Quarta-Feira – 7:48

Que ironia, ontem mesmo digo que irei dormir por mil anos e hoje acordo cedo, o que NUNCA acontece a não ser que um despertador estraga prazeres faça isso. Fui até o banheiro, fiz minha higiene pessoal e bucal, prendi os cabelos num coque e de pijama mesmo desci para tomar café.

Me deparo com Nana fazendo torrada e café na cozinha, Castiel também está lá só que na mesa, mexendo no celular, de pijama ou melhor uma camiseta preta toda amassada, calça moletom mal amarrada e de pé descalços. Ele parece aquele tipo de aluno ‘’responsável’’ que faz tudo na ultima hora, que orgulho desse garoto (#ironica). Me sentei na mesa, Castiel me olhou por uns 2 ou 3 segundos e voltou a sua atenção para o celular. Nenhuma ofensa, ameaça ou malicia? Estranho...

–Bom dia querida! – Nana disse sorridente e me entregando um prato com torrada e uma xícara de café. Eu retribui o sorriso.

–Espera, era para mim! – Castiel protestou

–Tenha modos Castiel, primeiro as damas. – disse Nana

–Ouviu? Primeiro as damas! – Digo provocando.

–Estranho... não vejo nenhuma aqui. Só uma marrentinha descabelada.

–Eu não estou descabelada! – eu disse tentando ajeitar o cabelo.

–Nossa! Imagina se estivesse... – ele se levantou e foi direto para geladeira e pegou uma jarra com suco e se serviu.

–Aqui está Sr. Castiel, se apresse, faltam 10 minutos para sua aula e nem se arrumou ainda. – Nana disse entregando também um prato com torradas.

–Eu entro mais tarde no segundo horário. – Castiel se sentou e começou a literalmente devorar o café da manha.

–Tudo bem. Mas nada de cabular aula. – Nana disse meio rigorosa, ela parecia ser mãe do Castiel agindo assim. Ele assentiu e voltou a comer.

Terminei de tomar o café, ou pelo menos a metade. Eu não sentia muita fome de manha. Meu celular, no meu bolso, começa a vibrar pego e vejo uma mensagem de Violette.

Mensagem: Urgente! Skype! – Vih

O que tinha de tão urgente essa hora meu santo Deus? Sem pensar duas vezes subi as escadas e fui direto para meu quarto, liguei o notebook, entrei no skype, Vih estava online, mandei uma solicitação de conversa por webcam e ela aceitou.

Conversa Online (ON):

–O que aconteceu? – eu perguntei, Vih parecia bem ansiosa.

–Eu acordei, me arrumei, tomei café, arrumei minha mochila, meu cabelo...

–DESEMBUCHA!

–OK, ok. E quando já estou saindo de casa, meu pai me chama e diz que Ken me deixou uma carta!

–E dai? O que diz nela?

–É por isso que eu te chamei! Ainda no envelope lacrado está escrito para NÓS DUAS LERMOS JUNTAS!

–E o que você ta esperando? Lê logo!

–ta bom!! – ela disse abrindo o envelope e tirando um papel dobrado de lá, depois de desdobra-lo ela começa á ler. – ‘’ Queridas Juh e Vih, vocês conhecem Sophia não? Claro que conhecem, quem não conheceria a garota mais perversa e maldosa de todo esse mundo? Pois bem, vocês sabem que ela vive tirando sarro, rejeitando e zoando os ’’ inferiores’’ á ela, Incluindo á mim. – Sophia, a cretina. Era assim que eu chamava ela, ‘’inferiores’’ era como ela se dirigia aos novatos, nerds, ou anti-sociais da escola. Mas ela era só uma vadia exibida que se achava melhor que os outros – Outro dia novamente ela roubou meu lanche e meu dinheiro e como sempre me bateu, me sinto um idiota por deixar isso acontecer, mas não sou nenhum covarde para revidar e bater em mulher. Então como sempre, só deixei acontecer. O problema dessa vez é que meu pai descobriu. E não aceitou que seu filho fosse rebaixado por ‘’mocinhas’’, então tomou a decisão de me colocar em uma escola militar por um tempo, para ver se consegue, de acordo com ele, finalmente que eu me torne um verdadeiro homem.

Hoje mesmo irei para essa escola, queria me despedir pessoalmente das duas mas foi meio que impossível. Obrigado por tudo que fizeram por mim e principalmente me aceitarem ao contrario de toda a escola que me via como um maníaco fissurado em bolacha que usa olhos fundo de garrafa.

Sentirei falta de vocês, espero que sintam a minha também e que não me esqueçam pois logo logo estou de volta para encher vocês de bolachas de chocolate! Amo vocês duas, minhas melhores amigas... nos vemos em breve. Com amor, Ken’’. – Como assim Ken tinha ido em bora? Olhei para Violette, ela estava pálida, encarava a carta com os olhos arregalados. Sabia que seria difícil para ela, para mim também é claro, amo Ken como um irmão, ele sempre foi um grande amigo, mas para Vih ele sempre foi mais do que isso, infelizmente ele ‘’cabeça de vento’’ não se tocava. Pobre Ken, espero vê-lo logo.

–NÃO! NÃO PODE! COMO ASSIM? EU VOU MATAR AQUELA VADIA DA SOPHIA! – ela gritava do ‘’outro lado’’.

–Acalme-se Vih vai dar tudo certo, não perca seu tempo com essa albina ridícula (olha quem fala... a garota mais branca que papel) tenho certeza que Ken estará seguro lá, claro sentiremos sua falta mas como ele disse na carta... logo logo estará com nós. – eu disse tentando reconforta-la.

–Sim mas... meus dois melhores amigos estão longe de mim, o que eu faço?

–Ei, sua egoísta! Eu também estou longe de você e de Ken. Mas logo estarei de volta, assim que as férias terminarem, e Ken também! E de novo estaremos nós três juntos! Ouviu? Agora...- eu disse olhando as horas do meu celular – vá para escola, você está atrasada, a não ser que queria perder seu perfeito histórico de presença escolar!

–Já estou indo... Eu te amo sua chata!

–Também te amo bobona. Boa aula, dê um tapa em Sophia por mim! – eu falei tentando levantar seu humor, é claro que Vih não tocaria um dedo em Sophia, ela não era desse tipo, podia até parecer as vezes mas ela era muito tímida.

–Pode deixar! – ela disse rindo e desligou a ligação.

Conversa online (OFF):

Guardei o notebook e me deitei de volta na cama que ainda estava desarrumada, estava tão quentinho ali mas milagrosamente não estava com sono. Peguei meu celular e meus fones de ouvido e comecei a escutar alguma musica, mas todas já estavam enjoadas para mim de tanto que eu ouvia. Deixei tocando You Need Me, I Don’t Need You – Ed Sheeran, era uma de minhas músicas preferidas, era bem divertida (ps: recomendo, para quem quiser escutar).

Estava entediada, precisava urgentemente fazer alguma coisa, e deixar a preguiça de lado. Se pelo menos nesse quarto tivesse uma televisão!

Desço até a sala, ainda com os fones nos ouvidos escutando a musica que por coincidência o cantor canta essa frase:

‘’ With VO5 wax for my ginger hair

So now I'm back to this sofa giving a dose‘’

Tradução: ‘’Com cera VO5 para o meu cabelo ruivo

Então, agora estou de volta neste sofá, cochilando’’

Por que coincidência? Por que quando eu cheguei na sala, me deparei com um certo ruivo dormindo no sofá. O controle da TV esta na mão dele, silenciosamente vou até ele e pego. Vou até seus pés, levanto-os, me sento no sofá e coloco seus pés no meu colo. Não iria acordar o coitado né? Até por que eu sei o quanto é chato ser acordado e eu queria assistir TV, então não tinha outra opção.

Passo vários canais... nada de bom. Olho para Castiel, ele está babando, literalmente. Logo tenho uma idéia EXPLENDIDA!

Saio dali cuidadosamente para não acordar o Sr. Fósforo, vou até a cozinha e pego chantilly, com certeza já sabem o que eu irei fazer!

Volto á sala, me dirijo até ele, tiro a tampa do chantilly e vou levando até seu rosto.

–O que você pensa que está fazendo? – ele perguntou sonolento de olhos fechados, fazendo com que eu tomasse um susto e desse um pulo!

–Ai garoto! Você me assustou! – eu disse levando uma mão até meu peito. Meu coração estava acelerado. Fui pega, me decepcionei agora.

–Você não me respondeu! – ele disse se sentando e bocejando.

–Eu ia fazer uma pequena... bricadeirinha. – eu disse jogando um sorriso exagerado para ele.

–Não se atreva a tentar fazer isso de novo, se não vai se arrepender. – ele disse meio sério, mas bocejando. Veria mesmo isso como uma ameaça? Claro que não... mais tarde eu tento de novo. – Que horas são?

–Hum, são...8:37. – eu disse vendo no relógio. – Vai entrar no segundo horário?

–Meio obvio né. Ah não ser que você queira matar aula de novo comigo. – ele disse me olhando maliciosamente.

–Com certeza não. – eu disse e ele deu de ombros, pegou a mochila, chaves e foi em direção a porta. – Castiel! Vocês tem bicicleta? Eu estava afim de dar uma volta por aí.

–Eu tenho uma bicicleta que faz um tempinho que eu não uso, mas ainda está inteira, talvez com o pneu vazio mas nada que uma ida na oficina não adiante.

–Então você me empresta?

–Desde que não se perca e eu não tenha que te buscar, beleza. – ele disse com um meio sorriso.

–Eu não vou me perder, agora que eu já coloquei o nome dessa rua no GPS do meu celular, não vou mais precisar que você me busque.

–Fechado então marrentinha. Ela está na garagem, pode pegar. – ele disse quase fechando a porta.

–Ok, mais uma coisa...

–Eu vou me atrasar!

–Onde tem uma oficina?

–Aqui na esquina tem uma.

–beleza, tão ta tchau.

–Tchau! – ele disse e bateu a porta.

–BOA AULA! – eu gritei

–Duvido que eu tenha! – ele disse.

Ele saiu, fiquei por mais alguns minutos na sala vendo TV, e depois fui até a garagem. Achei uma bicicleta preta no canto, ela estava cheia de poeira, mas nada que um pano não ajudasse não é?

Fui até a lavanderia e peguei um pano, passei na bicicleta que logo parecia novinha em folha, tirando os pneus totalmente vazios. Tiro a bicicleta de lá e coloco no quintal. Vou até o quarto da minha mãe e deixo um bilhete. Depois em meu quarto, troco de roupa, coloco uma leggin preta e uma camiseta regata azul normal e meu tênis. Amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto, pego meu celular e fones de ouvidos, é claro e saio de casa em direção a oficina dita por Castiel, levando a bicicleta do meu lado.

Depois de encher os pneus, saio pedalando pelas ruas, ao som de Troublemaker - Olly Murs feat Flo Rida. Adorava todo tipo de música, principalmente rock e pop, quanto mais agitada a música melhor ainda.

Fiquei por algumas horas andando pelas ruas, dando voltas e voltas pelo bairro, pedalando em círculos e passando pelo mesmo lugar umas 10 vezes, para ter certeza que dessa vez não iria me perder. Passei em uma lancheria tomei um milkshake e continuei a ‘’viagem’’.

Voltei para casa para almoçar e depois voltei a pedalar pelas ruas distraída na música e nos pensamentos, nem percebia as horas passando.

[...]

Fui ver as horas, 13:22, já era de tarde, o dia já estava mais ensolarado, minhas pernas já estavam detonadas de tanto pedalar, desci em uma praça, comprei uma garrafa d’agua de um vendedor que passava por ali, sentei em banco e coloquei a bicicleta encostada em uma arvore ao lado. Fiquei por um tempinho descansando as pernas e voltei a pé levando a bicicleta ao meu lado.

Cheguei em casa e me sentei no quintal, estava ofegante, precisava tomar um banho, mas não conseguia me levantar de tanto cansaço e preguiça.

Decidi ficar mais um tempinho ali. Vi Castiel voltando de apé com a mochila em suas costas, achei estranho ele não estar de carro ou moto, e achei mais estranho ainda uma garota loira correndo atrás dele choramingando.

POV Castiel (ON):

Estava voltando de a pé do saco que é chamado de escola, sinceramente tinha me arrependido de não ter ido de moto hoje, por que assim poderia atropelar a irritante da Ambre que me seguia para tudo onde eu ia.

–Cast...me espera! Precisamos conversar sobre nossa relação! – ela choramingou, eu apressava o passo, quanto mais longe dela melhor. –Castizinho para um pouco, eu estou de salto, não consigo correr! – parei de andar e me virei para ela.

–Olha quantas vezes eu vou ter que dizer para você largar do meu pé garota?- eu disse um tanto quanto muito irritado.

–Ah amorzinho, eu só quero que você saiba que fomos feitos um para o outro. – eu não me agüentei tive que rir daquela situação.

–Olha Ambre por que você não vai para manicure e para de me atordoar que você ganha mais? – eu disse abrindo a grade da minha casa e entrando. Juh estava sentada ali na frente, ela estava ofegante. Logo olhou para mim e sorriu, um sorriso tipo:’’estou acabada mas não vou deixar você me abalar’’. Me virei e Ambre ainda estava ali, ela encarava com ódio algo ou alguém...Juh?

–Quem é essa Cast? – ela perguntou BERRANDO, a voz fina dela era ensurdecedora.

–Minha esposa. – disse e fechei a grade na cara dela. Incrível como mesmo com raiva eu ainda era irônico. Ouvi Ambre dizer mais alguma coisa mas simplesmente ignorei. Vi que Juh tinha escutado o que eu falei, ela olhou para mim confusa e eu simplesmente revirei os olhos e sussurrei um ‘’ignora e entra’’. Entrei dentro de casa, e logo ela veio atrás de mim.

–Namoradinha obcecada? – ela me perguntou enquanto eu sentava na poltrona da sala.

–Credo...-eu disse trocando de canal.

–Bem eu tenho mais o fazer, então eu vou tomar um banho. – ela disse indo em direção a porta.

–É, ta precisando. – Digo e ela me joga um olhar ameaçador.

–Como meu marido você não pode falar isso! – ela disse rindo e eu ri junto me lembrando da cara da Ambre quando eu menti dizendo que ela era minha esposa.

–To pensando em pedir divórcio. – digo sorrindo de canto para ela.

–Se é assim que você quer! – Ela fala, dá uma jogada de cabelo e sai andando, ouço suas risadas no corredor.

Ela era legal, não era como essas menininhas como a Ambre que só se importavam com roupa, cabelo, unha, que choramingam por qualquer coisa, ou que usavam uma tonelada de maquiagem na cara. Brincava na boa sem levar nada a sério e simplesmente ignorava certos comentários, que ao contrario de outras, sairiam chorando para as amiguinhas.

Fui para o pátio servi ração para Dragon, brinquei um pouco com ele e depois fui para a casa de Lysandre, nós marcamos de ir lá para ensaiar para sexta feira á noite.

POV Castiel (OFF).