Alicia Fermont

Escovava meus dentes, quando escutei o som do despertado, logo ele parou de tocar, e após alguns segundos vi o reflexo de minha irmã coçando os olhos. Gargarejei a água e cuspi na pia, limpei minha boca.

– Bom dia. – Virei para minha irmã que estava do meu lado.

– Dia... – Murmurou ela, enquanto colocava pasta de dente na escova.

– Vou te esperar para irmos ao colégio juntas.

– Uhum...

Sai do banheiro e desci as escadas caminhei na direção da cozinha. Minha mãe terminava de preparar o café. Havia um prato sujo em uma das cabeceiras da mesa, suspirei. Esse não seria o dia que sentaria com meu pai na mesa... Deve fazer um ano que não como um refeição com a família toda reunida.

– Bom dia querida. – Minha mãe se virou para mim, com uma fornalha de biscoitos quentinhos em mãos. – Dormiu bem?

– Dormi! Foi a melhor noite de sono que tive!

– Que bom que deram uns dias de folga para você e sua irmã. – Ela colocava os biscoitos dentro de um pote de vidro em cima da mesa, e sentou-se na cabeceira que tinha um prato limpo.

– Sim! Estávamos merecendo! – Me sentei e peguei um copo o enchendo de leite.

Luna logo apareceu na cozinha e sentou-se de frente para mim, conversamos pequenas trivialidades, logo terminamos o café, nos despedimos de nossa mãe, levantamos e saímos de casa, começando a rápida caminhada na direção do colégio.

Há dois dias fui mandada a uma missão para resgatar minha irmã, juntamente com Layla e Misore. Quando voltamos para o quartel general, Luna foi interrogada sobre o que havia acontecido, por que ela havia desaparecido desta forma. Enquanto isso eu, Layla e Misore falávamos do ocorrido na área 751, das sombras e da criatura que nos atacara.

Fomos dispensadas, e Aghata nos deu uma semana de folga. Estava feliz por finalmente poder dormi como uma pessoa normal, porém a historia da pessoa que atacou minha irmã me deixava preocupada. Me perguntava o que seria um Testament.

– ALICIA!!! – Escutei um grito, a voz era muito animada e, eu não precisava pensar para saber quem era.

– ALEXY! – Virei para ele, abrindo meus braços para receber o abraço dele.

Quando ele me abraçou me tirou do chão e me girou no ar. Parecia que não nos víamos há meses, porém sempre que nos encontrávamos era assim, claro, menos nas vezes que eu já estava quase dormindo na carteira. Armin estava logo atrás, e ainda estava com a cara amassada, em um verdadeiro estado zumbi.

– Bom dia Armin.

– Bom dia Ali, Luna. – Disse após bocejar.

Luna apenas balançou a cabeça levemente. Nos quatro começamos a andar na direção do colégio, e assim que passamos pelo portão, Armin se separou de nós, e caminhou na direção de uma garota de cabelos negros que iam ate o meio das costas, que estava sentada em um dos bancos, jogando algum game portátil.

– Alexy... – Meu amigo olhou para mim esperando que eu continuasse. – O Armin já admitiu esta apaixonado pela Estefany? – Perguntei.

– Não, sempre que falo algo do tipo ele surta dizendo que são apenas amigos... – Ele suspirou.

– Eles são um casal tão fofo, deveriam assumir logo que se gostam e ficar juntos! – Comentei.

Chegamos à sala, cada um se sentou em seu lugar, Violett como sempre já havia chegado. Conversamos um pouco ate que a aula começasse. O professor vez ou outra olhava para mim e minha irmã, para ter certeza que não estávamos dormindo. Me segurei para não levantar da cadeira e fazer a dancinha da vitoria quando chegou o fim da aula e ele saiu perplexo por não termos tirado nenhum cochilo.

O sinal para o intervalo tocou e me levantei peguei um pequeno caderno e sai para andar um pouco pela escola caderno estava cansada de ficar sentada o tempo inteiro. Andei ate o clube de jardinagem, Lysander estava lá. Sentado no chão, escorado em uma arvore, me aproximei dele, e me agachei de frente para ele. Seus olhos estavam fechados o cabelo estava parcialmente na frente de seu rosto, os ombros relaxados e sua expressão estava serena como a de uma criança. Tirei a franja dele da frente de seu rosto. Ele abriu levemente os olhos, aqueles olhos prenderam os meus.

– Bom dia. – Sorri levemente.

– Bom dia. – Ele me respondeu.

Me sentei ao lado dele, e levantei o rosto olhando o céu.

– Não queria lhe acorda. Sinto muito. Teve uma missão difícil ontem?

– Não precisa se desculpar. Sim... Estou exausto. – Lysander e dois anos mais velho do que eu, e mesmo que tenha apenas 17 anos, e um dos melhores Contatores, sempre sendo mandado para missões difíceis, e diferente de mim. Quase nunca dormia na sala de aula.

Ficamos em silencio novamente, e depois de algum tempo senti um leve peso em meu ombro. A cabeça de Lysander estava escorada em mim. Sorri levemente com aquilo, peguei meu caderninho e o abri na pagina que estava marcada com um lápis e comecei a desenhar.