When Smiled You Knew escrita por Roses in misery


Capítulo 23
Capítulo 23- Midnight in Paris


Notas iniciais do capítulo

Oii gente, capítulo novo, mas acho que não ficou lá aquelas coisas,mas eu tentei. Vou tentar melhorar no próximo.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359214/chapter/23

Na manhã seguinte, Enjolras rolou para o lado e sentiu a cama vazia. Ele abriu um pouco os olhos, não sabia exatamente o que esperava encontrar ao acordar,talvez Éponine aninhada em seus braços dormindo profundamente,ou ela de costas para ele ainda dormindo, ele poderia observá-la enquanto respirava lentamente. Ele poderia levantar primeiro que ela e comprar alguma coisa para o café da manhã.

Talvez era isso que ele esperava encontrar ao abrir os olhos, não a cama vazia e nem sinal de Éponine no quarto.

Ele se sentou e olhou confuso para o quarto. O banheiro estava com a porta aberta e não parecia que ela estava ali. Sua roupa ainda estava no chão,assim como o vestido que Éponine estava usando. Mas nenhum sinal dela.

Enjolras se levantou, usando o lençol para esconder as partes baixas e andou até o corredor com passos cautelosos. Pode ouvir a voz abafada de Éponine vinda da cozinha, ela cantava alguma música que ele não conhecia, a voz serena, soltando umas risadinhas,que Enjolras não entendia o motivo. Será que era alguma coisa relacionada a ele?

Ele escutou a voz ficando mais clara e soube que Éponine estava voltando para o quarto. Com passos rápidos mas silenciosos, Enjolras foi para o quarto e se sentou, tentou o máximo que possível que parecesse que havia acabado de acordar.

-Ah, bom dia.- Éponine falou encostada na porta olhando para ele com um sorriso. Enjolras se ajeitou na cama e coçou os olhos, encarando a garota que estava usando uma camisola lilás com detalhes de renda.

-Bom dia, Éponine.- ele respondeu, a voz rouca. Ele esperava que não ficasse constrangedor o momento,porque eles haviam transado e se não soubessem o que dizer depois de tudo o que aconteceu?

Éponine caminhou até ele e estendeu uma xícara para ele, o cheiro de café lhe atingiu em cheio. Ela se sentou na cama, de frente para ele, o observando levar a xícara a boca com uma certa admiração, como se ela estivesse vendo algo fantástico acontecer.

Enjolras então percebeu que tinha algumas palavras gravadas na xícara. Ele a afastou um pouco para que pudesse ler o que estava escrito.

“Você deve me permitir dizer a você... O quão ardentemente eu admiro e amo você”

Era isso que estava escrito. Enjolras não sabia se isso queria dizer alguma coisa, ou se havia sido uma pequena coincidência .

-Orgulho e Preconceito.- Éponine falou por fim.- Você sabe quantos livros eu tive que ler até descobrir que essa frase pertence a esse livro? Foi assim que eu comecei a ler bastante. Eu vi essa xícara em uma feira de artesanato,logo que eu fui morar com Fantine e Valjean, achei essa frase fantástica. Perguntei se eles podiam comprar para mim e Valjean perguntou “tem certeza que é isso que você quer? Não quer escolher uma boneca?”- ela riu ao se lembrar, enquanto segurava a mão de Enjolras- Cosette tinha escolhido uma boneca linda, mas eu não me sentia a vontade de pedir nada,mas eles insistiam, então pedi essa xícara. Perguntei se eles sabiam da onde era essa frase e a mulher da barraca disse que era de um livro,mas não sabia qual.

-E assim você se tornou essa garota inteligente?- Enjolras perguntou levando a xícara a boca. Éponine sorriu e se inclinou para dar um beijo nele.

-Não é para tanto... Me desculpe por não estar aqui ao você acordar, usando sua camiseta.

-Tudo bem. Fica para a próxima.- Enjolras respondeu com um sorriso e Éponine deu risada.

-Venha comer.- ela falou se levantando.

-De novo?- Enjolras perguntou e Éponine se virou para ele com um sorriso divertido e o rosto um pouco vermelho.

-Ta muito engraçadinho hoje pro meu gosto Jojo- ela respondeu saindo do quarto.

Enjolras se levantou e vestiu a roupa. Ainda não podia acreditar que Éponine e ele estavam tendo alguma coisa.

Ele não podia deixar de se perguntar o que iria acontecer dali para frente.

A mesa da cozinha estava posta, pão de forma,suco e bolacha de pacote.

-Eu adoraria ter um banquete para te oferecer,mas infelizmente é isso que eu tenho aqui.-Éponine se explicou.- Mas eu faço um sanduiche de queijo delicioso se você quiser.

-Eu adoraria um sanduiche de queijo. Não existe melhor coisa.

-Não seja irônico, Enjolras.

-Não estou sendo- ele respondeu se sentando.

Éponine revirou os olhos e começou a preparar o sanduiche.

-Então você vai ir morar com a Augustinne?

-Até o momento sim, mas não tenho certeza.

-Não acho uma boa ideia.- Enjolras soltou enquanto se servia de suco.

Éponine parou o que estava fazendo e o olhou com curiosidade.

-Posso saber por que?

-Não acho uma boa você andar com pessoas desse tipo.

-Desse tipo como, Enjolras?- ela perguntou aumentando o tom de voz.

Ele então percebeu que tinha falado o que não deveria.

-Nada, Ponine. Esquece.

-Olha aqui eu não vou deixar você julgar a Augustinne por um erro. Eu não vou deixar você julgar ninguém. Não na minha frente.- Éponine avisou colocando o prato com o sanduiche de queijo com certa violência na frente de Enjolras.

-Você está certa. Me desculpe por isso.- ele respondeu concordando com ela. Mesmo que ele tivesse a opinião sobre a Augustinne, não iria falar nada, pelo menos não na frente da Éponine, tudo que ele menos queria era que eles brigassem agora.- Então o que você vai fazer nessas férias?

Éponine se sentou na cadeira de frente para Enjolras e deu uma mordida no sanduiche.

-Eu pretendia passar três lindos meses na praia, tomando sol, banho de mar, corrida na praia pela manhã, caminha noturna para sentir a brisa do mar, comer comida que só comemos quando vamos para praia...- ela começou a enumerar enquanto olhava para cima, como se para se lembrar de tudo.

-Sinto ter estragado seus planos.- Enjolras a cortou. Ela sorriu para ele e se levantou indo sentar no colo dele,passando um braço pelos seus ombros.

-Mas agora eu acho que vou ter coisas melhores para fazer.

-Tipo o que?

-Tipo... ir passar mais tempo com Fantine, Valjean e Gavroche. Sair com meus amigos para explorar a cidade, arrumar um emprego, viajar em um final de semana com um cara legal para alguma cidade histórica da França... Esperar um certo alguém me convidar para sair de maneira apropriada...- ela olhou para cima,e depois abaixou o olhar para encarar Enjolras.

-Devo dizer que são ótimos planos... Mas posso saber quem é esse certo alguém? Quero que você saiba que tem que ser um cara legal.

-Mas ele é... um pouco chato, mas é uma das pessoas mais maravilhosas que eu já conheci.

-Então isso quer dizer que eu não tenho chances contra ele?

-Dificilmente. Sinto muito.

-Droga!- Enjolras falou dando um soco de indignação na mesa, fazendo Éponine rir,e logo em seguida dando um beijo no pescoço dele.

-Acho que já está na hora de você ir.- ela sussurrou encostando a cabeça no ombro dele.

-Por que?

-Porque se passarmos muito tempo juntos vamos enjoar um do outro e eu não quero que isso aconteça.

Enjolras assentiu com a cabeça e colocou Éponine de pé, logo em seguida ficando em pé.

-Mas você pode tomar banho se quiser, não precisa também sair correndo.

-Não, tudo bem. Eu vou para o apartamento e coloco roupas limpas... Nos vemos a noite?

-Não sei se quero ver o Combeferre , ele mandou algumas mensagens ofensivas para Augustinne.

-Mas com motivo.- Enjolras rebateu e recebeu um olhar torto de Éponine.

-É melhor não falarmos dos dois,porque são nossos amigos e vamos querer defendê-los.

-Acho melhor ...Então nos falamos.- Enjolras respondeu abrindo a porta e sentiu Éponine segurando seu braço.

-Muito obrigada por aceitar assim, tão bem tudo isso. Você não sabe o quanto isso significa para mim- ela o puxou para um abraço e sussurrou em seu ouvido como se fosse algum tipo de segredo.

Ele retribuiu o abraço e beijou o topo da cabeça de Éponine.

-Eu seria meio estúpido se não aceitasse uma coisa que não foi sua culpa. Agora eu preciso ir.

-Tudo bem. Tchau.- ela o soltou e Enjolras saiu do apartamento. Quando chegou no elevador, se virou e viu Éponine parada na porta o observando. Ele acenou para ela que retribuiu e fechou a porta.

Ele caminhou até o apartamento. O dia estava insuportavelmente quente, o que fez ele se perguntar se preferia o frio ou o calor. O fato era que sempre iriam reclamar, se estivesse calor, era porque estava calor demais, se estava frio, sempre estaria frio demais. Nada nunca estava bom.

Enjolras riu consigo mesmo. Depois de tudo que tinha acontecido na noite anterior, ele estava mesmo ocupando a sua mente com uma coisa tão banal como aquela?

Mas ele não conseguia, por mais que quisesse. Sempre que seu pensamento ia para Éponine e ele, nus, parecia estranho demais e errado. Tinha sido bom para ele, claro que tinha,mas ele sabia que se ficasse pensando muito naquilo, tudo que ele havia sentido no momento ia se perder,pois sua mente ficaria acrescentando coisas e apontando defeitos. Ele não queria isso.

Claro que as marcas de unhas deixada em suas costas brancas não iriam sumir de uma hora para outra.

Ao entrar no apartamento, não sabia se era melhor ficar na rua ou ali dentro de tão abafado que estava. Mal conseguia respirar, então saiu abrindo as janelas para deixar o ar entrar.

Como de costume foi ver se Marius já havia chego, até que no meio do caminho para o quarto se lembrou que o amigo não morava mais com ele e que logo precisaria arrumar alguém para dividir as contas. Mas quem?

Decidiu não pensar naquilo aquele momento,já que precisava de um banho urgentemente.

Entrou no banheiro e ligou o chuveiro na água gela. Ao atingir suas costas,ele sentiu uma certa ardência, a qual ignorou, já que não era tão incomoda assim.

Depois de uns dez minutos, Enjolras desligou o chuveiro, se enrolando na toalha. Mesmo que não tivesse ninguém no apartamento, ele não era o tipo de cara de aprovava o nudismo, já que não se sentia bem.

Ele parou de frente para o espelho e virou de costas, tentando ver.

“Céus! Éponine fez um estrago nas minhas costas” Enjolras pensou ao ver as marcas de unhas que faziam um desenho em suas costas.

Andou até seu quarto e olhou o relógio de cabeceira. Ainda não eram nem 10:00 e ele só precisaria estar no trabalho as 13:00. Não tinha muito o que fazer nesse tempo. Não estava com vontade de ler, já que estava muito quente e ele sabia que não conseguiria se concentrar. E não tinha nenhum trabalho para fazer da faculdade, já que estavam de férias. Suas opções não eram muitas.

Enquanto se vestia, se lembrou de uma promessa que havia feito: iria visitar sua mãe.

Tudo bem estava quente, mas quanto tempo não via sua mãe? Desde que Éponine havia lhe mandado aquela mensagem o intimando a ir vê-la no dia das mães. E afinal, não era tão longe assim. De lá ele pegaria um ônibus ou o metrô até o trabalho.

Pegou seu celular e saiu, deixando as janelas do apartamento abertas. Duvidava muito que alguém iria conseguir roubar ali, já que ficava no 8º andar.

Enjolras tentou pegar o caminho que tinha mais sombra, já que por ser muito branco ficava muito vermelho, desde de pequeno sempre foi assim.

Vinte minutos de caminhada. Foi o tempo que Enjolras gastou para chegar até sua antiga casa. Apertou a campainha e esperou pacientemente, e nada. Apertou mais uma vez e nada. Ele então se virou para ir embora, quando ouviu a porta se abrindo.

-Bonjour, mãe- Enjolras voltou para a porta mas deu de cara com seu pai. Rapidamente sua postura mudou, ele ficou mais tenso ao encarar o pai.- Pardon, mas a mãe está?

O pai dele cerrou os lábios e deu a entender que não iria responder, mas depois e alguns minutos, falou em um tom frio.

-Ela está no quarto. Doente. Ficará feliz em lhe ver.

-A mãe está bem?- Enjolras perguntou preocupado, e uma onda de culpa o invadindo. Se ele não tivesse passado tanto tempo sem ir vê-la, saberia que estava doente.

-Se você se importasse não seria essa desgraça que você é para nós. Ou você acha que não foi você quem causou isso?

-Com licença.- Enjolras respondeu de forma rude e entrou na casa. Seu pai bateu a porta e o foi seguindo até que passou na frente de Enjolras.

-Você tem visita, Natalie.- o pai de Enjolras falou abrindo a porta apenas uma fresta para que sua cabeça entrasse. Ao falar com a esposa sua voz se suavizou .

-Não estou para ninguém hoje, querido- Enjolras pode ouvir sua mãe responder, a voz saiu arrastada,como se ela estivesse cansada.

O pai de Enjolras deu um suspiro.

-Infelizmente eu acho que essa visita vai lhe fazer bem.- ele abriu a porta e fez com a cabeça para que Enjolras entrasse.

Ao entrar, Enjolras encontrou sua mãe deitada coberta com o edredon, o rosto pálido,lábios ressecados e olheiras profundas. Os cabelos estavam sem brilho. Aquela mulher não podia ser sua mãe e sim talvez uma sombra do que ela já foi um dia.

Mas mesmo assim, ao ver o filho seu olhar se iluminou e ela fez força para se sentar.

-Não se esforce, mãe.- ele falou se sentando na cama e segurando sua mão, que estava fria.

-Ora essa! Eu estou doente, não morta- ela respondeu irritada.

-Ainda não esta morta.- o pai de Enjolras respondeu da porta.- Teimosa do jeito que é, ainda não quis ir ao médico.

A mãe de Enjolras fez um som de desaprovação com a boca ao ver o olhar preocupado.

-É apenas uma gripe, que decidiu me derrubar.

-A senhora sabia que as pessoas morrem mais de gripe normal, do que de gripe H1N1 ? Joly que me falou isso uma vez que ele achou que eu estava doente.- Enjolras falou para sua mãe que riu,mas logo em seguida começou a tossir.

-Esse Joly fica colocando coisas na sua cabeça...- ela parou e ficou observando o filho, como se estivesse tentando ler na mente dele o que havia se passado nos últimos tempos.- Mas e você meu filho? Tudo bem? Alguma coisa que queira me contar?

O pai de Enjolras pigarreiou da porta para atrair a atenção dos dois.

-Vou estar no meu escritório.- e saiu fechando a porta atrás de si.

-Ele não está indo trabalhar todos esses dias.

-E ele abriu mão do salário dele?- Enjolras perguntou antes que pudesse segurar a língua – Me desculpe.

-Tudo bem, mas sem brigas, sim? E então o que quer me contar?

-Ah... estou de férias, acho que fui bem nas provas finais. Marius se casou esse final de semana, cheguei ontem da fazenda onde eles se casaram...

-Ele se casou com a Cosette?

-Com quem mais seria?

-Você está certo... mas o casamento foi em uma fazenda?

-Foi. É dos pais da Cosette.

-Meu sonho é entrar com você na igreja no dia do seu casamento.- a mãe dele falou pensativa, olhando para um ponto na parede,logo abriu um sorriso.- Mas acho que isso não vai acontecer, já que eu acho que não dá para você se casar com a França.

-Nunca se sabe, mãe. Nunca se sabe. De uns tempos para cá estou um pouco mais flexível quanto a isso.

-Isso é bom. Eu quero ver você vivendo a idade que você tem agora, não querer ser mais velho,para depois querer viver sua juventude. Como estão Grantaire, Courfeyrac e Combeferre? Devo confessar que sinto falta deles.

-Grantaire e Courfeyrac estão bem... eles continuam os mesmo. Combeferre e Augustinne terminaram o namoro.

-Por que? Eles eram um casal tão bonito.- ela falou com um certo pesar na voz.

-Também não sei, mas acho que tudo um dia chega ao fim.

-Não o amor, Enjolras. Vê seu pai e eu? Ele pode ser um mala, mas eu o aguento todo dia pacientemente porque eu o amo.... Vai ter o dia, eu espero que tenha, que você entenda isso. Vai ter uma garota, e eu irei dar-lhe os parabéns por ter colocado alguma coisa nessa sua cabeça.

-Preciso arrumar um colega para morar comigo para dividir as contas, agora que Marius casou, estou com o apartamento só para mim.- ele mudou de conversa.

-Volte para a casa, filho.- ela suplicou mas Enjolras fez que não com a cabeça.- Estou te sentindo diferente... a última vez que vi você assim, foi quando agia como uma pessoa da sua idade,por volta dos 15 ou 16, quando começou a namorar a Ally... Você está namorando, Enjolras?- a mãe dele praticamente gritou, um grito rouco de entusiamos.

-Não,mãe. Não estou namorando.

-Mas tem uma garota?- ela perguntou com uma pontada de esperança. Ela tinha medo que seu filho acabasse sozinho, lutando por causas, que infelizmente eram impossíveis de ser ganhas. Sozinho ele não conseguiria nada, um dia seus amigos iriam terminar a faculdade, conhecer alguém, se casarem, terem suas vidas, e iriam abandonar tudo aquilo que “acreditavam”.

-Talvez, mãe.- Enjolras pareceu incomodado com a insistência da mãe em saber se tinha alguém. Ele poderia contar sobre Éponine,mas precisaria de tempo, porque eles ainda não haviam decidido se seriam um casal ou não.

-Esse talvez já está de bom tamanho. Quero conhecê-la um dia desses.

-Quando a senhora melhorar , talvez .

A mãe de Enjolras o abraçou, ela parecia frágil, como se apertasse muito ela iria quebrar.

-Faça um favor para mim? Chame seu pai.

Enjolras a contra gosto foi até o escritório de seu pai, deu três batidas na porta e entrou, já que estava entreaberta. Ele estava virado para a janela, falando no telefone e ao se virar e ver Enjolras desligou rapidamente.

-A mãe esta chamando o senhor.

-Bom saber que você não perdeu a educação, moleque.

-Pena que eu não posso dizer o mesmo da sua vergonha na cara.- Enjolras rebateu.

-Continua afiado... Creio que já está sabendo.

-Dependo do que.

-Os professores vão entrar em greve e vão ficar por tempo indeterminado assim que voltarem as aulas.

-Eu não sabia disso, mas é uma noticia interessante e que me deixa muito satisfeito em ver que eles querem algo melhor.

-Claro que deixa.- o pai dele respondeu sarcástico saindo, Enjolras o seguiu.-Como anda a faculdade?

-O senhor realmente está me perguntando isso?- ele perguntou incrédulo – Bem, mas não graças a você.

-Um dia você ainda vai me agradecer por isso, Enjolras.- seu pai falou parando no meio do caminho.- Isso vai ajudar você a crescer. Eu já tive a sua idade um dia. Já fui igual a você, mas vai ter o dia que você vai ter que mudar para cuidar da sua família, ser um verdadeiro líder em algum lugar para pessoas que realmente precisam de você.

-Eu nunca serei igual a você, e se ter uma família significa virar isso que você se tornou,prefiro ficar sozinho, cuidando das pessoas que precisam de mim!

-Isso é o que veremos, Enjolras.- seu pai encerrou a discussão ali,temendo que sua esposa os ouvisse e ficasse nervosa por eles estarem brigando.

Os dois subiram para o quarto novamente. Enjolras apenas para se despedir de sua mãe, ainda faltava uma duas horas,mas ele não queria ficar ali para acabar brigando com seu pai. Eles um dia já se deram tão bem e Enjolras sentia falta disso,por mais que nunca fosse admitir.

-Me chamou, Natalie? Você está se sentindo bem?- o pai de Enjolras entrou perguntando preocupado.

-Eu estou bem, só quero que fique aqui um pouco.- ela pediu e o marido foi se deitar ao lado dela. Nos últimos dias que ela havia ficado doente, ele trabalhava do escritório e sempre que necessário estava perto dela, mas as vezes pessoas doentes se sentem mais carentes.

-Mãe eu já estou indo.-Enjolras avisou se aproximando dela, ele ficava um pouco feliz de ver que seu pai estava cuidando de sua mãe,mesmo que fosse um desgraçado filho da puta com as outras pessoas.

-Ah não. Fique mais um pouco.- ela se mexeu deixando um espaço entre ela e seu marido.-Deite-se aqui conosco.

-No meio de vocês?- ele perguntou e riu.- Eu acho que vou recusar.

-Por que?- ela perguntou ofendida.- Você adorava se enfiar na cama, domingo de manhã no meio de nós dois.

-É quando ele tinha 5 anos, Natalie.- o pai de Enjolras respondeu e a mãe fez um bico.

-Não importa. Pra mim ele ainda é aquele garotinho que tentou preparar o café da manhã e quase colocou fogo na casa...

-Tudo bem eu fico mais um pouco... Mas não aí no meio.-Enjolras respondeu se sentando na beirada da cama.

-Eu lembro que escutei a sua vozinha, fraca e desesperada falando “fogo, fogo”, daí eu desci para ver o que estava acontecendo e você tinha colocado fogo no pano de prato.

-Foi sem querer. Eu queria fazer uma surpresa para vocês!- ele se defendeu e seus pais riram.

-E que surpresa foi. Sua mãe gritando como se você estivesse em chamas.

-Eu sou uma mãe cuidadosa. Os pais que não ligam muito pra essas coisas... Querido você sabia que tem uma garota na vida do nosso filho?- ela perguntou, Enjolras teve o reflexo de dizer “ eu não tenho pai” mas conseguiu se conter. Seu pai o olhou com as sobrancelhas arqueadas.

-Não tem garota nenhuma, mãe.

-Mas vai ter. Esse “talvez” vai virar um sim.

E os três passaram um tempo conversando. Enjolras não se sentia a vontade com seu pai ali,mas não queria deixar a mãe triste. Ele sabia muito bem o que ela estava tentando fazer ali. Ela queria que os dois voltassem a agir como pai e filho, que Enjolras voltasse para a casa, que os dois se entendessem.

Mas para Enjolras foi meio complicado, já que ele sempre tinha o impulso de rebater tudo que seu pai dizia que ele não concordava.

Mais ou menos uma hora depois, Enjolras anunciou que estava indo para o trabalho. Seu pai perguntou se ele ainda estava servindo mesas. Enjolras não respondeu, deu um beijo em sua mãe e saiu de casa, assegurando ao pai que não era necessário que o acompanhasse até a saída já que não iria roubar nada. Depois que falou, se arrependeu do comentário ao ver a cara que sua mãe fez de tristeza, mas não tinha nada que pudesse fazer, já havia dito.

Ele foi para o metrô, já que estava mais familiarizado do que com o ônibus. E achava o metrô mais rápido também, então foi até a estação e comprou o passe. Já que Enjolras estava sem carro, ele teve que aprender a se locomover de outro jeito, e achava o metrô uma opção mais fácil , já que sempre avisavam pelos auto falantes a estação que estavam e ele não tinha que se preocupar em ficar olhando onde teria que descer.

Já no trabalho o dia foi cheio, como estava muito quente, as pessoas procuravam lugares para ir, tomar alguma coisa com os amigos, casais de namorados,pais com seus filhos, ficavam ali sentados jogando conversas fora, como se não tivessem outra coisa para se preocupar na vida. Enjolras não teve um só minuto de paz mas quando tinha pegava o celular para ver se tinha noticias de Éponine.

A noite quando ele foi liberado do seu turno, foi logo se encontrar com os amigos no Café Musain, não tinha muito o que se fazer.

Ao chegar encontrou Joly, Combeferre, Jehan e Courfeyrac sentados perto da janela bebendo cerveja.

-E ai Enjolras?-Combeferre o cumprimentou como de costume.

-Tudo bem e vocês?- ele perguntou se sentando e fazendo um gesto para que a garçonete trouxesse uma cerveja para ele.

-Bem...- eles responderam em uníssono ,com um certo desanimo, ficando em silêncio. A garçonete trouxe a cerveja de Enjolras, que estava achando estranho o silêncio dos amigos.

-AAAH CHEGA!- Courfeyrac gritou, se levantando e socando a mesa.- Eu exijo que você me conte agora tudo o que aconteceu ontem!- ele falou apontando o dedo para Enjolras.

-Courfeyrac, nós tínhamos combinado de fazer essa intimação descretamente.- Joly falou sussurrando como se Enjolras não pudesse ouvir.

-Que se dane isso! Eu to morrendo de curiosidade. Isso ta me corroendo!- ele arranhou o rosto de um jeito frustrado.

-Tudo bem Enjolras, nós entendemos se você não quiser contar nada. Afinal nem sempre o amor é uma coisa que se sai espalhando aos quatro ventos para que todos escutem, pois pessoas querem destruir o que você tem por não terem a chance de algo verdadeiro- Jehan falou,mas também estava morrendo de curiosidade.

-O cacete!- Courfeyrac falou.- Quero tudo detalhado.

-Vocês são piores que mulheres.- Enjolras comentou mas não pode deixar de sorrir diante da reação dos amigos.

-Eu não falei nada.- Combeferre se defendeu.- Mas não tentaria impedir se você começasse a falar.

-Nós andamos e conversamos. Foi só isso.

Courfeyrac se levantou passando as mãos no cabelo.

-Não venha me dizer que vocês só conversaram,porque Grantaire e eu fomos ao seu apartamento e você não estava lá.

-Eu cheguei tarde, ficamos conversando até tarde.- Enjolras explicou.

-MENTIROSO!- Courfeyrac gritou e todos no Café Musain olharam para eles.- Me desculpem, continuem o que estavam fazendo.

-Você quer parar de agir igual uma garotinha?- Combeferre pediu perdendo a paciência.

-Ta, mas Grantaire e eu ficamos lá a noite inteira e você não apareceu. Ou você se esqueceu que moramos no mesmo prédio ?

-O que vocês querem que eu diga?

-Ah Mon Dieu! Vocês transaram?- Courfeyrac perguntou desesperado e Enjolras se sentiu ficando vermelho.

-E se tivermos, qual o problema?

-O problema...- Joly começou- que segundo a regra, não se deve dormir com uma pessoa que é amiga do grupo,porque se dá errado, estraga a amizade, fazendo assim o grupo se desunir.- ele explicou, Jehan revirou os olhos.

-Essa regra se encaixa quando não há sentimentos e sim atração física. Está mais que na cara que os dois tem sentimentos e atração física. Isso prova que eles se amam, quando os dois elementos se juntam assim, não se pode evitar.

-Isso é a coisa mais ridícula que eu já ouvi.- Enjolras zombou.

-Não zombe das regras sagradas. Eu quebrei e me ferrei.- Combeferre falou levando a cerveja a boca.- Mas espero que dê tudo certo para vocês. Desdo começo a gente sempre comenta que dariam um casal legal e que provavelmente acabariam se matando por serem muito teimosos.

-Verdade cara. Independente se você está indo pra cama com ela ou não, tudo o que queremos é que você seja feliz. Talvez esse era o seu problema, falta de aula de anatomia humana, quem sabe agora você para de ser chato.

-Courfeyrac!- Joly,Jehan e Combeferre chamaram a atenção dele, que deu de ombros e murmurou “mas é verdade”.

-E podemos saber por que você ta com um monte de cara ao invés de estar com a sua garota?-Joly perguntou.

-Ela disse que não podemos ficar muito juntos senão vamos acabar enjoando um do outro e que ela ia ver a Augustinne. E ela não é minha garota.

-Como assim “ela ainda não é sua garota?”- Courfeyrac perguntou incrédulo.

-Eu ainda não a pedi em namoro. E também não sei se é isso que ela quer, sabem? Um relacionamento sério.

-Enjolras... Todas as garotas querem um relacionamento sério. Por mais que elas digam que não.-Jehan explicou.

-Vou convidá-la para sair... Mas eu ligo depois, ela deve estar com a Augustinne.

-O namoro mal começou e já tem uma garota entre vocês.- Courfeyrac zombou.- Não é a mesma coisa zombar sem o Grantaire.- ele reclamou.

-Onde está ele?- Enjolras perguntou.

-Ele disse que precisava resolver uns probleminhas dele, e que iria passar umas duas semanas fora e que ele não iria contar porque é segredo.- Combeferre explicou.-Devo dizer que estou com medo, mesmo que não envolva a gente,porque querendo ou não...

-Envolve a gente.- Joly completou.

[...]

Umas semana havia se passado e Enjolras não tivera mais noticias de Éponine. A garota havia simplesmente desaparecido do mapa. Não atendia o telefone, não tinha voltado para o apartamento e ninguém fazia a mínima ideia da onde ela estava.

Enjolras tinha pensamentos que o deixavam meio incomodado: a) Ela tinha desistido dele, e não queria nunca mais vê-lo, com medo de contar que eles não dariam certo, ou b) Alguma coisa grave havia acontecido. Ela devia ter sofrido um acidente, sido sequestrada, passado mal e morrido.

Pensou em ligar para Fantine, mas achou melhor não, já que não queria deixá-la preocupada. Ligaria para Augustinne,mas não tinha o numero dela, então ficou na duvida e todo dia ligava para ouvir sempre a voz da caixa postal de Éponine.

Não deixou recado pois achou que isso poderia ser considerado um pouco doentio e ciumento da parte dele, então apenas mandou umas mensagens de texto que não obtivera resposta.

Na sexta a feira a noite, quando chegou do serviço no apartamento , encontrou um envelope colocado na porta. Ele o arrancou dali e abriu a porta. Jogou suas coisas atrás da porta e abriu curioso, encontrando ali um papel de bilhete vermelho com uma letra miúda.

“Me desculpe por estar sumida, tive alguns problemas e... perdi meu celular de novo. O que você acha de me chamar para sair amanhã? Aproveite que eu estou disponível.

Estou com saudades.

Éponine”

Enjolras pegou o celular e rapidamente discou o numero da casa de Éponine, no terceiro toque atendeu.

-Allo?- ele pode ouvir a voz rouca dela do outro lado da minha.

-Éponine, oi.- ele falou sem jeito, não era o maior fã de falar ao telefone.

-Enjolras!- Éponine gritou do outro lado da linha se animando.- Como você está?

-Bem eu acho... mas e você? O que aconteceu?

-Estou bem, meu amor. Estive em uma pequena viagem com Augustinne. Ela precisava de mim, eu não ia negar nada para minha amiga.

-Viagem para onde?

-Você me ligou para isso ou para me chamar para sair?- ela perguntou fingindo irritação.

-Ah claro. Éponine você quer sair comigo amanhã?

-Claro que quero, Enjolras. Obrigada por me convidar- ela falou e Enjolras sabia que ela estava sorrindo, aquele sorriso que mostrava as covinhas e que ele adorava.-Nos encontramos amanhã as 19:00 aos pés do Sacre Coeur de Montmartre.

-O que vamos fazer lá?

-Apenas vá e amanhã ficará sabendo. Eu serei a garota usando uma peça de roupa vermelha. Até amanhã.- ela mandou um beijo estalado e desligou o telefone, antes que Enjolras pudesse dar qualquer resposta.

Ele guardou o celular no bolso e estava indo para o quarto, quando ouvi umas batidas na porta. Correu a abrir dando de cara com seus amigos.

-E aí, Enjolras? Preparado para a noite de filme e jogos?- Courfeyrac perguntou entrando e entregando uma caixa de cerveja para Enjolras, Bossuet e Laigle entraram logo em seguida carregando caixas de comida, Combeferre carregava um ventilador, Jehan os filmes e jogos, e Joly uma sacola com remédios.

-O que aconteceu? Por que você ta com esse sorriso retardado no rosto?- Bossuet perguntou se sentando no sofá.

-Acabei de conversar com a Éponine- ele respondeu e os amigos reviraram os olhos. Tinham aguentado, Enjolras indiretamente reclamando do sumiço da garota por uma semana.

-Então a desaparecida, apareceu?- Joly perguntou.

-Onde ela estava?- Combeferre perguntou para ser educado, enquanto tirava as comidas da embalagem.

-Em uma pequena viagem com Augustinne.

E a conversa acabou ali, ninguém perguntou mais nada. Geralmente citar o nome da Augustinne era o que terminava qualquer conversa. Eles se ajeitaram na sala pequena, luzes apagas, janelas abertas e ventilador ligado.

Todos pegaram os lugares de costume, deixando vago o lugar onde Grantaire sempre ficava. Ninguém tinha noticias do Grantaire ou do que ele estava fazendo.

Passaram a noite assistindo, bebendo, comendo e depois jogando vídeo game. Até Enjolras tentou jogar, mas desistiu porque ele era péssimo naquilo.

No final, os amigos acabaram dormindo ali mesmo. Eles se ajeitaram do jeito que conseguiram e questões de minutos o apartamento estava um sinfonia de roncos.

[...]

As 18:55, Enjolras estava chegando no lugar marcado com Éponine. O céu estava ficando escuro, algumas estrelas iam aparecendo, e o ar noturno era uma coisa que tranquilizava.

Ao chegar deu uma olhada no lugar, para ver se Éponine já estava lá, mesmo sabendo que ele estava adiantado e que provavelmente ela chegaria atrasada. Mas não, ele logo a encontrou ali, as mãos para trás andando de um lado para o outro. Ela usava uma saia vermelha de cintura alta, com o comprimento até o joelho, um top preto, deixando uma pequena parte da barriga de fora, seus cabelos estavam presos em um rabo com uma fita vermelha. Ela carregava uma mochila nas mãos e parecia impaciente.

Enjolras andou até ela, parando atrás dela, esperando que ela se virasse. Ao se virar Éponine levou um susto e deu um pulo,mas logo abriu um sorriso e o abraçou.

-Enjolras! Como é bom te ver.- ela falou e sentiu um frio na barriga ao olhar naquele olhos azuis

-Ponine, digo o mesmo para você. A mademoiselle está linda, como sempre.- ele falou e Éponine riu, ela se esticou um pouco para encostar seus lábios no de Enjolras.- O que vamos fazer?- ele perguntou e Éponine balançou a cabeça em desaprovação.

-Não acredito que você mora em Paris desde de sempre e nunca, nunca, veio ao Cinéma au Clair de lune.

Enjolras pensou um pouco.

-É, eu nunca vim.

-Ainda bem, então. Porque daí eu posso dizer que eu a primeira garota que teve o prazer de vir aqui com você. Vamos para pegar um lugar bom.- ela falou.

Os dois entrelaçaram as mãos e foram andando pela multidão. Enjolras pegou a mochila que Éponine segurava e jogou sobre o ombro. Ela tinha sua cabeça apoiada no ombro de Enjolras.

As outras pessoas que os viam, poderiam achar que eram um casal normal, mas os dois sabiam que de normal eles não tinham nada. Eles não eram o tipo que precisava encher cada momento com juras de amor que dão vontade de vomitar se estiver perto. Eles não precisavam conversar, pois se entendiam mesmo sem palavras. E tinha o fato de que eles ainda não eram um casal de verdade.

Os dois andaram até entrar na praça Saint Pierre onde tinha uma tela de cinema armada ali, e algumas pessoas já estavam ali.

Decidiram não sentar nem muito perto da tela, nem muito longe. Acharam um lugar bem no centro. Éponine pegou a mochila e tirou um lençol, estendendo-o no chão.

Enjolras se sentou e ela se sentou no meio das pernas dele, e ficaram ali, jogando conversa fora até que o filme começasse. Os dois compraram pipoca jumbo para dividirem e aproveitaram cada momento.

Éponine ficava acariciando os braços de Enjolras que a abraçava, as vezes dava um beijo na mão dele, por varias vezes olhava para ele e sorria. Ele umas duas ou três vezes,se atreveu a dar um beijo nela.

Tudo aquilo parecia surreal demais. O cinema ao ar livre... Ele e Éponine. Ele agindo como um tolo apaixonado e ela retribuindo.

Quando o filme acabou, eles ainda permaneceram no lugar, enquanto o lugar ia se esvaziando.

-O que achou do filme?- Éponine perguntou por fim se sentando ficando de frente para Enjolras.

-Bom... eu gostei na verdade. É diferente dos que eu assisto com os rapazes.

-Woody Allen é um gênio.- ela falou com admiração na voz. Os dois haviam assistido Meia- Noite em Paris, um dos filmes mais recente.

-Não nego, mas honestamente não vejo por que tanta admiração. É um filme normal- ele falou e Éponine abriu a boca de indignação

-Nunca mais repita isso, Enjolras! Woody Allen nunca faz nada sem um objetivo- ela se levantou e esticou a mão para o ajudar. Ele recolheu o lençol e guardou na mochila.-Gil é um cara de conseguiu o que sempre sonhou,mas acabou se frustrando. Quando ele vem para Paris ele se “reencontra” se “reconecta” com a arte, porque ele sai daquele mundo de lixos de Hollywood- ela estava explicando, enquanto os dois andavam de mãos dadas tranquilamente.- Aqui é onde artistas que não tem valor lá, se tornam mestres aqui. Quando falamos de Woody Allen temos que ter em mente que tudo que ele faz é para criticar algo de uma forma irônica, ele não acredita que a arte é uma museologia. Por isso que Gil não gosta do amigo de sua noiva, que fica levando todo mundo para ver estatuas e coisas que decoramos ao pegar qualquer livro.

-E o que isso quer dizer?- Enjolras perguntou realmente curioso.

-Quer dizer que a arte não deve ser ostentada e sim experimentada. O filme defende com humor e melancolia que não se deve renunciar da vida em nome da arte. Afinal a arte mais elevada é aquela que nos ensina a entender a vida.- Éponine terminou de falar parando em frente a uma bicicleta vermelha.

-Então isso pode servir de conselho para você mesma.

-Isso serve de conselho para qualquer pessoa que não aproveita a vida e acha que sabe tudo.- ela respondeu abrindo um bolso da mochila e tirando uma chave lá de dentro. Éponine soltou o cadeado que estava prendendo a bicicleta.- Vamos. Eu vou na garupa.

-É... Éponine.- Enjolras começou e ela o olhou franzindo a testa.

-Qual o problema, Enjolras?

-Eu não sei andar de bicicleta.- ele admitiu.

-Como assim?- ela perguntou perplexa.- Seu pai nunca te ensinou...?

-Não. Lembra que eu te falei que ele não dava muito atenção para essas coisas?

Éponine assentiu e se sentou na bicicleta.

-Então suba. Iremos dar um jeito nisso.- ela indicou a garupa e Enjolras se sentou desajeitado, segurando na cintura de Éponine.

Ela pedalava com cuidado, talvez para não assustar Enjolras. Parecia que ela estava fazendo um esforço enorme,mas não estava reclamando de nada.

Eles andaram por um bom tempo, até que Éponine parou, em um tipo de parque, que estava vazio, ou pelo menos aparentava. Os dois desceram.

-Muito bem. Suba- ela ordenou.

-Eu não sei se quero fazer isso.

-Suba logo, Enjolras!- ela falou em um tom autoritário que vez Enjolras subir na bicicleta.

-E agora o que eu faço?

-Coloque os dois pés nos pedais.

-Mas eu vou cair.- ele reclamou.

-Não vai não, bebezão.- ela zombou.- Eu estou te segurando. Não confia em mim.

-Não é que eu não confie em você.... Eu só acho que você não tem força para me segurar.

-Não me subestime, Jojo. Vamos comece a pedalar.

Poderia descrever do primeiro ao último tombo. Todas as tentativas falhando. Vários tombos e xingamentos. Éponine rindo e o incentivando a não desistir. E assim ficaram por um bom tempo.

Até que finalmente Enjolras conseguiu se equilibrar e pedalar ao mesmo tempo.

-Olha só! Eu estou andando de bicicleta!- ele gritou para Éponine que tinha ficado para trás, aplaudindo e gritando o incentivando.- Éponine como eu faço para parar isso?

-Aperta o freio.- ela gritou.

-Onde fica o freio?

-Mon Dieu! Coloque os pés no chão.- ela gritou mas já era tarde demais, Enjolras tinha ido direto para a descida, que dava para o lago que havia ali.

Éponine saiu correndo preocupada e encontrou a bicicleta logo no começo e Enjolras perto do lago.

-Enjolras você está bem?- ela perguntou preocupada se inclinando para ele que gemeu de dor.- Me responda, Enjolras!- ele permaneceu quieto e Éponine chegou mais perto dele, preocupada que ele tivesse se machucado seriamente, até que ela sentiu ele puxando seu braço e a derrubando encima dele.- Ah seu besta!- ela gritou irritada, enquanto Enjolras ria.- Eu achei que você tinha se machucado.

Éponine saiu de cima do Enjolras e sentou de costas para ele, ficando em silêncio.

-Ei, Ponine. Me desculpe, eu só estava brincando.- ele falou se sentando acariciando o braço dela. Ele não teve uma resposta.- Ponine.- Enjolras virou seu rosto a forçando olhar para ele. Ela tinha um sorriso brincando nos lábios.

-Relaxa eu só estou brincando.- ela respondeu, se jogando encima dele.

Os dois deitaram e ficaram um bom tempo observando o céu. Eles estavam sujos de lama,mas não se importaram. Geralmente não se importavam com essas coisas quando estavam um na presença do outro.

-Éponine...- Enjolras começou depois de um longo tempo em silêncio. Éponine olhou para ele com curiosidade.- Quer namorar comigo?- ele perguntou sem olhar para ela.

-Eu achei que esse tipo de pergunta só viria depois do quinto encontro.- ela respondeu e ficou em silêncio.

Enjolras aceitou aquilo como um “não”, e não falou nada.

-Que se dane.- ela falou por fim.- Eu aceito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom gente é isso, vocês mereceram mais um capítulo nesse mês. Continuem assim. Espero que tenham gostado e peço desculpas se não ficou bom, estou meia sem criatividade. Mas me digam o que acharam.

Eu estava um tempo atrás(semana passada, eu acho) conversando com a linda da Gabe, quando a gente tocou em um assunto que me fez ficar pensando,e queria perguntar para você: O que é Les Mis para vocês? Por que vocês gostam da história? O atrai? Qual a mensagem que vocês acham que a história passa?
Estou perguntando porque percebo que o motivo real na história foi meio que perdido.

Bom gente,amanhã essa pessoa que vos escrevem, irá prestar o Enem, então me desejem sorte. E boa sorte se alguém for prestar o Enem.

Acho que isso é tudo.

Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When Smiled You Knew" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.