Tony POV

Acordei com um alarme da armadura. Tudo acontecera tão rápido que eu mal me lembrava direito. Tudo o que eu quis foi salvar Pepper, e consegui, mas não consegui me salvar. Por sorte, eu tenho um amigo eletrônico que me tirou de lá. Eu não sabia onde estava, não sabia o que estava acontecendo, só sabia que estava de noite e a bateria estava prestes a acabar.

– Onde estamos, J.A.R.V.I.S?

– No Tennessee, Sr. Stark.

Foi então que me lembrei do plano de voo. Fiz minha viagem mais cedo do que esperava. De repente, a bateria acabou, e eu caí em algum lugar próximo a uma floresta. Assim que saí da armadura, um frio congelante me atingiu. Estava cercado por neve e o vento parecia cortar minha pele. Arrastei a armadura até um posto de gasolina próximo que, para meu azar, estava vazio. Achei uma cabine telefônica e consegui conectar J.A.R.V.I.S ao telefone. Precisava mandar uma mensagem para Christine.

– J.A.R.V.I.S, preciso que mande uma mensagem para Christine.

– Como quiser, Sr. Stark.

– Tudo bem... lá vai. Christine, eu sei que você deve pensar que eu estou morto, mas não estou. Eu estou naquela cidadezinha do Tennessee. J.A.R.V.I.S me trouxe até aqui. Eu estou... - olhei para meu reflexo no vidro da cabine. Eu estava horrível. - relativamente bem. Não se preocupe comigo. Espero que você ainda esteja disposta a me ajudar, eu vou estar esperando. E, Chris, por favor... - respirei fundo. - Não conte nada à Pepper. Eu já a coloquei em perigo demais. Acho que vai ser melhor assim.

– Mensagem enviada - J.A.R.V.I.S disse, depois de um tempo.

Desfiz a conexão e voltei a arrastar a armadura comigo. Achei uma casa ali perto e consegui entrar. Coloquei a armadura no sofá e sentei ao lado dela. Vou precisar recarregar antes de fazer qualquer coisa com ela. Só espero que Christine receba meu recado logo.

Christine POV

A viagem, como eu esperava, não durou muito. Lá estava muito mais frio do que eu imaginava, mas eu estava de blusa de manga comprida, casaco e jaqueta juntos, então não tive tanto problema com isso. Minha maior preocupação era achar Tony. O dia já estava amanhecendo, eu não tinha dormido nem um pouco, e nem pretendia dormir até conseguir encontrá-lo. Ele disse que estava bem, mas eu duvidava disso um pouco. De acordo com o que Pepper disse, ele deve estar ferido e provavelmente passando frio... não gosto nem de imaginar. Esperei algumas horas até as pessoas começarem a sair de casa para começar a perguntar. Todos conhecem o Tony e, caso alguém não conhecesse, eu tinha meios de conseguir uma foto pela internet no celular.

Perguntei, e perguntei, e perguntei, mas ninguém tinha-o visto por ali. Já era noite, o frio só tinha piorado, eu estava cansada, mas não desisti. Um homem não parou quando eu o abordei, provavelmente estava atrasado de mais pra ligar para o que eu ia falar. Outro apenas disse:

– É claro que eu vi, todo mundo já viu. Ele é Tony Stark, o Homem de Ferro. Você acha que eu sou idiota?

E saiu andando, nervoso. Acho que o Tony tem se escondido muito bem. Olhei o relógio mais uma vez. Já eram dez horas. Acho que já tinha perguntado a todo mundo da cidade, mas não ia desistir. Vi um homem passando com um garoto do outro lado da rua. Não me lembrei de ter falado com aquele garotinho, então corri até os dois. O garotinho me olhou de imediato, mas o pai dele não

– Com licença, você viu esse homem por aqui? - perguntei, fazendo com que o pai do garoto virasse. Então vi que não era o pai do garoto coisa nenhuma. Era o Stark. Com alguns machucados e com uma cara nada boa, mas era ele. - Ah, meu Deus, Tony! Achei que não ia mais te achar!

O abracei forte, e ele retribuiu. Como quando estávamos indo para o hospital, ele não me soltou de imediato, mas dessa vez eu não reclamei. O garotinho que estava com ele nos olhou e riu. Eu estava tão feliz por achar Tony que acabei rindo com ele, sem nem saber o motivo.

– Não é que você veio mesmo? - Tony falou, também rindo.

– Nunca, nunca, nunca mais morra desse jeito, seu idiota - desfiz o abraço e olhei brava pra ele, o que só fez tanto ele quanto o garoto rirem mais.

– Harley, essa é Christine. Chris, esse é o Harley.

– Muito prazer, Harley - falei, sorrindo, e apertei a mão dele.

– Igualmente, Christine.

– Por que demorou tanto? - Tony perguntou.

– Eu terminei a armadura nova ontem e...

– Uau, é ela que faz suas armaduras? - Harley perguntou.

– Não, ela é uma garota atirada que acha que pode sair fazendo as próprias armaduras sem minha permissão.

– Se eu não fizesse minhas próprias armaduras sem sua permissão, eu não estaria aqui pra te salvar, te ajudar, ou seja lá o que você quer que eu faça.

– Tanto faz, termina de falar.

– Ah, é. Eu terminei ontem, e quando fui testar ouvi seu recado. E aí vim o mais rápido possível. Eu to desde manhã procurando você, mas ninguém nessa cidade sabe que você ta aqui.

– Você ta horrível.

– Você também, e eu não disse nada.

– Há quanto tempo você não dorme, menina?

– Desde... antes de ontem.

– Mas o que você... por que você não dormiu, menina?

– Porque eu estava terminando a armadura, e depois vim procurar você.

– Você é muito idiota. Anda, vamos pra casa do Harley comigo. Quer dizer, se estiver tudo bem, Harley.

– Claro, ta tudo bem sim.

– Então vamos. Você precisa estar em um estado decente pra me ajudar a fazer alguma coisa.

E assim nós fomos para a casa do garotinho. A armadura de Tony estava lá, mas, pelo que ele disse, estava sem bateria. A minha estava bem guardada em um lugar, ironicamente, não muito longe dali. Mal deitei no sofá e caí no sono, tal era o meu cansaço. Tenho que me lembrar de nunca mais ter um ataque de Tony Stark e ficar sem dormir por tanto tempo.