O Coração da Areia escrita por LadySchiffer


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Ok... Joguem pedra em mim. Eu demorei pra postar >///



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Passei a manhã inteira fazendo o meu novo trabalho, cuidando dos idosos do hospital. Devo dizer que não foi nada desgastante, na verdade fiquei um pouco desanimada depois que o Mutsuhiro foi embora, não pelo fato dele ter ido, mas por perceber que eu fui destinada a uma ala que não tem uma atenção muito grande. Eu previa que por ser discípula da Shishou me colocariam em uma área considerada mais renomada, como a emergência, mas fui totalmente equivocava, mas confesso que pensando nisso agora me sinto feliz pela decisão. Isso quer dizer que não sou superestimada, vou subir os “degraus” por meus méritos, assim espero, e mais... Conheci um senhor bem idoso com a saúde já bem fragilizada pelo tempo e também por suas antigas atividades shinobis, um bom velhinho que tem muitas histórias para contar além de ser bem humorado.

Cuidando dos meus pacientes nem vi o tempo passar, foi como se minha manhã tivesse passado voando enquanto eu retornava a ativa, isso é, cuidava dos meus pacientes e voltava a fazer minhas atividades de médica que eu tanto sentia falta. E foi assim, sem perceber que me vi sendo puxada pelo Mutsuhiro para almoçar como ele havia me falado mais cedo. E cá estou caminhando na rua com ele ao meu lado...

– É aqui Sakura-chan. – foi o que o ouvi dizer antes de me puxar para trás, já que eu havia passado da porta do restaurante enquanto pensava no meu dia – Você é sempre distraída? Porque até agora você me pareceu viver em outro mundo.

Quando terminou de falar ele gargalhou e o som da sua risada era tão bom que me fez o encarar... E logo avistei aqueles dentes brancos e perfeitos surgindo de uma boca levemente rosada. Acabei rindo junto com ele.

Reparei que estávamos no restaurante apenas quando Mutsuhiro abriu os olhos e pude ver os castanho-amarelados me encararem.

E agora prestando atenção o bastante no ambiente posso perceber que não é o tipo de lugar que eu costumo frequentar, é bem requintado, diria que muito luxuoso para apenas um almoço de descanso entre períodos do trabalho. Será que não existe outro aqui perto que seja menos sofisticado?

Um garçom que veio ao nosso encontro nos pediu para segui-lo. Realmente não é um lugar que eu viria se fosse comer com meu amigo Naruto, não que sejamos pobres ou sem classe, mas não é aquilo com que estamos habituados e também. Que tipo de pessoa come num lugar como esse durante o almoço de trabalho?

Pensando bem, isso parece bem caro. Acho que não trouxe dinheiro suficiente, provável que meu almoço seja apenas um copo d’água. Maldito Mutsuhiro.

– Então Sakura-chan. Escolha o que quiser, eu irei pagar. – ele disse sorrindo como sempre.

Eu o amaldiçoo e ele diz que vai pagar minha comida. O que eu quiser? Bendito Mutsuhiro. Mas não posso aceitar, seria um abuso da minha parte. Se bem que ele nem me avisou em que tipo de restaurante grã-fino ele me traria e mais, ele me convidou.

– Ahh, Mutsuhiro. Não posso aceitar. – disse por educação já que acho mesmo que ele me deve esse almoço.

– Sakura-chan, eu insisto. Por favor, aceite. Sinto-me obrigado a pagar este almoço. – seu sorriso diminuiu dizendo isso, mas não sumiu por completo.

Que mal há em aceitar logo? Ele acha que deve pagar, eu acho que ele deve pagar. Estou com fome e o quanto antes isto for resolvido, mais rápido comerei.

– Se você se sente desse jeito, tudo bem, pode pagar. Mas que fique claro que não insisti para que fizesse isto.

O sorriso dele se alargou tanto depois que terminei minha frase que nem me senti mal em usa-lo desse jeito. Ele estava feliz e eu comeria. Fim.

Peguei o cardápio e comecei a olhar os pratos a fim de decidir qual seria o eleito para me dar forças para a tarde que viria. No entanto, uma voz melodiosa invadiu meus ouvidos ao mesmo tempo em que o cardápio era tirado de minhas mãos.

– Sakura-chan. Sakura-chan. Sua boba. O que pensa que está fazendo? Já fiz nosso pedido. – Mutsuhiro disse infantilmente.

– E posso saber quando fez isso? – perguntei meio abismada.

Ele riu.

– Assim que sentamos e você estava com cara de boba pensando em sei lá o que enquanto o garçom esperava sua resposta. – e completou cantarolando – Boba. Boba. Boba. Sakura-chan é muito boba.

Como alguém pode ser tão infantil?

Tentava achar explicações para minha própria pergunta mental quando minha atenção foi totalmente capturada pelo ser que estava adentrando o restaurante. Aquele homem de postura imponente, semblante calmo e fechado, lábios avermelhados que coloriam o rosto alvo e combinavam com os fios de seu cabelo ruivo. Como alguém poderia ser tão belo? Gaara com certeza foi esculpido com o melhor material, pelo melhor artesão e este estava sem a mínima pressa, pois acrescentou vários detalhes que tornam este homem completamente admirável. Assim como suas íris verde-opacas que ganham um destaque ainda maior por se encontrarem no meio das linhas escuras que envolvem os seus olhos... Olhos que agora percebo estarem fixos em mim.

Ele sentou-se na mesa disposta a frente da que eu me encontrava, se assentaram com ele os homens que o vieram acompanhando, imagino que sejam diplomatas de outras vilas por suas vestimentas. Em falar em roupas, devo fazer uma nota mental, o Gaara fica muito lindo com essa roupa de Kazekage.

Sorri para Gaara que retribuiu com um pequeno ajeitar de sua cadeira para que pudesse continuar me observando através do espaço entre as cadeiras de dois dos homens que haviam se sentado a sua frente.

– O que você e o Gaara-sama têm um com o outro? – sussurrou alguém perto do meu ouvido, tão perto e tão inesperado que me assustei e me inclinei violentamente para o lado contrário de onde vinha essa voz.

Estava realmente assustada olhando para o ser que me sorria mostrando dentes perfeitos. Demorei a raciocinar e finalmente lembrei que era o Matsushiro que estava comigo no restaurante antes do Gaara aparecer... Ah não, é Mutsuhiro. Enfim, esse idiota realmente me assustou.

Espera... Porque esse pseudo-organizador de horpital não pára de me encarar?

Voltei a minha posição anterior enquanto suspirava e percebi os olhos verde-opacos que nos encaravam como se estivessem curiosos. Mas o dono deles pareceu logo nos esquecer porque voltou os seus olhos para um senhor a sua direita que lhe falava algo.

Aposto que por ser Kazekage, apenas por isso, mas a comida da mesa do Gaara chegou primeiro que a nossa. Então pude observá-lo comer. Ele comia mecanicamente, mais ouvia os diplomatas do que comia. E seus olhos me encaravam vez ou outra.

Após um longo tempo, depois que já estávamos comendo também, Mutsuhiro finalmente voltou a se manifestar.

– Então Sakura-chan, o que você tem com o Gaara-sama?

Acho que fui amaldiçoada, passar a vida sendo perseguida por loiros intrometidos. Ino, Naruto, Temari e agora mais um.

– Como você já deve saber, estou passando um tempo na casa da família do Gaara-sama. – decidi responder.

– Sim, isso eu já sabia mesmo. Mas quero saber o que você sente por ele. – ele terminou sorrindo e esperando que eu respondesse.

– Sou grata por me deixar ficar em sua casa. – eu já estava começando a ficar nervosa e tentando ao máximo fugir desse assunto.

Ele gargalhou e acho que atraiu a atenção do restaurante inteiro, vi Gaara nos encarar. Mutsuhiro me puxou para próximo dele e com sua boca quase tocando minha orelha, ele sussurrou.

– Não sabia que gratidão fazia você olhar alguém como se o desejasse.

Eu não soube como reagir ao comentário dele, aposto que estava enrubescida. Os olhos de Gaara agora estavam estreitos, parecia forçar o maxilar, ele estava de uma maneira um tanto quanto assustadora. Nesse momento o loiro já havia me soltado, mas eu ainda estava na mesma posição que ele me deixara, eu não sabia como reagir a tudo isso. Decidi voltar a me sentar na cadeira como antes, baixar a cabeça e observar parte da minha refeição que estava no prato.

– Vamos Sakura-chan. Nosso horário de almoço não dura a tarde inteira. – ele já havia ido pagar nosso almoço.

Levantei e o segui, mas não sem antes apreciar o ruivo. Fui da nossa mesa até a saída do restaurante olhando para ele, no entanto não voltei a encontrar os seus olhos.

O caminho de volta ao hospital não foi silencioso como eu gostaria que tivesse sido, na verdade o Mutsuhiro não se calou por um segundo, o que foi relativamente bom já que eu não precisei falar nada e nem prestar atenção no que ele dizia. A expressão intimidante no rosto do Gaara não saia da minha cabeça e nem a frase do Mutsuhiro, eu sabia que o que eu havia dito não era mentira. Eu realmente sou grata ao Gaara, claro que há outros sentimentos que eu sinto por ele, mas não é algo que eu contaria para alguém que acabei de conhecer. E do jeito que este loiro parece ser, é provável que hoje mesmo Suna inteira estivesse sabendo dos meus beijos com o Kazekage.

A tarde passou relativamente normal se comparada ao hospital em Konoha e logo eu já estava voltando para a casa dos Sabaku. O céu já estava escurecido e eu sabia que uma hora dessas a Temari já estava tentando preparar o jantar. O Gaara com certeza chegará tarde novamente, mas eu irei espera-lo para ver se posso conversar com ele esta noite.

Quando atravessei o portãozinho e já estava para chegar na porta da casa, Naruto saiu por ela e me cumprimentou daquele jeito acalorado que só ele conseguia fazer.

– Hei Sakura-chan. Como está? Como foi o trabalho? Você já comeu?

– Boa noite Naruto. Estou faminta. - eu ri.

– Ah, que ótima notícia, também estou quase morrendo de fome. – ele riu e depois completou com uma cara de dor - Que saudade do tio do lamen.

Ele pareceu se lembrar de outra coisa, riu sozinho de algo que parecia bem engraçado e depois pareceu preocupado, por fim decidiu me envolver nas suas lembranças.

– Sakura-chan... Aquele dia com o Gaara, eu atrapalhei vocês. Já conseguiram se acertar?

Por que todos querem saber da minha vida amorosa agora? Antes com o Sasuke ninguém queria nada, mas com o Gaara parece ser do interesse de todos. Mas para o meu amigo eu não mentiria não é?

– Não tenho nada com ele.

Errado. Eu mentiria para ele também. Não consegui evitar, o pânico tomou conta de mim. Meu amigo apenas riu e disse o que era obvio.

– Você quer tentar mentir para mim? Já não sou mais aquele bobo, consigo perceber melhor as coisas agora.

Eu decidi ser a mais sincera que eu poderia ser naquele momento.

– Naruto... Eu estou confusa. Quer dizer, acho que tudo está indo rápido demais. Em um momento eu só penso no Sasuke e quando reencontro o Gaara, o meu mundo parece mudar. Mas isso é certo? Esquecer meu amor de infância, meu primeiro amor, aquele que era o meu sonho por alguém que eu nem convivi? Eu não sei o que sinto pelo Gaara. E se for apenas atração ou sei lá? Vou acabar machucando ele também.

Meu amigo se aproximou de mim e bagunçou meus cabelos.

– E se vocês puderem se amar? Não acha que ele é digno o bastante para fazer você se arriscar?

Quando pronunciou a última silaba da pergunta, escutamos o portãozinho se abrir. E lá estava ele, Gaara, nos olhando. Eu sorri e murmurei.

– Não há pessoa mais digna. – depois falei alto o suficiente para que o ruivo conseguisse ouvir – Boa noite Gaara. Chegou cedo esta noite.

Naruto o cumprimentou e logo entrou na casa nos deixando sozinhos. Mas Gaara pareceu não se importar com essa vantagem que o loiro havia nos dado e já seguia para acompanha-lo. Decidi tentar mantê-lo lá, apenas comigo, sem dividir com mais ninguém.

– Eu o vi hoje almoçando no restaurante.

Ele não virou para me encarar, apenas parou no caminho como se esperasse que eu continuasse a falar. E foi o que eu fiz para não o perder.

– Eu estava lá com o Mutsuhiro, fomos almoçar.

Depois do nome do Mutsuhiro ser mencionado, ele se virou e me observou. Ele não estava assustador, estava calmo e lindo com a luz da lua iluminando sua pele. Mas continuou calado. Lembrei-me do que aconteceu de manhã e quis perguntar a ele sobre o assunto.

– Gaara... No café da manhã, eu disse alguma coisa errada?

Ele continuou me observando sem dizer nada. Achei que fosse um assunto que não o agradasse e resolvi tentar outro rumo para a conversa.

– Durante o almoço você ficou olhando estranho para a mesa que eu estava sentada.

Ele continuou apenas lá, olhando.

– Eu incomodo você, é isso? - tentei a última vez.

Como não houve resposta nenhuma, eu segui para a entrada da casa. Mas quando eu tentava passar ao seu lado e alcançar a porta, ele se moveu e barrou a minha passagem. Ele não me olhou por um bom tempo, apenas suspirou e segurou meus pulsos.

– Sakura, eu fiquei incomodado sim nessas duas situações. Eu ainda não sei como lidar com meus sentimentos, estou vivendo algo novo.

Eu estava feliz. Isso era uma declaração e sabendo sobre o Gaara, isso era um grande passo. Só que eu não conseguiria ficar apenas com essas informações, não mesmo, agora eu queria mais do que ele tinha me fornecido.

– O que te incomodou então? - arrisquei.

O ruivo ruborizou e eu sorri com isso aguardando pelo gran finale.

– De manhã foi o fato de não ter acordado cedo por mim quando achei que a nossa noite havia sido agradável para você. – ele parou e pareceu ponderar as próximas palavras – Com o Mutsuhiro, eu não gostei da proximidade de vocês.

Comecei a rir, minha reação foi inevitável, e ele pareceu chateado com isso. Então me aproximei dele e o beijei. Sim, eu estava beijando o ruivo a minha frente.

Ele soltou meus pulsos, e eu aproveitei para guiar minhas mãos até a sua nuca, enquanto a sua mão esquerda já se encontrava na minha costa e sua mão direita acabava de chegar para acariciar meu rosto. Nossos corpos se colaram para que nossas bocas tivessem um maior contato, e nossas línguas dançavam animadamente. Sua boca tinha um gosto que misturava a hortelã e o alecrim.

Nós partimos o beijo para buscar o oxigênio. Avistei na janela da casa três pares de olhos que nos observavam.

– Gaara...

Mas ele me interrompeu suspirando.

– Sim, eu já os vi.

Comecei a rir, entrelacei uma de suas mãos com a minha e entramos para jantar com aqueles fofoqueiros.


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