Contrato Assinado. escrita por Rockines


Capítulo 15
Caraphernelia


Notas iniciais do capítulo

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Travis Pov

Liguei o motor do carro e comecei a conduzir a toda a velocidade. Precisava de espantar os nervos. Sentia-me sem lugar para onde ir e com uma pequena sensação de falta de tempo, um pressentimento de que a quelaquer momento me ia acontecer alguma coisa.

Não sabia onde o meu pai estava, o que fazia, como era o seu aspecto actualmente, nem se o seu próprio nome se mantinha o mesmo. Há cerca de 15 anos que não o via e agora, de repente, via-me obrigado a procurar por um homem que praticamente não conhecia. Tudo por causa do dinheiro. Tinha a sensação que que estava a ser presseguido, quer de noite, quer de dia. Muito provavelmente a Maggie já devia andar à minha procura para reaver o contrato musical e me fazer assinar o contrato da herança. Aumentei a velocidade e respirei fundo enquanto fazia um ritmo repetitivo com os dedos no volante.

Por um lado estava calmo. Era impossível alguém saber onde é que eu estava. Mesmo que parecesse um pouco suspeito, eu e a Jen termos saído de Nova York juntos, exactamente no mesmo dia, e não aparecermos há alguns dias, não acredito que os rapazes fossem capazes de contar, nem à Maggie, nem a quem quer que seja, o nosso possível paradeiro, até porque, para quem não estava dentro do assunto, a nossa ausência podia bem passar por uma inocente saída de "namorados".

A Lola também não me preocupava especialmte. Apesar de ser filha da Maggie, a minha "irmâzinha" era louca por mim e nunca faria nada para me projedicar, tinha sido sempre assim. Quando pensei nela vieram-me à cabeça, quase instantaneamente, imagens nossas, a fazer amor. Senti náuseas e uma pontada no estômago. Será que ainda sentia alguma coisa por ela?... Sempre me tinha agarrado à ideia de que tudo o que tirava dela era desprovido de qualquer sentimento, além do prazer, mas agora sentia um enorme desejo de estar com ela. "Tens de te livrar desses pensamentos, concentra-te." Pensei para mim próprio. Agitei a cabeça, fixei os olhos no horizonte e continuei a conduzir sem destino.

Lola POV

Olhei para o tecto escuro que se estendia por cima de mim. Apenas uma pequena janela no cimo da parede deixava transparecer alguma luz ao mesmo tempo que alguma humidade escorria pela pequena parede ainda por pintar.

O meu olhar estava desfocado e sentia-me enjoada. Comecei a tentar mexer os pulsos, estavam doridos e custavam a dobrar. Reparei que estava completamente livre. Sem nada que me amarra-se ou prendesse por isso respirei fundo e tentei levantar-me lentamente. Estava completamente nua, suja e com o cabelo despenteado a cair-me pelos ombros. Com algum esforço avistei a minha roupa espalhada algures no quarto e tentei andar para a alcançar. Tentei caminhar até ela.

Os meus seios doíam imenso ao balançar e reparei na ferida que tinha no meio deles por causa do aro do sutien. Comecei a senti-me molhada e dorida e quando olhei para baixo reparei no sangue escorria pelas minhas pernas e faltou-me o ar. Sentia-me completamente derrotada, revoltada e furiosa. Era para isto que me tinham adoptado? Preferia ter ficado no orfanato a ser tão maltratada e desrespeitada. Queria sair dali, queria que o Travis voltasse e me levasse com ele para longe da minha mãe. Travis... eu amava-o tanto. Como poderia ele ter agido daquela maneira sem pensar nas consequências que isso traria para mim? Porque continuava eu a amá-lo sabendo que parte da culpa disto tudo estar a acontecer comigo, era dele? Sentia saudades dele, do seu cheiro, do seu corpo, da sua voz grave e um pouco rouca ao acordar, da maneira de como fazíamos amor durante a noite, dos seus beijos, dos seus toques, sentia até saudades do seu egoísmo, e perdoo-o pela maneira insensível com que me tratava sempre que queria passar algum tempo com ele. As lágrimas começaram a escorrer pela minha cara enquanto apanhava as roupas rasgadas e tentava vestir algumas.

"Travis... seu parvo" murmurei. Um sentimento de revolta apoderou-se de mim e desatei a gritar para que me tirassem dali. Gritei pelo menos durante dez minutos. A minha voz já começava a falhar quando a porta se abriu e vi a minha mãe, bem vestida como sempre com uma expressão de indiferença no rosto. Não fui capaz de a encarar nos olhos.

"Já percebeste a maneira com que ele te via e vê?"

Não queria pensar no assunto e também não lhe queria dar razão, estava demasiado magoada. Apesar disso acenei com a cabeça em sinal de aprovação. Acima de tudo, queria poder sair dali.

"Não ouvi" A voz dela era fria e cortante.

"Sim, entendi."

"Pede desculpa à mãe"

"Desculpa mamã"

A Maggie caminhou até mim e estendeu um braço em direcção à minha cara o que me fez encolher instintivamente.

Ela largou uma silenciosa gargalhada enquanto me afagava o rosto com carinho.

"Não tenhas medo, a mamã está aqui e ama-te muito. Toma banho e veste-te. Estás atrasada para a escola."

Aguentei o choro o mais que pude e deitei um pequeno sorriso à minha mãe.

Jen's Pov.

Mala do Travis. Aquele parvo tinha deixado a mala dele ao pé da minha cama sem qualquer tipo de vigilância ou protecção. Fácil demais.

Ia começar a minha procura pelo maldito bocado de papel que ele me andava a esconder. Quando encontrar o contrato ele já não poderá ter nada para me chantagear e mando-o embora na hora. Comecei a tirar as coisas da mala, uma por uma. Roupa, escova de dentes, carteira com documentos e algumas moedas, telemóvel, phones, sapatos, meias e...roupa interior.

Olhei para os lados apesar de saber que ninguém me estaria a ver e comecei a observar e tocar com cuidado nos boxers do Travis. Observei as linhas e a forma, só por curiosidade, verifiquei o tamanho. Olhei para eles com estranheza. Era tudo tão diferente. Quantas vezes tinha eu visto roupa interior masculina? A do meu pai? Não... isso não conta... A do Ben, naquele dia depois da festa e do James ter ido parar ao hospital? Perguntei-me se essas seriam muitas ou poucas vezes para uma rapariga da minha idade.

De repente, como um flash, a imagem do Travis naqueles boxers apareceu-me na cabeça. Senti uma enorme vergonha e o sangue subir-me à cara. Peguei na roupa interior toda e voltei a colocá-la no fundo da mala. Respirei fundo de alívio. Mas afinal que raio tinha sido este momento constrangedor? Prometi a mim mesma que nunca mais faria uma coisa assim e levantei-me. Dei alguns passos pelo quarto. Nada de contrato.

Afinal ele não era assim tão burro, tinha-se dado ao trabalho de o esconder. Onde é que o tinha escondido era o problema, devia ter aproveitado quando eu ainda estava a dormir para o fazer! Comecei a procurar pelos sítios mais improváveis do meu quarto. Afinal, em quantos sítios impensáveis era possível enfiar um bocado de papel? Eu já não dormia no meu quarto há algum tempo e já não me lembrava dos sítios onde as coisas estavam, logo não existiria diferença nenhuma para mim caso ele trocasse de sítio alguma coisa para esconder o contrato. Maldito...

Desci as escadas tão rápido que ia escorregando e comecei a levantar as almofadas do sofá na esperança de que ele o pudesse ter lá posto, mas foi em vão. Olhei em volta. Era impossível procurar pela casa toda! Será que o tinha levado com ele? Não... eu não o tinha visto sair com nada... Deixei-me cair no sofá a pensar onde é que eu esconderia um contrato em casa de outra pessoa. Pus as hipóteses todas na mesa e procurei por todo o lado como uma louca. Cheguei ao final e estava completamente cansada e desesperada. De repente o meu estômago começou a roncar e senti fome. Desci as escadas e fui à cozinha buscar o pacote das bolachas. Eu não esconderia nada na cozinha, a minha mãe conhece-a como a palma da sua mão e iria encontra-la sem a menor das dificuldades.

Desisti dessa ideia e fui para o quarto. Quando lá cheguei dei de caras com o meu peluche BiBi. Aquele peluche sabia sempre para onde olhar, e não, eu não estou louca, aquele coelho devia ter vida, sempre achei isso, desde criança. O peluche olhou para a mesa de cabeceira dos meus pais quando eles me esconderam os doces e acabei por os encontrar lá mesmo. O coelho nunca olhava para a minha tia Grace e passado um tempo os meus pais e ela tiveram um conflito e nunca mais se voltaram a ver. E agora, o coelho nunca olha para o Travis. Isso só pode significar uma coisa: o Travis e eu não vamos acabar bem e eu não estou espantada com isso.

Olhei para o coelhinho cor de rosa que tinha o olhar fixo como sempre. Segui o seu olhar que dava directamente para as coisas do Travis, não queria acreditar que isto pudesse ser só imaginação minha. Comecei a arrumar as suas coisas de volta na mala, apesar de já não me lembrar de como elas estavam antes. Definitivamente eu não servia para detective.

Por fim a única coisa que restou arrumar foi o seu telemóvel. Mas afinal quem é que sai de casa sem o telemóvel? Terá sido de propósito para eu não o chatear nem chamar de volta? O telemóvel estava com o ecrã apagado nas minhas mãos. O que faria se alguém decidisse ligar-lhe? Atendia? Não sei se seria boa ideia. Ele não me quis dizer porque é que tinha vindo para cá. Será que se importava que os outros soubessem que ele estava comigo?...

Isto era tudo muito estranho, mas afinal porquê tanto secretismo? Telefonar aos rapazes ou à Lola para perguntar se sabiam de alguma coisa parecia-me a coisa mais estúpida a fazer, afinal ele tinha-me pedido ajuda a mim, não a eles. Ainda pensei duas vezes se devia ou não. A tentação e curiosidade estava a dar cabo de mim. Talvez a resposta para tudo isto estivesse naquele telemóvel. Passeei algum tempo pela casa para pensar e tentar distrair-me com outra coisa, mas no final foi impossível. Subi as escadas a correr e cliquei na tecla de desbloquear.


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