Sentei-me na mesa reservada pelo tal misterioso, e fiquei olhando para a expressão de todos ali presentes numa tentativa inútil de descobrir quem era o tal.

Depois de um tempo, levantei-me, um tanto decepcionada e impaciente, e comecei a andar pelo salão.

Tudo estava perfeitamente decorado, e todos pareciam realmente se divertir.

Cake dançava com Lord Monocronicórnio, e ria ao mesmo tempo. Fionna e Flame Prince conversavam. May e Gumball estavam sumidos, mas eu tinha certeza de que estavam se divertindo.

Pensei em Marshall, e em suas tristes palavras. Então, automaticamente comecei a procurá-lo.

Meus olhos buscavam loucamente um ser flutuante e pálido, mas nada foi encontrado.

– Ele não veio... - Falei comigo mesma, em um tom melancólico.

– Está me procurando? - Uma mão gélida tocou meu ombro. Me virei e deparei-me com o ser que meus olhos precisavam tanto ver.

– Marshall, eu...

– Marshall Lee! Marshall Lee! - Minha tentativa de formar uma frase fora cortada por gritos histéricos que vinham por detrás do menino.

Um grupo de garotas vinha em nossa direção, sorrindo e acenando, com maçãs e objetos vermelhos em suas mãos.

– Tsc... - Pude ver Marshall rangendo os dentes, e franzindo o cenho.

– O que foi? - Disse curiosa, olhando pra multidão de garotas gritando.

A mão do menino tocou a minha, e logo seus dedos entrelaçaram-se nos meus.

Quando percebi, estávamos correndo em direção à enorme janela que tinha no salão.

Marshall saltou, pousando suavemente no peitoril da mesma. Sua mão branca parou em minha frente e eu me senti obrigada a pegá-la.

O vampiro me puxou para o peitoril, e sorriu ironicamente.

– Que tal uma dança a luz do luar?

– Sem chance, da última vez que eu confiei em você, eu fui jogada em várias árvores e espinhos. - Soltei sua mão e cruzei meus braços em uma tentativa de recusar o "pedido".

Ele revirou os olhos e me agarrou, levantado-me a força.

Quando voltei a raciocinar, já estávamos na sacada do quarto de Gumball.

Marshall sentou-se e me encarou com o mesmo sorriso de antes.

– Doeu? - Sua língua bizarra saía de seu sorriso, o qual me entregava com tanto prazer.

– De qualquer forma, não iríamos dançar a luz do luar? - Engoli meu orgulho por alguns minutos e retribui o sorriso irônico.

– Não, eu só queria uma pretexto para poder fugir daquelas garotas. - Sua mão estava passando entre seus cabelos que pareciam mais bonitos iluminados por aquela luz natural. - Por que? Você esperava dançar comigo? - O sorriso zombeteiro havia voltado.

– Sim, pois é isso que as pessoas normalmente fazem em bailes.

– Mas você não disse que não queria vir comigo? - O sarcasmo saiu de sua boca tão próxima ao meu ouvido e deixou-me tensa por alguns segundos.

– Mesmo assim. - Fechei meus olhos, tentando proteger meu ego ferido.

– Tem certeza que quer dançar? Por que não algo mais... Interessante? - De imediato, a piadinha interna fora recebida e processada com sucesso.

– Idiota... - Empurrei-o evitando olhar em seus olhos, o que fez com que ele caísse na gargalhada, pois qualquer coisa que me constrangesse era engraçado para ele.

– Mas vai dizer que não gostaria? - Seus olhos negros e seu sorriso estavam perigosamente pervertidos.

– Marshall!

– Tudo bem, eu paro. - Sua boca me mostrava um sorriso brincalhão.

Fiquei encarando-o, admirando aquele sorriso que o deixava ainda mais belo.

Em pouco tempo, seus dedos apalpavam o laço verde água que prendia alguns fios do meu cabelo.

– Você está parecendo uma criança. - Sua expressão era de puro tédio. - Ficaria melhor sem isso. - Logo depois das palavras serem reproduzidas, seus dedos desfizeram o laço e meu cabelo caiu em meu rosto.

Aquela ação me deixou sem palavras. Apenas fiquei imóvel, perdida naquela sensação.

Em pouco tempo, Marshall já estava bem perto de mim. Próximo o suficiente para sussurrar coisas em meu ouvido.

– Eu vou te beijar, você deixa? - A única coisa quente em Marshall eram suas palavras. - Por outro lado, você não tem escolha...

Sem tentar resistir, ou respirar, toquei sua nuca que estava escondida em seus negros cabelos. Sua mão deslizou até chegar a minha cintura.

Seus lábios cinzentos tocaram os meus num beijo tão singelo que me fez desmoronar por dentro.

Suas presas encostaram nos meus lábios rosados e mordiscaram-nos suavemente.

Quanto mais próximo nós estávamos e a cada vez que soltávamos um ao outro para poder recuperar o fôlego, o céu negro parecia mais iluminado pela gigante lua que nos acalentava naquela noite.

Tantas coisas incertas, mas a única certeza que eu tinha naquele momento, era de que eu amava o garoto que me segurava com tanta... Necessidade.