– Aaaahhh, ele pensou em tudo mesmo! – Silvia constata, bocejando, como seu quarto estava escuro, aquele escurinho bom que dá vontade de continuar dormindo.

Depois de passar algumas horas em profundo descanso, a moça tinha despertado novamente para seu louco mundo. Louco e... escuro.

– Devo ter dormido o dia inteiro e agora é tarde da noite, aposto! Não sabia que estava tão exausta assim...

Ela se levanta da cama já com o braço esticado na direção onde o interruptor de luz estaria, mas não o encontra. Se fosse apenas isso, tudo bem, Loki poderia ter magicamente mudado o interruptor de lugar, mas o que a intrigava é que não havia nem parede ali onde deveria ter! Ora, seu quarto não tinha sido tão aumentado assim... Silvia pôs-se a andar cautelosamente pelo local. Sentiu o chão mais gelado do que de costume sob seus pés, como um gelo metálico. Fora que estava totalmente liso, não tinha aqueles pequenos relevos do rejunte de cerâmicas.

– Estranho... meu quarto não parecia tão diferente antes de eu dormir...

Antes que se desse conta, Silvia tromba com uma sólida superfície coberta por um tecido espesso. Tateando com cuidado, ela acha o que parece ser a borda do tal tecido. Puxando-o para o lado, Silvia ilumina o quarto, deixando passar uma luz primeiramente cegante para dentro do aposento em que se encontrava.

Apesar de não lembrar de uma cortina tão espessa em seu quarto, não era isso que surpreendia a jovem. Olhando pela superfície sólida, que ela agora sabia ser uma grande peça de vidro, Silvia viu um lugar dourado, cheio de gramados férteis, lindas árvores frutíferas, cavalos correndo com homens os cercando cuidadosamente. Dentro do quarto, ficou claro que não estava em sua casa. A cama imensa, com lençóis muito brancos e bem rendados, as paredes entalhadas com cenas heroicas de guerreiros, as portas imensas de mais de quatro metros...

– Mas que lugar é esse...?

Silvia estava em êxtase, mas não sabia se era um êxtase bom ou um ruim. Não sabia se a tinham dopado com um Boa Noite Cinderela ou se estava sonhando, o fato é que não acreditava estar realmente fora da cama. Aquilo era um sonho, só podia ser! Aquele lugar dourado... parecia o paraíso! Parecia outro mundo, um mundo esquecido pelos seres humanos idiotas e egoístas. Aquele parecia um mundo de todos feito por todos, extremamente rico e bem cuidado.

Começava a se sentir uma invasora. Pensou que, talvez, se voltasse pra cama, despertaria novamente em sua casa, reconstruída por seu amor. Mas, de alguma forma, ela sabia que isso não ia acontecer. As sensações que tinha, aquela atmosfera, mesmo aquele piso liso e gelado, não aquilo não podia ser um sonho. Era nesse devaneio que ela se encontrava quando um bater na porta se ouviu. Silvia, que só agora percebeu estar em roupas diferentes das suas usuais, foi abri-las. Uma senhora de ar maternal sorriu-lhe e disse:

– Que bom que acordou, querida. Seja bem vinda a Asgard.