Doce E Sincero escrita por Miyuki Hime


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/357984/chapter/4

Já faz quase quatro meses que eu namoro o Ezra e não sei quem está mais feliz, eu ou ele. Nem tudo saiu perfeito no começo. Para falar a verdade achei que nosso namoro não duraria aos obstáculos, Ezra não tinha nada a ver comigo, não combinávamos em gosto de filmes, nomes, comida, lugares para sair, simplesmente nada, mas o pior era a diferença de personalidade. Ezra sempre expansivo e eu sempre tímida. Demorei um mês e meio para falar normalmente com os amigos dele e poder ter uma conversa normal com o próprio Ezra, por normal digo sem corar, gaguejar, ou sentir vontade de me enfiar dentro da terra e nunca mais sair, demorei mais duas semanas para contar aos meus pais sobre nós e mais uma semana para ir ver a família dele. Mas agora eu já podia falar com ele um pouco normalmente. Ezra foi bem paciente nisso tudo, o que me deixava melhorar na timidez. Não preciso nem dizer que cacei todo tipo de revista, todo tipo de tópico na internet e todo tipo de psicologia para tentar superar a timidez que sentia ao encontra-lo. Minhas amigas ajudaram muito... apesar de Carol ter ficado o tempo todo paquerando Amil, o menino de cabelo branco amigo de Ezra e agora meu amigo também, mas mesmo depois de todo esse tormento eu ainda não conseguia ser uma namorada que chegasse perto da perfeição.

O dia dos namorados já está prestes a chegar e eu não sei o que fazer. Ficaríamos o dia inteiro junto só nos dois? Mas uma das piores partes já passou: Eu já tinha comprado o presente de Ezra. Eu ia dar o CD que ele disse que queria.

Todos combinaram de sair em grupo no dia dos namorados. Primeiro porque além de mim, Ezra e Lucas ninguém ali tinha um namorado ou namorada, então provavelmente todos os outros iriam ficar sozinhos nessa data. Segundo porque Carol me implorou para pedir a Ezra uma ajudazinha com a parte de o Amil chama-la para sair, ainda não fiz isso. Terceiro e mais importante na opinião de Ezra: Me levar em um “encontro em grupo” para que eu me acostume com isso e mais tarde ele possa me levar em um encontro de verdade só com ele e eu. Não preciso dizer que isso me deixou super nervosa. Mas no final ficou assim: Eu, Ezra, Pedro, Amil, Noah, Carol, Laura,Lucas e sua namorada chamada Jessica iremos todos ao cinema, depois comeremos na praça de alimentação e depois decidiríamos o que fazer. Só para sair mesmo, nada de mais especial. Apesar de que nos últimos dias tudo que envolva Ezra para mim se torna especial.

Esse dia dos namorados irá cair em uma sexta, por isso iremos depois da escola... fora Jessica que irá matar a aula dela já que ela não estuda na mesma escola que nós. As meninas irão para a casa de Laura e lá iremos nós arrumar, os meninos irão para casa de Ezra e lá se arrumarão; e nós nos encontraremos na entrada do cinema.

.

.

.

Sexta-feira.

— Cadê a Jessica? – Laura perguntou a Lucas.

Lucas é baixo, ruivo, dos olhos castanhos escuros e pele branca. Ele não é muito bonito, mas é o mais simpático.

— Já está vindo. E ela vai trazer um amigo. – Ele respondeu ao fitar a tela do celular, provavelmente lendo as mensagens.

— Que amigo? – Pedro perguntou.

Pedro tem a minha altura, é um pouco gordinho, tem pele morena clara, cabelo preto azulado e olhos também castanhos escuros.

— Vocês não conhecem. É um cara da igreja dela. – Lucas parou para olhar em volta. – Jessica! – Ele gritou tentando chamar a atenção da possível namorada que estava perdida na multidão de adolescentes da entrada da escola.

Uma menina negra, de cabelo cacheado e castanho escuro, traços finos e altura mediana e corpo esbelto apareceu. Não é possível. Ela é simplesmente linda. Como Lucas a conseguiu? Eu jurava que iria ver uma menina feia e estranha aparecer. Não que ele seja muito feio, mas mesmo assim... Mas isso não vem ao caso. O menino ao lado de Jessica não era dos mais bonitos, mas podia ser chamado de fofo. Sua pele é morena clara, seu cabelo e olhos castanho escuros, também altura mediana e magro. Depois das devidas apresentações todas fomos para casa de Laura, lá nos trocamos, as meninas me ajudaram muito nessa parte, não que eu me vista mal, mas eu não sabia como me vestir saindo com um namorado, principalmente eu que amo shorts curtos. No final acabei indo de calça, uma blusa branca com alguns ilhoses prata e uma rasteirinha básica. Laura foi também de calça com uma blusa branca com detalhes dourados e também de rasteirinha, Jessica foi com uma saia jeans e blusa rosa com detalhes pratas e sapatilha também rosa, Carol foi a mais bonita, colocou uma saia rendada branca e com uns babados pretos em baixo, com uma meia calça também rendada e branca, uma blusa tomara que caia preta colada ao corpo o que deixava sua cintura definida e seus peitos um pouco grandes, um bolero rendado branco, nos pés ele colocou dois sapatos de salto baixo rosa bem claro e para finalizar uma maquiagem leve com um rabo de cavalo com alguns fios soltos de cada lado do rosto perto da testa. Ela estava bem arrumada, mas depois de tudo pronto ela parecia bem básica, provavelmente pelos tons pastel da roupa. Ela sempre foi assim, quando cisma com um garoto é porque realmente o terá. Pobre Amil. Ela não largou do seu pé desde que falou com ele.

— Todas prontas? – A mãe de Laura gritou do andar de baixo.

— Estamos indo! – Exclamou Laura. – Pega a minha bolsa, Jessica? – Laura apontou com o dedo a bolsa caiada no chão enquanto colocava o sapato com a mão livre.

— Aqui. – Jessica a entregou.

— Vamos? – Ajeitei minha calça e fiquei de pé.

— Vamos. – Laura se dirigiu a porta.

Todas nos dirigimos até o carro de Cássia, a mãe de Laura. Fomos conversando até a entrada do cinema. Cássia disse que nos buscaria as 21:00 e voltou para casa.

Os meninos já estavam lá impacientes. Para falar a verdade nenhum de nós tínhamos um filme certo para ver. Combinamos de escolher lá mesmo e de repente dividir caso alguém quisesse ver um filme diferente. Acabou que eu, Ezra, Carol, Amil e Noah, Julio, amigo de Jessica, escolhemos Amor é guerra, uma comédia romântica. Laura, Jessica, Lucas e Pedro escolheram O mistério de primeiro de maio, um filme de suspense e ação. Nossas sessões eram diferentes, Amor é guerra começaria as 02:00 e terminaria as 03:00. O mistério de primeiro de maio começaria as 02:00 e terminaria as 03:45. Por isso uma parte de nós iria se separar por mais tempo que o filme.

.

.

Acabamos pegando lugares separados. Tinham dois lugares juntos e disponíveis em uma das fileiras, dois lugares juntos e disponíveis em outra fileira e três lugares juntos e disponíveis em outra fileira.

Melhor ficar Carol e Julio, Noah e Amil, Eu e Kim. Ok?

— Todos concordaram.

Depois de o filme começar eu simplesmente não consegui assistir a ele direito. Para começar Ezra segurou minha mão entrelaçando nossos dedos o que fez meu coração dar pulos eufóricos. Depois ele tentou chegar o mais perto de mim possível. Depois ele tentou me beijar ali mesmo, aí eu já estava tonta e dando graças aos céus por estar em cinema com todas aquelas luzes apagadas, o afastei gentilmente e sorri. Podia estar escuro, mas ainda tinham pessoas lá. No final do filme Carol surgiu do nada e me puxou mais para o seu lado falando sobre como o Julio parecia estar gostando dela e etc. Quando ela começa não para mais, por sorte Ezra interrompeu.

— É rápido. - Ele falou para Carol, que saiu e foi ao encontro de Julio -Kim.

— O quê?

— Vou ser direto: Eu ainda tenho que comprar o seu presente. – Ele estava sério.

— Pensei que já tivesse comprado.

— Não deu para comprar antes. Tem como você andar pelo shopping até eu te ligar? Vai ser rápido.

— Tudo bem, mas eu posso ir com você se quiser.

— Não precisa. Quero que seja surpresa.

— Ok, então.

— Te ligo depois.

Assenti.

Ezra chamou Noah e Amil e lá se foram os três, me deixando segurando vela para o mais novo casal: Carol e Julio.

Fiquei uma hora e pouca assim, claro que Carol tentava me encaixar em algumas partes das conversas, mas eu também não queria estragar o romance deles então liguei para Laura assim que a hora da sessão de cinema dela tinha acabado.

— Onde você está? – Perguntei.

— Saindo do cinema. E vocês?

— Eu, Carol e Julio estamos na praça de alimentação. Os outros foram comprar um presente para mim junto com Ezra. 

— Tudo bem. Estamos indo para aí.

Depois de uns 25 minutos eles já tinham aparecido. Laura e eu começamos a conversar para passar o tempo.

— Mas Ezra ainda não comprou seu presente? – Laura franziu a testa.

— Não.

— Estranho... Mas o que você acha que é?

— Não tenho a mínima ideia. – Confessei.

— Você não mandou indiretas para ele?

— Era para mandar? – A olhei, confusa.

— Era. – Ela disse isso como se dissesse: é óbvio.

— Por que você não falou?

— Pensei que fosse óbvio. Vocês não estão juntos nem há 04 meses direito, como saberiam o que comprar um para o outro sem indiretas?

— Eu sei lá. Eu pensei que ele ia me dizer, mas como ele não falou nada eu só comprei um Cd que ele queria, mas não tinha conseguido achar... em lugar...nenhum...Espera! Isso foi a indireta dele, não é?

— Provavelmente.

— Aí. Como eu sou idiota!... Mas tudo bem... ele vai ter o presente que ele quis e eu...bem, se não gostar do meu, então eu apenas finjo que gostei.

— É uma saída.

Passamos o resto do tempo conversando e andando pelo shopping. Pedro sempre dando em cima da Laura que só o deixava desprezo, se bem que algumas vezes ela parecia estar gostando. E eu só ria. Os outros dois casaizinhos se separam de nós para curtir um tempo a sós.

Depois de uma hora e pouca de espera finalmente Ezra dá sinal de vida e me liga:

— Onde você está, Ezra?

— Onde você está? – Ele deu ênfase à palavra você.

— Estou perto da loja teen jeans. Você sabe onde fica?

— Sei, mas tem como você ir a praça de alimentação?

— Eu acabei de vir de lá.

— Tem como você voltar?

— Tudo bem, mas...

— Então vai lá. Tchau. – Ele me interrompeu e logo depois desligou.

— O quê? – Sussurrei para mim mesma.

— Que foi? – Laura perguntou.

— Ezra pediu para voltarmos para a praça de alimentação.

— Por que ele não vem aqui?

— Ele desligou na minha cara antes de responder. – Eu disse com um pouco de raiva na voz. O que ele queria?

Cheguei impaciente até a praça. Só Amil e Noah me esperavam lá.

— Cadê os outros? – Amil perguntou.

Esqueci... ou melhor, não tive tempo de dizer para Ezra.

— Se separaram da gente.

— Ok. Então vamos... Laura, Julio fiquem aqui, ok? – Amil pediu.

— Por quê? – Julio perguntou.

— Já voltamos. – Amil respondeu.

— Aonde vamos? – Perguntei.

— Você verá. – Noah respondeu.

Os segui por todos os lados do shopping, subi vários lances de escada até chegar a um lugar que nunca tinha visto antes. Um corredor estreito de paredes acinzentadas.

— Onde estamos indo? – Perguntei.

— Vá andando e quando você vir à escada suba os degraus. – Disse Amil.

— Esse é o último andar. – Respondi.

— Não. Não é. – Noah respondeu.

— Vão me deixar aqui?

— Ezra está te esperando. – Noah respondeu.

— Para quê?

— Você pergunta demais. Vai logo. – Amil resmungou.

Fiz o que eles pediram. Andei pelo corredor a te achar a escada que eles indicaram, para minha surpresa ao fim da escada tinha uma porta prata fechada. Subi os degraus e virei a maçaneta. A porta não estava trancada. Assim que a abri não pude acreditar no que estava vendo. Ali tinha um jardim. Um jardim lindo. Todo o chão era coberto de pequenas pedrinhas. Em cada canto do lugar tinham altas palmeiras fênix com vários tipos de plantas na frente. Algumas eu reconhecia: Violetas, Antúrios, Bromélias, Lírios da paz, Pau d’águas,Orquídeas, Girassóis, Rosas e várias outras que eu não conhecia. O teto era feito de um conjunto de jades vermelhas que formavam um coração. Mais a frente se encontrava um caminho feito de mármore que levava até um coração de Begônias vermelhas, no meio do coração tinha um banco dourado e ornamentado. De cada espaço do banco se encontravam um punhado de sapatinho-de-judia entrelaçados. As únicas coisas que iluminavam o lugar eram as lâmpadas em forma de coração que se encontravam perto das palmeiras fênix e a luz das poucas estrelas no céu.

— Oi. – Ezra falou por trás de mim.

Dei um pulo.

— Como você...

— Achei esse lugar a algumas semanas... Desde que descobri que estava apaixonada por você, eu...quis te trazer aqui, então achei que no dia dos namorados seria perfeito. – Ele sorria se colocando a minha frente. – Eles ainda não terminaram de construir o lugar, mas depois que terminarem esse vai ser um lugar aberto ao público. – Ezra pegou as minhas mãos e me levou até o banco.

— Como você conseguiu entrar aqui, então? – Perguntei deslumbrada com a paisagem.

— Digamos que eu consegui a chave escondido.

— Imagino.

De repente ele ficou sério e me olhando fixamente nos olhos.

— Anastácia. Pode parecer bobo eu ter trago você aqui só para dizer isso, mas...eu quero que você saiba que eu... te amo...e muito. Eu sei que só estamos a alguns meses juntos, mas eu... amo você...então eu queria te entregar algo.

Meu coração estava aos pulos. Eu já podia sentir a tontura e o suor frio.

Ezra pegou uma caixinha preta.

— Você não vai me pedir em casamento, né? – Perguntei corando violentamente.

Ele riu.

— Não.Não. Claro que não... É que eu achei que tinha que te provar algo.

Não respondi. Eu não sabia o que dizer.

— Anastácia Kim, nesse pouco tempo que a gente ficou junto eu me senti a pessoa mais sortuda do mundo só em pode ter você ao meu lado, e é por isso que eu quero dizer para todos que quiserem ouvir que eu te amo e que daqui para frente eu também quero fazer você feliz assim como você me faz. – Ele dizia tudo isso sorrindo e me olhando fixamente.

Logo em seguida ele colocou a mão no bolso da calça, tirou uma caixinha vermelha de veludo e me entregou.

Abri com os dedos trêmulos. Ali se encontravam dois anéis grossos do que parecia ser ouro branco. Os dois possuíam a metade de um coração, sendo que em um deles a metade do coração era cheia de pedrinhas brilhantes; eu não sabia distinguir se era bijuteria ou joia.

— São alianças de compromisso. Está é a sua.

Ezra pegou a aliança que continha pedrinhas brilhantes no formato da metade de um coração e colocou em minha palma. Só aí pude ver que dentro dela estava escrito o nome dele e a data do dia em que ele me pediu em namoro. Comecei a sentir as gotas quentes correrem pelo meu rosto.

— E-eu na-não sei em que de-dedo colocar. – Foi a única coisa que eu consegui dizer.

Ezra riu levemente.

— Não tem problema. Esse é o meu trabalho.

E assim ele pegou minha mão direita e colocou a aliança em meu dedo anelar. Cabia perfeitamente. Logo em seguida ele colocou a aliança que continua meu nome em seu dedo e abriu um sorriso que eu nunca tinha visto antes. Um sorriso lindo, de pura felicidade, como se aquele fosse o momento mais importante da vida dele.

Eu não sabia o que dizer, mas eu sabia que precisava dizer algo, preciso dizer o quanto ele é importante para mim, o quanto eu o amo, sobre os planos que tenho para nós dois, eu preciso dizer tudo aquilo que eu nunca consegui, mas a única coisa que eu conseguia fazer era chorar e sorrir do mesmo jeito que ele. Sem mais nem menos tomei uma decisão arriscada, o beijei. Eu nunca tinha feito isso antes e sei que ele entende que foi difícil para mim, mas assim que nós separarmos tomarei coragem e direi tudo que está guardada comigo.

.

.

Assim que nós separamos só tive tempo de sussurrar um “eu te amo” e de repente todos os outros invadiram o lugar, as meninas gritavam e os meninos meio que batiam em Ezra amigavelmente. No meio disso Pedro apareceu.

— Vamos. Já perceberam a gente.

Enquanto corria de mãos dadas com Ezra lembrei-me de uma coisa que li na internet ao procurar alguns tutoriais.

“Amor é sentir paixão por outra pessoa. É sentir o ar faltar, o peito apertar, o coração acelerar, o rosto enrubescer, as pernas amolecerem e ainda, quase desfalecer. É querer estar ao lado desse alguém a todo instante, ouvi-lo, tocá-lo, beijá-lo, enfim... amá-lo.”

Lembro me de que não concordei com aquilo. Parecia vago demais, pouco demais. O que sinto por Ezra é muito mais do que isso. O que sinto por ele nem mesmo eu consigo explicar. Mas eu acho que é isso mesmo:

“Você só estará amando quando perceber que não consegue descrever o que sente de forma com que fique perfeitamente esclarecido. Porque nem quem ama entende o que é verdadeiramente o amor”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do final. Achei que enrolei um pouco no começo, mas consegui terminar como queria.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doce E Sincero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.