Meu Anjo escrita por Mari May


Capítulo 5
Docemente irritante




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         No recreio, Sakura me pediu para não descer e esperar todo mundo sair. Cada um inventou uma desculpa e permaneceu na sala.

         Quando não havia mais ninguém, ela veio até mim segurando um embrulho maior do que o do dia anterior.

- ...tinha mais chiclete?!

- Quê??? Claro que não, pô!

- Então, o que é is...?

- Chocolate caseiro. – respondeu, corando um pouco – Fiz pra agradecer. Não sou lá grande coisa na cozinha, mas... Fiz o melhor que pude. Espero que aceite.

- Ah... – pisquei rápido, surpreso – Bom... Não precisava...

- Precisava sim! Toma! – ela corou mais ainda.

- Er... Tá... Obrigado... – falei, pegando o chocolate.

         Feito com tanto carinho, não podia estar tão ruim, né?

         Podia?

         Dei uma mordida.

- E aí??? – ela indagou, com os olhos brilhando.

         ...é, podia. REALMENTE podia.

- Tem um sabor bem... Hum... Como posso dizer... Er... Bem exótico!

- Jura???

- Sim! Melhor eu até guardar antes que mais alguém queira usufruir dessa maravilha culinária! – sorri o mais sincero que pude.

         Ela ficou visivelmente feliz. Estava radiante.

         Radiante até demais...

- Vou fazer mais! – exclamou, animada.

         Por dentro, me contorci de desgosto. NÃÃÃÃO!

- Nossa... Hehe... Já disse, não precisa, Sakura... – falei, tentando contornar a situação.

- E se eu tentar botar um recheio por dentro? Que tal menta?

- Er... Sakura... Realmente não preci...!

- Mas você não disse que gostou?

- É, gostei, adorei, amei, gamei, mas...!

         De repente, alguém tira o chocolate da minha mão. Naruto.

         Ele dá uma mordida.

- Eca! Que horror! Quem fez essa porcaria??? Credo, joga isso fora, Sasuke!

         Estapeio minha testa.

- Então, você mentiu, né??? – a garota exclamou, revoltada.

- Não! Digo, não exatamente...

- Grrr!

         Ela tira o chocolate da mão do Naruto e taca em mim. Com força. Muita força. Cheguei a cambalear um pouco.

         Então, saiu de sala, batendo o pé.

         Naruto me analisou de baixo para cima e disse:

- É... Ela realmente jogou no lixo! Hihihi!

         Dou um soco que o faz voar longe.

- Você é um idiota sem cura, Naruto!!!

- Aaaai...

- O que veio fazer aqui???

- Esqueci minha carteira... E hoje tem lámen na cantina...

- Hunf!

- O que vocês tavam fazendo?

- Nada. Ela me deu aquele chocolate, e...!

- Por que ela te deu um chocolate? – ele indagou, confuso.

         Eu e minha boca... Acho que peguei mania de falar o que não devo com ele...

- Porque eu a ajudei, e ela quis agradecer.

- Ajudou? Com o quê?

- Você não vai parar de fazer perguntas não?!

- Não foge do assunto!

- Putz... Quer saber? É até bom que você saiba. Viu que o Kiba saiu logo no primeiro tempo, né?

- Aham.

         Contei tudo a Naruto.

- Aquele desgraçado fez o quê???

- Isso mesmo. Os outros não precisam saber, pois não andam com o Kiba... Mas a gente andou um bom tempo com a laia dele, e por causa do pessoal começamos a nos afastar. Vamos aproveitar a deixar pra nos afastar de vez desse babaca.

- Beleza.

         Fomos para o pátio, e adivinha qual era o assunto da rodinha?

- Gente, vocês viram o Kiba saindo do nada lá da sala?

         Ino. Tinha que ser.

- Pois é... O que será que aconteceu? – indagou Lee.

- Que fofoqueiros... – reclamou Shikamaru.

- Cala a boca! – a loira mandou.

         Sakura estava lá e, quando me viu, ficou emburrada.

- Com licença. Vou beber água. – avisou, passando direto por mim.

- Sabe, às vezes eu acho que essa menina tem transtorno bipolar... – Chouji comentou.

- Cara, cala a boca e come esse pacote de batatas, vai... – disse Ino.

- Será que você não pode ficar um dia sem mandar ninguém calar a boca? – Naruto perguntou.

- CALA A BOCA!

         Ai, meu Deus... O que eu fiz pra merecer isso?

         Bom, antes isso do que Kiba e companhia...

- Fiquei com sede também. – falei.

         E lá fui eu. Não queria deixar Sakura chateada comigo. Não sei por quê, mas não queria.

         Ao chegar ao bebedouro, ela já estava saindo.

- Sakura...

- Ah, olá, Sasuke-kun! – ela me olhou de modo investigativo, ou seja lá o nome que dão a olhares desse tipo – Se é que é esse mesmo o seu nome!

- Dá pra parar com a palhaçada?

- Por que mentiu pra mim?

- Eu não menti. Só omiti a verdade.

- Nooossa, graaande diferença!

- Tá bom, tá bom, menti mesmo. Mas não foi por mal. Você estava tão animada que...!

- E por isso mente? Pra agradar? Sabia que assim é pior? É assim que os grandes mentirosos começam, com mentiras aparentemente bobas...

- Pára de exagero!

- Então, pára de enrolar e pede logo desculpas!

- O quê?!

- Engole logo esse orgulho e pede desculpas!

- Era só um chocolate!

- Pra mim era mais que um chocolate!!! – me assustei com seu tom de voz, e seus olhos ficaram marejados – Era meu agradecimento em forma de chocolate... Se você dissesse que não estava tão bom, é claro que eu ficaria chateada, mas pelo menos iria treinar e me esforçar pra fazer chocolates cada vez menos piores... Mas já que pra você era só um chocolate como qualquer outro, tudo bem...

         Fiquei impressionado. Não esperava que um simples chocolate pudesse ter tanto significado.

- Eu... Não sabia que importava tanto assim...

- Hunf! – ela cruzou os braços, se segurando pra não deixar as lágrimas caírem.

- Comer outro chocolate seu é uma maneira de me desculpar?

         Ela lentamente olhou na minha direção. Fitou-me de cima pra baixo e de baixo pra cima. Então, a testa franzida sumiu e um singelo sorriso surgiu em seu rosto.

- Vou pensar no seu caso.

         Então, passou por mim, com ar imponente. Fiquei olhando-a se distanciar cada vez mais, andando feito modelo na passarela.

         Definitivamente, a Sakura era irritante. Docemente irritante.

         Naquele dia, os atores da peça combinaram de ensaiar depois da aula, até o final da tarde. No dia seguinte, também. Mas, na sexta-feira, não houve ensaio porque algumas pessoas tinham outros compromissos. Marcamos para sábado na casa de Sakura, pois ela disse que tinha um quintal grande o suficiente para nos “abrigar”.

         Na saída, reparei que Sakura foi pra outro ponto de ônibus e a segui.

- Ué, não vai pra casa? – perguntei, assustando-a com minha aparição repentina.

- Sasuke-kun?! Ah, é que tenho que ir no shopping pegar uma encomenda pro meu pai na loja de informática...

- E por que vai sozinha? Não seria melhor ir acompanhada?

- A Ino tem hora marcada na manicure e no cabeleireiro, e hoje a família do Neji vai almoçar com a família da Hinata. Tenten, claro, foi de penetra.

- Ah... Entendo...

- Hehe... – ela pôs uma mecha do cabelo atrás da orelha tão delicadamente que aquilo me impactou de algum modo.

- Eu... Estou com tempo livre. – falei sem pensar.

         Seu semblante mudou de calmo para surpreso.

- M-mas... Eu nunca...!

         Antes que pudesse falar, avistou o ônibus que pegaria e fez o sinal.

         Subi junto com ela, que sentou ao lado da janela, e eu ao seu lado.

- O que ia dizer? – perguntei.

- Ah, é que... Ah, deixa pra lá...

- Vai mesmo me deixar curioso?

- Quer dizer que o sempre desinteressado Sasuke-kun agora mostra interesse pelo o que eu penso?

         Vi seu sorriso de triunfo e me senti terrivelmente idiota. Aquela garota sabia como me rebater, e olha que só me conhece há quase três semanas...

- Hunf... – limitei-me a proferir.

         Ouvi sua risada sarcástica e ao mesmo tempo inocente. Não fazia aquilo por maldade, apenas queria se divertir. Às minhas custas, mas queria.

- Pode anotar: você VAI dizer. – decretei.

- Veremos!

         Não nos falamos mais pelo resto do trajeto. Sakura ficou ouvindo música em seu IPod, e eu aproveitei pra cochilar um pouco.

         Quando chegamos, Sakura me cutucou e eu acordei.

         Fomos na loja que ela queria, e ela pegou a encomenda. Ao sairmos, sugeri:

- Vamos fazer um lanche?

- A idéia é ótima, mas não tenho dinheiro suficiente pra...!

- Não tem problema. Eu pago.

- Q-que isso, Sasuke-kun! Não se incomode!

- Vai mesmo recusar? Aproveita que hoje estou razoavelmente de bom-humor.

- Mas... Mas...

- Decide logo...

- ...

- Está com fome?

         Ela ruborizou e abaixou a cabeça, muda.

- Então, pronto. Vamos.

         Andei até a praça de alimentação. Sakura, mesmo relutante, me seguiu. A fome deve ter falado mais alto.

- Onde quer comer? – perguntei.

- Ah... Numa pizzaria... Aí, dividimos uma pizza...

- Boa. Tem uma ali.

         Entramos, sentamos e pedimos. Metade calabresa e metade quatro queijos.

- Agora que isso está mesmo parecendo um... – ela mesma se interrompeu.

- Parecendo o quê?

- N-nada.

- Não, não é “nada”. É aquilo que você ia falar antes de entrar no ônibus?

         Ela demorou, mas logo assentiu com a cabeça.

- E você não vai mesmo falar o que é?

         Levemente rubra, ela me encarou.

- Promete que não vai rir, me zoar ou qualquer coisa do tipo?

- Prometo.

- Se não cumprir a promessa, saio daqui na mesma hora.

- Combinado.

         Ela abaixou a cabeça de novo e disse:

- Eu... N-nunca... Tive... U-um... Encontro. Pronto, falei. – dito isso, desviou o olhar para um ponto qualquer do chão.

         Fiquei em silêncio por alguns segundos até responder:

- E daí?

         Ela voltou a me fitar, surpresa.

- Não acha isso estranho?

- Não.

- Não vai me zoar por eu ficar com vergonha?

- Não.

- Nem por eu achar que isso parece um encontro?

- Não.

- Você existe???

- Homens compreensivos ainda existem hoje em dia.

         Ela piscou rápido várias vezes, incrédula.

- Acho que estou em frente a uma miragem.

- Devo considerar um elogio?

- S-sei lá. – ela ainda me olhava, admirada.

- Ei... Não me encare desse jeito... Me sinto pressionado...

- D-desculpa. – falou, olhando para qualquer ponto da nossa mesa.

- Você... Nunca saiu a sós com algum garoto? Algum amigo?

- É.

- Ah... Se eu soubesse... Bom, não queria te constranger...

- Tudo bem... Você até que é legal...

- “Até que”?

         Sakura riu e voltou a me fitar.

- Tudo bem, você É legal. Mas só quando quer.

- Acho que posso dizer o mesmo de você.

- Bobo! – ela disse, rindo de novo.

- Você que é boba. Nem toda vez que você sai com um garoto é um encontro, sabia?

- Falar é fácil, mas na prática... Sei lá, é... Meio estranho...

- Depende do que você sente quando está com esse garoto e o que espera dele.

         Na mesma hora, toda sua face ganhou um tom escarlate.

- ...Sakura? – meu olhar era de quem não entendeu nada.

- O-oi?

- Você está bem?

- C-claro!

- Er... Tá. O que quero dizer é... Não precisa ficar tão constrangida se você só vê o cara como seu amigo.

- É esse o problema... – murmurou baixinho, mas fiz leitura labial.

- O que é um problema?

         Nesse instante, o garçom chegou com a pizza.

         Nos servimos e ela manteve-se calada.

- Está boa?

- Sim, já me acalmei.

- Eu... Me referi à pizza.

- Ah! – ela corou – Sim, está ótima! Obrigada!

         Meu Deus! Não tem motivo pra ela ficar tão nervosa! Ou... Será que tem? Será que é algum trauma do passado? Hum... Nesse caso, melhor nem perguntar...

         Mas... Por que estou tão curioso??? Faz tempo que não me interesso assim por uma garota... Se bem que... Nunca me interessei TANTO assim.

         Acho que fiquei fascinado desde aquela bronca na sala de espera da enfermaria (tá, sei que pode parecer bizarro me fascinar com isso, mas é a verdade).

E... Ela é meiga e tímida, mas não tanto quanto a Hinata. É agitada e teimosa, mas não tanto quanto Ino. Talvez esse equilíbrio também tenha me fascinado...

- Agora quem se sente pressionada sou eu. – ela disse de repente.

- Hã? – despertei dos meus devaneios, reparando que havia parado de comer pra ficar olhando-a – Comecei a viajar e nem percebi...

- Tá, né...

         Terminamos a pizza e saímos.

- Satisfeita?

- Aham! Estava uma delícia! Mas... Já tenho que ir, Sasuke-kun... Meu pai precisa disso logo... Falou que ia chegar mais cedo em casa, e já era pra eu estar lá...

- Entendo... Então, vamos embora.

- Tá.

         Na porta do shopping, nos despedimos.

- Até segunda, Sasuke-kun!

- Até.

- Ah, e muito obrigada por hoje!

- Não há de quê. – acabei sorrindo sem querer.

         Ela corou um pouco, e acenou antes de sumir da minha vista.

         Passar um tempo com Sakura no shopping não estava nos meus planos, mas... Não me arrependo. Por mais estranho que seja admitir isso.

 

 

 

 

NOSSA, JÁ TÁ NO CAPÍTULO 5??? O_O

OMG... :O

No próximo capítulo, Kiba volta a atacar... :X

E no próximo do próximo (-q), já posso pressentir... Não, não o perigo e o caos (-Q) - HAHAHAHAHA, abertura de Dragon Ball Z XDDDDDDDDD -, mas já posso pressentir minha morte... :D'''

EEEEENFIM... Pime-chan, foi por causa desse capítulo que perguntei seus sabores de pizza favoritos, porque eu sei lá que pizza colocaria pra eles comerem, HAHAHAHAHAHA XD (podem ignorar meus comentários retardados... :B)

 


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