When Smiled You Knew escrita por Roses in misery


Capítulo 22
Capítulo 22-With a feeling I'll forget


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Bom capítulo novo para vocês, e ele é totalmente dedicado a jumilreu pela recomendação perfeita que me deu. Muito obrigada e espero que goste do capítulo.
Devo dizer que eu chorei muito enquanto escrevia esse capítulo.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/359214/chapter/22

Enjolras estava sentado de costas para a janela que dava para a rua, então ele virou a cabeça sem entender muito bem o que aquilo queria dizer.

E lá estava ela. Parada na chuva, usando um vestido preto com rosas desenhadas, uma sapatilha, cabelo e maquiagem destruídos pela chuva. Ela estava uma bagunça, assim como ele estava. Enjolras não pode deixar de sorrir ao ver o sorriso envergonhado que Éponine lhe dava.

Ele então percebeu que não existia nenhuma garota perfeita que Éponine descrevera ,e sim a garota cheia de peculiariedades ,defeitos e inexplicável que havia conseguido roubar seu coração e que o fez se lembrar que não era um mármore e tinha um.

Enjolras se levantou e foi correndo de encontro a Éponine,mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa, alguém o interrompeu.

-Posso saber o que a mademoiselle está fazendo na chuva? Onde pretende ir molhada desse jeito? Isso é perigoso e provavelmente você irá acordar com gripe ou até mesmo com febre amanhã... e isso pode ser contagioso.- Joly falou entrando em pânico .

-Joly, cala a boca e entra. Deixe os dois. Será que você não tem desconfiômetro ?- Jehan falou puxando o amigo de volta para dentro do Café Musain e deu uma piscada para Éponine e Enjolras que olharam um para cara do outro e riram para disfarçar o constrangimento que os dois estavam sentindo.

-Bem... eu sei que eu não tenho o direito de pedir isso mas... Você quer ir dar uma volta comigo?- ela perguntou em um tom baixo e envergonhado- Vou entender se não quiser. Mas eu realmente queria que você aceitasse.- sua voz falhou um pouco, com medo do que ele iria responder.

-Tudo bem- ele respondeu e Éponine soltou um suspiro de alivio.

Os dois começaram a caminhar, distantes um do outro, sem dizer nada. Enjolras não pressionou Éponine para falar o que queria, ele sabia que ela precisava de tempo e no momento certo ela iria começar a falar.

Eles caminharam até o Sena, passaram na frente do Musée d’Orsay, e do Palais Garnier. Andaram sem pressa, até acabarem na ponte do Canal St. Martin. A chuva já havia parado e o calor havia ficado mais insuportável .

-Você sabe que nunca ninguém falou daquele jeito comigo antes? Digo já falaram comigo de maneiras muito piores,mas foi diferente . Você falou como se para me dar um puxão de orelha e me fazer acordar.- ela começou a falar olhando para a água.- E quando você foi embora... aquilo doeu mais que as palavras que você usou. Mas mesmo assim, eu nunca corri atrás de ninguém, e já estava decidida a deixar você ir e simplesmente ir passar minhas férias com Montparnasse.

-E o que te fez mudar de ideia?- Enjolras perguntou se encostando na grade e olhando para Éponine que tinha o semblante vazio.

-Eu percebi que não quero te perder.- ela falou em um fio de voz e Enjolras duvidou que tinha escutado aquilo.- E ao mesmo tempo não é justo com você eu não querer te perder. Era isso que eu deveria fazer. Deixar você ir. Mas... eu estou cansada de tomar todas as decisões sozinhas. E você estava certo, em cada palavra que me disse. Por isso, dessa vez, eu não vou tomar a decisão. Vou deixar você escolher por nós dois. O nosso futuro.- ela falou com convicção,olhando para Enjolras de maneira permissiva, como se esperasse a aprovação dele dá ideia que ela havia tido.

Enjolras não acreditava no que estava ouvindo. Eles haviam quase se matado mais cedo, e agora, ali estava Éponine, dizendo que gostava dele, e que ele poderia escolher o que seria deles.

-Acho que eu realmente não preciso dizer.- ele respondeu pegando na mão de Éponine que a puxou olhando para ele com um olhar cheio de dor.

-Não dê sua resposta ainda. Não sem antes conhecer minha história toda. Talvez depois do que eu te contar você entenda por quê eu disse que é melhor você procurar outra garota.

-Éponine. Não importa o que você me diga, não vai mudar o fato de que eu quero ficar com você- ele a puxou para si, que começou a chorar e a balançar a cabeça freneticamente,como se o toque a queimasse.

-Me escute primeiro, Enjolras.- ela pediu limpando o rosto.- Se vamos querer tentar algo, quero ser verdadeira com você, quero que você me conheça por completo, até a minha parte obscura. Depois que você conhecer minha parte negra, você pode dizer que quer ficar comigo, e que vai aceitá-la também, porque já vem no pacote.

-Duvido muito que independente do que você me diga , vai mudar alguma coisa, Éponine. Mas vá e diga,o que você acha que pode me fazer não querer ficar com você.

-Podemos ir para o apartamento?- ela perguntou e naquele momento ela parecia tão frágil.

-Onde você se sentir melhor, Ponine.- ele respondeu e Éponine começou a chorar violentamente.

Eles seguiram para o apartamento de Cosette, Éponine se sentia exausta como se não tivesse ossos para sustentá-la e tinha medo de não aguentar chegar. Ela tinha medo de contar para Enjolras, ele sentir nojo dela e nunca mais quere olhá-la na cara. Se isso acontecesse, ela não o poderia culpar, já que ela sentia nojo dela mesma ao se lembrar de tudo aquilo. Ela estava apavorada por reviver memórias que ela tinha cuidadosamente guardado e tentado esquecer . Ela não queria mexer ali,mas também não queria mais viver refém delas. Queria ter a chance de ter uma vida, não apenas fingir viver.

Assim que chegaram ao apartamento, Éponine se jogou no sofá, com medo de não aguentar mais em suas pernas. Enjolras começara a ficar preocupado com ela, já que estava pálida e respirava com dificuldade. Ele se sentou na ponta da mesinha de centro, de frente para Éponine. Ao pegar nas mãos dela, viu que estavam geladas.

-Éponine, você está bem?- ele perguntou colocando as mãos no rosto de Éponine que suava frio- Podemos ter essa conversa amanhã. Vá descansar.

-Não!- ela segurou a mão de Enjolras- Se eu deixar para outro dia talvez não consiga contar.-ela engoliu o choro- Muito bem. Por onde começo?- ela perguntou para si mesma, enquanto fazia um esforço para as palavras saírem.- Você já sabe que eu fui estrupada e que fugi de casa, certo? Isso é o que todo mundo sabe. Mas tem uma parte um pouco mais pesada, que eu preferi guardar só para mim e você é a primeira pessoa para quem estou contando isso. Então por favor,dependendo de qual for a sua escolha ao eu terminar, você tem que me prometer que não vai contar para ninguém. Você me promete?- ela suplicou, tanto com as palavras, como com o olhar.

-Prometo, Éponine. Pode confiar em mim- ele respondeu e deu um beijo na mão dela,como se para reforçar o juramento.

-Certo.- ela deu um sorriso desanimado.- Meus pais tinham ou tem esse amigo,que sempre frequentava nossa casa. E ele sempre me levava brinquedos e dizia que eu era uma garota muito bonita para a minha idade. Meus pais sempre diziam para eu me sentar no colo dele, mas até então eu não sabia o que isso significava.

“Depois ele começou a passar as mãos em mim e a me dar beijos- ela falava com nojo- mas meus pais diziam que ele fazia isso porque ele queria muito ter uma filha... E finalmente eu tinha treze anos - a voz dela estava melancólica – tinha oficialmente me tornado uma adolescente. E foi no dia do aniversario que...que- ela engasgou. Éponine não precisava continuar para que Enjolras entendesse.- Enfim, ele me disse que tinha um presente para mim no meu quarto,por eu finalmente ter me tornado uma mocinha. Eu ainda era muito inocente e fui- ela recomeçou a chorar, e seu corpo inteiro tremia- Ele trancou a porta e eu perguntei “Onde está meu presente?” e ao me virar, ele estava sem roupa. Fiquei sem reação. Ele me levou até a cama e vestiu em mim uma lingerie... e ficou observando. Até que... bem você sabe. Eu não gritei, apenas fiquei imóvel. Quando acabou ele saiu e eu fiquei ali deitada, até que me virei e vomitei. Não conseguia parar de vomitar. Aquela mulher que me colocou no mundo entrou no quarto e me bateu ao ver que eu havia vomitado. Contei para ela, e ela me disse para continuar sempre quieta, que ele gostava.

Fui tomar banho e vomitei mais. A dor era tanta que eu não conseguia parar em pé, e sangrava, por um momento achei que iria morrer e assim eu queria que acontecesse. Eu me sentia humilhada. Me deitei no chão do banheiro e ali fiquei até ter forças para voltar ao meu quarto.

Ele não apareceu mais naquela semana. E eu não saia mais da cama e nem comia. Até que ele apareceu de novo. E de novo me machucou. E de novo ninguém fez nada para me ajudar. E de novo eu chorei. Eu sempre digo que foram duas vezes,mas é mentira. Foi um mês inteiro, se não dois, não tenho certeza.

Mas teve um dia, que eu ainda não havia pego no sono, porque eu sentia muita dor, que eu decidi dar um basta naquilo tudo.- Éponine olhava para um ponto fixo na parede, sem piscar, sua voz era carregada de dor, como se ela estivesse revivendo tudo aquilo novamente.- Fui até a cozinha e peguei a maior faca que eu encontrei. Pela primeira vez eu estava ansiosa para que ele aparecesse- ela falou entredentes, o olhar adquirindo um expressão de ódio – Eu esperei uma semana inteira, até ele aparecer. Quando ele veio para cima de mim, eu sorri e ele disse “Eu sabia que uma hora você ia acabar gostando” e quando ele veio para me dar um daqueles beijos nojentos eu enfiei a faca com tudo nele. Ele gritou e rolou , caindo no chão segurando a faca. Eu ainda posso sentir e ver o sangue saindo dele. “Sua pequena vadia! Quando eu te pegar vou acabar com você!” ele urrou de dor. Não dei tempo para mais. Com toda a força que ainda me restava de tentar ter um pouco de dignidade na minha vida, peguei a primeira roupa que eu encontrei e pulei a janela. E corri, corri até onde eu consegui, até onde minhas pernas tiveram forças para me levar. Eu não sei se eu o matei- ela falou e piscou, olhando para Enjolras- Eu realmente espero que o tenha feito.- ela adquiriu um olhar mortal.- Se você quiser ir embora, saiba que eu entendo.

-Você vai ter que fazer melhor que isso para me fazer sair daqui.-Enjolras respondeu, não se deixando abalar por nada que ela havia lhe dito. Tudo que ela havia conseguido era que ele tivesse vontade de abraçá-la e protegê-la de qualquer pessoa que tentasse machucá-la novamente.

-Muito bem. .. Comecei a andar sem rumo, cambaleante e sem força. Só parei para descansar quando tive certeza que estava bem longe daquele inferno. Achei um lugar para passar a noite, que virou minha casa por um tempo.

“Ninguém me procurou eu acho, e também eu não queria ser encontrada se procuraram. Mas eu acho que não o fizeram, eles poderiam acabar na cadeia se eu contasse o que realmente tinha acontecido. Creio que não quiseram arriscar. Comecei a roubar para conseguir comer, e a pedir dinheiro na rua. Tinha uma senhora que sempre me dava um pão com um copo de leite,mas ela morreu pouco tempo depois. Comecei a sentir mais fome que o normal, até que comecei a reparar que minha barriga estava crescendo- ela engoliu em seco.- Eu sabia o que era,mas preferi fingir que não era nada. Fazia dias que eu não tomava banho. Até que um dia eu trombei com uma prostituta, ela era incrivelmente linda para ser uma prostituta,e tinha um coração enorme. Quando me encontrou me levou para o apartamento dela, dizendo que uma criança não podia ficar na rua. Era um apartamento simples, pequeno e sujo,mas era melhor que a rua. Annabelle me deixou tomar banho, me deu roupas ,um lugar para dormir e comida. Ela tinha um filho, Montparnasse.- ela revelou e deu um leve sorriso- Ele me olhava curioso e não trocava uma palavra comigo. Ele me deixou ficar com a cama dele, e Annabelle não pediu isso, ele dormiu no sofá velho e duro. Os dois eram pobres mas eram bondosos. Eu gostava de conversar com Annabelle durante o dia, ela me perguntou como eu fui parar na rua, eu editei a história. Ela ficou horrorizada e tentou me fazer ir até a policia,mas eu não quis. A noite ficava sozinha com Montparnasse, quando Annabelle ia trabalhar, ele ficava lendo gibis, e nunca trocava uma palavra comigo. Até que um dia comecei a passar mal e precisei vomitar. Ele segurou meu cabelo e ficou do meu lado. Ele me entendia sem precisarmos conversar, ele entendeu o que estava acontecendo comigo e assim que Annabelle chegou ele lhe disse que eu estava grávida . Ela chorou apavorada com a ideia de eu estar grávida . Ela me perguntou se eu queria, é claro que eu respondi que não. Por Deus eu era só uma criança. Então me disse que tinha modo de abortar sem precisar de remédios. Ela disse que eu teria que ficar sem comer por vários dias e me bater, sempre na barriga, desse jeito- Éponine fechou a mão em punho e começou a socar a barriga, ela chorava desconsoladamente e Enjolras estava quase pedindo para ela parar, que nada que ela dissesse ia mudar alguma coisa,mas ele entendeu que para ela seguir em frente, ela precisava enfrentar aquilo.- Fiz o que ela falou, fiquei cheia de hematomas, mas aquela coisa continuava a crescer dentro de mim, comecei a usar objetos para me espancar. Montparnasse não aprovava aquilo, não gostava ,sempre ele me fazia parar,e quando ele segurava meus braços eu despencava no chão e começava a chorar. Ele sempre me abraçava. Ele contou para a mãe que aquilo não estava adiantando e que não aguentava mais me ver naquele estado. Nunca vou me esquecer a expressão de dor que se passou pelo rosto dela. “Tem um jeito. Que eu sempre faço quando descubro estar grávida, é antiquado e doloroso.” “Eu aceito” eu disse “ Só pelo amor de Deus, tire isso de mim” eu implorei. Ela pediu para que Montparnasse saísse e demorasse bastante, ele perguntou por quê,mas bastou um olhar para ele entender e eu fiquei com medo. Ela pegou um pano, uma bacia e um tipo de antena de rádio ou uma agulha de tricô, pontuda. Não tenho certeza. Me pediu para deitar na cama dela de pernas abertas. Fiquei apavorada, só de imaginar alguma outra coisa entrando em mim. Mas pedi para ela fazer logo. Ela cutucou a primeira vez, segunda, terceira e nada. Não acontecia nada. E ela começou a fazer mais rápido e mais forte, e eu gritava, era como se estivesse me matando. Finalmente ela parou, sua mão estava suja de sangue,mas estava feito. Ela disse que tinha conseguido furar o útero. Com o tempo aquilo ia sair de mim,mas poderia me deixar danos por eu ser tão nova. Ela ficou perturbada e ficou quieta o resto do dia. Montparnasse voltou e me levou um chocolate que havia roubado, e ficou comigo, do meu lado a noite inteira enquanto eu não conseguia parar de chorar porque doía muito e sangrava... Até hoje me arrependo de ter feito aquilo com aquela pobre criança que não tinha culpa de nada. Decidi que não queria mais atrapalhar a vida de Annabelle e saí do apartamento dela, eu não ajudava em nada e só estava fazendo peso ali. E o resto você já sabe.- ela terminou de falar e olhou para Enjolras, seu rosto estava inchado de tanto chorar.-Eu sou o ser mais desprezível que existe. Matei meu filho, e agora para toda criança que eu olho eu penso que ele ou ela poderia estar tendo sua chance.- ela começou a chorar mais fortemente- Você deve estar com nojo de mim agora. Tudo bem, eu entendo.

Enjolras não disse nada. Apenas se levantou e se inclinou na direção de Éponine e começou a beijar o rosto dela delicadamente. Ele sentia o gosto salgado das lagrimas dela,mas estava tentando reconfortá-la. Ela fechou os olhos aproveitando aquele toque. O toque que fora renegado a ela, finalmente alguém a estava tocando com carinho. Ela levou sua boca até a de Enjolras e quando se encontraram estavam urgente uma da outra.

-Você não teve culpa de nada disso, Éponine. Você era apenas uma criança, não sabia o que estava fazendo.- ele murmurou encostando a sua testa a dela.- Eu não vou te julgar ou te abandonar por uma coisa que você não teve culpa. Eu nunca vou te abandonar, Éponine.- Enjolras falou, e isso fez com que ela chorasse mais.

Não de tristeza,mas de alivio . Alivio por ter tirado das costas aquela história toda. E principalmente alivio por Enjolras ainda querer ficar com ela,mesmo depois de tudo que ela lhe disse.

Ele se sentou ao lado dela no sofá que estava se acalmando aos poucos.

-Então foi assim que você e Montparnasse se conheceram?- ele perguntou sereno, não sentia mais raiva daquele homem.

-Foi. Ele foi é um dos meus melhores amigos, acho que por isso eu me sentia na obrigação de namorá-lo. Não me leve a mal, eu o amo, mas apenas como amigo, um irmão. Ele me ajudou e eu achei que namorando ele,era um jeito de retribuir tudo que ele já me fez. Eu fazia esses jogos com ele,porque ele gostava, não porque eu queria fazê-lo sofrer.- ela explicou brincando com os dedos de Enjolras- mas não era justo para nenhum dos dois.

-Seus pais, digo Fantine e Valjean sabem disso?

Ela negou com a cabeça lentamente.

-Como eu disse você é o único que sabe da historia toda. Por isso fico triste quando eles julgam, Montparnasse. Ele é uma pessoa boa, mas claro é também uma má influência, ele é inteligente demais, então ele vive de fraudes e falsificações. Mas nunca chegou a matar ninguém .

-E a mãe dele... Annabelle?- Enjolras perguntou curioso sobre a mulher que havia ajudado e ao mesmo tempo destruído a vida de sua Éponine.

Ela deu um meio suspiro e ficou em silêncio desenhando as linhas da palma da mão de Enjolras.

-Ela morreu.- respondeu por fim, erguendo seus olhos para ele.- Montparnasse me contou a ultima vez que nos encontramos. Ele disse que não faz muito tempo, disse que não me disse na época porque achava que eu odiava a mãe dele.- ela soltou uma risada dolorosa- Como se fosse possível odiar aquela pessoa adorável . Segundo ele, ela teve uma morte, que na minha opinião, ninguém deveria morrer. Ela foi fazer um serviço, quando chegou, o cara ficou bravo por ela ser de idade um pouco mais avançada e a espancou até a morte- seu lábio se contorcia, na tentativa de segurar o choro.- Ser prostituta não é um trabalho tão digno, eu sei, mas o que mais ela podia fazer? Não tinha estudo e tinha um filho para sustentar. Tudo o que ela fez e passou foi para criar Montparnasse, me irrita e enoja saber que uma pessoa, se é que pode ser chamado de pessoa, tenha feito isso com ela. Nunca tive a chance de me despedir da maneira certa.

Éponine levou a mão de Enjolras ate os lábios e depositou um beijo na palma.

Ele não podia acreditar, que alguém pudesse ter sofrido tanto nessa vida, igual a garota que estava na sua frente. E ainda assim, ela era capaz de demonstrar amor. No inicio ela desconfiava dele, mas não só dele, como de todos, mas aos poucos ela revelava o que sentia.

-Na casa dos seus pais, na noite anterior, quando Fantine disse que você iria tocar, Cosette e Valjean ficaram muito surpresos. Por que você parou de tocar?

Ela pareceu incomodada com a pergunta e se ajeitou no sofá, se sentando ereta e soltando a mão de Enjolras. Ela ficou brincando com seus dedos por tanto tempo, que ele achou que não iria ter resposta.

-Você sabe que... quando temos memórias ruins, a tendência do nosso cérebro é bloquear algumas coisas. Esse homem que me machucou, quando íamos a casa dele, ele sempre tocava piano, e uma melodia que eu gostava. E bem... quando eu me lembrei disso, comecei a chorar violentamente. Valjean não entendeu nada e perguntou se eu estava bem. Não consegui responder, porque não conseguia parar de chorar. Ele desesperado chamou Fantine. Foi quando eles chamaram uma medica, e foi quando descobriram que tinham me violentado. Os dois começaram a chorar e me abraçaram, e eu senti tanto amor pela primeira vez,desde que minha avó tinha morrido, que contei a história que todos sabem para eles. Valjean é muito religioso , tive e tenho medo até hoje, se ele souber que eu abortei, que ele me odeie. Mas desde que me lembrei disso, não cheguei mais perto do piano. Daí eles me pagaram psicóloga, que fez eu entender que a violência que eu sofri não foi culpa minha. Foi quando comecei a ser o que sou hoje, e quando comecei a namorar Montparnasse. Agora não tenho tanto medo de ter uma relação mais intima com alguém, mas se eu não tivesse tido o tratamento que me deram provavelmente eu teria me matado, como já havia pensado em fazer varias vezes.

Ela passou as mãos pelo rosto, limpando as lagrimas que ainda caiam silenciosamente. Sua voz estava abafada.

-Acho que é isso, Enjolras. Te contei tudo que você precisava saber sobre mim. Agora vem de você decidir se quer ficar com alguém tão cheia de problemas, bagagens e merda como eu.- ela respirou fundo e se levantou, indo em direção a cozinha, deixando Enjolras sozinho na sala.

Sem dúvidas, eles teriam que ultrapassar varias barreiras, se decidissem ficar juntos. Éponine era machucada demais e sensível demais, qualquer empurrão poderia quebrá-la em milhares de pedaços. Ele estava disposto a ser tão cuidadoso assim?

A resposta era obvia até para os menos inteligentes: sim. Ele sentia que deveria cuidar de Éponine. Que era isso que ele queria. Desda primeira vez que a viu. Ele iria ajudar ela a se reconstruir, e a ter confiança em si mesma. Iria mostrar que as pessoas não iriam abandoná-la em um piscar de olhos. Iria fazer o possível para fazer Éponine se sentir bem novamente.

Ela se encostou no batente da porta da cozinha e olhou para Enjolras, ressentida como se já soubesse a resposta dele.

-Eu entendo que você não queira ficar comigo. Mas por favor, não me abandone também. Por favor continue meu amigo.- ela suplicou com a voz trêmula- Eu... eu vou para o meu quarto.- ela parou de falar tomando fôlego .- Leve o tempo que precisar, quando for embora por favor tranque a porta e me entregue a chave depois.

Ela se virou e foi para o corredor. Enjolras se levantou e foi em direção a porta. Éponine virou a cabeça para observá-lo ir embora. Ela havia estragado tudo, novamente.

Mas Enjolras surpreendeu Éponine ao trancar a porta e se virar para ela.

-Eu não vou a lugar algum, Éponine. Acho que você já deveria ter aceitado isso.

Ela sorriu, um sorriso leve e que iluminou seus olhos. Andou rapidamente até Enjolras e o abraçou fortemente, como se tivesse medo de soltá-lo e ele desaparecer.

Éponine procurou urgentemente os lábios de Enjolras, que estavam ao dispor dela, e necessitavam deles. Ele inalou o ar quente que saia da boca de Éponine e entrelaçou a cintura dela. Ela deu um impulso e entrelaçou suas pernas na cintura de Enjolras, que o fez bater as costas na parede.

Cedo demais o ar acabou e eles tiveram que separar suas bocas, os dois estavam arfantes.

-Éponine você tem certeza...?- Enjolras começou, a voz rouca ao encarar Éponine, que tinha um brilho diferente no rosto.

-Enjolras... não estrague o momento com palavras.- ela pediu e começou a depositar beijos no pescoço dele, o que lhe causava arrepios e o estava deixando louco.

http://www.youtube.com/watch?v=kFfKb_WEkCE

Enjolras não aguentou mais e caminhou, com Éponine agarrada a ele ainda, até o quarto dela, que já não estava a mesma bagunça, e a colocou delicadamente na cama,cobrindo o corpo dela com o seu.

Settle down with me

(Acalme-se comigo)

Cover me up, cuddle me in

(Cubra-me, me abrace)

Lie down with me, yeah

(Deite-se comigo)

And hold me in your arms

(E me segure em seus braços)

O corpo de Enjolras doía em expectativa, aquilo tudo parecia surreal para ele. Éponine passava a mão com urgência pelo seu corpo, e suas bocas lutavam para permanecerem juntas.

A cada beijo e a cada toque os dois iam se acalmando de toda bagunça que os cercavam.

Éponine virou ficando encima de Enjolras, e o admirou, a camisa dele há muito já estava jogada no chão do quarto.

-Você é lindo.- ela sussurrou enquanto distribuía beijos pelo peitoral dele.

Enjolras a tirou de cima dele, e a colocou sentada na cama. Ele começou a beijar o ombro nu dela, beijou a base do pescoço dela, e a cada beijo ela soltava um murmúrio, uma suplica, uma prece. Ele começou a puxar o zíper da lateral do vestido,mas logo parou e olhou para Éponine, em um pedido silencioso de permissão para continuar o ato,o qual ela autorizou com um gesto rápido de cabeça.

And your heart’s against my chest

(E o seu coração está contra o meu peito)

Your lips pressed to my neck

(Seus lábios pressionados no meu pescoço)

I’m falling for your eyes but they don’t know me yet

(Eu estou mergulhando dentro dos seus olhos, mas eles ainda não me conhecem)

And with a feeling I’ll forget, I’m in love now

(E com um pressentimento que vou desprezar, eu estou me apaixonando agora)

Ela ficou de pé na cama, para que Enjolras deslizasse o vestido com facilidade. E quando ele o fez, não pode deixar de admirar a mulher que usava uma langerie preta e vermelha. Ele se levantou, ficando os dois de pé na cama, e Éponine o abraçou e depositou um beijo em seu coração. Os dois respiravam rapidamente, enquanto se conheciam com o toque delicado e apaixonado, que apenas os amantes conhecem. Ela virou de costas para ele, e antes de desabotoar o sutiã, Enjolras beijou a nuca de Éponine, que tremeu e caiu de joelhos na cama, ele se ajoelhou e lentamente, tirou a peça. Sua pele ardia, a cada toque de Enjolras, era como se deixasse um caminho de fogo nela.

Kiss me like you wanna be loved

(Me beije como se quisesse ser amada)

You wanna be loved, you wanna be loved

(você quer ser amada, você quer ser amada)

This feels like falling in love

(Isso é como se apaixonar)

Falling in love, we're falling in love

(É como se apaixonar, nós estamos nos apaixonando)

Com ela, ele fazia tudo de forma cuidadosa, não queria ultrapassar nenhum limite, estava pronto para quando ela dissesse “pare”, ele iria parar. Ela já tinha lhe dado muito mais que ele havia pedido.

Éponine estava tensa, não por medo,pois ela sabia que Enjolras não iria machucá-la, mas por ser muito mais intenso do que ela já havia provado. Seu corpo tremia, e ela tinha a sensação de não pertencer mais ao seu corpo toda vez que Enjolras lhe tocava com carinho. Enjolras desceu beijando o colo dela, as costas dela se arqueou com o prazer que ela sentiu com aquilo. Os dois gemiam baixo, suplicas e juras um para o outro, sem vergonha de demonstrar o que estavam sentindo um pelo outro. Tudo que haviam dito mais cedo esquecido.

Tudo o que Enjolras mais queria era poder fazê-la sua para sempre, nunca sair daquela abraço, daqueles olhos...dela.

Settle down with me

(Acalme-se comigo)

And I’ll be your safety, you’ll be my lady

(E eu serei a sua proteção, você vai ser minha dama)

I was made to keep your body warm

(Eu estou aqui para manter você aquecida)

But I’m cold as the wind blows

(Mas eu estou frio à medida em que o vento que sopra)

So hold me in your arms

(Então me segure em seus braços)

Eles diziam coisas que não se atreveriam dizer em outro momento.

Éponine estava deitada e Enjolras sobre ela, dois corações alinhados,batendo em um ritmo acelerado e perfeito. Os dois olhares se encontraram, ninguém nunca poderá descrever o que eles diziam.

E finalmente eles eram apenas dois corpos nus em movimento, e gemidos de prazer. Duas peças que se encaixavam perfeitamente e se movimentavam em perfeita sincronia.

E eles se tocaram, se sentiram, se abraçaram,se abraçaram e mesmo sem ainda terem certeza, se amaram. Naquele momento eles não eram mais, Éponine e Enjolras, duas pessoas complicadas e teimosas. Eles não eram nada mais que uma mulher e um homem, que haviam descoberto que mereciam o toque um do outro.

A cada toque era como se ambos estivessem pegando fogo.

Os dois sentiram de o poder de todos os sentimentos misturados, e naquele momento terminaram de se conhecerem.

Yeah I’ve been feeling everything

(Sim, eu tenho sentido tudo)

From hate to love, from love to lust, from lust to truth

(Do ódio ao amor, do amor à luxúria, da luxúria à verdade)

I guess that’s how I know you

(Eu acho que é assim que eu conheço você)

So hold you close to help you give it up

(Então eu te abraço apertado para te ajudar a desistir)

Enjolras se deitou ao lado de Éponine ao terminar, e a abraçou bem apertado. Os dois estavam suados, tinham o cheiro um do outro na pele e não se importaram com isso. Algo importante havia acontecido ali, aquela noite. Eles ficaram em silencio, abraçados, nenhuma palavra poderia descrever o que eles estavam sentindo ou acabaram de sentir. As vezes o silêncio diz tudo que precisamos ouvir.

Éponine depositou outro beijo no coração de Enjolras e começou a fechar os olhos lentamente. Ela estava cansada, e o dia tinha sido longo e cheio de surpresas.

Enjolras deu um beijo na testa dela e murmurou um “boa noite”, ela se aconchegou mais no peito dele, e pegou no sono, inalando o maravilhoso cheiro que só seu Enjolras tinha. Ele apoiou o queixo no topo da cabeça dela, e ficou deslizando a mão nas costas nua da garota que conseguira mudá-lo.

Enjolras adormeceu sabendo que agora conhecia o que era felicidade, e todas as coisas que Éponine, sempre dissera que ele iria encontrar em outra garota.

Já Éponine dormiu com a sensação de estar protegida e segura de tudo e todos.

So kiss me like you wanna be loved

(Me beije como se quisesse ser amada)

You wanna be loved, you wanna be loved

(você quer ser amada, você quer ser amada)

This feels like falling in love

(Isso é como se apaixonar)

Falling in love, we're falling in love

(É como se apaixonar, nós estamos nos apaixonando)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom gente é isso. Espero que tenham gostado, o final ficou meio bleh,mas eu não sabia como fazê-lo
Muito,muito obrigada novamente Jumilreu pela recomendação que me deixou extremamente feliz, sai pulando pela casa. Obrigada.
E acho que esse é o último capítulo esse mês, ao menos que vocês mereçam um outro capítulo. Mas isso vai depender só de vocês.
Sintam-se a vontade para me dizer o que acharam.
Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When Smiled You Knew" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.