Do lado de fora o vento levava as folhas das árvores, a chuva caía cruelmente, fazendo barulhos nas portas e janelas. No centro da sala os três estavam reunidos de frente com a TV. Ana estava sentada com Victor no sofá, e Cristiana no chão. O advogado remexia nos papéis em sua frente à procura do envelope correto. Até que parou diante de um pacote todo dourado, um pouco velho, mas em cima tinha o nome de Ana Pacoval escrito em letras pretas. Ana soube na hora que aquela era oque estava esperando. A herança que seu avô havia deixado para ela.

O velho senhor colocou os óculos mas perto dos olhos, em cima de seu nariz enrugado, abriu o pacote e de dentro dele tirou uma pequena e delicada caixinha de madeira escura, esculpida com tons de dourado, que se não fossem tão escuro poderia ser ouro. O advogado tirou de dentro da caixa um envelope com uma carta endereçada somente a ela, e voltou a trancar a caixinha que também colocou em suas mãos. Os três então saíram do escritório, com Cristiana falando o tempo todo sobre oque teria dentro da caixa.

__ Amiga, acho que você deveria abrir. Se não abrir a caixinha pelo menos a carta. - Disse a menina enquanto segurava a caixa tentando encontrar uma forma de abri-la.

__ Eu vou abrir Cris, mas não aqui, no meu da rua. Vamos para minha casa, e lá nós três vamos dar um jeito de ver oque tem dentro dessa caixa. - Ela se virou para Victor que andava em silêncio ao seu lado - Victor? Você pegou a chave não é mesmo? - Disse dando empurrões no garoto que parecia não estar prestando atenção - Victor acorda, no que você ta pensando?

__ Ah! Oi Ana, peguei sim. Estava pensando no baile, é daqui duas semanas e ainda não tomei coragem para convidar a garota com quem quero ir! E também tem a crônica do jogo, ainda não conseguir desvendar nada sobre o mistério.

Os três ficaram em silêncio, todos sabiam o quanto a crônica tinha intrigado os jogadores. Sempre jogaram juntos a nos, mas desta vez Rafael montou uma aventura imprescindível. Continuaram o caminho até a casa de Ana em silêncio, todos absortos em seus pensamentos, ou até mesmo em seus personagens.

Quando chegaram Ana foi procurar algo na TV, enquanto Cris discutia no telefone com o atendente da pizzaria.

__ Então, nós vamos mesmo abrir esse troço? - disse Victor pegando a caixa em cima da mesa. Ana se aproximou com o envelope nas mãos e sentou ao seu lado no sofá. Lá fora o vento chicoteava as árvores, a chuva caía sem parar, fazendo vibrar as persianas nas janelas.

__ Vamos! Me dê a chave. Não deve ser tão ruim o que tem aqui.

Ela colocou a pequena caixa em cima da mesa de centro, e então girou a chave na fechadura. Um pequeno estalo soou pela sala, e então lentamente a tampa se ergueu revelando o conteúdo de dentro dela. Era um medalhão, dourado. A jóia era pesada e fosca e, desenhado em ouro puro, podia-se distinguir uma coruja, com olhos vermelhos, e o corpo estranhamente preenchido em tons de negro.

Do outro lado da sala Cristiana se aproximou com os olhos arfados com a expressão de suspense, em suas mãos o envelope estava aberto. Quando virou para que todos vissem oque estava escrito, não era uma carta de despedida ou algo do gênero. Era uma ordem, expressa. Em letras garrafais, no centro da folha encontrava-se o seguinte dizer com a letra de seu avô:

Destrua-o!