Doce E Sincero escrita por Miyuki Hime


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :>



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— Você vai demorar? – Laura perguntou.

— Não sei, mas se quiserem podem ir na frente.

— Tem certeza? – Carol perguntou.

— Tenho. Eu sei que você e a Laura vão comprar hoje, quanto mais cedo vocês chegarem à cantina melhor.

Elas se entreolharam e concordaram.

— Tudo bem. Mas nos encontramos na fila, ok? – Laura respondeu.

— Claro.

Elas me deram as costas e correram apressadas. Laura e Carol são as minhas melhores amigas desde a quarta série e até agora na primeira série do ensino médio nada mudou. Eu sei que elas não queriam me deixar para trás, mas também sei que se elas não fossem logo provavelmente não iram comer.

Minha escola é literalmente enorme, tudo que você pense tem lá, piscina para aulas de natação, clubes de vários tipos, laboratórios para química, quadra de futebol e basquete separadas, sala da enfermaria, salas de informática e etc. As salas do ensino médio são as que ficam mais longe do pátio, então seus alunos tem que se apressar e muito se quiserem chegar e pegar um bom lugar na fila da cantina ou pelo menos um lugar que de para que você compre e coma antes de bater o sinal. Nem sempre isso tem um lado ruim, exemplo o que eu estava passando agora ao copiar correndo o dever de biologia da lousa. Minhas amigas nem tentaram terminar já que tinham pontos o suficiente para passar nessa matéria, agora eu não, devido a uma gripe forte que me deixou de cama por alguns dias e também pela perda do meu atestado médico, mas se não fosse pela quantidade de alunos que ainda descia pelas escadas e corria pelos corredores eu não poderia estar ali, na sala sozinha ao copiar o dever. Faltava pouco e assim que eu tinha terminado de copiar a lição, guardado tudo na mochila e pego todo o necessário para o intervalo todos já haviam descido para o local em que eu pretendi me dirigir. Corri por todos os compridos corredores e pelos três lances de escada apenas para ver o portão fechado e dois garotos aparentando estarem na mesma situação que eu.

Dava para ouvir as conversas adolescentes no final do corredor do outro lado do portão. Os meninos estavam encarando o corredor em silêncio. Por eles estarem de costas eu só conseguia ver o tom de pele e o tom do cabelo de ambos. O que estava na esquerda tinha um cabelo loiro ondulado e usava um casaco cinza claro que tampava tudo o que a calça jeans preta não tampava, pude reconhecer sua cor de pele branca pelas mãos. O da direita tinha o cabelo castanho escuro liso e também pele branca, esse não usava casaco, mas sua blusa do uniforme era de meia manga.

Assim que um dos meninos ameaçou virar me escondi na sala mais próxima. Se alguém os pegasse, provavelmente perguntaria se tinha mais alunos transgressores que estivessem ultrapassando o limite de tempo da chegada ao pátio assim como eles. E eu nunca tinha visto esses dois na vida, não sei se me dedurariam, mas por via das dúvidas é melhor se esconder. Se eu ficasse naquela sala até bater o sinal eu poderia me enfiar no meio dos adolescentes que voltariam para suas salas e fingir que tinha vindo do pátio como os outros. Por muita má sorte eu tinha uma aparência não muito comum, cabelo grande e ruivo, olhos castanhos escuros, pele branca, altura mediana.

A conversa dos meninos do outro lado da parede era nítida.

— Cara, o que vamos fazer? Se a Carla nos pegar estamos ferrados.

 Ah, não! Ah, Carla. Eu tinha me esquecido dela. Ela é como uma monitora dos corredores e vai desde o ensino médio até todas as salas para verificar se um aluno ficou para trás. Ela deve começar pelo primeiro andar até em cima... Eu estou no primeiro andar, mas se eu saísse daquela sala os dois meninos me veriam. Voltei a prestar atenção na conversa dos dois.

— Cara, vamos para o banheiro do ensino médio. Ela não pode nos pegar lá.

— Não acho que ela seja proibida de entrar no banheiro masculino na hora do intervalo.

— Ela não vai olhar lá dentro, só pelas salas, já que ela não espera que a gente esteja matando o recreio.

— Tá. Vamos então, mas você ta me devendo uma, idiota.

— A culpa não foi minha.

Suas vozes iam ficando cada vez mais fracas, assim que eu não pude escutar mais nada, saí da sala cuidadosamente. Para aonde eu iria? Se os dois meninos estavam no andar do ensino médio que é o segundo e o terceiro eu só poderia ficar no andar do ginasial e no andar dos clubes. Vamos pensar.

Eu estou primeiro andar onde tem as salas de vídeo, laboratório e etc. No segundo já é o terceiro e o segundo ano do ensino médio. No terceiro andar já é o primeiro ano do ensino médio onde os meninos estavam, apesar do andar ser grande era melhor não arriscar. No quarto andar ficavam os clubes e nos demais andares já era longe demais.

É melhor ficar no quarto, eu o conheço bem já que faço reforço de matemática lá. Segui pelos corredores em silêncio sempre atenta as salas. Quando estava já na escada para o quarto prédio ouso passos apressados e quando dou por mim estou no chão sendo esmagada por alguma coisa, assim que abro os olhos vejo um menino loiro e branco giz se levantando e ficando de quatro em cima de mim, não pude ver seu rosto já que ele olhava para trás como se tivesse uma coisa muito interessante na escada. Em segundos ele já estava em pé e correndo para a sala mais próxima. Eu continuei sentada no chão o encarando sem entender. Cadê a boa educação?

— Garota! – Ele sussurrou um pouco alto para que eu entendesse só com a cabeça para fora da porta. Sai daí. Continuei o encarando até ouvir o barulho de rasteiras tocando o chão. Corri para onde o menino se encontrava e fechei a porta.

— Não. Deixa ela aberta. – Ele me reprendeu.

Realmente se ela ficasse fechada seria suspeito. Driblei as cadeiras e fui direto para debaixo da mesa dos professores e o garoto me seguiu. A mesa era marrom escura e só tampava metade do nosso corpo na frente onde se ficava as pernas. Para a nossa sorte a porta ficava no último canto da parede esquerda a mesa e as carteiras se localizavam todas a nossa frente de modo que tampasse parte da visão da mesa em que nos encontrávamos. Carla passou direto sem nem reparar. Só pude observar seus cabelos curtos lisos e pretos um pouco acima dos ombros. Ela devia ter uns 30 e poucos anos, mas pareciam ser mais jovem que isso devido ao ser corpo esbelto e alto.

Ficamos escondidos ali em silêncio por uns 3 minutos. Depois que eu consegui analisar melhor o garoto, o silêncio começou a me constranger. Ele é bem bonito. Seu cabelo é loiro como ouro derretido o que ficava mais do que lindo em contraste com sua pele branca como leite e seus olhos cinza escuros. Seus traços eram delicados, mas não chegavam a ser femininos. Ele ficou o tempo todo olhando para o chão e concentrado como se pudesse ainda ouvir os passos de Carla pelo corredor. De repente em vez de passos ouvi sua voz ao longe.

— O que vocês estão fazendo aqui?

Demorou um pouco até eu ouvir uma segunda voz dizer:

— Nós ficamos presos no banheiro.

Pelo tom ele era um dos meninos que eu vi encarando o portão.

— Presos no banheiro?

— É. A porta tinha emperrado. – O outro menino respondeu.

— Então como conseguiram sair?

— Porque ela desemperrou. – O mesmo menino disse.

Tá. Até para mim que não conheço muito das artes da mentira isso está parecendo uma desculpa deslavada.

— Tudo bem então. Vamos contar isso para dona Dalva.

Depois disso só pude ouvir os passos e as reclamações dos dois meninos. Assim que eles já estavam longe o menino que estava comigo saiu de debaixo da mesa e olhou envolta.

— Você sabe que horas são? – Ele perguntou.

Engatinhei para fora da mesa e me pus de pé.

— Não.

Ele me fitou e pareceu relaxar.

— De que ano você é? – Ele parecia confuso.

— Primeiro ano do ensino médio. Por quê?

— Nunca te vi. – Ele me deu as costas e foi em direção a porta.

— Idem. – Falei, mas ele não parecia ter ouvido. O segui.

— Não falo de você se você não falar de mim. – Ele fitava o corredor.

— Ok. – Concordei. – E você? De que ano é?

— O mesmo que o seu, só que eu sou da E.

Ficamos no mesmo andar e eu nunca o tinha visto? Estranho.

— Bem. Daqui a pouco eles devem começar a subir. – Ele parou em frente à sala que estávamos alguns segundos antes.

— Ainda vai demorar um pouco. – Parei ao seu lado.

— Até lá. – Ele sentou no chão encostando-se na parede. – Qual seu nome?

Ele queria conversar? Tudo bem. Talvez não fosse ruim.

— Anastácia. E você?

— Ezra.

— Ezra? – Que raio de nome era esse?

— Minha avó é americana.

— Ah. Entendi. – Respondi.

Ficamos conversando por uns cinco minutos. Nada de muito interessante, a maioria sobre professores chatos, matérias difíceis e etc. Descobri que ele tinha ficado na sala porque do nada o seu celular tinha sumido no meio das aulas e já que a dona Dalva não resolvia nada ele ficou para mexer nas mochilas e descobrir quem tinha pegado. No final, ele conseguiu achar o celular. Estava numa mochila de uma garota que eu só conhecia de vista, mas que era a bagunceira da sala dele. Admiti para ele que eu faria o mesmo e realmente eu faria, não sou muito ligada em meu celular, mas sou orgulhosa e não aceitaria que me roubassem uma coisa diante meus olhos. Ele riu. Em um determinado ponto da conversa ouvimos sons de passos, dessa vez não pareciam rasteirinhas e sim tênis. Nós dois achamos que fosse algum aluno, mas por via das dúvidas fomos para a sala novamente, dessa vez só ficamos atrás da porta. Assim que eu vi a pessoa passar pelo vão entre a porta e a parede eu automaticamente saí e acabei empurrando o Ezra o que fez ele cair no chão e sem querer empurrar uma cadeira. Isso chamou a atenção da pessoa que estava passando pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

O prox cap vai sair até o meio dessa semana.



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