Nesse exato momento eu estou pensando em como assassinar meu despertador.

Já não basta eu ter sido acordada as 3 da manhã pelo idiota do meu vizinho de baixo, que resolveu derrubar a casa de madrugada, mas pelo menos ele evitou que eu tivesse dor nas costas hoje por ter dormido no sofá, então obrigada vizinho mas se fizer isso de novo eu jorro que vou até aí e te mato com uma colher!Ou quem sabe uma faca...

Ta bom, vou me arrumar antes que eu me atrase.Era umas 6:30, motivo pra eu ter acordado cedo: eu descobri que o garoto que eu gosto  estuda comigo e mora no mesmo prédio que eu, e me deu carona ontem, vai que ele por “acaso” me vê no corredor  quando esta saindo para a escola e resolve me dar carona de novo, eu preciso estar diva.

Depois de meia hora  escolhendo a roupa eu acho que estou legal, fui até a cozinha e comi apenas uma maça já que eu demorei  pra escolher a roupa, escuto um barulho de porta abrindo e eu simplesmente pulo da cadeira, vou pegar a minha bolsa e acabo tropeçando no degrau  e caio em cima de  uma planta,  então eu toda machucada saio correndo e abro  a porta, então ele olha pra mim assustado e eu imagino que talvez eu esteja um pouco descabelada, então dou um sorriso amarelo.

-Oi- tento  ser mais simpática possível.

-...É....tem folha no seu cabelo-droga, folha no cabelo é bem pior do que eu estar descabelada, mas o fato bom é que ele chega mais perto e tira a folha do meu cabelo, só o  fato dele ter se aproxima de mim já faz meu coração acelera.

-É....você tava indo pra escola?-eu pergunto como quem não quer nada.

-Sim, e você?Deveria estar apresada pra ter caído e derrubado o vaso de planta- mas o que? Como ele sabia que  tinha acontecido isso?

-Como você sabe o que aconteceu?-então ele apontou para dentro do  apartamento, a porta tava aberta e dava para ver o vãos quebrado e a terra quase preta no chão- haa...- eu disse entendo agora como ele sabia, e me virando pra olha pra ele- é que eu to atrasada e eu vou perder meu ônibus- “agora Nicolas você faz o papel de bom moço e me  oferece uma carona, ta.”Pensei.

-Bom, por acaso você quer uma carona?-“ isso bom garoto, aprendeu direitinho”.Pensei.

-Adoraria- eu disse dando um sorriso, só espero que não tenha terra no meu dente.

Fomos até o estacionamento, e então eu me deparei com a minha “carroça”  e percebo que  Nicolas também estava olhando pro mesmo.

-Nossa, esse carro deve ser ultima geração-ele disse rindo e eu  olhei corada pra ele.

-É o meu carro- eu disse olhando pro outro lado me sentindo ridícula  por ter um carro como esse.

-Oh, é me desculpe, o carro prece ser bem legal, e ele é....- ele estava tentando se explicar, eu olhei pra ele e percebi o quanto estava envergonhado.

-A não, tudo bem, o carro é uma piada, apelidei carinhosamente ele de carroça-eu disse e ele respirou aliviado.

-Nossa, se  é assim que você apelida carinhosamente, me faça um favor, eu não quero ser apelidado, então...não me apelide-ele disse dando um sorriso e não pude deixar de retribuir.

-Se você  continuar me dando carona pra ir na escola até meu pai devolver o meu carro, sem problemas eu não te apelido- eu disse ainda sorrindo.

-Mas é claro, será um prazer vossa excelência-ele disse fazendo reverencia, eu sorri então respondi.

-Fico feliz lorde-  eu disse pegando em minha saia e fazendo uma reverencia também.

-Vamos princesa- ele disse  e eu segurei em sem braço.

-Claro- então agente foi até o carro rindo,e rimos por metade do caminho  até que ele parou o carro, e agente não tava na escola.

Agente tava parado em frente a uma  casa até que bonitinha, mas eu não entendi o motivo da gente ter parado.

-Por que a gente parou?-eu perguntei ainda olhando pela janela do carro a casa.

-É que hoje a mãe da Mary pediu pra eu vir pegar ela -mas quem é Mary?

-Mas quem é Mary?-ele não precisou responder porque a  loira  falsificada já saída pela porta da casa, e eu não acredito que ela estava usando isso.

Ela tava  com um cachecol  idêntico ao da minha irmã.Ela amava aquele cachecol, ela ganhou no ultimo natal que passamos com nossa avó, Caroline, depois daquele natal ela morreu, ela já estava velha, e doente, 1 mês depois do natal ela teve uma parada cardíaca e morreu,  eu e Mya  éramos muito apegadas a vovó desde pequenas, quando ela morreu tínhamos apenas 14 anos, foi mais ou menos nesse tempo que Mya começou a namorar com Nicolas, ela vivia agarrada nesse cachecol, depois que não servia mais ela colocou  no seu ursinho de pelúcia, o qual ela dormia toda noite.Agora ela  ta com esse cachecol, é como se ela quisesse roubar o lugar da minha irmã.

Eu nem tinha notado mas eu  estava parada olhando pro nada e a garota loira estava na minha frente gritando com Nicolas por eu estar ali.

-MAS O QUE ESSE GAROTA ESTA FAZENDO AQUI!EU NÃO ADMITO QUE VOCÊ ACHE QUE EU VOU NO MESMO CARRO QUE ESSA....-antes que ela continuasse Nicolas a interrompeu.

-Você não tem que achar nada, e se você continuar gritando eu juro que você vai caminhando pra escola, agora fecha essa porta e vai pro banco de trás-ele dizia com uma  voz forte e autoritária,  quando ele viu que ela ia bater a porta ele disse- nem pense em bater a porta.

Ela toda emburrada fechou a porta delicadamente e foi pro banco de trás, juro que até eu não esperava  isso de Nicolas.

O caminho todo a gente teve que ouvir ela falando sobre coisas fúteis, eu ainda estava abalada com a historia do cachecol, mas sério, eu tinha vontade de enfiar um tampão na boca dessa garota.

Finalmente chegamos a escola, e essa coisa saiu do carro, quando eu iria sair também Nicolas segurou a mina mão.

-É...desculpe por ela...não imaginei que ela reagiria assim.

-Tudo bem -na verdade não estava tudo bem, e nunca vai estar, as pessoas não querem ouvir a verdade, apenas algo que as satisfaças.

Entramos no colégio, e estava tudo normal, se normal quer dizer chato.

As aulas passaram rápido e antes de dar o intervalo tivemos uma aula interessante, aula de literatura,  o professor era um gênio, e ele deu um trabalho pra gente, agente tinha que inventar uma historia sombria sobre os contos clássicos, é assim, todos os contos clássicos, como chapeuzinho vermelho,branca de neve e os sete anões, entre outros, sempre tem um ponto sombrio, então agente tem que criar uma versão sombria sem destruir o original, e a melhor historia talvez se torne até uma pesa, na próxima aula ele vai sortear as  duplas, e explicar mais detalhadamente o que temos que fazer.

E o sinal tocou,fui para o refeitório,  talvez quem sabe Nicolas me convidasse pra sentar com ele, mas ele provavelmente estaria com aquela coisa.

Ao contrario do que eu imaginava ele nem apareceu, e logo que terminei fui caminhar pelos corredores  vazios  do colégio, foi então  que eu vi uma cena que não sabia nem se era real.

Nicolas estava se agarrando com Mery dentro da  sala.

Isso não podia ser real.

Então eu saí  dali correndo, e fui para o lugar aonde todas as garotas vão quando querem chorar.O banheiro.

Por que eu tava chorando?

O que eu tava pensando, que eu iria viver uma linda historia de amor com o  ex namorado da minha irmã morta.

Que ele seria um príncipe e que  seriamos felizes para sempre.

Mas que droga, felizes para sempre não existe, e  por que mesmo que eu to chorando?

Não teria mesmo chance de acontecer algo entre a gente, ele é ex da minha irmã,e quem iria querer uma garota problemática como eu?

Eu acho....que as vezes a gente sonha alto demais, e a queda se torna pior. E com certeza agora que estava em queda livre.

Como eu queria ficar invisível agora!

Cadê a minha capa da invisibilidade quando eu preciso?

Sabe, eu conhecia uma pessoa que sabia como curar um coração partido, ela se chamava Mya.

Minha irmã sempre me disse para nunca me apaixonar.

“Escute bem Sophi, nunca se apaixone, e nunca se apega a ninguém, e se  por acaso você não seguir meu conselho e alguém parti seu coração como eu sei que vai acontecer, se lembre  de ficar feliz, mesmo quando tudo esta ruim, se lembre de ficar feliz, seja forte, e se você estiver feliz até  a solidão pode ser aconchegante-ela dizia pra mim quando eu tinha 14 anos e estava namorando com um garoto, não deu muito certo o lance, éramos muito parecidos, e ficava tudo tão chato.

-E como eu faço se não encontrar nenhuma felicidade?-eu perguntava pra minha irmã que sempre tirava notas razoáveis, mas nunca comparadas a minha, eu poderia ser a mais inteligente, mas no amor ela sempre foi melhor que eu.

-Lembre dela, em algum momento da sua vida você  foi feliz!”

Minha irmã tinha razão, limpei minhas lagrimas.

Meu olho não esta vermelho, e não dava pra  dizer que eu chorei.

O sinal bateu e eu fui pra aula.O tempo praticamente voou, quando percebi já estávamos indo embora.

Antes de sair da sala Nicolas me chamou e eu fui até ele.

-Então quer uma carona pra voltar pra casa?-ele perguntou como quem  já sabia que eu iria dizer sim.

-Obrigada, mas não-eu vi que ele ficou surprese e antes que perguntasse eu respondi- não precisa fingir, eu vi você se agarrando com a  Mary, e sinceramente, é nojento, e eu não vou ficar segurando vela entre você e ela dentro do carro-agora sim ele estava surpreso.

Eu  simplesmente me virei e quando eu ia sair da sala, ele me chamou.

-Sophi -eu só virei a cabeça para olhar pra ele e disse.

-Você não precisa ficar se explicando pra mim ta.

Então fui caminhar, e eu cheguei naquele café, aonde eu vim quando cheguei na cidade, entrei e fiz o meu pedido.

Quando eu espera o café eu fiquei olhando pela janela  e meus  pensamentos foram longe.

Eu nunca me dei muito bem com a minha irmã, mas mesmo assim eu a amava, e agora eu sinto tanta falta dela!

Quando voltei  para a terra eu percebi que tinha um garoto me olhando.Um lindo  garoto loiro de olhos claros.