A professora Kurenai, de Biologia, chegou, e os demais alunos também. A aula começou.

         Ao seu término, enquanto guardava meu material, do nada senti uma mão sobre meu ombro.

- AAAAAAAH! JESUS!

- Não. Gaara.

- Pô, cara, quer me matar do coração?!

- Até o presente momento, não. E espero que não me dê motivos para desejar tal coisa.

         Engoli em seco, diante daquele rosto sombrio.

- P-pode deixar...

- Sasukeee, vou levar a Hinata! Hoje, a Tenten não pode ir com ela!

- Já vai tarde! – brinquei.

         Naruto me mandou um certo sinal com o dedo do meio. Hinata, educadamente, o repreendeu, meiga como sempre. Foram embora.

         Gaara voltou a falar comigo.

- Como não me procurou no recreio, agora pode ser que não dê tempo... – ele fitou uma carteira vazia a alguns metros de nós, e vi que era onde Sakura estava sentada hoje.

- Droga, esqueci completamente!

- Percebi. Agora, preste atenção...

         Quando Gaara me contou, não acreditei, e saí correndo da sala imediatamente. Tinha que dar tempo!

         Ao chegar ao portão, vi que Naruto e Hinata estavam prestes a atravessar a rua.

- HINATA! – gritei.

         Ambos me olharam, surpresos com minha aparição repentina.

- Sim?

- Preciso falar com seu primo! Cadê ele?

- Neji? Foi naquela direção. Disse que ia resolver umas coisas e por isso não poderia almoçar com nossa família hoj...!

- Valeu!

         Saí correndo em disparada.

         Gaara estava certo. Eles foram mesmo para a loja de doces que fica a três quadras do colégio e em frente ao ponto de ônibus de Sakura.

         Chegando lá, perguntei:

- Por acaso um garoto do meu colégio, moreno, de cabelo castanho arrepiado, e um branco, de cabelo castanho grande, passaram por aqui?

- Sim. Vieram com uma menina de cabelo rosa. Eles saíram e depois ela voltou chorando, querendo saber onde era o banheiro, e está lá até agora... Até entendo, mas queria saber como ela conseguiu ficar com o cabelo daquele jeito...

- Droga!!! – vociferei – E onde fica o banheiro???

- No segundo andar. É só subir essa escada.

- Obrigado!

         Ao chegar, ouvi alguém soluçando de tanto chorar. O som vinha do banheiro feminino.

         Respirei fundo e bati na porta.

- Sakura?

- Hã?! Q-quem é?!

- Sou eu, Sasuke.

- C-como soube que eu...?!

- Isso não importa agora. Abre a porta.

- N-não posso...

- Abre logo.

- N-não! Não pode me obrigar!

- Deixa de ser infantil! Você não pode ficar aí a vida toda!

         Ela não responde, e percebo que voltou a chorar.

         Respiro fundo novamente, procurando manter a calma.

- Sakura... – falei suavemente – Eu vim te ajudar. Saia daí antes que alguém da loja te expulse por ficar tanto tempo no banheiro só pra chorar.

         Ela fica quieta por um tempo e depois diz, com a voz falhada:

- Promete que não vai rir de mim?

- Claro que prometo.

         Lentamente, ela abriu a porta, e pude ver o estrago que fizeram.

         Gaara tinha razão...

 

- Eles vão colocar chiclete no cabelo dela.

- O quê???

- Vão até o ponto de ônibus de Sakura, e Kiba vai fingir que quer se desculpar por tê-la destratado no primeiro dia de aula, vai dizer que não se desculpou antes por ser muito orgulhoso e, pra se redimir, vai comprar o doce que ela quiser na loja que fica em frente ao ponto. Neji vai dizer que precisa ir num lugar e pedirá pra Sakura e Kiba acompanhá-lo, pois era ali perto. Então, num beco sem saída, Neji vai segurar os dois braços dela com uma das mãos e tapar sua boca com a outra para abafar os gritos. Kiba vai mascar um chiclete e, segurando o cabelo de Sakura pelas pontas, grudá-lo ali pra ela “aprender a não se meter com ele”, e que estaria encrencada se contasse a alguém.

- Isso... Isso é um absurdo!!!

- Vá, talvez ainda dê tempo de impedir!

 

         Sakura me fitava com aquele olhar desolado.

         Estendi-lhe a mão gentilmente. Temerosa, ela segurou e eu a puxei, abraçando-a pela cintura.

- Calma. Vai dar tudo certo. – falei em seu ouvido.

         Ela estremeceu. Soltei-a e voltei a falar:

- Use meu casaco. Tem capuz. Vá num cabeleireiro e depois diga pra quem perguntar que só quis mudar o visual. Vou pensar num jeito de incriminá-los. Eles não podem ficar impunes!

         A garota me fitava com o semblante confuso, piscando diversas vezes.

- O que foi?

- Aquele cara grosso e mal-educado que falou comigo na enfermaria não era você... Era?

- Ah, sobre aquilo... É que às vezes eu explodo quando estou irritado... Mas você não tinha nada a ver com minha raiva.

- Hum... Seu jeito de pedir desculpas não é muito comum... – ela disse, sorrindo ironicamente.

- É que eu NÃO SOU um cara comum. – sorri de volta.

         Seu sorriso ficou mais irônico ainda.

- E eu muito menos sou uma garota comum.

         Ela pegou o casaco de minhas mãos e disse:

- Obrigada.

         Então, vestindo-o, desceu a escada. Fui junto, e a acompanhei até o ponto de ônibus.

         Enquanto esperávamos, fiquei pensando em como provar a culpa de Kiba, que foi o real mentor do plano.

         Foi quando me ocorreu uma idéia.

- Ei... Quando o Kiba pegou o chiclete, ele teve o cuidado de cobrir os dedos com o papel do chiclete ou qualquer coisa que não deixasse impressões digitais?

- Hum... Não.

         Sorri, triunfante. Sakura captou minha idéia e sorriu de volta.

- Uau, Sasuke-kun! Você é demais!

- He... Eu sei. – brinquei.

         Ela ficou tão, mas tão feliz, que pulou em cima de mim.

- Mas o q...?!

- Muito obrigada, Sasuke-kun! Nem sei como agradecer!

- Er... Tá. – respondi, sendo abraçado daquele jeito sufocante – Mas me largue, por favor.

         Ela me “libertou”, e ainda estava com aquele sorriso emocionado estampado no rosto.

         Por um tempo me senti hipnotizado, mas o feitiço se quebrou quando Sakura apontou seu ônibus na rua.

- Chegou! – ela disse – Até amanhã, Sasuke-kun!

- Até.

         E, assim, Sakura sumiu de minha vista.

         Fui pra casa, pensando naquele rápido instante em que me senti envolvido por aqueles olhos verdes radiantes, por aquele perfume delicioso, ou por aquele sorriso cintilante.

         Chegando em casa, vi que minha família me esperava pra almoçar.

- Filho, que demora foi essa? – minha mãe perguntou.

- Perdi a hora.

- Sabe que seu irmão não tem tempo a perder. – disse meu pai – Ele está na faculdade e precisa muito estudar. Se não fosse esse seu atraso, já teríamos almoçado em família, como sempre fazemos, e ele já poderia estar estudando.

- Perdão, papai...

- Ei, pai, não se preocupe. – Itachi falou – Não me importo de recuperar o tempo perdido varando à noite se for pra comer em família, com todo mundo reunido à mesa. Né, Sasuke?

         Assenti com a cabeça, sorrindo de canto.

         E é essa minha família: uma mãe amorosa e preocupada, um pai rígido porém bondoso e zeloso, e um irmão gentil.

         Apesar dos problemas comuns em qualquer lar, somos uma família unida, e é isso que importa. Sou muito apegado a eles.

         No dia seguinte, no colégio, me deparei com Sakura de cabelo curto até o ombro.

Estava explicando aos amigos:

- Só quis dar uma mudada no visual.

- Maaas... Mas Saaakura... – choramingou Ino – Seu cabelo estava tão grande quanto o da Hinata! Aaah, que desperdício de beleza capilar!

- ...beleza capilar, Ino?

- Sim! Aaaaaah, que desgraça! – a loira disse, inconformada.

- Huhu... Não importa o corte de cabelo, a Sakura-san será pra sempre infinitamente linda! – Lee falou.

- Se é “pra sempre” é “infinito”, ô criatura! – consertou Shikamaru – Que saco... Até isso tenho que ficar falando...

- E aí, Sasuke? – Naruto disse – O que achou do novo visual da Sakura?

         Eu e ela nos encaramos. Só a gente e aqueles dois infelizes sabíamos exatamente o que realmente levou Sakura a cortar o cabelo.

         Respondi a primeira coisa que me veio à cabeça:

- Continua bonita.

         Ela (e todo mundo) arregalou os olhos.

         Também fiquei surpreso comigo mesmo, mas senti que devia falar algo assim depois de um dia tão conturbado... Ou será que falei o que achava de verdade?

         Notei que Sakura corou de leve com minha resposta.

         Sentei numa carteira ao lado da dela. Ela e os outros ficaram conversando, em pé, e eu estava devaneando sobre o que ia comer no recreio quando vi “aqueles” caras adentrando a sala.

         Fuzilei os dois com os olhos. Sakura estava de costas para eles.

- Fala, Kiba! – cumprimentou Naruto, andando até ele.

         Sakura estremeceu, e todos notaram.

- O que foi, Sakura? – Hinata perguntou.

- He... Não foi nada...

         Ninguém pareceu acreditar.

- Sei... – disse Ino, cruzando os braços.

- Uau! Essa música é mais maneira que aquela que você me mostrou ontem! – exclamou Naruto, ouvindo o MP4 com o Kiba.

- E não é? – ele disse, fitando Sakura logo em seguida com um sorriso cruelmente cínico – Belo corte, hein, novata! Combina mais com você!

         Neji, com o mesmo sorriso, murmurou:

- Você é muito escroto...

         Sakura permanecia de costas para eles, e fechou as mãos com força, como se fosse socar alguma coisa. Percebi que ela fazia um esforço tremendo pra não se virar e dar um soco neles.

- Ei, o quê que tá havendo? – Shikamaru, que não é bobo nem nada, logo já fez as ligações.

- Nada, ué. – Kiba respondeu – Não tenho culpa se ela não vai com a minha cara, ou me admira tanto que treme só de ouvir meu nome. – concluiu mais do que cínico.

         Eu quis matá-lo.

- Qual o problema? – Ino perguntou ao Nara.

- Eu que gostaria de saber...

- Eu e Kiba não nos damos bem. – Sakura tratou de responder – Só isso. Eu realmente não vou com a cara dele. Pra falar a verdade, não gosto de nada vindo dele. – ela o encara – Não tremo só de ouvir seu nome porque te admiro, mas porque tenho nojo de você, e quero manter a maior distância possível!

         Um silêncio sepulcral se instala na sala. Ouve-se risadas abafadas.

         Tudo bem que Sakura está mais do que certa, mas se arriscou demais com essa, brincando com fogo desse jeito...

         Kiba lança um olhar feroz, e depois sai de sala furioso, fazendo o fone que estava no ouvido de Naruto sair bruscamente. O loiro quase foi ao chão.

         O dia passou normalmente. Ultimamente, eu e Naruto começamos a nos afastar do nosso grupo de “amigos” e nos juntado ao novo grupo formado por nós dois, Lee, Shikamaru, Chouji, Ino, Hinata, Sakura e Tenten. Ufa! Quanta gente!

         Porém, devo admitir que é mais agradável passar o recreio com esses doidos mesmo...

         No fim do dia, na saída, Sakura discretamente pôs um pequeno embrulho no meu bolso. Era o cabelo com o chiclete grudado.

- Teve o cuidado de pegar sem deixar suas digitais nem as de ninguém, né?

- Lógico. – ela disse, sorrindo docemente.

- Perfeito. Não esqueça de chegar mais cedo amanhã.

- Pode deixar.

         Fugaku Uchiha, meu pai, é policial. E ele tem como pegar as impressões digitais que foram deixadas no chiclete.

         No dia seguinte, conforme o combinado, lá estava Sakura me aguardando. Fomos falar com a diretora Tsunade (e eu evitando olhar pra aquele treco despencando e balançando cada vez que ela se movia... cruz credo...), que se revoltou imensamente com o que contamos.

- Esse Kiba Inuzuka foi transferido pra essa unidade do Colégio Konoha por causa de problemas comportamentais... – contou – Ele maltratava os colegas de classe. Mas não sabia que também praticava bullying contra garotas.

- Vai expulsá-lo? – perguntei.

- Não é a melhor alternativa. Como é a primeira vez que ele faz isso aqui nesta unidade, a punição não pode ser tão severa. Mas também não pode ser tão branda. Darei uma semana de suspensão.

- E... E se ele voltar a fazer alguma coisa contra mim?

- Aí sim podemos cogitar expulsá-lo.

         Eu e Sakura nos entreolhamos e sorrimos, satisfeitos. Agradecemos e voltamos para a sala.

         No mesmo dia, Kiba foi chamado à diretoria. Só voltou para pegar seu material e, antes de sair, lançou um olhar furioso para Sakura, que não me passou despercebido.

 

 

 

 

 

 

 

NHAAAAAAAAAAAAA, EU TAVA DOIDA PRA CHEGAR NESSE CAPÍTULO!!! *_______________*

LINDO, NÉ??? X3

A parte do Sasuke indo amparar a Sakura no banheiro foi inspirada no doujinshin da Damleg "Konoha High School", o resto foi tudim invenção minha! ;3

Ah, e aquela parte do "JESUS! - Não. Gaara.", pra quem já viu "Um Amor Pra Recordar", deve ter soado bem familiar... Pois bem, tirei isso de lá mesmo! Achei MUITO legal, e anotei pra usar em alguma FanFic! Fiquei feliz pela oportunidade ter chegado! ^^

Cara, nesse capítulo, já dei uma dica de como vai ser a parte sobrenatural... Os mais atentos devem ter notado... Quem não notou, huhuhu, não adianta me perguntar, pois NÃO VOU FALAR! 8D *apanha*

Ah, falando nisso, queria saber as idéias que vocês têm sobre como será a parte sobrenatural... Não vou confirmar nem desconfirmar nada, mas fico curiosa pra saber o que se passa na cabeça dos leitores quanto a isso... XD

Enfim, me empolguei aqui. o_o

Mas tenho um aviso pra dar: minhas aulas voltaram essa semana... Então, as postagens não serão mais tão freqüentes... Espero que compreendam... ^^'

Enfim... Obrigada a TODOS que estão acompanhando essa FanFic! /o/