Sete Dias Para Viver escrita por Cerine


Capítulo 11
Capítulo 11




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No dia seguinte, pela manhã, andamos de bicicleta num bosque repleto de árvores floridas e, enquanto pedalávamos, sentíamos aquele maravilhoso frescor da primavera. As árvores mais altas cobriam parcialmente a visão do céu azul, e por isso podíamos ver diversos feixes de luz que se refletiam na estradinha de solo avermelhado.

Encontramos um enorme salgueiro e resolvemos ficar embaixo dele para descansar um pouco. Deixamos nossas bicicletas no chão e sentamos perto da árvore. Meu desejo número 8, que era desenhar ao ar livre, algo que eu só havia feito uma vez na vida quando era criança, também foi realizado. Como fazia muito tempo que eu não desenhava, a minha habilidade já não era das melhores, porém, mesmo assim resolvi tentar desenhar o rosto de Brian. O desenho não ficou muito bom, e depois de vê-lo, Brian começou a rir de mim.

-Eu não sou tão feio assim, sou? –perguntou ele, contendo o riso.

-Fiz o melhor que pude! Pare de zombar de mim! –falei irritada, arrancando a folha de papel com o desenho das mãos de Brian, que começava a gargalhar.

-Mas não se parece comigo, isso é um alien! HAHAHAHAHA! –zombou ele, já sentindo uma dor na barriga de tanto rir.

-E você sabe desenhar melhor do que isso? –desafiei, encarando-o de um modo ameaçador.

-É claro! É só me dar uma folha de papel e um lápis que eu desenho você num instante! –disse ele todo convencido.

-Se você diz... Então fique à vontade! –falei de modo rude, entregando o bloco de folhas de papel e o lápis para ele.

Brian me olhou com uma expressão muito séria e concentrada. Pegou o papel e o lápis, começou a rabiscar de um jeito muito profissional. Primeiro, ele olhava para mim, depois abaixava a cabeça e rabiscava algo no papel, segurando o lápis com uma leveza impressionante. Será que além de fotógrafo ele também era desenhista? Pensei.

Antes que eu me perdesse em meus pensamentos supondo que Brian também era um profissional do desenho, avistei uma coisa estranha ao longe, em meio às árvores.

-O que é aquilo? –falei, e Brian logo desviou seus olhos na direção em que eu estava observando.

-Hã? O quê? – perguntou ele, e antes que pudesse obter alguma informação de mim, acabei me levantando rapidamente para sanar minha curiosidade. -Ei, espera! Aonde você vai? Não vai me deixar te desenhar? Ei! –grasnou Brian, porém, era tarde, eu já estava caminhando rumo às estranhas do bosque.

Brian me seguiu e fomos parar num lugar distante da estradinha de terra.

-Para onde estamos indo? –perguntou ele, olhando preocupado em todas as direções.

-Ali! Está vendo? Algo balançando no meio das árvores! –falei, apontando para a esquerda, e Brian forçou a vista para tentar enxergar.

Quando chegamos mais perto, finalmente desvendamos o mistério: Era um balanço construído com cordas e um pneu. Ele estava suspenso numa grande árvore de galhos fortes. O diferencial dele era o fato de estar completamente tomado por folhas e galhos de plantas, como se não tivesse sido tocado por ninguém há vários anos.

-Wow! É tão bonito! –exclamei, observando as pequenas flores que desabrocharam em suas cordas.

-Está completamente envolvido por plantas trepadeiras... Ele provavelmente é muito antigo! –disse Brian, pegando nas cordas do balanço, que pareciam estar se decompondo.

-Vou me balançar nele! –falei, e me aproximei do balanço, pronta para sentar nele.

-Não pode fazer isso!-exclamou Brian em voz altiva.  -Não escutou o que eu acabei de dizer? Ele é muito antigo! As cordas que o sustenta estão podres! Completamente frágeis! Se você começar a se balançar nele, provavelmente as cordas vão arrebentar e você vai levar uma queda! Você vai acabar se machucando nessa brincadeira!

-Eu vou arriscar! De qualquer forma, eu vou morrer mesmo daqui a quatro dias! –repliquei, segurando as cordas do balanço.

-Não vou deixar você fazer isso! –disse Brian, e logo agarrou meu braço, impedindo-me de sentar no balanço.

Olhei para ele de um jeito despreocupado e sorri.

-Não se preocupe, as plantas trepadeiras que estão agarradas nas cordas são muito resistentes! Mesmo que as cordas estejam podres, elas vão conseguir sustentar todo o meu peso! –falei, tentando acalmá-lo.

-Não é confiável... -insistiu ele, apertando meu braço.

-Já disse que não precisa se preocupar! Eu vou ficar bem! Se você não confia em mim, então fique bem aqui na frente. Se eu cair, você me segura! –insisti também, e ele apenas soltou um suspiro de derrota.

-Tudo bem... –disse ele, deixando meu braço livre.

Sentei-me no pneu balanço e dei impulso com as pernas para que ele começasse a se mover para trás e para frente. Rapidamente o balanço foi tomando velocidade e suas oscilações se tornaram bastante amplas. Brian apenas me observava há dois passos de distância. Ele estava a minha frente, com um olhar apreensivo e contrariado. Porém, meu sorriso de alegria e satisfação era tão contagiante que ele rapidamente se esqueceu de que estava bravo comigo. Depois disso, Brian começou a me olhar de um jeito tão meigo, e seus olhos pareciam brilhar de um modo especial. Aquela expressão no rosto dele me deixava muito feliz, meu coração acelerava e sentia-se aquecido por dentro.

Quanto mais o balanço adquiria velocidade e amplitude, aos poucos a corda do lado esquerdo ia se rompendo. Depois da vigésima oscilação, a corda se rompeu completamente, e eu fui arremessada para frente, na direção de Brian, que tentou me segurar.

-KATE! –gritou ele, e esticou os braços para me alcançar.

O resultado dessa tentativa de salvamento não foi muito satisfatório. Caí por cima de Brian de forma tão brusca que nós dois fomos arremessados no chão. Quando me dei conta, lá estava eu, deitada em cima de Brian, e nossos corpos colados um no outro. Estávamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração. Nossos corações aceleravam dentro do peito e cada um pôde ouvir as batidas do outro. Brian estava de olhos fechados e abraçava-me com força. Podia sentir suas mãos quentes nas minhas costas, e de repente, uma delas subiu até o meu pescoço, e depois até os meus cabelos.

-Você está bem? –perguntou ele, abrindo os olhos e finalmente diminuindo a força em seus braços que me apertavam.

-Sim, estou bem... –respondi meio constrangida, levantando-me rapidamente e ajeitando o vestido que estava amarrotado. -Mas acho que torci o tornozelo... –completei, após sentir uma forte dor no pé.

-Você é tão teimosa!-ralhou ele, voltando a mostrar sua expressão de menino zangado. -Eu sabia que isso iria acontecer! Mas você não me deu ouvidos!

Vê-lo tão preocupado comigo e ao mesmo tempo tão irritado e constrangido me fez ficar muito feliz, por isso comecei a rir.

-Do que está rindo agora? –perguntou ele. -Você acabou de se machucar... Por acaso você bateu a cabeça?

-Você parece muito fofo agora! –falei, e Brian imediatamente corou de tanta vergonha.

-Va-vamos e-embora! –gaguejou ele, colocando a mão no rosto e escondendo sua expressão envergonhada.

-Sim! –falei, porém, ao dar o primeiro passo, meu tornozelo doeu e soltei um gemido.

Brian me encarou de um jeito preocupado e suspirou.

-Suba nas minhas costas! –disse ele, abaixando-se logo em seguida.

-Hã?

-Suba logo!

Depois de muita insistência, acabei aceitando ser carregada nas costas. Minhas mãos agarraram o pescoço de Brian enquanto ele segurava minhas pernas. Pude sentir seu perfume cítrico, que se misturava a uma fragrância natural que emanava de seu corpo. Atravessamos o bosque e quando finalmente achamos a estradinha de terra, Brian me colocou no chão e depois me levou na garupa de sua bicicleta de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

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