Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 36
Minha filha Cecília


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pelas comentários, eles me animaram muito. Esse capítulo é dedicado a todas que comentaram. Espero que gostem.



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“Porque somos casados. Você é o meu marido e eu sou a sua mulher”

Laura em Lado a Lado

Por Edgar

Foi uma boa surpresa ver Laura na porta. Até parecia uma miragem. Constatei com força que mesmo com muita raiva dentro de mim, eu ainda a amava. Eu tinha tantas saudades, queria abraçá-la e beijá-la, queria saber como tinha sido a sua vida nos últimos anos.

Ela era a Laura que fugira com o nosso filho. Mas também era a mesma mulher que fazia o meu corpo arder de saudade, a mesma Laura com quem me casei sem amar, mas me apaixonei eternamente.

E assim, consegui manter a mágoa escondida e conversar de forma de gentil com ela. Ela falou da Catarina. Será que ela tinha ciúmes? Mesmo que ela tentasse disfarçar, pareceu que tinha. E se ela tinha ciúmes de mim, ela ainda devia me amar. Isso me encheu de coragem e esperança.

Olhava para o seu corpo. Ela estava linda. Me parecia até mais bonita do que quando havia partido. Os anos foram bons com ela. Depois mirei o seu rosto, os seus olhos, o seu nariz, o seu sorriso, aquela sua boca vermelha pedindo para ser beijada. Parecia que um imã atraia a sua boca a minha.

Eu não aguentei, precisava senti-la. Me aproximei dela e a beijei com calma. Ela não mostrava resistência. E eu precisava de mais, aquilo não saciava o meu desejo e saudade. Cada célula do meu corpo pedia por ela.

Agia no impulso, a tocava com mais liberdade, seguia as minhas emoções. Mesmo com o sofrimento que eu passara nos últimos anos, o que eu queria de verdade era aquilo. Tê-la assim era maravilhoso. Me fazia me sentir vivo. Ela era a minha mulher, e como a queria. Mas então ela disse:

– Edgar... não! Isso não tá certo. - eu parei, era a sua primeira reação contrária

– Por que não, Laura? Eu sou seu marido e você é a minha mulher – falei ofegante e beijei o seu pescoço tentando continuar

– Mas e tudo que aconteceu?- ela continuou, eu me endireitei sentando no sofá, ela também, mesmo assim me mantive próximo

– Laura... Sei que há … muitos problemas, muito raiva … Mas a verdade é que isso não é o mais importante … eu a … - eu gaguejava - nunca deixei de te a … - ela colocou um dedo na minha boca

– Xiii. Edgar... não fala mais nada. Senão vai se arrepender- ela disse firme

– Me arrepender de dizer o que sinto? - perguntei surpreso

– Sim. Eu preciso te falar uma coisa... Vim para isso... Não posso deixar você continuar antes de contar.

– O que? - eu começava a ficar com medo do que ela podia me falar, milhares de pensamentos passaram em minha cabeça sem fixar nenhum

– Edgar – ela parecia emocionada, mas falava firme – Quando eu parti, eu não sabia, mas descobri depois que estava grávida... Eu tive uma filha. Nós temos uma filha

– Uma filha? - perguntei num primeiro momento, imaginando feliz que era pai de uma menininha com Laura

– Sim – ela respondeu

– Uma filha? - já falava com com raiva, com cobrança – Nós tivemos um filha e você só me diz hoje? Escondeu isso durante todos esses anos? - gritei

– Eu não queria que você nos encontrasse. E os mesmos motivos que tinha para ir embora com o nosso filho, eu tinha com ela. - ela rebateu, ficando de pé

– O que? Eu era um pai tão ruim? Que não merecia ver o meu filho e filha crescerem e … nem saber que tinha uma filha? - fui andando em sua direção furioso

– Não, Edgar, você não merecia. Você não era um pai ruim. Apesar de ausente. O problema nunca foi esse mas a situação que vivíamos, a ausência, instabilidade. O sofrimento que tínhamos, tanto eu como você e até Pedrinho. Mais um filho não iria ajudar, era só mais um para viver naquele inferno. Várias vezes, eu pensei em te contar, cheguei a escrever uma carta, mas desisti. Pois eu não podia ser encontrada, não podia voltar para a mesma situação. As crianças cresciam em paz. Eu queria protegê-las.

– E por isso, eu não merecia nem mesmo saber que tínhamos uma filha?

– Não é uma questão de merecimento, você não merecia sofrer, mas eu e nossos filhos também não. Aquela situação era insustentável! Eu posso ter errado, mas pensei que estava fazendo o melhor.

– O melhor? - gritei

– Edgar, não quero mais brigar, te falei que você ia se arrepender do que aconteceu a pouco...- ela fez uma pausa se acalmando- Contei sobre a nossa filha, quero saber se você quer conhecê-la? Quer que eu a leve com Pedrinho no encontro de amanhã?

– È claro. Por mim, eu a via agora.

– Agora não dá. Ela já esta dormindo, você está muito nervoso, e eu quero prepará-la antes. Amanhã eu a levarei.

– Certo – concordei e a vi andando para saída- - Laura... - falei e ela voltou o rosto – Qual é o nome dela?

– Cecília . Não podia ser outro ...– assim ela foi embora

Cecília...o nome que Laura e eu escolhemos quando ela estava grávida de Pedrinho. Cecília. Era um nome lindo. Eu tinha uma filha chamada Cecília!

Passei essa noite pensando. Imaginando como ela seria. Se pareceria com Laura ou comigo. Fiz as contas, ela devia ter 4 anos. Laura e eu tínhamos uma menininha de quatro anos, era tão bom saber disso, mas ao mesmo era tão ruim saber que Laura a escondera por tanto tempo.

Eu fiquei com muita raiva, mais mágoas surgiam. Como Laura pudera fazer isso comigo? Eu que sonhara tanto em ter filhos, em vê-los crescer, em criá-los Tinha perdido tantos momentos. Eu podia ter morrido sem saber que ela existia.

Mas ao mesmo tempo, era tão bom saber que eu tinha uma filha com Laura, uma filha com o meu amor. Era mais um elo entre a gente. Mais um motivo para tentar acertar as coisas.

Laura estava enganada, eu não me arrependia do beijo, não arrependia do meu impulso no sofá. Com aquilo eu descobria tantas coisas. Que eu ainda mexia com ela, que ela tinha ciúmes de mim. E por mais que a gente tivesse tantas coisas para resolver, tanta mágoa nos afastando, o que ela fizera não tinha justificativa ... Nós ainda tínhamos o amor nos unindo, não era o momento para nós dois, mas eu mantinha a esperança de que nos acertaríamos algum dia, que eu conseguiria perdoá-la e ela a mim. Nós nos amávamos e voltaríamos ser uma família unida. Daríamos um lar de verdade aos nossos filhos. Filhos, era tão bom falar filhos no plural!

Mas antes eu precisava me aproximar das crianças. Como queria conhecê-los, brincar, contar histórias, conviver com eles. Mostrar que era o seu pai, que os amava. Pedrinho não reagira muito bem a mim. Como ele reagiria no próximo encontro? E Cecília? Ela teria medo?

Em minha cabeça tentava formá-la, o seu sorriso, o seu olhar, a sua voz, os seus cabelos. Ela brincando com bonecas. Minha filha Cecília. Minha princesa.

Na manhã seguinte, não me aguentava de ansiedade. Resolvi fazer uma visita a Guerra no jornal. Assim, pelo menos, o tempo passaria mais depressa. Ainda era cedo e mesmo sendo domingo, já o encontrei no trabalho:

– Guerra eu tenho uma filha- falei assustado ao vê-lo

– Eu sei, Edgar. A Melissa, aliás sempre achei estranho você se referir muitas vezes a ela como minha filha Melissa, sendo que você só tem uma filha. - ele começou a brincar

– Não, Guerra. Não é a Melissa. Eu tenho outra filha – respondi firme

– Sério? - ele perguntou impressionado e continuou - Não me diga que você descobriu uma filha com alguma dançarina ou atriz em Portugal....

– Para de brincadeiras, Guerra. Eu tenho uma filha com a Laura.

– Com a Laura? Ainda bem, estou contente por você. - ele riu

– É claro, ou você acha que eu era tão leviano assim?

–Sei lá, Edgar. Não me surpreendo com mais nada nessa vida. Mas me diga como isso aconteceu.

– Laura estava grávida quando me deixou.

– E como sua filha é ? Como você está? Me diga... como foi esse encontro com Laura?- ele parecia interessado

Eu desabafei com Guerra. Contei tudo o que aconteceu nos últimos dias. Aliás quase tudo, pois não falei do meu impulso e beijo no sofá. Ele escutou atento e depois falou:

– Agora, meu amigo. Você precisa ver o que quer fazer...

– Eu quero minha família de volta, Guerra . Quero me aproximar dos meus filhos e ...– falei sincero

– Então tem que parar com essas brigas com a Laura... Pelo menos pelas crianças... Você precisa da Laura para se aproximar dos seus filhos.

– Eu sei.

– Sei que você sofreu muito. Mas aja de forma mais sensata.- ele aconselhou

– Eu tento, mas é que a Laura me tira do sério – falei intenso

– Imagino ...– ele deixou escapar um sorriso

– O que você quer dizer com isso? - perguntei um pouco ofendido

– Nada- ele falou – Nada, meu caro. E ahhh... depois traz a Cecília e o Pedrinho pra brincar com a Carol, viu?

– Tá bom – não conseguia ficar ofendido por muito tempo, eu sabia o que ele insinuava, e era verdade.

Apesar das insinuações e brincadeiras de Guerra, eu saí do jornal mais tranquilo, mais decidido. Fiquei rodando um tempo na rua do Ouvidor. Almocei no bar Guimarães e depois fui para o encontro. Ainda estava muito ansioso, mas me sentia bem menos confuso.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Estão curiosas com o encontro? Espero que tenham gostado.
E pessoal, tenho participado de algumas manifestações, e algumas coisas me deixaram contente, parece que nos notaram, que escutaram as reivindicações justas de melhoria do Brasil e da qualidade de vida do seu povo. Por um Brasil sem corrupção, com saúde, educação e transporte publico de qualidade. A Dilma já fez o seu pronunciamento, espero que cumpra pelo um pouquinho do que disse.
E não deixem de comentar, viu? Isso me anima bastante, saber que tenho leitores é o que me faz continuar escrevendo essa historia, já que passei por alguns momentos tensos.
#VamoPraRua #SemViolência... Feliz com o momento do país.



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