Estava aterrorizada, pela minha cabeça passavam mil e um pensamentos. Será que isto está mesmo a acontecer no meu primeiro dia noutra cidade? Será que fui enganada e não existem 4 colegas de casa, mas sim um assassino que me atraiu para cá e eu tenha caído como um patinho? Será que ele me vai...violar? Mas o pior de tudo é que ninguém, absolutamente ninguém sabe onde eu estou... Não olhei uma única vez para ele. Não tinha coragem de encara-lo, estava em estado de choque. De repente  comecei a racicionar. Estava sozinha numa casa com um estranho e não sabia o que me estava prestes a acontecer, mas uma coisa sabia, tinha de sair dali custasse o que custasse, Comecei a pensar numa técnica que tinha aprendido quando andava à bulha na escola, só tinha de fingir estar rendida e quando ele achasse que já não era preciso tanta força para me agarrar eu correria até não poder mais.

Ia contar até 3, e aí punha o meu plano em acção.

Comecei a contar para mim. 1... 2... respirei fundo para me preparar para o que se seguia e no preciso momento em que ia começar a debater-me contra ele, o estranho mudou completamente a sua expressão. Agora, em vez de uma expressão séria e assustadora , na sua face começou a crescer lentamente um meio sorriso, como se estivesse a gozar com a minha cara... Aquilo fez-me esquecer completamente do que tinha planeado. Eu já não estava a perceber nada do que se estava a passar...

“Estava a gozar!” o estranho começou a rir-se a bandas despregadas “Devias ter visto a tua cara Jen! Haha”

O estranho abraçou-me : “ Sou o Travis” ele reparou que eu estava  atordoada “ Calma já passou! Assustei-te a sério hã?!”

Eu estava super aliviada “Travis... assustaste-me asério” fiz um ligeiro sorriso

O Travis acendeu um cigarro, sentou-se na minha cama: “ ficaste chateada?”

“Não... só não esperava uma recepção tão... tão... original!” disse eu tentando não parecer muito afectada com o que tinha acontecido.

“Originalidade é o que não me  falta! Haha” disse ele rindo-se

“porque dizes isso?”

“Sou eu  que escrevo  as nossas músicas”

“Tens uma banda?” perguntei espantada

“Ya!, Aliás, estava  a meio de um ensaio quando chegaste, e então pensei em fazer-te uma partida! Haha! Por isso é que vivo numa casa insonorizada, é meio óbvio não? Os vizinhos são os piores inimigos das bandas! “respondeu ele enquanto expirava lentamente o fumo do cigarro de uma maneira muito sensual...

O ambiente estava a ficar mais normal, o Travis começou a transmitir-me confiança e o fumo do cigarro deixava-me mais calma...

“ Tu também tocas guitarra não é?” perguntou ele olhando para a minha guitarra

“ Sim toco”

“haaaaaa” disse ele espreguiçando-se “ o meu maior sonho é tornar-me a mim e à minha banda famosos!!”

Eu agarrei na minha guitarra e olhei para ele indignada “ Hey! Esse é o MEU sonho!”

“ Mas tu nem tens banda!” Disse ele na brincadeira

“ Hei de arranjar!”

Travis apagou o cigarro “ Então parece que vivo com a minha concorrente numero 1” disse aproximando-se de mim de uma maneira atrevida.

“ Parece que sim” disse eu em tom de desafio aproximando a minha cara da dele para o intimidar.

Ficámos assim 5 segundos e der repente o Travis levantou-se num salto e disse: “ Vou mostrar-te Nova York!”

“Agora?” perguntei espantada,  parece que o Travis tem mudanças de humor constantes

“Claro!” disse ele impaciente

“ Mas ainda nem arrumei as minhas coisas!”

“ Deixa isso, não podes ser famosa sem conhecer Nova York Jen!!” disse ele tentando fazer-me chantagem

Suspirei...” Ok, lá fora daqui a 5 min”

***

Descemos da mota. A viagem tinha sido curta, mas já tinha dado para perceber que Travis tinha um físico que devia fazer inveja a muitos rapazes daquela cidade, e talvez por ter arranjado uma amigo assim, já me sentia mais segura naquela cidade imensa. Se é que lhe podia chamar amigo não é?

Travis pôs as mãos na cintura em sinal de confiança e disse: “ Bom, onde é que vamos primeiro?”

“ Tu é que sabes... tu é que conheces a cidade” murmurei

Travis pegou-me pela mão e levou-me a conhecer todos os cantos da cidade como se tivesse sido ele a construí-la. Era uma cidade imensa e era impossível vê-la num dia, mas na companhia do Travis era divertido porque ele parecia fazer de propósito para que tudo o que ele fizesse fosse do meu agrado, e isso fazia sentir-me importante.

Mais ou menos por volta da hora do almoço, o sol estava  tão forte e já tínhamos andado tanto que eu comecei a abrandar. Isto para não falar que eu estava a morrer de fome.

“Que se passa? Sou assim tão mau guia turístico?” perguntou ele rindo-se

“Não... ah... Travis ... Será que não podíamos parar um pouco num dos infinitos restaurantes desta cidade para almoçar e descansar?” perguntei suplicante

“Hum...Espera, tenho um sítio melhor”

***

“A vista é fantástica!!!” Disse eu entusiasmada. O Travis tinha-me levado a ver a vista através da Brooklyn Bridge e sinceramente era linda...

“É, é linda...” murmurou Travis enquanto tentava engolir um bocado do cachorro quente que estava a devorar.  Subitamente reparei numa coisa. A vista não era a única coisa linda que eu conseguia ver, a pessoa que estava ao meu lado era tão bonita ou mais que aquela vista. Travis tinha o cabelo negro como carvão e brilhava contra o sol forte que embatia em nós, tinha os olhos verdes e ficava extremamente sexy distraído a olhar o horizonte enquanto comia. Senti o meu coração acelerar  Acho que qualquer coração aceleraria com a presença de Travis...

“Tenho de aproveitar bem isto, amanhã começo a universidade” disse eu tentando criar tema de conversa

“Isso não é nada fixe!  Por isso que me dedico só à guitarra” acrescentou ele

“Não andas em nenhuma universidade?” estranhei eu

“ Nem toda a gente tem posses para isso”

“Os teus pais não te ajudam?”

“Há alguma coisa que queiras fazer na cidade em especial Jen?” perguntou ele mudando de conversa, acho que eu tinha acabado de tocar num assunto sensível para ele e achei melhor não insistir.

“Sim, há.” Hesitei. “ Bem quando estávamos a andar pelas ruas reparei nalgumas lojas que gostava de ver melhor...” fui interrompida.

“Queres ir ás compras? Não estas cansada?” perguntou ele espantado

Fiquei calada. Ele deve ter reparado na minha expressão desiludida. Passado um pouco ele cedeu.

“Haaaa... sobe para a mota” concluiu ele.

Passámos por várias lojas e comprei tudo o que uma futura estrela de rock poderia querer, mas quando cheguei à última reparei que quem estava a ficar cansado era o Travis e via isso na cara dele por isso apressei-me a pagar para podermos ir embora.

Estava na caixa a pagar quando à terceira tentativa o cartão foi recusado.

“Recusado? Como assim recusado?” Perguntei nervosa à empregada

“Sim recusado menina... o que pretende fazer?Perguntou a senhora

Eu congelei, estava cheia de vergonha e não sabia o que fazer, os meus pais devem ter dado um número limite ao meu cartão e eu devia te-lo atingido!  Neste momento estava toda a gente a olhar para nós.   De repente uma voz grossa falou atrás de mim:” O que se passa Jen?”

 “ O...o... o cartão foi recusado...” murmurei de maneira a que mais ninguém pudesse ouvir. Eu estava completamente vermelha, e antes que pudesse fazer alguma coisa o Travis tirou o cartão da carteira e pagou TODAS as minhas compras, fiquei estupefacta, devia ser um valor de mil dólares, nunca lhe poderia pagar aquela quantia num mês!

Travis pegou nos meus sacos e na minha mão e fomos para fora da loja.

“Não era preciso...” disse eu

“És uma irresponsável ” disse ele enquanto punha os sacos na mota.

“Não sou irrespon...” tentei reclamar com o que me tinha chamado, mas ele é que acabou por me interromper.

“Como pensas pagar isto?”

Fiquei calada, nunca me tinha sentido tão rebaixada na minha vida.

“Bem como vais ficar dependente do meu dinheiro só vejo uma solução, vais ter de me conceder 30 desejos, um para cada dia do mês!” Disse ele com a maior normalidade do mundo

“ Nem pensar não sou nenhum génio da lâmpada... e não tenho tempo para essas loucuras!” ripostei.

“Não, o génio da lâmpada só concede 3 desejos... É isso! Vais ter de me conceder 3 desejos, e os que eu quiser, quando eu quiser, como eu quiser!” disse ele com um sorriso pervertido na cara.

Por um lado sabia que não devia aceitar porque o que ele iria pedir não podia ser coisa boa, mas como lhe devia muito dinheiro e ele me tinha ajudado a única opção era aceitar.

“Ok, o que é que queres?” perguntei.

 “3 desejos... deixa ver” disse ele encostando-se à mota. “Desejo número 1, quero que cozinhes para nós em casa. Desejo número 2, arrumas a casa e desejo número 3...”

“Vá lá decide-te!” disse impaciente e com medo do que estava para vir.Os últimos dois desejos não eram muito maus, mas eu ainda não conheço bem o Travis ... por isso não sei o que esperar dele.

“Calma! É o último, tem de ser bem pensado! Eu  hei de me lembrar e digo qual é ainda hoje, até lá preocupa-te em cumprir os outros 2” disse enquanto gozava comigo.

***

Quando chegámos a casa o Travis ajudou-me com os sacos  apresentou-me aos rapazes Ben, Jay e James e sem mais nem menos mandou-me fazer o jantar. Passada meia hora a cozinha parecia uma mina de carvão, e eu nunca me tinha sentido tão feliz, com sorte eles desistiam da ideia de me mandar cozinhar. Acabámos por encomendar uma pizza. Durante o jantar todo reparei que o Travis olhava bastante para mim, por isso achei melhor verificar várias vezes se estava suja. Por volta das duas da manhã já toda a gente estava a dormir menos eu que ainda estava a arrumaras minhas coisas. Foi o meu primeiro dia em Nova york, tinha ficado sem absolutamente dinheiro nenhum e vivia dependente de um rapaz que tinha acabado de conhecer  Quebrei a promessa que tinha feito aos meus pais de não sair dos eixos e em vez de ganhar independência vivia à mercê do Travis, se calhar havia uma pequena hipótese de eu ser um pouco irresponsável. Estava perdida nos meus pensamentos quando senti  o cheiro a fumo de cigarro, virei-me e vi o Travis sentado na minha cama a olhar para mim. Dei um pulo de susto. Qual era a ideia dele de aparecer sempre assim do nada?!

“Travis! Tens de parar com isso!”

“Isso o quê?”disse ele com um sorriso provocante.

“Isso de apareceres assim do nada e me assustares”

“Já sei qual é o meu terceiro desejo”

Apanhou-me de surpresa, porque haveria ele de se lembrar do seu último desejo a estas horas da noite?

“Fala” disse eu

“Jen... quero que durmas comigo”