Closed Minds escrita por lovemyway


Capítulo 19
Capítulo 19 — Esperança


Notas iniciais do capítulo

Hey gente!

Demorou, mas saiu :p

Espero que curtam o capítulo! Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/358424/chapter/19






— Eu preciso que você fique de olho na Rachel e na Santana — sussurrou Quinn, olhando por cima do ombro para se certificar de que Rachel não estava por perto. Ela lançou um olhar preocupado em minha direção, e suspirou. — Fiz uma coisa estúpida, e acho que agora ela pode fazer uma coisa mais estúpida ainda como consequência.

— Tenho uma ideia — murmurei de volta, arregalando os olhos e tentando soar importante. Quinn se inclinou em minha direção, a boca ligeiramente entreaberta, como se fosse falar alguma coisa. Ela a fechou, entretanto, e me olhou desconfiada.

— O que? Você nem sabe o que aconteceu.

— Claro — retruquei. — Não é como se eu pudesse, tipo, ler mentes ou qualquer coisa assim. Até porque isso seria simplesmente bizarro, não é? Deus sabe o quanto eu quero manter meus pensamentos pervertidos só para mim.

— Uh… — ela franziu o cenho, confusa. — Disso eu não duvido, embora tenha quase certeza de que Deus deve achar melhor que você não tenha pensamentos pervertidos em tudo. O que diabos você…

— Então — prossegui, ainda em voz baixa, cortando-a e fingindo que não havia a escutado. Estendi a mão e toquei seu braço, lançando-lhe um olhar conspirador —, ao invés de me pedir para vigiá-la, por que você não tira a sua cabeça de dentro do seu traseiro e vai, não sei, tipo, como em pedir desculpas por qualquer que seja a estupidez que você tenha feito? Aquela que eu totalmente não sei o que é porque não é como, você sabe, se eu pudesse ler mentes, ou qualquer coisa do tipo.

— Desde quando você se tornou tão sarcástico, pirralho?

— Bem —, ponderei, pensando sobre isso. — Passei sete anos da minha vida rodeado por você e pela Santana, e não podemos esquecer da influência mais recente de Kitty… Acho que com o tempo se tornou uma segunda natureza, ou algo assim. Enfim. Não é como se isso realmente importasse — disse, dispensando-a com um aceno de mão. — Eu estou certo e você sabe disso. E por que você está metendo Santana no meio disso? Não é como se ela estivesse tramando algum plano maligno enquanto encara o teto do quarto.

— Não sei — resmungou Quinn —, mas sinto que ela está escondendo alguma coisa. Geralmente quando a visitava seus pensamentos eram desfocados… Agora é quase como se quando eu estou por perto, ela se esforçasse para pensar em um monte de besteira para me distrair.

— Ou vai ver ela está começando a voltar ao normal — sugeri. — Você sabe que Santana está sendo Santana quando ela começa a pensar besteiras. E você sequer a viu com Rachel por esses dias? Quero dizer… Desde que ela chegou aqui, e posso estar errado e tudo, mas parece que Rachel foge da Santana como o diabo foge da cruz. Levando-se em consideração o que aconteceu, acho que a companhia de Santana é a última que a Berry ia querer, e vice-versa.

— Você pode estar certo — ela concordou, relutante. — Talvez eu esteja sendo paranóica.

— Talvez? — indaguei, arqueando a sobrancelha.

— Não enche, garoto — ela retrucou, dando-me um soco de leve no braço, o que me fez sorrir. Em momentos assim que eu sentia mais falta da minha irmã. Nossa relação havia mudado muito em pouco tempo, e eu mal me lembrava da época em que tudo era mais fácil, mais leve, embora isso tenha sido até pouco tempo atrás. Quando as coisas começaram a sair tanto de controle?, perguntei-me. Suspirei, e passei o braço ao redor da cintura de Quinn, puxando-a para um abraço.

— Vocês são minha família — disse, afastando-me e a encarando. — Você sabe disso, não é? Sei que Judy está em algum lugar por aí e que legalmente ela tem minha guarda, mas… Você é minha família, certo? Então pare de fazer coisas idiotas que eu prometo fazer o mesmo, então quem sabe a gente não possa arrumar essa bagunça.

— Você está ficando esperto demais para um garoto de quatorze anos — comentou Quinn, sorrindo. — Eu vou conversar com ela. Você vai ficar bem? Não vai explodir a casa ou nada do tipo?

Ela deu uma piscadela para mim e se afastou, o sorriso ainda estampado em seu rosto. Quinn parecia tão feliz que sequer tive coragem de corrigi-la. Quinze anos, pensei para mim mesmo. Ontem eu fiz quinze anos, Quinn. Senti lágrimas se acumularem em meus olhos quando uma das poucas imagens que ainda tinha de minha mãe surgiu em minha mente. Era a minha favorita. Ela estava preparando o jantar, e eu estava brincando com o cachorro. E então havia o seu sorriso — um sorriso caloroso, que fazia eu me sentir amado e seguro. Um sorriso que nunca mais vi, a não ser em minhas lembranças. Pensei em meu pai, também. O seu tom de voz firme, mas ao mesmo tempo gentil; a sua postura, o modo que seus olhos pareciam brilhar quando ele estava animado com alguma coisa. Quinn sempre disse que eu me parecia com ele nesse aspecto. Passei a mão pelo rosto e limpei as lágrimas, tentando ignorar o aperto que a saudade deixava em meu peito.

Talvez minha família não estivesse mais completa. Mas, ao menos, eu ainda tinha uma. Era tudo o que me importava. E eu daria a minha vida pelas pessoas que amava, sem nem pensar duas vezes. Acho que essa é uma consequência de se crescer em meio a uma guerra. A paz é uma palavra desconhecida para mim — porém, há esses pequenos momentos. Esses pequenos momentos em que o mundo não está acabando, e ainda há espaço para sorrir. Esses pequenos momentos pelos quais valem a pena viver. Os pequenos momentos pelos quais vale a pena lutar.

Ergui a cabeça e respirei fundo.

Só mais um dia de luta.

Só mais um momento pelo qual lutar.

Afastei todos os sentimentos conflitantes de meu peito, afundando o passado em minhas lembranças, e focando em uma única coisa: o futuro. Caminhei decidido até as escadas, e subi, parando em frente ao quarto de Santana. Talvez Quinn estivesse mesmo sendo paranóica, mas talvez Santana estivesse mesmo escondendo alguma coisa. Se fosse esse o caso, eu iria descobrir.

Respirei fundo novamente, e bati na porta duas vezes. Sabia que não seria uma conversa fácil, assim como sabia que Santana não esconderia nada de mim. Estava na hora de crescer e deixar o garoto de lado. Estava na hora de me tornar um homem e parar de permitir que todos os outros tomassem minhas decisões por mim. Estava na hora de tomar conta deles, assim como eles tomavam conta de mim.

Minha família.

Minha responsabilidade.



*




— Oi — disse timidamente, evitando o contato visual. Rachel se virou em minha direção com a sobrancelha arqueada, e cruzou os braços sobre o peito. Mordi os lábios, nervosa. Meu Deus, por que isso é tão foda difícil?

— Quinn — ela me cumprimentou. Seu tom de voz me surpreendeu e me fez, enfim, erguer a cabeça.

Honestamente, eu pensei que ela estaria furiosa comigo. Pensei que todos esses dias a evitando desde que… Bem, eu estava certa de que Rachel não queria mais olhar na minha cara. E não era exatamente como se ela não tivesse razões para isso. Eu pedira um tempo, afinal de contas. Eu quem tinha pedido para que as coisas fossem devagar, e fui a primeira a ultrapassar essa linha pouco tempo depois. Não era justo, realmente. Não comigo, não com ela. Ela deveria me detestar no momento. Certo?

Não, pensei, quando meus olhos varreram seu rosto, analisando-o. Nos últimos dias, tudo o que eu conseguira pensar foi em nosso relacionamento durante o Ensino Médio. E desde que nos reencontramos, quando olho para Rachel, tudo o que enxergo são duas coisas distintas: a garota que amei quando tinha dezessete anos, e a mulher que se tornou minha inimiga. Eu pensei que essas eram as únicas formas que ela existia em minha mente. Pensei que nunca a veria de outra maneira, porque eu achava que não seria capaz de perdoar a Rachel que conheci por causa de toda a dor e sofrimento que ela tinha me causado.

Só que nunca me ocorreu que a Rachel que conheci não era a mesma que estava parada diante de mim. Claro, eu sabia, bem lá no fundo, que não era a mesma pessoa. Sabia que ela havia mudado, sabia que a vida a tinha feito amadurecer, mas até vê-la sair pela porta do quarto, tentando permanecer inteira, eu nunca tinha realmente pensado sobre isso. Pensando no quão difícil devia ter sido para ela fingir que não me reconhecia. No quanto deveria ter sido difícil deixar para trás as pessoas que ela amava e respeitava; no quanto deveria ter sido difícil mentir para os seus melhores amigos por tanto tempo.

Eu não pensei no quanto ela tinha aberto mão. Não pensei em nada além da minha própria dor. Não pensei que o mesmo sofrimento que me foi causado foi sentido por ela. Talvez de maneira e intensidade diferentes, mas nós duas passamos por maus bocados, e nós duas continuamos em pé, lutando por aquilo que acreditamos, pelas pessoas que amamos. Essa nova Rachel não é uma inimiga. É uma mulher que precisou tomar decisões difíceis, e conviver com elas da melhor maneira possível. Uma mulher que lutou consigo mesma todos os dias, sabendo e sentindo muito mais do que deixava transparecer. Uma mulher que nem mesmo me detestava, ainda que eu tenha acabado de partir seu coração.

— Rachel — murmurei, sem saber ao certo como prosseguir. — Eu… Nós precisamos conversar.

— Olha — ela retrucou, parecendo cansada —, não precisamos, tudo bem? Eu entendo, Quinn. Entendo que você não esteja preparada para isso. Entendo que você ache que tenha sido um erro — ela estremeceu ao dizer a última palavra, e eu pude ver que o aperto de seus braços ao redor de seu corpo aumentou —, e eu disse que esperaria, e estava falando sério. Sem pressão alguma aqui. Então, não, nós não precisamos falar sobre isso, ok? Quando você estiver pronta…

— Acontece que eu nunca vou estar pronta — interrompi, pois sabia que ela continuaria falando se eu não o fizesse. Dei um passo em sua direção, sentindo uma pontada de culpa no peito ao ver a expressão magoada em seu rosto. — Não, não é assim… Olhe… Deus, por que isso é tão difícil?

— Você mudou de ideia? — ela indagou, insegura.

— Rachel — tentei novamente, dando outro passo em sua direção. Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos, tentando descobrir como dizer o que queria. — Rachel, eu nunca vou estar pronta, e você também não. Eu tenho pensado muito esses dias, e… Sabe, as pessoas buscam constantemente pelo final feliz. Elas lutam uma vida inteira, sofrem uma vida inteira, não desfrutam os momentos de felicidade, porque elas acham que vão encontrá-los no fim. Só que quando o fim chega, não há nada de bonito, feliz ou bom sobre isso. Veja só Sam…

Pensar em Sam doeu. Apesar da traição, apesar das mentiras, ele era meu amigo. Eu o amava. E ele só estava tentando buscar sua própria felicidade, lutando por sua chance. Não é como se eu pudesse culpá-lo. Talvez, se ele tivesse sido honesto desde o princípio. Talvez houvesse outro modo. O problema é que as pessoas não pensam direito quando estão com medo. Não raciocinam. Ninguém sabe disso melhor do que eu.

— Sam estava buscando seu final feliz, e veja como… O que estou tentando dizer é que isso não existe. O que existe é o hoje. E o hoje nunca é perfeito, e o momento nunca é o ideal, e nós nunca estaremos definitivamente prontas porque há cicatrizes, há dores que não podemos mais curar, ou que nunca vão desaparecer. Então só nos resta encontrar a felicidade nos poucos momentos de nosso cotidiano, você sabe? Não ficar perdendo tempo esperando pelo futuro, porque pode não haver um.

— Quinn… O que você está dizendo?

— Estou dizendo que não estou pronta, Rachel. Estou dizendo que ainda sinto muita raiva, às vezes. Estou dizendo que em alguns momentos eu me deixo sucumbir para essa raiva, para esse medo. Às vezes eu perco. Às vezes eu ganho. O que eu estou dizendo — aproximei-me dela e segurei suas mãos, encontrando o seu olhar. — O que estou dizendo é que apesar de tudo isso, ficar ao seu lado ainda faz eu me sentir bem. Não sei, talvez tenha sido um erro, mas se foi, eu acho que eu gostaria de cometê-lo novamente. Você me faz bem. Você em parte causa minha dor, mas você também é a responsável pela minha cura. O que estou dizendo é que eu me importo com você, mesmo depois de todos esses anos.

“Eu ainda quero levar as coisas devagar. Nós ultrapassamos uma linha, e poderia ter sido sem volta. Não quero que aconteça de novo, mas ver você se fechar, ver você ir embora… Eu não consegui olhar nos seus olhos depois porque estava com medo. Com medo de ter sido um erro para você. Com medo de te olhar e sentir toda aquela raiva e aquele ódio de novo. Eu tenho medo do meu descontrole quando estou perto de você, mas também tenho medo de me perder de novo se não tiver você por perto. Quando você saiu do quarto… Foi quando eu me dei conta de que preciso de você. Eu preciso de você. Então espero que não seja tarde demais para dizer isso, porque eu quero tentar. De verdade. Eu quero recomeçar, e aproveitar esse momento de felicidade antes que a última página do livro chegue, e encontremos o nosso fim.”

— Quinn — sussurrou Rachel, apertando minhas mãos com força.

— Você faria isso por mim, Rach? Por nós? Você aceitaria recomeçar?

Meu coração parecia prestes a sair pela boca. Ela não disse uma palavra sequer, e eu teria interpretado isso como um sinal negativo se não houvessem lágrimas em seus olhos, e se suas mãos ainda não segurassem as minhas com tanta firmeza.

Eu consegui, afinal. Depois de tantos anos, eu consegui deixar Rachel Berry sem palavras. O que foi uma coisa boa, porque quando ela soltou minhas mãos para tocar meu rosto, não foi necessário palavra alguma para entender o que ela quis dizer quando seus lábios tocaram os meus.

Então talvez eu ainda estivesse quebrada. Talvez eu carregasse aquela dor e aquelas cicatrizes comigo para sempre. Talvez eu nunca chegasse a perdoar Rachel completamente — e talvez ela mesma nunca me perdoasse por completo pelas atitudes que tomei desde que nos reencontramos. Mas talvez não precisássemos de perdão.

Talvez tudo o que precisássemos estivesse bem ali.



*





— Você sabe que não precisa fazer isso, não é? — perguntou Quinn, lançando-me um olhar preocupado.

Shawn estava parado ao seu lado, com um olhar distante em seu rosto, e Berry fez questão de se manter distante, dando-nos espaço o suficiente para dizer adeus. Não que eu jamais fosse dizer isso em voz alta — o que era inútil pra alguém que podia ler a droga da minha mente —, mas parte de mim se sentia grata por isso. Por ela respeitar esse momento. E, principalmente, por ter me dado uma razão para sair da cama.

Por mais que me doesse admitir (e doía muito, diga-se de passagem), ela estava certa. Ou, ao menos, em parte. Eu sofri mesmo nos primeiros dias. Foi como ser esmagada pela porra de um caminhão, e pisoteada, ao mesmo tempo, por uma manada de elefantes. Ter Brittany longe de mim me causava uma dor física, embora ela não se comparasse ao vazio que preencheu meu peito. Mas eu sou Santana Lopez, afinal. Quinn pode ser do tipo de pessoa que se deixa paralisar em situações assim, que se perde completamente, mas eu não sou. Eu sofro, e encontro uma maneira de seguir em frente.

Exceto que, dessa vez, eu encontrei uma maneira de me vingar. Depois de ouvir toda a verdade, o ódio que senti por Rachel se extinguiu. Eu queria odiá-la. Queria mesmo. Ela deveria ter sido mais esperta, deveria ter sido mais cuidadosa, deveria saber em quem confiar melhor do que isso — mas, no fundo, eu sabia que não podia culpá-la. Ela foi enganada. Armaram uma armadilha para todos nós. E todo o ódio que estava direcionado a ela encontrou outro lugar em minha mente. A porra do maldito governo. Eu queria que eles acabassem. Queria vê-los destruídos. Queria ver até mesmo aquela merda de prédio em ruínas, nem que eu mesma tivesse que derrubá-lo. Eu precisava fazer isso. Precisava. Além disso, Brittany talvez estivesse em algum lugar lá dentro. Viva, segura, esperando por mim. Eu não poderia viver sabendo que não fiz nada para ajudá-la. E a maldita da Berry sabia disso.

Ela disse que Quinn e eu somos parecidas. É engraçado, embora. Não acho que a loira e eu sejamos tão parecidas assim; não do jeito que Rachel e eu somos. Ela também não é do tipo que fica parada. Não é do tipo de pessoa que assiste as pessoas que ama sofrerem, e fica de braços cruzados. Ela colocaria em risco a própria felicidade para garantir que todos os outros estivessem bem e seguros. Na verdade, ela estava arriscando a própria felicidade. O relacionamento que Quinn e ela estavam começando a construir ainda era muito frágil. Se a Fabray descobrisse que Rachel estava agindo por suas costas… Ia ser feio, muito feio.

— Eu preciso — discordei, e abri um pequeno sorriso sarcástico. — Vai sentir minha falta, Barbie?

— Já estava sentindo — ela respondeu, sincera.

Não sabia como responder a isso. Não tinha sido minha intenção magoá-la; porém, eu percebi que quanto pior eu parecesse, mais todos os outros me deixariam em paz. E se ninguém ficasse me perturbando, eu poderia ficar imersa em meus próprios planos e pensamentos. Ninguém se dava ao trabalho de ouvir o que eu estava pensando. Eu podia ver em seus olhos. Eles achavam que tudo o que iam encontrar era dor e sofrimento, como no começo. E estava lá, também, junto com os outros sentimentos. Junto com os planos. Tudo o que eu precisava fazer era esconder minhas verdadeiras intenções debaixo das emoções da superfície. Se eu ao menos tivesse descoberto essa técnica mais cedo, pensei para mim mesma, sorrindo. Mas Brittany com certeza conseguiria ver através delas, também. Ela sempre pareceu enxergar a parte mais profunda de mim.

— Bem, eu estou aqui, agora.

Quinn me abraçou forte e sorriu. Não gostava de mentir para ela, mas era necessário. Ela nunca concordaria. Ela não entenderia. E talvez ela fosse me odiar depois, mas era um preço que eu estava disposta a pagar.

— E você, pirralho? — disse, virando-me para encarar Shawn.

Seu olhar encontrou o meu, firme. Boa sorte, ele disse, movendo os lábios silenciosamente. Se precisar… Sorri para o moleque e o puxei para um abraço.

— Vê se se cuida, tampinha — sussurrei em seu ouvido.

Ele sorriu para um mim. Um sorriso verdadeiro, gigante, que eu não via em muito tempo. Fez eu me sentir bem. Sorri de volta, e baguncei seus cabelos.

— Bem, é isso. Até logo. Tchau, Berry — disse, acenando com a cabeça na direção de Rachel.

Ela me lançou um olhar preocupado, mas, por fim, acabou sorrindo. Eu não precisava ler sua mente para saber o que ela estava pensando. Cuide-se. Era o que estava escrito em seu rosto. Virei-me em direção a saída da casa, e saí sem olhar para trás. Começos eram sempre difíceis, mas necessários. E, se tivéssemos sorte, para a DILM, aquele seria o começo do fim.



*




— Se Quinn pegar você aqui, tudo vai pelo cano. O que você quer, Berry?

— A pessoa que eu te disse para vigiar. Eu tenho seu nome anotado neste papel. Você pode fazer isso, não pode?

— Por favor — zombei, revirando os olhos. — Eu posso fazer absolutamente tudo. O que você quer que eu faça, afinal? Fique espreitando que nem uma idiota?

— Quero que você descubra se essa pessoa é de confiança, isso é tudo.

— Se for?

— Então teremos uma grande ajuda quando chegar a hora.

Rachel me entregou o papel, e saiu do quarto apressada, fechando a porta atrás de si. Ela nunca demorava quando vinha me visitar. Na primeira vez, Quinn não estava prestando atenção. Agora precisávamos tomar o dobro de cuidado.

Abri a folha de papel que ela havia me dado, e arqueei a sobrancelha ao ler o nome que ela havia escrito. De uma coisa eu tinha absoluta certeza: aquilo seria bem interessante.

James Thomas Corcoran.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo :)