Tive a sensação de perder o chão sob os meus pés, de perder todas as lembranças, olhando naqueles olhos que traziam um frio, e se espalhava por todo o meu corpo.

– E você só tem um motivo para ainda estar viva.

Uma dor sucumbia todo o meu corpo, eu a sentia, mas meu corpo estava preso ao dele e não conseguia me mover nenhum pouco.

– Me largue. – Eu não tinha sequer forças para falar, minha voz saiu quase inaudível.

– Não – Caos passou uma unha no meu braço, cada toque seu era como ácido na minha pele. Senti um liquido quente escorrendo por ele e o cheiro do meu próprio sangue invadir meu nariz. – Você precisava matar o meu filho, porque eu não queria ter que fazer-lo. Mas, pelo visto, você falhou.

– M-a-atar o James? – E por fim, senti um aperto tão forte no coração, que meus olhos lacrimejaram.

Caos me encarou por alguns segundos e depois soltou uma risada que fez todos os meus ossos estremecerem.

– Não me diga que você se apaixonou pelo imprestável? Aquele fraco, nem deveria ser meu filho.

Engoli em seco.

– Você se apaixonou mesmo por ele!!! – Ele riu, mas sem soltar a mão que apertava o meu pescoço.

“ Não só por ele.” – Pensei.

– Eu poderia simplesmente matar você agora, mas, prefiro ver seu rosto quando aqueles olhos perderem o brilho da vida. Primeiro a mãe dele, depois... Você já sabe.

– Eu vou te matar! – Falei entre dentes.

– Como se você fosse conseguir. Querida, me entenda, sou o primeiro vampiro que já existiu, EU sou o ser mais poderoso que anda sobre a Terra. Nada pode me destruir, ninguém pode me matar. Já você... – Caos olhou para o lado e voltou os seus olhos cinza para mim – Pode ser reduzida a pó – Senti sua mão penetrar pelas minhas costelas, minha boca se abriu, meu coração estava nas mãos dele – Mas, os outros humanos não conseguiram sobreviver, você é a única hibrida que eu tenho.

Então, Caos me largou, deixando que meu corpo batesse contra o chão.

– Você é minha. – Ele se abaixou falando em meu ouvido – Vai me obedecer de qualquer jeito. – Sua mão percorreu a linha do meu queixo, mas parecia que suas mãos estavam envolvendo meu cérebro, tomando de conta dele, dos meus pensamentos e até mesmo dos meus sentimentos – Agora que sei que seu ponto fraco é o meu filho, será muito mais fácil.

Minha visão aos poucos embaçava e quando dei por mim já estava integre a escuridão.

(.)

Não sei por quanto tempo fiquei desacordada, mas assim que meus olhos abriram novamente, me levantei o mais rápido que pude e olhei para onde os humanos estavam sendo torturados... Eles não estavam mais lá.

“Caos!”

Eu precisava dar um jeito nisso tudo, no fundo sabia que uma hora ou outra ele iria me matar. Mas, eu não podia pensar o que ele faria com o James, Kendall... Precisava libertar os humanos.

E mesmo sabendo que eu iria morrer, iria tentar.

Meu corpo ainda estava fraco, eu precisava de sangue, minha garganta estava seca como nunca ficara. Tentei me levantar, tropeçando algumas vezes, mas, eu precisava encontrar o James, tínhamos que dar um ponto final nisso – ou ele sair correndo desse lugar enquanto ainda tinha tempo – só ele.

Nunca iria deixar alguma coisa acontecer ao vampiro de olhos castanho- esverdeados. Agora, eu entendia que daria a minha vida por ele. Como também daria pelo Logan, pelo Kendall, pelo Carlos ou por qualquer criatura que já tentou me proteger, que já ficou do meu lado.

Passei por um vampiro e já estava quase agarrando o pescoço dele e bebendo todo o sangue quando algo me impediu, não era aquele sangue que eu queria.

Encostei-me em um muro, respirando fundo, e meus olhos percorreram o lugar até encontrar James andando de braços dados com a Angelique enquanto ela falava gesticulando elegantemente. Franzi a testa e balancei a cabeça tentando me livrar de algumas lágrimas e do ardor na minha garganta que só fazia aumentar.

Finalmente, James conseguiu me enxergar, falou alguma coisa no ouvido da vampira, e começou a andar em minha direção. Consegui forçar os meus pés a se moverem e caminhei até um beco para que assim pudesse conversar sem nenhum vampiro nos olhando.

– Lua... – Fechei os olhos e mordi o lábio quando ele parou a minha frente, já me prendendo entre seu corpo e a parede mais próxima. – Desculpa, eu não sabia que... Eu não...

– Por favor, não fale nada. – Senti o gosto de sangue na minha garganta, meus olhos foram diretamente na veia jugular dele.

“Tão perto... Só afundar... Sangue.” – Balancei a cabeça novamente. Mas, que merda! O que eu estava pensando. Eu iria matar-lo com o meu veneno de lobo.

Fechei os olhos.

– Você sabe que eu não me importava, emoções pra mim nunca significaram nada, isso é coisa de humanos, coisa que eu nunca fui... Mas, te conhecer, ter você perto... Você me ensinou, Lua. Desculpa, não ter falado sobre a Angelique, para mim, ela não tem importância alguma.

Passei a unha no seu pescoço, fazendo um traço de sangue, deixando o meu dedo um pouco molhado e em seguida o levando até os lábios. Precisei reprimir um gemido quando aquele gosto tão doce invadiu a minha boca. Eu PRECISAVA daquele liquido, não de apenas uma gota e sim, de todo o sangue do James.

– O que você está fazendo, Lua?

Devagar abri os olhos, e me dei conta da direção que meus pensamentos tomavam. Empurrei o James contra a parede oposta e segurei minha cabeça com as mãos.

– Você precisa sair daqui, James! Ele me criou. Me criou para matar você.

– Não. – Ele sussurrou.

– Caos deu um jeito de até mesmo controlar minha mente, mesmo eu não querendo acho que somente seu sangue que vai satisfazer minha sede.

– Lua...

– Não se aproxime de mim! É só uma presa minha entrar em contato com o seu sangue que você morre.

– Eu confio em você. – James rapidamente me puxou para perto e me envolveu em seus braços. – Vamos acabar com isso logo. O sol já vai nascer e os vampiros não ousam andar sob os raios.

Respirei fundo tentando ao máximo me controlar.

Ele me soltou e fez um sinal para acompanhar-lo. O céu mudava de cor quando encontramos Kendall perto do portão.

– Juntei vários vampiros contra Caos. Está na hora disso acabar.

James assentiu.

– Mataremos qualquer um que fique no nosso caminho.

Kendall notou minha expressão assustada e se aproximou de mim depositando um beijo no topo da minha cabeça, minha vontade era de chorar, e James que estava ao meu lado lançou um olhar um tanto sombrio.

– Você está bem? – Balancei a cabeça em um sinal negativo.

– Só quero acabar com isso logo.

– Faltam apenas alguns minutos para o sol estar alto no céu.

Os vampiros já se recolhiam, claro que Caos queria que eles não soubessem que podiam andar sob o sol, aqueles eram seus servos, eles deviam gratidão ao primeiro vampiro. Ele queria que todos ficassem perto o suficiente dele, assim não teria que se preocupar com ninguém sendo mais forte que ele.

Sentei-me em uma pedra, enquanto os observava conversando sobre o que fazer, sabendo que antes da lua aparecer novamente esse lugar estaria manchando de sangue, eu só não sabia de quem.

Kendall assobiou, e alguns vampiros saíram das trevas daquela fortaleza, ficando do lado deles, todos carregavam ódio em seu olhar e surpresa por nada acontecer a eles por estarem sob o sol. Por fim, James segurou a alavanca para abrir o portão, os outros precisavam entrar.

– Ei! O que vocês estão fazendo?! – Uma voz masculina veio de algum lugar, ecoando.

De repente, todos ficaram em alerta, se aquele vampiro avisasse aos outros que estávamos tentando abrir o portão em plena luz do dia, seria nosso fim. Fechei os olhos, corri até onde escutei a voz. O vampiro se assustou quando me viu.

Meu rosto estava parcialmente coberto pelo meu cabelo, o olhei, analisando-o. Ele devia bastar, pelo menos por enquanto. No milésimo seguinte, minhas presas estavam afundadas no pescoço dele, seu sangue descia pela minha garganta e antes que ele tivesse chance de gritar por socorro quebrei o seu pescoço.

Menos um.

Seu corpo ficou inerte e eu o joguei perto de onde os outros estavam.

– Estamos prontos. – Limpei o sangue da minha boca com as costas da mão.

Kendall lançou um olhar para mim, os vampiros ficaram um pouco assustados, mas, não fizeram nada, imóveis e, James apenas sorriu, começando a abrir o portão.

Estava na hora.