When Smiled You Knew escrita por Roses in misery


Capítulo 52
How we met


Notas iniciais do capítulo

Ai caramba. É com um peso no coração e uma felicidade de quem achava que não iria conseguir, que apresento ladies and gentlemens o último capítulo.
Esta autora não tem palavras suficientes para dizer o quanto está feliz, então aproveitem o capítulo.
Boa leitura.



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Seis meses depois.

–Não consigo acreditar.- Enjolras murmurou sentado à mesa dos pais, o cabelo ainda úmido do banho.- Um mês atrás ela estava rindo aqui... E agora, o lugar está vazio! Eu sinto tanta a falta dela.- admitiu para o pai que estava sentado ao seu lado.

O homem também observou o lugar onde a esposa um dia ocupou, dando um suspiro pesaroso.

–Você acaba se acostumando.

–O senhor já se acostumou?- retrucou encarando o pai.

Sr. Lavrefe encarou as próprias mãos.

–Não. Ainda não. Sempre que chego procuro por Natalie...

–Então por que continua aqui sozinho? Olha, venha morar no meu apartamento... ou então eu posso voltar a morar aqui para que o senhor não se sinta tão solitário.

O pai de Enjolras revirou os olhos para o filho e se levantou.

–Filho, você não conseguiu pisar na casa durante um mês. Não creio que consiga morar aqui.

Enjolras franziu a testa. O pai estava certo, só de pensar em ter que morar naquela casa ele já se sentia mal fisicamente. Estava torcendo para o pai descartar aquela opção, não aguentaria viver com a culpa todos os dia antes de dormir.

–Não foi culpa sua, Enjolras.- Sr. Lavrefe falou sério encarando o filho, que desviou o olhar para a ponta do sapato do pai.

–Então creio que o senhor deveria ir morar comigo.

–Ora... Mon Dieu, Enjolras! Não. Foi. Culpa. Sua! Foi um acidente que poderia ter acontecido com qualquer um.

–Eu deveria tê-la levado no médico. Eu sabia que a mãe tinha problemas de saúde. Fui um burro por ter deixado ela me convencer que estava tudo bem!

–É. Pensando bem, você tem razão. Você é um burro, estúpido e quantas outras coisas você quiser ser. Eu o julgo culpado.

Enjolras levantou os olhos surpresos com o tom de voz que o pai usou, como uma criança assustada.

–Enjolras, pare de se culpar por tudo que acontece na vida das pessoas. Você não é responsável por elas. O médico mesmo disse que é mais comum do que se pensa o que aconteceu. Você se lembra como Joly disse que se chama?

Enjolras assentiu com a cabeça.

–Um intervalo lúcido.

–Sim, não tinha como você saber. Se fosse esse o caso eu deveria estar me martirizando agora também, pois eu não percebi nada. Bem... só percebi quando a encontrei.

–Ainda acho que o senhor deveria vir morar comigo.- Enjolras repetiu.

–Enjolras, eu não vou abandonar aqui. Não vou fugir só porque sinto saudades de sua mãe... Falando em saudades.- Sr. Lavrefe saiu da cozinha em direção ao escritório, voltando com um papel amassado.- Achei isso no lixo da sua sala. Não que eu estivesse fuçando o seu lixo e sendo um pai tirano e controlador... Ele apenas me chamou a atenção por ser vermelho.

Enjolras observou o papel. Não precisava ler para saber quem o tinha escrito.

–É de Éponine.- respondeu dando de ombros.

–Ah.- o pai de Enjolras voltou a se sentar.- Sua mãe gostava muito dela...

–Todo mundo gostava muito dela.

–Já daquela sua última namorada... como ela chamava? Thalita?

–Thaís,pai.

–Isso mesmo! Já dessa Thaís, ela não gostava muito não. Ela dizia que sentia que você era mais feliz com a Éponine... chegou até a dizer que era uma pessoa melhor com ela.

–Muitas pessoas não gostavam da Thaís. E eu era, digo, mais feliz com a Éponine. Mas ela escolheu nosso futuro...

Sr. Levrefe olhou para o bilhete amassado em suas mãos com uma careta.

–Se muitas pessoas não gostavam dela, então por que ficaram juntos?

–Porque quem namorava ela era eu, e não os outros. Os outros não tinham nada a ver com minha vida.

–Sabe... sua mãe e eu só nos casamos quando os amigos dela aprovaram.

–Que sorte a minha que eu não decidi casar com ela.- Enjolras murmurou ironicamente.

–Você foi encontrá-la?- o pai lhe perguntou com tanta serenidade,que ele se perguntou onde estava querendo chegar com todo aquele interrogatório.

Enjolras negou com a cabeça.

–Não. Seis meses antes ela estava casada e disse que não tinha mais jeito para nós. Ela disse que estava me “libertando”. Estou cansando disso,pai.

–Disso o que?

–Quando ela decide aparecer, chega esperando que ninguém tenha seguido com a vida. Ela realmente esperou que dessa vez eu iria correr atrás dela? Éponine tem que descer do pedestal em que se colocou e ver que nem tudo na vida é como queremos que seja.

–Muitas coisas podem mudar em seis meses, você sabe disso. Ela podia estar querendo pedir desculpas para você.

–Ou me dar um tapinha nos ombros e dizer “sinto muito pela sua perda”. Éponine parece inofensiva, mas é perigosa. Se ela quer pedir desculpas,sabe onde me encontrar. Eu não corro mais atrás dela.

– Isso me soa como orgulho ferido.

–E é, pai. É. Thaís e eu terminamos por causa dela. Detalhe que nem aqui ela está morando mais.

–Vou mandar uma carta para garota agradecendo por ser o motivo do rompimento. – falou debochado,com a intenção de irritar o filho que se recusava a olhar em seus olhos.- Eu também.- disse por fim se levantando e passando uma água na xícara que estava bebendo café.

Enjolras se levantou e fez o mesmo, acompanhando o pai pela casa.

–Também o que?- indagou confuso.

Sr. Lavrefe fechou a casa com toda calma que se permitia sentir, em silêncio.

–Também gostava muito dela, assim como sua mãe.- respondeu por fim,quando trancou a porta.- E eu sei que você está se segurando para não ir atrás dela. Acredite filho, você não foi a única pessoa que ela mudou. Você sabia que ela vinha regularmente visitar sua mãe? E mesmo depois que foi embora sempre ligava para saber como estava.

Enjolras encarou o pai surpreso com a revelação. Não fazia a mínima ideia de nada daquilo.

–Uma vez que eu conversei com ela... Logo que ela foi embora, a garota me deu uma bronca. Sabe quantas pessoas tem a audácia de me dar uma bronca ainda mais por telefone?- Sr. Lavrefe balançou a cabeça como se não acreditasse.

–O que ela disse?- sua voz mal saiu.

–Ela me disse que eu tinha que engolir meu orgulho e lhe pedir desculpas. Que você nunca fez nada de errado, era o homem mais maravilhoso e carinhoso... a sua maneira, que teve o prazer de conhecer. Que um dia eu olharia para o lado e me encontraria sozinho, e eu deveria saber que não existe nada pior que se encontrar sozinho. Também me disse que você admirava o homem que tinha sido um dia. Eu precisava voltar a ser aquele homem.

Enjolras não disse nada. Estava sem palavras.

–E a maldita garota estava certa. Pouco tempo depois,quando tive que correr com sua mãe para o hospital a primeira vez, você se lembra? Quando apareci na sua porta?- Enjolras assentiu levemente.- Percebi que precisava do meu filho e de como eu sempre fui o errado. Então meu filho, não deixe as coisas passarem pelos seus dedos por causa do orgulho. Sua garota tem uma maneira meio torta de resolver as coisas, mas se ela realmente te faz feliz e um homem melhor, se é que é possível, não a deixe escapar novamente.

[...]

Muitas coisas tinham acontecido na vida de Enjolras... talvez nem tantas coisas assim, mas o suficiente para ele querer sossegar por um tempo e só pensar em seu trabalho.

Uma semana após chegarem da casa dos pais de Cosette, Thaís começou a dar indiretas, até que se tornou insuportável passar mais de cinco minutos no mesmo cômodo .

E ele tinha achado que Thaís tivesse entendido e levado em uma boa quando contou tudo o que aconteceu na casa da árvore.

“-Isso mesmo!- ela gritou em uma manhã, enquanto Enjolras engolia alguma coisa rapidamente.- Saia como você sempre faz, sem nem mesmo falar comigo.

–Thaís, eu não falo com você porque não quero te acordar.

–Aposto que acordava a Éponine. Aposto que ela nunca teve que se contentar com bilhetinhos colados na garrafa de suco.

–Se eles te incomodam tanto eu paro de escrevê-los- falou sem se alterar.

–Eu quero que você se importe comigo!- Thaís disse fazendo um biquinho, gesto que irritava Enjolras profundamente.

–Eu me importo. Agora preciso ir.- se aproximou para dar um beijo na mulher.

–Então passe o dia comigo.- pediu autoritária.

Enjolras parou e a olhou como se estivesse ficado louca.

–Éponine me dá um tempo.- pediu sem paciência e percebeu o erro assim que viu a garota arregalar os olhos.- Thaís. Thaís.- repetiu como se para se fixar em sua mente.

–Ela sempre vai estar entre nós, não é?

–Foi você quem a colocou, Thaís. Preciso ir.- e saiu rapidamente, ignorando as palavras ferinas que a garota despejava.

[...]

Na semana seguinte, quando Enjolras chegou do escritório,encontrou todas as malas de Thaís arrumada.

–Estou indo.- avisou.

Enjolras olhou tudo ao redor e deu de ombros.

–Tudo bem.

–Estou dizendo que está tudo acabado entre nós.

Enjolras assentiu, as mãos no bolso, o rosto impassível.

–Tudo bem.- repetiu. Já estava claro para ele isso. Thaís não olhara em seu rosto a semana toda e havia se mudado para o quarto vazio. Era só uma questão de tempo.- Precisa de ajuda com as malas?- perguntou apontando. Pode ver a descrença e raiva surgindo no rosto de Thaís.

–Você é um idiota!- sibilou ao passar carregando duas malas por ele.

Enjolras suspirou e foi em direção da mala que sobrara.

–Eu sei.- concordou passando pela porta.

Entregou a mala na mão de Thaís que nem lhe dirigiu o olhar, entrando dentro do carro.

–E fique tranquilo que com a graça dos Céus, eu não estou grávida de você.

Enjolras sorriu e se afastou do carro, se virando brevemente.

–Eu nunca acreditei nisso, Thaís. Dirija com cuidado.- e entrou rapidamente no prédio.

Algumas horas depois recebeu uma mensagem de Combeferre.

“Eu te disse que isso ia acontecer”

Enjolras não respondeu.

Depois desse dia, Enjolras nunca mais teve noticias de Thaís. E se sentiu um pouco mal ao perceber que, tampouco sentia falta dela. Na verdade se sentia aliviado.

Nesse período que ele pode ficar sozinho, percebeu como era boa a vida de solteiro. Ainda tinha seu gato para recebê-lo quando chegasse em casa, mas fora isso não existia mais drama. Nada de tentar bancar o detetive tentando descobrir o que havia feito de errado.

Ele conseguira ganhar seu primeiro grande caso depois que ficou solteiro.

Sua vida estava de volta aos trilhos e ele gostava dessa sensação.

Até tudo mudar um mês antes.

Enjolras estava em casa com sua mãe, era hora do almoço e já estava atrasado, quando escutou uma pancada vinda do banheiro. Correu para ver e encontrou a mãe sentada no chão, a mão apertando a cabeça.

Ele sabia que estava atrasado. Seu celular não parava de vibrar e seu pai buzinava desesperadamente.

Enjolras perguntou o que ela estava sentindo, a ajudou a se levantar e disse que iria avisar o pai para poder levá-la para o hospital.

Natalie pousou a mão carinhosamente no rosto do filho e afirmou que estava tudo bem.

Ele insistiu mais uma vez.

Ela recusou,dando uma risada e o chamando de bobo. Lhe deu um beijo e disse o amava.

E então... Enjolras não insistiu mais.

Quando havia acabado de fechar a porta de seu apartamento aquela noite, exausto, seu celular tocou. Era seu pai.

[...]

Poucos dias depois que tudo aconteceu, Enjolras encontrou um bilhete vermelho com uma letra miúda rabiscada.

Sinto muito pela sua mãe. Ela era uma mulher incrível e queria ter tido mais tempo com ela. Não pude estar no enterro,contudo quero estar com você nesse período. Será que você poderia me encontrar na antiga ponte dos cadeados hoje à meia- noite?

Com amor,Ponine”

Enjolras encarou o bilhete que estava enfiado no meio de suas papeladas do escritório, logo em seguida o amassou, jogando-o no lixo.

“Não. Eu estou muito bem agora... Ou melhor que posso estar, depois de perder minha mãe. Não preciso de drama na minha vida.” Pensou, voltando a se concentrar no caso que estava lendo.

Enjolras o havia esquecido até aquela manhã, quando seu pai o questionou. Se esquecera até de perguntar para Marius se ela estava na cidade. Ele aprendera que trabalhar era a melhor opção para quem queria esquecer. E Éponine era um assunto que deveria ser esquecido.

Seu pai não tocou mais no assunto o resto da semana. Enjolras agradeceu mentalmente por isso. Não queria pensar em Éponine, quando tinha sido tão difícil tirá-la da cabeça.

[...]

–Levante daí.- Sr. Lavrefe invadiu o quarto do filho. Era uma segunda feira,e duas semanas haviam se passado desde aquela conversa. Enjolras decidira por seguir sua vida. Conversaria com Éponine se ela viesse procurá-lo, mas não iria ser ele a procurá-la.

Quem queria enganar? Ele estava louco para que ela viesse a seu encontro, desde que tivera aquela conversa com seu pai não conseguia pensar em outra coisa. “O que será que ela queria me dizer? Será que está tudo bem? Tenho que agradecê-la por ter estado presente na vida da minha mãe quando eu não me importava o suficiente para ir visitá-la”. Assim como queria poder contar que ele e seu pai conseguiram arrumar uma locação melhor para o orfanato de Emeri e como toda sexta os dois iam até a área pobre distribuir comida. Não era o jeito que ele queria mudar o país,mas com a idade percebeu que aquele desejo de poder governar a França sozinho, de querer mudar as coisas do dia para a noite, era tudo sonho de um jovem adolescente. Percebeu que ele já estava mudando, dentro do possível para ele. Percebeu que conseguia mais resultados sendo um homem, do que um mármore.

Ao mesmo tempo que não queria vê-la. Do que adiantaria afinal? Sabia que não poderiam ser amigos, não depois de tudo. Era inútil.

–Já estou levantando.- Enjolras murmurou contra o travesseiro.

–Ande logo. Tenho uma coisa para você fazer para mim antes de ir para o escritório.- o pai caminhou até a janela e puxou a cortina. Enjolras cerrou os olhos e se lembrou que estava em seu antigo quarto na casa dos pais. Chegaram tão exausto da viagem que fizera com o pai no dia anterior que ficara por ali mesmo.- Que vergonha. Trinta anos e ainda na casa do papai.- falou em uma falsa desaprovação.

Enjolras se sentou, coçando os olhos.

–Sou seu filho, não é mais que sua obrigação me aceitar aqui. O que o senhor quer que eu faça?

–Fiz algumas doações para a biblioteca de Sobornne. Preciso que leve os livros até lá para mim. Ande, pule da cama.

–Tudo bem.- Enjolras jogou as pernas para fora da cama e tomou impulso se levantando indo em direção ao seu antigo guarda roupa. Muitas de suas roupas haviam ficado lá,quando ele saiu de casa anos antes.

Se vestiu rapidamente, pegando seu casaco, aquele que ele adorava usar para ir para a faculdade todas as manhãs. Não podia acreditar que o havia esquecido ali.

Foi em direção a cozinha com a intenção de comer algo antes de sair,porém seu pai o interceptou no meio do caminho.

–Você compra algo para comer enquanto estiver indo. Vai logo.- o apressou colocando uma caixa em suas mãos.

–Posso pegar o carro? Assim vou mais rápido.

–Não. Você ta precisando emagrecer, vai ser bom fazer uma caminhada. Finja que ainda tem 20 anos e esta saindo escondido.

Enjolras estreitou os olhos e olhou para o pai que parecia ansioso. Por fim acabou dando de ombros e saindo para manhã fria de Paris, se encolhendo dentro de seu casaco.

Estava observando Paris despertando. Depois de tantos anos isso nunca mudara, ele gostava de ver os rostos sonolentos das pessoas começando o dia. O ar era mais puro. Aquilo o distraía.

Estava tão distraído observando tudo como se fosse a primeira vez e pensando quanto tempo demoraria para chegar ao escritório, que não percebeu a garota que veio em seu encontro até que já estivessem esbarrado.

Enjolras praguejou e se abaixou para juntar os livros de volta na caixa.

–Pardon, Monsieur.- a garota se desculpou, se abaixando para ajudar Enjolras a guardar os livros de volta na caixa.

Enjolras levantou a cabeça rapidamente, os olhos arregalados de surpresa enquanto encarava o rosto sorridente de Éponine para ele.

–Eu deveria prestar mais atenção.- continuou, enquanto terminava de guardar os livros na caixa.

Ele pegou a caixa do chão, ainda incapaz de fazer outra coisa além de encará-la.

Éponine porém continuava sorrindo para ele.

–Tu.. Tudo bem.- Enjolras murmurou.

–Monsieur.- ela falou se aproximando mais e tirando um mapa de dentro do casaco.- Poderia me dizer para que lado fica Cité internationale universitaire?

Então a mente de Enjolras clareou. Eles já haviam tido aquela conversa antes.

Ele limpou a garganta.

–Se a mademoiselle ir reto e pegar a direita já vai cair na Boulevard Jourdan. É lá que ficam os prédios.- conseguiu passar as instruções, sem em nenhum momento tirar os olhos do rosto de Éponine.

–Merci.- ela agradeceu e recomeçou a andar.- ir reto e pegar a direita já vai cair na Boulevard Jourdan.- saiu falando em voz alta.

Enjolras ficou parado ainda processando o que acabara de acontecer. Fora exatamente o que acontecera a primeira vez que se viram. Ele tinha a oportunidade de mudar o que não fizera a primeira vez. E... ela tinha ido o procurar, aquilo era a deixa, não era?

E então a atitude estranha de seu pai hoje lhe voltou a mente. Ele sabia, sabia que isso ia acontecer. Talvez os dois tivessem combinado.

Enjolras sentiu vontade de rir.

–Espere.- gritou saindo do transe quando finalmente entendeu. Éponine já estava bem distante, mas se virou e voltou andando em sua direção.- Como se chama?

–Je suis, Éponine. Et toi?- indagou segurando um sorriso.

–Enjolras.- respondeu equilibrando a caixa em uma mão e estendendo a outra para Éponine que a apertou imediatamente.- Por acaso seria muito estranho se eu a convidasse para tomar um café... comigo? Agora?

Finalmente o sorriso que Éponine estava segurando apareceu.

–De jeito nenhum, eu adoraria.

–Se importaria de me acompanhar antes até a biblioteca, mademoiselle?

–Claro que não, Monsieur. – balançou a cabeça negativamente andando ao lado dele.- Obrigada por me informar. Faz anos que não venho a Paris, havia esquecido onde ficava.

–Mesmo?

Éponine assentiu.

–Saí de um casamento recentemente.- explicou olhando para os próprios pés.- Ele era uma cara legal, porém detestava Sartre. E isso Monsiuer, é inaceitável.

–Por isso o casamento acabou?- questionou Enjolras parando e olhando para o rosto da morena.

–Não. Acabou porque... eu amo outro. E além de eu amar esse cara, ele gosta de Sartre. Não precisa ser muito inteligente para saber quem eu devo ficar.- ela soltou um suspiro dramático recomeçando a andar.- Por mais que eu fui uma idiota o abandonando sem motivos. E mais idiota ainda por ter dito que eu o libertava de mim. Contudo não sou tão forte, me arrependi das palavras assim que elas saltaram de minha boca. Agora estou aqui, de volta para Paris na intenção de ver se esse cara maravilhoso que ajudar essa garota sem rumo a achar seu caminho.

Éponine se postou na frente de Enjolras, o encarando, respirando pesadamente.

–Eu estou tão arrependida de tudo que fiz nós dois passar. Mas eu era jovem e achava que sabia de tudo. Agora eu sei mais do que sabia quando tinha 18 anos. Não tudo, mas com certeza sei mais. Sei agora que fugir não é a resposta para tudo. Que aqui é meu lugar, ao lado dos meus amigos e do homem que eu amo. O monsieur acha que ele pode me perdoar?- indagou o olhando fixamente nos olhos.

Enjolras sorriu, não conseguiu evitar.

–Eu acho...- Enjolras começou, colocando a caixa no chão.- Eu realmente acho que sim.- e a puxou lentamente para si, colocando seus lábios frios nos dela. Éponine o envolveu com os braços, se segurando a ele como se para se manter na Terra.

–Ainda bem.- murmurou aliviada se separando dele.- Quando não apareceu para me encontrar achei que estaria tudo perdido.

–Eu estava determinado a não te procurar.- explicou.

–Eu sei.- respondeu simplesmente.

–Meu pai?

–Sim, venho conversando bastante com ele nos últimos tempos. Ele me ajudou hoje. Nós dois imaginamos que talvez se nos “esbarrássemos” e nos conhecêssemos de novo,ainda teríamos uma chance.

Enjolras ficou pensativo por um momento.

– Que foi?- quis saber Éponine, preocupada com a feição no rosto do homem à sua frente.

–Só me prometa que quando for embora de novo, irá me avisar.- pediu.

Éponine colocou a mão no rosto de Enjolras.

–Fique tranquilo que eu nunca mais vou sair daqui.- prometeu e Enjolras pode ver em seu olhar que isso era verdade.

–Que tal irmos logo deixar esses livros na biblioteca e comermos alguma coisa? Meu pai não me deixou pegar nada.

–Eu acho isso uma ideia excelente.- concordou Éponine passando o braço pelo de Enjolras.


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Notas finais do capítulo

Último capítulo, mas como essa autora é boazinha ainda tem um epílogo que vai ser postado tão em breve que é para se livrarem logo de uma vez de tudo.

Espero que tenham gostado.

Até mais!



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