eram os carros que passavam. Travis ainda estava a ouvir música e a andar rapidamente. Eu estava distraída a olhar para ele, a tentar perceber que música estava ele a ouvir e a esforçar-me tanto para o acompanhar que acabei por tropeçar no passeio e quase deixei cair os sacos. Travis parou e tirou os phones.

Então? Estas bem?? “ Travis tinha um ligeiro sorriso na cara e falava entre risos.

Sim... Consegui salvar a comida!” Eu ria, vê-lo sorrir fez-me sentir bem comigo própria, foi como se uma chama apagada tivesse ganho força outra vez. Sorrimos um para o outro durante cerca de cinco segundos, mas logo o sorriso dele começou a desvanecer até desaparecer.A chama que sentia dentro de mim voltou a apagar-se e eu achei que era o momento ideal para falar com ele.

Travis desculpa... a sério ... eu não devia ter-me metido nos teus assuntos eu sei, mas não aguento mais que me andes sempre a ignorar...” Comecei a choramingar “ Podemos resolver as coisas? Eu Prometo que nunca mais faço o mesmo” senti-me como uma criança a pedir desculpa à mãe por ter partido a sua peça de porcelana preferida. Travis estava frente a frente comigo e olhava para mim com uma expressão que eu não sabia decifrar. Fiquei à espera da resposta dele com o coração nas mãos.

Ele ficou um pouco a olhar para mim e enquanto acendia um cigarro disse: “Pára de choramingar!

Ele virou as costas e continuou a andar. Foi como se tivesse sido atingida por uma bala. Queria ir até ele e obrigá-lo a ouvir-me e a dar-me atenção, a atenção de que eu precisava. Já não sabia o que havia de fazer, nada parecia suficientemente bom para captar a atenção dele.

P.O.V Travis

Nunca pensei que ela pudesse importar-se tanto com o facto de eu não lhe dirigir a palavra. A Jen é impressionante. Falei com ela durante menos de uma semana e já se mete nos assuntos da minha vida e fica desesperada pela minha atenção.  Se calhar tinha sido um pouco bruto quando lhe falei naquele dia, mas eu detesto que se metam na minha vida e agora tinha-a à minha frente a choramingar outra vez e a pedir que a desculpasse.

 Esta rapariga é uma fonte de lágrimas. Ela deve achar que com isso consegue que eu sinta pena dela e seja mais brando, mas com esse choro todo ela só consegue que eu seja mais frio. 

Eu até podia ter uma conversa normal com a Jen,  mas a partir do momento em que ela começa a chorar eu admito que fico fragilizado e não sei como agir.

Eu nunca fui o tipo rapaz que chora. Fui sempre do tipo que esconde os sentimentos por mais que sofra. Quando vejo alguém a chorar não consigo raciocinar e desejo que parem. 

A verdade é que apesar de conhecer Jen à pouco tempo, não gostava de a ver chorar, vê-la chorar deixava um nó na minha barriga  que só conseguia expulsar gritando ou tratando mal as pessoas.

Eu acreditava na Jen e no facto de ela se sentir arrependida porque também eu me sentia arrependido por ter gritado com ela, mas era uma coisa que eu não conseguia evitar. 

Ela olhava para baixo e o vento secava as lágrimas que caiam no chão. Ela era uma autentica chorona, eu não gosto de pessoas que choram por tudo e por nada, mas ela derretia-me o coração.

 Eu também sentia saudades dela e estava cansado de ter de a ignorar, mas  não estava para grandes lamechices de reconciliação, então simplesmente virei as costas esperando que ela me seguisse.

P.O.V Travis END

Sequei as lágrimas. Comecei a andar e estivemos calados durante todo os caminho outra vez. Eu não tinha conseguido que ele me desculpasse. Ele tinha razões para me odiar e nem como meu choro o coração dele se moveu.

 Chegámos a casa. Pousei os sacos na mesa e Travis fez o mesmo. Eu não tinha fome... estava completamente devastada . A única coisa que eu queria era o perdão dele, queria que as coisas voltassem a ser como antes. Sentei-me na cama esperando que o sono se apoderasse de mim. 

Estava embrulhada nos cobertores a pensar nas saudades que sentia dele apesar de nunca termos tido nada de especial e a água começou a escorrer no meus olhos. Subitamente aconteceu o mais inesperado. Fez-se silêncio na sala a porta do meu quarto começou a abrir-se, Travis entrou devagar olhando para mim. Lentamente começou a tirar a roupa até ficar só de boxers e eu tapava a minha cara confusa com os cobertores, eu só queria que aquilo significasse que ele me tinha perdoado. Travis dirigiu-se para a minha cama e fez sinal para eu arranjar espaço. Eu desajeitadamente cheguei-me para o lado e ele cobriu-se com os cobertores,  sentou-se a meu lado e olhou para a minha cara que estava molhada de tanto chorar.

És a maior chorona à face da terra” Travis limpou-me as lágrimas. Esta frase tinha sido dita com uma voz carinhosa e engraçada e não bruscamente como o habitual, o que me surpreendeu pela positiva. Ele abraçou-me e deitou a cabeça no meu peito como uma criança a pedir mimos.

Eu abracei-o e deitei a minha cabeça em cima da dele. Era este tipo de atenção que eu precisava, era do calor dele, do cheiro dele de que o meu coração se alimentava e neste momento eu não me importava que ele namorasse com Lola ou que fizesse coisas inaceitáveis, eu não podia estar melhor e nada me interessava além daquele momento.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ^-^ comentem POR FAVORI! ♥