Sete Dias Para Viver escrita por Cerine


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Desfrutem!



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A tarde do segundo dia chegou tão rápida quanto o vento da primavera. Resolvi visitar um lindo parque aquático, onde havia um grande aquário logo na entrada. Desta forma, meu desejo de ver um grande aquário bem de perto também foi realizado. Meus olhos admirados não se desviavam nem por um segundo daquele vidro transparente. A vida marinha era tão bonita quanto a terrestre, as diversas espécies de peixes, alguns pequenos e outros grandes, como tubarões, golfinhos e raias, e até mesmo peixes-palhaços e sardinhas, muitas delas estavam presentes naquele aquário. Brian também estava fascinado, e aproveitou o momento para tirar dezenas de fotos. Apesar da iluminação artificial, os corais e as algas marinhas que enfeitavam aquele maravilhoso ambiente dava-nos a sensação de estar observando um habitat natural.

Depois de passar vários minutos contemplando toda aquela beleza através do vidro, Brian e eu resolvemos aproveitar o restante do dia para nos divertirmos nas enormes piscinas e tobogãs daquele parque aquático. Brian já não zombava dos meus desejos, pelo contrário, ele adorou mergulhar e fazer bagunça na piscina. De vez em quando, enxugava-se e ia pegar sua câmera fotográfica para tirar fotos. Para mim, vê-lo só de sunga e observar cada detalhe de seu belo físico foi um bônus em meio a tanta diversão, não que eu seja pervertida, mas já que meus dias estão se esgotando, não faz mal nenhum aproveitar essa oportunidade.

Durante as brincadeiras, acabei descobrindo que Brian tinha medo de altura, pois ele não quis escorregar pelo tobogã. Além disso, descobri que ele é um pouco pervertido, pois ficava espiando os peitos das outras garotas de vez em quando. Também descobri que ao jogar água um no outro, Brian e eu parecíamos um casal, pois ao observar-nos, duas senhoras disseram que formávamos um belo par. Porém, de todas as coisas que eu pude descobrir sobre ele, o que me deixou mais surpresa foi o fato de que Brian era uma pessoa companheira, pois ele sempre se mantinha ao meu lado, mesmo que eu estivesse conversando com outras garotas ou quisesse brincar sozinha no tobogã, ele continuava perto de mim, e nunca me deixava perdê-lo de vista.

Á medida que as horas se passavam e o meu tempo de vida ia se esvaindo, Brian e eu nos tornávamos cada vez mais próximos, e isso estava me deixando preocupada.

No final da tarde, voltamos ao lugar onde fizemos o piquenique pela manhã e deitamos na grama novamente para observar o céu noturno. Desta vez foi diferente, pois estávamos tão cansados que, para nós, deitar na grama fria proporcionou um grande alívio, como se tivessem tirado um peso de nossas costas.

-Ah... Estou exausto! –disse Brian, espreguiçando-se e soltando um grande bocejo.

-Nossa! É tão bom deitar aqui, é tão fresco! –falei, sentindo-me extremamente relaxada.

-Tenho que admitir que essa sua ideia foi muito boa! Sinto-me como se estivesse no paraíso! Isso é incrivelmente relaxante! –falou Brian, inspirando profundamente e sentindo o aroma da terra úmida.

Ficamos em silencio por alguns minutos, apenas observando o céu estrelado e toda a paz de espírito que ele nos dava. A lua crescente estampava-se lá em cima, acompanhada de muitas constelações.

-Conhece alguma constelação? –perguntou ele.

-Eu nunca prestei muita atenção no céu... Mas acho que aquele ali é a cinturão de Órion, estou certa? –falei, apontando para o céu.

-Tem razão, é o cinturão de Órion! Ele é formado pelas três Marias: Mintaka, Alnilam e Alnitak, que também são chamadas de Delta, Epsilon e Zeta Orionis. E aquela ali do lado é a constelação de Gêmeos... E a outra mais acima é a constelação de Touro... E aquela outra é Lebre... E tem aquela ali, que é a constelação de Unicórnio... –falou ele, apontando para cada uma das constelações.

-Nossa, você conhece muito bem as constelações! –exclamei admirada.

Brian permaneceu quieto por alguns segundos, e depois de um suspiro, ele começou a falar.

-Quando eu era criança, queria ser um astrônomo. Sempre fui obsecado pelas estrelas, os planetas, os cometas, meteoros... Queria saber tudo sobre o universo... Lembro que um dia meu pai me deu uma surra por que eu vendi o conjunto de talheres que eram herança da família só para conseguir dinheiro para comprar um telescópio... Ele ficou tão furioso, e enquanto me batia, me disse as seguintes palavras: Como um pirralho pode ter curiosidade sobre o que existe além da Terra se você nem mesmo conhece a própria Terra? Como quer saber sobre outros planetas se você nem ao menos sabe como é o planeta em que vive? Você é um tolo! Primeiro procure as respostas aqui, e depois, se não achá-las aqui, vá procurar pelo resto do universo!

-Ele foi muito rígido com você... –falei, com um olhar entristecido.

-Sim. Mas graças a isso, eu fui capaz de olhar com mais atenção para as coisas que estavam próximas a mim. Quando eu tinha 13 anos, um amigo me pediu um favor: que eu tirasse algumas fotos de um lugar e depois entregasse para ele. Quando eu tirei a primeira foto e vi aquela bela imagem de uma cachoeira, eu me apaixonei pela arte de fotografar. Desde esse dia, eu nunca mais larguei a câmera fotográfica. Atualmente sou um especialista em fotos de paisagens naturais, e posso afirmar com toda minha convicção que se eu tivesse escolhido a profissão de astrônomo, provavelmente não teria sido tão feliz quanto eu sou hoje como um fotógrafo.

-De qualquer forma, esse era o seu destino, e mesmo que você não tivesse levado uma surra de seu pai, com certeza teria se tornado um fotógrafo do mesmo jeito.

-Você acredita mesmo que esse era o meu destino? Por quê? O que te faz pensar desta forma? –perguntou ele, olhando para mim com sua expressão de curiosidade.

-Nada em especial... É só que... Quando eu te vi pela primeira vez, eu tive certeza de que você nasceu pra ser fotógrafo...


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