Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia
Notas iniciais do capítulo
Meninas muito obrigada pelos comentários, eles me animaram demais. E eu consegui achar um tempinho para escrever. Venho escrevendo desde ontém e espero que gostem e comentem muito para me animar a escrever mais.
“Você não estava enganada, comigo você vai ter paz. Vai ter sim.”
Edgar em Lado a Lado
Por Laura
Eu olhava Pedrinho tão lindo em seu terno infantil, ele estava tão gracioso com aquela roupa (mais até que o normal), com gravata, o cabelo bem penteado. Parecia um mini -rapaz. Daqueles bem conquistadores. Me lembrava tanto o Edgar, com exceção da cor do cabelo. Mas eu sabia que aquela arrumação não iria durar muito, logo que ele pudesse brincar e comer, a sujeira tomaria conta. Mas agora ele parecia feliz com aquela roupa, se sentia adulto e fazia pose como se fosse.
Meu filho era tão pequeno, ainda um bebê. Mas muitas vezes era surpreendente. Eu já percebia a sua personalidade. E ela era forte. Pedrinho falava diversas palavras, tinha um vocabulário invejável para a idade. E quase não falava errado. Quando estava acanhado, ou tinha pouca familiaridade com a pessoa, ele parecia falar para dentro. E tínhamos que prestar muito atenção para entendê-lo. Mas quando ele estava tranquilo, nós nos deliciávamos, ríamos com as gracinhas que dizia e o modo que era perceptivo.
Um dia, Fernando soltou uma daquelas suas habituais falas cheias de sarcasmo para o meu filho. E como normalmente, uma criança da idade dele ou até um pouco mais velha não entende sarcasmo ou ironia, achou que ficaria por isso mesmo. Mas Pedrinho surpreendentemente entendeu e ficou aborrecido com o tio.
Assim eu percebi o quanto meu filho compreendia as coisas as coisas a sua volta. Isso ao mesmo tempo, me orgulhava e me preocupava. Pois já teríamos que ter um cuidado redobrado com as coisas que falaríamos com ele e até mesmo em relação as que ele poderia ver.
Edgar se aproximou dele. Também já estava arrumado para a festa, Pedrinho correu para os braços do pai:
– Papai, tô bonito?- ele perguntou
– Está lindo, meu filho – Edgar riu e Pedrinho parecia satisfeito.
– Ohh.. – ele puxou a gravata de Edgar, e depois pegou a dele como se admirasse, compreendesse o fato de que ambos estavam de gravata.
– Você é um verdadeiro cavalheiro- Edgar riu e o colocou no chão
Depois Edgar veio em minha direção e me olhou de cima abaixo. Eu usava um vestido vermelho, percebi que devia estar sensual, já que ele parecia encantado, e com um sorriso sapeca:
– A senhora também está linda, D. Laura Vieira... Deslumbrante.
– O senhor meu marido também não está de se jogar fora. – eu brinquei
Pedrinho andava em volta da gente, e Edgar disse olhando o seu movimento:
– Somos um belo trio... Cheio de elegância. – ele parecia satisfeito e me abraçou
Pedrinho puxou a calça de Edgar, ele desfez o nosso abraço e o pegou no colo:
– Algum problema, Senhor Pedro Assunção Vieira? – ele falava de modo sério, mas sorria para o nosso filho.
– Conta uma hitória! – ele pediu gracioso
– Agora não dá, filho. Sua festa já vai começar- ele explicou carinhoso
– Ahhhhh – Pedrinho fez uma carinha de manha- É meu anibesario! – estava muito fofo!
– É seu aniversário? – Edgar forjou um olhar de surpresa- Então eu prometo que depois da festa, te conto um montão de histórias... – falou e começou a fazer cosquinhas em nosso filho
Pedrinho ria, pedia para parar e Edgar o colocou no chão.
– Vem, Pedrinho. Vamos comer uns doces – disse tentando distraí-lo, ele pegou em minha mão e estava saindo, mas voltou a cabeça para o pai
– Eu vou eperá as hitorias, papai.
Aquilo fez, eu e Edgar rir muito. Mas pouco tempo depois, Isabel chegou com Neto e ele ficou feliz em brincar com o primo.
O resto dos convidados foi chegando, e a festa foi muito boa. Minha mãe e seu Bonifácio mantiveram a distância dos seus desafetos e o clima de calma e diversão reinou. Tudo estava saindo perfeitamente bem.
Eu, Edgar, Pedrinho estávamos levando Isabel, Neto, Celinha e Guerra para porta, eles eram os últimos convidados a saírem da festa. Pedrinho e Neto se despediam quando a porta foi aberta de repente:
– Edgar... Edgar ... A Melissa ... Edgar – Catarina gritava com sua voz fina enquanto Melissa chorava em seu colo
– Catarina? – ele falou assustado e depois olhou para todos nós
Uma raiva, uma revolta começou a subir em mim. Minhas esperanças de paz caiam por terra e na frente dos nossos amigos. Eu me culpava por ter sido tão inocente, por acreditar que as coisas mudariam. Eu queria pular naquela mulher. Mas me contive. Olhei bem para ela e para a menina. Dessa vez, a cor da criança parecia diferente. Lembrei até daquele dia horrível em que encontrei meu filho frio no berço. Aquilo não era fingimento da garota.
Guerra, Isabel e Tia Celinha estavam constrangidos e Catarina continuou falando:
–Eu pensei em levá-la ao médico, mas como estou sem dinheiro, fiquei com medo de que não nos atendesse...
– Catarina, você não devia ter vindo aqui... – Edgar não falou duro igual da vez anterior, ele estava abalado pela filha – Laura ... – ele olhou para mim como se me pedisse alguma coisa
– Vai, Edgar. Vá com elas!– falei firme, tirava forças não sei da onde.
– Tem certeza? – ele ainda me perguntava
– Vai. Só vai – me virei para meu filho que se aproximara assustado, o peguei no colo abraçando-o apertado.
Assim nem vi Edgar sair pela porta com Melissa e Catarina.
– Você está bem, Laura? – perguntou Isabel preocupada
– Bem, eu não estou. Mas vou ficar ... – respondi
– Eu ficarei com você, amiga. – ela falou
– Não, Isabel ... Quero ficar só com meu filho. Isso é um problema meu. – continuei firme
– Tem certeza, minha sobrinha? – perguntou Tia Celinha compreensiva
– Tenho.
– Laura, se quiser... eu vou atrás do Edgar ... – Guerra começou a falar
– Não precisa, Guerra. Eu preciso pensar. Podem ir... por favor.
Isabel pegou Neto e eles saíram pela porta com Tia Celinha e Guerra. Eu comecei a andar com Pedrinho no colo e ele disse:
– Tá bem, mamãe? – ele tocou em meu rosto carinhoso
– Estou, meu amor. – respondi disfarçando a minha aflição
– Papai saiu? – ele perguntou
– Sim, foi cuidar da Melissa. E você, rapaz ...– tentei sorrir e falar de maneira animada– Tem que tomar um banho para dormir... seu sujinho...
Ele me abraçou novamente e nós subimos as escadas. Após o banho e de vestir o pijama, coloquei meu filho no berço e reparei como ele estava ficando grande para o móvel. Ainda era o meu bebê, mas às vezes, parecia um rapaz.
– Quer que eu te conte uma história., meu amor.? - perguntei carinhosa
–Não- ele foi firme- Papai disse que contava ... ele mentiu. - parecia chateado, e tive de fazer um esforço para entendê-lo na última frase
– Ele foi cuidar da Melissa, filho. Ela está dodói.
– Ele mentiu, pometeu... ele não gosta de mim. Só da Melissa.
Aquilo me chocou. Por um momento, eu fiquei muda. Pedrinho já havia percebido as coisas e começava a se sentir preterido.
– Seu pai te ama, Pedrinho. Ele te ama, só que a Melissa é dodói... - era difícil para mim explicar algo que até eu mesma não aceitava, ele era tão pequeno para entender ainda, talvez mesmo se fosse maior não entenderia - O que posso fazer por você? Também sei um monte de historias... – tentava animá-lo, mas ele estava tristonho, achei que continuaria emburrado, mas depois falou.
– Canta, mamãe. Canta!
Eu comecei a cantar canções de ninar. Meu filho foi se acalmando e acabou dormindo. O dia havia sido cheio mesmo, devia estar muito cansado.
Mas eu não consegui dormir, eu não queria, precisava pensar em tudo que estava acontecendo. Tomei um banho para tentar relaxar e adquirir alguma calma. Mas não consegui. Chorei muito.
Lembrava de que nessa tarde mesmo, eu e Edgar havíamos nos amado no nosso quarto, cheios de vontade e esperança. Estávamos tão felizes e agora eu estava tão triste.
A aparição daquela mulher no aniversário do meu filho... Do meu filho. Ele tinha que ter tranquilidade. E não essa incerteza, os altos e baixos dos pais. Ele já começava a perceber, como doeu escutar da boca dele que o pai não o amava. Eu devia protegê-lo.
Pedrinho merecia ter paz, estabilidade, ser amado e feliz. Edgar o amava, eu sabia, mas talvez parte do seu comportamento deixasse o nosso filho com dúvidas. Eu prometi protegê-lo e faria isso. A minha palavras não seria quebrado.
Eu também já não aguentava aquela confusão... Acreditar para depois encarar a decepção. Sofrer. Eu também precisava de paz. No início do nosso casamento, Edgar disse que eu teria isso. Não queria mais dúvidas, aquela vida de incertezas. E enquanto Catarina estivesse por perto não conseguiria isso. Passei a noite toda pensando na cama.
Quando Edgar chegou já estava quase amanhecendo. E eu ainda estava acordada:
– Laura ... – ele me olhou preocupado, mas eu queria manter a calma e me segurei certa do que faria
– Edgar ... como está a Melissa?
– Agora está bem... Mas ficou muito mal, o médico está desconfiando dum princípio de pneumonia- ele falou abalado e percebi que estava bem cansado.
– Folgo em saber que ela esta melhor... Espero que logo se recupere completamente- disse ainda calma
– Obrigado.. Meu amor – Edgar parecia se tranquilizar
– Edgar... Eu não aguento mais... estou cansada de tantas incertezas. Eu quero o divórcio. – falei decidida e sem me alterar muito
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Talvez, não tenha sido o que você esperavam, mas espero que pelo menos compreendam o rumo que eu tenho seguido. Espero que ao menos a curiosidade de vocês tenham sido aguçada, a verdade é que a minha história precisava disso. Então tem alguém torcendo pelo divórcio? Estão detestando a Catarina? O Edgar? A Laura? O que vai ser da história, haverá o divórcio mesmo? Qual será a reação de Edgar após Laura pedir a separação? Espero que tenham gostado e que comentem muito, voltei para a fase difícil, e sempre é complicado para mim escrevê-la. Ainda mais agora que meu tempo ficou mais curto e quanto mais eu escrever, mais rápido sairemos dessa fase.