Lado A Lado - Novos Rumos escrita por Cíntia


Capítulo 19
Pedido de Divórcio


Notas iniciais do capítulo

Meninas, eu adorei todos comentários. E fiquei muito satisfeita em relação as diferentes percepções da situação. Esse capítulo é dedicado a todas que comentaram. Obrigada.
Agora sobre o esse capítulo, eu consegui um tempinho de noite, mas achei que acabei me empolgando demais nos assuntos que tinha planejado contar. E ele ficou enorme. De qualquer forma, espero que gostem, mesmo não tendo seguido o rumo que queriam, ao menos esperam que compreendam.



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“Não, esse casamento foi um erro - Laura

Eu nunca me arrependi tanto de uma coisa em toda a minha vida- Edgar

Lado a Lado

Por Laura

Percebi que Edgar foi tomado pelo susto. Ele não esperava ouvir àquelas palavras. Nem eu esperava dizê-las quando acordei naquele dia, até a tarde não tinha suspeitas. Mas a invasão daquela mulher, a reação do meu filho, me fez perceber tantas coisas e virou as minhas ideias de ponta cabeça.

– Meu amor ... Você não sabe o que está dizendo ...não está pensando direito – ele gaguejava

– Não, Edgar. Sei exatamente o que estou falando... já pensei bastante. Estou decidida – continuei firme

– Laura ... por causa do ato da Catarina... Você não pode querer acabar com tudo. A gente estava tão bem.

– Aquilo era uma ilusão, Edgar... Não estávamos bem... Eu fingia para mim, eu fingia acreditar... Mas a Catarina usando a Melissa, nunca nos deixará em paz. E você sempre irá com elas. Mesmo que isso me humilhe, mesmo que me faça sofrer. E o pior é que Pedrinho já começa a notar as coisas. Você o está fazendo sofrer e isso eu não vou admitir. – me alterei um pouco

– Mas você disse que eu podia ir... – ele estava nervoso

– E adiantaria se te pedisse para ficar?

– Laura ... Eu vou resolver isso...

– Vai resolver? Há dois anos você diz que vai resolver... Ainda não percebeu, Edgar? Você não conseguirá. A Catarina não nos deixará em paz e você não tomará providências para que ela nos deixe em paz. É uma situação sem solução.

– Laura... meu amor... Hoje eu descobri que tem um médico, um especialista em crianças como a Melissa. Eu vou procurá-lo. A Melissa ficará melhor e a Catarina não terá motivos para aparecer aqui. As coisas vão...

– Edgar, você não entendeu? Não vai... Se a Melissa melhorar, a Catarina arrumará outro motivo, uma catapora, uma febre, qualquer coisa. Não tem jeito, enquanto você insistir em lhe dar essa assistência plena, estar com ela nesses momentos, dar espaço para a Catarina, você perderá momentos comigo e Pedrinho. Você não consegue conciliar. Pois a Catarina e a Melissa demandam tempo demais. Pode conseguir por algum tempo. Mas como não pode se dividir em dois, a instabilidade continuará. E eu já cansei, desisti. Não posso continuar com você, enquanto você dá preferência a elas. Não quando isso já afeta o nosso filho– despejei tudo nele

– Laura, não veja as coisas assim. Eu te amo. Eu amo o nosso filho. Mas a Melissa também é minha filha, e quando ela já não precisar tanto de mim...

– Edgar, eu já cansei de me enganar... Não.. Não posso mais ficar parada. Sabe o que Pedrinho disse hoje?... Que você não gosta dele, só da Melissa. - o interrompi

– Ahhh, meu amor. Isso não é verdade. Eu conversarei com ele. Ele vai entender.

– Edgar, ele tem dois anos. Se eu não entendo, como ele irá entender? Eu quero o divórcio. Só quero pegar o meu filho e ir embora dessa cidade. Ir para um lugar onde não tem Catarina e Melissa. Pois se continuar aqui não terei paz … nunca.

– Laura, você não sabe o que está dizendo... o quanto as mulheres divorciadas sofrem ... Você não tem ideia.

– Qualquer sofrimento é melhor que essa vida que eu e meu filho levamos. Eu vou me divorciar, enquanto ainda resta um pouco de orgulho em mim, e irei embora com o meu filho.

– Você é adulta... E pode ir embora... Mas não pode levar o meu filho... Meu filho não será criado longe de mim. – Edgar gritou, mas mesmo assim foi difícil acreditar no que ele dizia, uma fúria tomou conta de mim

– Edgar?- eu mal podia respirar – Você está dizendo que da Catarina, uma mãe ruim como você mesmo diz, você não tomou a filha. Mas de mim, você tomará o meu filho? – aquela ideia me enojava

– Não ... Laura... Você entendeu mal... Eu não disse isso – ele parecia arrependido

– Mas insinuou! – eu gritei a todos pulmões

– Meu amor... Nós somos uma família. Eu não quero você nem nosso filho longe de mim – ele tentava se explicar

– Mesmo estando aqui, nós já estamos longe de você. Eu preciso disso. Seu filho precisa disso - não consegui conter e lágrimas já desciam dos meus olhos

– Mamãe? – falou Pedrinho que nos observava assustado, eu não sabia desde quando ele estava lá e fiquei com muito medo das coisas que ele poderia ter escutado.

– Meu filho... Vem com a mamãe – o peguei e antes de sair, sussurrei para Edgar – Pense, Edgar. Pensa no que te disse.

Fui cuidar do meu filho e passei o dia evitando encontros. Durante a tarde, enquanto Pedrinho dormia na nossa cama. Peguei todas as roupas de Edgar e as levei para o quarto de hóspedes. Eu estava decidida a me separar, então não havia razão para dormimos juntos.

Eu ainda pensava em Pedrinho, mas chegara a conclusão que essa separação seria melhor para ele. Edgar era o seu pai, mas seria melhor ele viver num ambiente de paz, onde não se sentisse preterido.

Á noite, Edgar me procurou novamente. E resolvi conversar com ele, mas ele não mudou de ideia, dizia que nós não nos separaríamos e com tempo as coisas melhorariam. Ele acreditava que eu não iria para frente, que seria como das outras vezes. Mas estava enganado.

Na segunda-feira, mal havia amanhecido quando saí de casa com o meu filho. Eu não tinha motivos para acreditar que Pedrinho correria qualquer risco na casa. Mas estava insegura em deixa-lo lá sem mim depois das discussões com Edgar. Mesmo não tendo motivos racionais, era como se ele quisesse roubá-lo de mim.

Fui para o teatro Alheira, e deixei meu filho com Isabel. Ela estava estranha. Pensei em conversar com ela, mas estava ansiosa para falar com um advogado.

E a minha conversa não podia ter sido mais aterradora. Ele me falou de todos os problemas e preconceitos que uma mulher divorciada enfrentaria. E eu estava disposta a enfrentar todos, se não fosse por um.

Pela lei, eu não poderia ir embora com o meu filho. Na verdade, eu não tinha direitos nenhum sobre ele se me divorciasse Pedrinho só ficaria comigo se Edgar quisesse, ou seja, ele tinha pleno poder de tomar o meu menino.

Eu estava ultrajada, me sentia uma prisioneira. Eu queria, eu precisava ir embora. Se ficasse no Rio, mesmo que separada de Edgar, sabia que aquela mulher continuaria infernizando a minha vida.

Mas eu não iria embora sem o meu filho. Eu nunca o abandonaria. E sabia que Edgar não me deixaria levá-lo. Nunca me senti tão impotente... Eu realmente estava presa a ele.

Voltei para o teatro com a cabeça pegando fogo. E desabafei com Isabel. Ela me escutou atenta. Tentava me animar... Me apoiava e dizia para eu conversar com Edgar. Para convencê-lo.

Ela também estava com problemas e acabou desabafando comigo. Falou que Albertinho registrara Neto e que minha mãe a pressionava, ameaçava tomar o filho dela, de certa forma, vivíamos uma situação muito parecida:

– Ela não pode tomar o meu filho. Eu não aguentaria...As vezes, penso, Laura, que o melhor seria fugir. Ir para um lugar onde não houvesse a baronesa, onde eu pudesse recomeçar... Ai, me desculpe falar assim da sua mãe, ainda mais nessa situação difícil que você está vivendo. - ela falou

– Não se preocupe, Isabel. Eu conheço a minha mãe. E sou sua amiga, estou aqui para dividir os nossos problemas mesmo.

A verdade é que após essa conversa, eu ainda não sabia, mas uma ideia começou a se esboçar na minha mente.

Voltei para casa e tentei conversar com Edgar novamente. Falei sobre o divórcio e sobre ele permitir que eu fosse embora com nosso filho. Ele continuava inflexível. Não se divorciaria, dizia que me amava e que as coisas iriam se acertar como já tinham se acertado antes.

Isso ocasionou mais uma briga feroz entre ele e eu. Onde joguei na sua cara que eu continuaria na casa por causa do nosso filho. Mas que a partir daquele momento, eu seria sua prisioneira e não sua esposa, pois permaneceria lá contra a minha vontade.

Uns dias se passaram e eu evitava Edgar. Nem bom dia falava para ele, muito menos olhava em seu rosto. Ainda o amava, mas o fato dele ter se tornado o meu algoz, o medo dele tomar o meu filho, me enchiam de raiva. E sabia que essa situação durasse por mais tempo, era capaz do meu amor por ele começar a vacilar e morrer.

Mas um dia, Edgar me procurou com mais insistência. Ele realmente queria falar comigo e fui obrigada a ouvi-lo, senão não teria sossego. Ele disse que marcara uma consulta com um médico especialista para a Melissa, com isso ele argumentava que a saúde dela melhoria e que ela não precisaria tanto dele, que não haveria motivos para Catarina nos incomodar. Durante todo o seu discurso, eu pensava no quanto ele era inocente. E ainda continuou:

– Laura, só há um detalhe. Esse médico é de São Paulo. E eu terei que viajar – ele falou preocupado, e eu que achava que ele não podia me afetar mais, acabei ficando mais irritada.

– Você está me dizendo que vai viajar com a Catarina e a Melissa? – eu tentava me conter

– Queria que você viesse com Pedrinho... Uma viagem poderia melhor as coisas... pra gente. Seriam novos ares...

– Edgar, uma viagem com eu, você, nosso filho, aquela mulher e a sua filha?... E você acha que isso poderia melhorar as coisas? – eu não podia acreditar

– Não seria assim, Laura. Vocês nem precisariam se encontrar ... – ele tentava resolver os problemas, mas me desapontava mais

– Isso é uma ordem do meu senhor ... meu marido? – perguntei com sarcasmo

– Não.. não fale assim. Só quero resolver as coisas. Eu quero que você vá, mas você escolhe...

– Sendo assim, Edgar ... você não pode ter tudo. Eu não irei nem meu filho.

Sai, e passei aquela noite com o coração apertado. Eu achava que não tinha mais lágrimas para chorar... Mas chorei muito. Entretanto comecei a montar um plano, eu sabia que era errado, que decidira num impulso, mas eu não aguentava mais, e mesmo sendo errado, agiria tentando melhorar as coisas para mim e pro meu filho. Eu precisava tirar de mim todos os sentimentos ruins que me corroíam. Aquele ambiente era venenoso, uma criança não seria feliz ali. Tinha tanto medo de Edgar tomar o meu menino. Era o melhor. Era o melhor. Eu tentava me convencer. E comecei a botar o plano em prática no dia seguinte.

Cerca de duas semanas se passaram, e mesmo não conversando com o Edgar. Sabia que ele viajaria na manhã seguinte. À noite, eu estava colocando Pedrinho para dormir, quando Edgar entrou no quarto:

– Será eu poderia contar uma história para ele? – ele perguntou a mim e depois se virou para Pedrinho- Você gostaria de um história , filho?

Pedrinho sorriu e fez que sim com a cabeça:

– Claro.- eu não o impediria

Como ia viajar, ele pretendia despedir de Pedrinho. Na verdade, aquela despedida seria boa... Aquilo era necessário... conveniente.

Saí do quarto, mas não consegui me afastar muito. Fiquei observando do corredor. Eu devia sair dali, mas não consegui. Edgar começou a contar histórias a Pedrinho com seu jeito especial. Aquilo comoveu o meu coração, era lindo e doloroso de ver e eu comecei a chorar.

Pedrinho dormiu, Edgar percebeu, beijou o filho, disse que o amava, apagou as velas e saiu. Eu já havia limpado as minhas lágrimas, mas ainda estava no corredor:

– Laura... -ele pegou delicadamente em meu braço, e olhei para ele ainda emocionada –Eu vou viajar amanhã.

– Eu sei –havia um aperto no meu coração... uma dúvida ... eu ainda tentei – Edgar... não quero continuar vivendo assim. Eu estou sufocando... E nosso filho não pode crescer nesse ambiente. Aceite o divórcio... Me deixe ir embora com Pedrinho. Não preciso ir para muito longe, e você poderia visitá-lo de vez em quando.

– Não, Laura, você é a minha mulher. Ele é o meu filho. Nós nunca iremos nos separar. Eu amo vocês- ele disse intenso

–Tá bom ... – não adiantava – Boa noite. – estava indo para o quarto, mas ele segurou novamente o meu braço

– Vou ficar uns dias fora, será que não poderia me despedir de você? Despedir da minha mulher... – ele estava triste, era uma súplica

E eu fiquei parada, não mostrei reação... Mas meu olhar não o repelia... a verdade é que aquilo seria bom, eu também precisava me despedir dele.

Edgar foi se aproximando com cuidado. Começou a me tocar com delicadeza, pegou a minha mão e foi subindo suavemente pelo meu braço, passou pelo meu ombro, e alcançou o pescoço. Continuou tocando o meu rosto de maneira extremamente delicada, era quase como se não me tocasse. Fechei os olhos e esperei os seus lábios.

E seus lábios encontraram os meus de maneira gentil. O beijo era calmo, mas profundo. Estávamos sentindo toda a sensação do contato pele a pele. Era como se aprofundássemos em nossas almas.

E uma saudade antecipada, uma nostalgia, até mesmo uma culpa, começou a tomar conta de mim. Lágrimas brotaram em meus olhos e inundaram a minha face.

Me afastei de Edgar, e o olhei com calma. Por um momento, ele deve ter achado que a despedida acabara. Mas ainda não era o suficiente para mim. Peguei em sua mão e o levei ao nosso quarto.

Ele continuou me tocando com calma. Até parecia que sabia, que tinha visto em minha alma. Tirou a minha roupa aproveitando cada momento, parando para tocar a minha pele com cuidado, beijar o meu corpo com amor. Era como se fundisse a mim.

Depois eu tirei a sua roupa com igual ternura. O tocando e beijando. Queria senti-lo todo. Inspecionar cada detalhe da sua pele. Cada ruga, cada cicatriz, cada dobra. Para não esquecer... Aproveitar aquele momento como se fosse ...

Nos deitamos na cama, ele beijava o meu corpo com apego, e delicadamente procurava o caminho entre as minhas coxas. Nos amamos com carinho, serenidade, e sofregamente. Era como se estivéssemos unidos de uma maneira que nunca estivemos antes.

Certo momento, Edgar estava em cima de mim, e se mexia de modo suave. Eu estava naquele torpor quase transcendental, e uma emoção forte tomou conta de mim. Eu não aguentei e comecei a chorar.

Edgar parou e me olhou com doçura, ele colocou a mão no meu rosto e perguntou:

– Meu amor, me desculpe, eu te machuquei?

– Não... estou bem... É só que... – eu ainda chorava, ele sorriu e delicadamente beijou a minha face e meu nariz

– Quer que eu pare?

– Não, por favor... Continue.

E ele continuou com igual cuidado. Depois de um bom tempo quando estávamos saciados, Edgar me abraçou apertado. E nós dormimos assim. Parecia que ele não queria me soltar. Que eu ficaria nos braços dele para sempre... Até que seria bom... se isso pudesse ser concretizado. Pois quando estávamos assim era como se não houvesse nenhum problema ou ninguém nos separando.

Percebi quando Edgar se mexeu e se levantou. Ainda estava escuro. Eu podia fingir que não estava acordada, mas preferi vê-lo partir:

– Eu tenho que ir, meu amor. Meu trem sai cedo. Mas volto logo.

– Edgar... – não consegui falar, minhas lágrimas voltavam

– Meu amor... está tudo bem... Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – ele se sentou na cama

– Não prometa o que não está ao seu alcance...- me sentei ao seu lado

– Laura, eu não devia prometer... mas é que tenho esperanças porque – ele fez uma pausa-... Eu te amo. Sempre vou te amar – me beijou com vontade e eu correspondi

Depois ele segurou minha mão e ficou me olhando. Não sabia como agir. Parecia indeciso. Nós ficamos calados por uns momentos, a situação já ficava estranha :

– Eu te amo , Edgar ... – resolvi falar o que sentia também

Ele se levantou e saiu com um sorriso tímido. Quando já estava no corredor, falei baixo para ele não ouvir:

– ... Mas só o amor não é suficiente.

Joguei meu corpo no colchão e fiquei parada olhando para o teto. Minhas lágrimas eram abundantes. O tempo foi passando, e eu escutei o som do dia amanhecendo.

Me levantei... enxuguei minhas lágrimas... me vesti e comecei a arrumar malas.



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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Eu escrevi a noite de Laura e Edgar com tanto carinho... Ficou legal? alguém se emocionou? Sei que insinuei fortemente (embora nao tenha sido direta) durante o capítulo o que Laura irá fazer, assim creio que vocês já sabem, ou não? Qual é o plano de Laura? Alguma expectativa em relação a isso? O que acharam? Pessoal, o que eu chamo de primeira fase da história está chegando ao fim. Eu espero que tenham gostado até aqui... e que comentem muito, pois sou dependente dos comentários de vocês(a regra dos 10 comentários tá valendo e vai valer até o fim kkk). Espera que estejam na espectativa da segunda fase, eu gostaria de colocar o próximo capítulo amanhã e se tiver tempo e comentários, tentarei com afinco colocar...



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