O Desabrochar Do Lírio escrita por Kátia Oliveira


Capítulo 4
4 O cão e as estrelas


Notas iniciais do capítulo

Gomen! Gomen!

Em primeiro lugar mil desculpas pelo atraso, mas estou colocando meus diários de aula em dia ( ah kami-sama eu prometo não deixar os diários atrasarem novamente ).

Também preciso de me desculpar com todas as pessoas que leram e comentaram a nossa história até aqui...

Mil perdoes por eu não ter dito nada... Na verdade estava com tanto medo de ninguém ler que mal chequei meus emails...
Vocês podem me perdoar?

Um agradecimento especial a sarinhakaulitz, Kuro Okami, Aline Black, Seriana
Hirasawa Sakki.

Kuro... Arigatou gozaimashita por puxar a minha orelha.



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O cheiro dos humanos o incomodava.

No passado Sesshoumaru teria evitado de toda boa vontade se aproximar de uma vila humana.

Agora, porém, ele havia se acostumado o suficiente para permanecer no mesmo lugar que os humanos pelo tempo que fosse necessário.

Muito lentamente o grande daí-youkai posou nas proximidades da vila, se detendo próximo a uma pequena casa, lá dentro as vozes animadas das crianças poderiam levantar um morto.

Havia aquela agitação natural dos humanos, aquela coisa do agir sem pensar, sem calcular, seu olfato lhe disse que havia uma mulher e duas crianças dentro da casa, sentiu outros cheiros também.

Pó de arroz, seda, cera de abelha, bambu recém cortado, papel, tinta, e o inconfundível cheiro de mãe.

Estava se afastando em direção ao acampamento quando a voz da criança menor e estridente pediu:

_Conte de novo ka-san! Conte novamente a história das estrelas!

A mulher sorriu, era possível a Sesshoumaru farejar aquele sorriso, também podia ouvir o som da seda roçando contra a pele, provavelmente a família se preparava para ir ao festival, ele se aproximou mais da parede externa da casa se perguntando por que Rin se importava tanto com essa festa em especial.

A voz da mulher conservava o bom humor quando ela falou:

_Francamente! Vocês já ouviram essa história dezenas de vezes.

_Dá boa sorte contar a história ante de sair de casa!

A humana deu seu melhor suspiro fingido e iniciou depois de alguns momentos:

_Há muito tempo atrás vivia no caminho das estrelas uma linda princesa celestial, seu nome era Orihime. Ela era bela como a mais bela flor de Sakura... Sua função era tecer os mais perfeitos kimonos para os deuses que viviam na corte celestial.

A mãe parou por um momento enquanto ele ouvia mais sons de tecido e o resmungar da mesma criança que havia pedido a história.

_Fique quieta um momento Sassami! Vai amarrotar o obi!

Um pequeno tumulto ocorreu dentro da casa Sesshoumaru se armou de infinita paciência até que a mulher falasse novamente:

_Um dia o pai de Orihime lhe apresentou um belo jovem chamado Kengyu... O coração dos dois se perdeu um no outro no mesmo momento, era um lindo e adorável amor. Infelizmente Orihime e seu amado estavam tão felizes juntos que começaram a se esquecer de suas obrigações, Kengyu não estava mais guardando o gado, e a princesa não fazia mais nenhum kimono.

Ele ouviu a mulher se ajeitar melhor sobre um tatame de palha, podia ouvir com perfeição o roçar das grossas meias sobre a palha trançada. Dessa vez, as crianças não fizeram barulho, a mulher continuou:

_ O pai de Orihime ficou tão zangado que decidiu punir os dois namorados, então os separou, enviando cada um ao ponto mais distante do caminho de estrelas. Como se lamentaram os dois! Separados, com todo o caminho de estrelas se colocando entre ambos... Era uma tristeza.

A voz da menina menor se ergueu:

_Os dois estavam tão tristes que o otou-san de Orihime permitiu que eles se encontrassem uma vez por ano! No sétimo dia do sétimo mês!

_ A voz da mulher continuou gentil.

_Hai hai Sassami! Mas como castigo eles seriam obrigados a atender todos os desejos feitos nessa noite... Por isso recolhemos o galho de bambu e o colocamos diante da porta. Os papeis amarrados nele se chamam Tanzaku, nós escrevemos nossos desejos em um Tanzaku e o amarramos no bambu, lá ele fica até o final da festa!

A voz da menina chamada Sassami voltou a se pronunciar.

_E depois da festa os Tanzaku são queimados! Porque ai o desejo vira fumaça e sobe até as estrelas!

Ele já tinha ouvido o suficiente, devagar e sem fazer ruído Sesshoumaru se afastou da casa, estava se dirigindo novamente para o acampamento quando um cheiro, o único cheiro humano agradável para ele passou por seu olfato.

Rin.

Farejou o ar detidamente, notando que o aroma vinha do centro da vila.

Mudou a direção de seus passos e seguiu seu nariz.

Jaken havia começado a perceber que seria uma tarefa ingloriosa levar Rin ao festival no momento em que entraram na vila.

Todos os olhos masculinos se voltaram imediatamente para a menina ao seu lado, fora tolo em achar que apenas ele havia notado a beleza excepcional da moça, mas agora a cada passo dela, cada ondular suave das mangas dos kimono era motivo de mais e mais homens a olharem.

O mais incrível era que Rin não notava, estava tão ocupada procurando um lugar onde pudesse escrever seu Tanzaku sem ser interrompida que mal percebia os olhares ao redor.

Finalmente encontrou um bambu onde ainda havia espaço para um pedaço de papel, escreveu rapidamente seu desejo usando aquela linda invenção que Kagome havia lhe dado chamada lápis.

Pendurou o tanzaku em um dos ramos do bambu e juntou as mãos em uma oração, de olhos fechados.

Foi nessa posição que Sesshoumaru a viu oculto nas sombras entre uma casa e outra.

Admirou o porte suave da jovem, os cabelos penteados, a perfeição com que o kimono se ajustava ao corpo belo, ele se lembrou de passar longos momentos acariciando a seda daquele kimono, se certificando que era um tecido de qualidade acima dos outros.

Para Rin ele sempre escolheria o melhor.

Os belos olhos amendoados se abriram e ela sorriu satisfeita, ele olhou atentamente aquele sorriso, a curva suave dos lábios.

Em silencio, ainda oculto pelas sombras Sesshoumaru esperou que se afastassem e com o mesmo passo lento que era característico dele, o youkai se aproximou do bambu.

Algumas pessoas ao seu redor abriram espaço, espantadas pelo porte do homem alto a sua frente, ele as ignorou e com cuidado segurou o frágil tanzaku entre os dedos o lendo.

“Desejo viver ao lado de Sesshoumaru-sama para sempre e sempre”

Ficou em silêncio por um longo tempo apenas olhando o papel em sua mão, deslizou o polegar pelas letras por um momento, apreciando a textura do papel.

Um jovem já meio tocado pelo saque esbarrou no frágil bambu, fazendo o tanzaku se soltar da planta na mão do daí-youkai.

Ele olhou para o rapaz em sua expressão vazia, o jovem pediu desculpas e se afastou, mal imaginando a tremenda sorte que havia tido de continuar vivo. Uma mulher idosa olhou por um momento para o papel que ele segurava e suspirou:

_Uma pena! Se não for queimado até o final do festival o desejo não se realiza.

Ele guardou o tanzaku nas dobras de seu kimono e se virou na direção que a jovem havia ido, novamente se esgueirando na penumbra entre as casas.

Em dias normais preferiria passar no centro da vila a vista de todos, apenas ordenando que saíssem de seu caminho, mas hoje, preferia observar sem ser visto.

Rin estava feliz e sorridente quando comprou um dango para si e outro para Jaken, o pequeno youkai agradeceu com alegria e devorou o doce em poucos minutos, ambos andavam entre as pessoas, a jovem rindo e apontando para todos os lados, os vendedores apregoavam vasos feitos de boa cerâmica, fitas coloridas para os cabelos, pentes de madrepérola para as damas.

Havia a fartura de comida, uma referencia eterna ao festival das estrelas. Pessoas riam e crianças passavam correndo em meio aos adultos.

Tudo isso Sesshoumaru vigiava com seus olhos dourados.

Depois de algumas horas Rin parecia cansada, se virou para seu pequeno companheiro.

_Jaken-sama, se você quiser já podemos ir.

O youkai sorriu aliviado, gostava dos doces e da animação das pessoas, mas sua nuca se arrepiava constantemente ao imaginar o que poderia acontecer consigo mesmo se Rin sofresse algum dano.

Estavam caminhando pela estrada quando o show de musica começou na vila, ele olhou a jovem ao seu lado.

_Rin. Você não queria ver as danças?

Ela balançou suavemente a cabeça.

_Não, eu já fiz o que tinha ido fazer.

Curioso Jaken a olhou, estavam se aproximando do lugar onde era o acampamento.

_Rin, o que você desejou?

Ela olhou o céu por um momento, a brisa fresca balançando a barra de seu kimono e as mechas de cabelo que estavam soltas, as duas mãos delicadas foram em direção ao peito:

_O maior desejo de meu coração.

Sesshoumaru saiu das sombras em seu mesmo passo tranqüilo, Jaken quase engasgou, um olhar para o daí-youkai e ele sabia que seu mestre os havia seguido por boa parte do caminho.

Rin enrubesceu até a linha do pescoço e depois sorriu com verdadeira alegria.

_Sesshoumaru-sama! Você veio para o festival!

Ele a encarou murmurando:

_Festivais humanos não me interessam.

Ambos olharam um para o outro por um longo momento, Jaken pigarreou e continuou andando enquanto falava.

_Eu vou avivar a fogueira para nosso conforto durante a noite.

Nenhum dos dois deu atenção ele, Jaken continuou andando enquanto murmurava:

_ Ignorado de novo.

Ao notar que estava sozinha com Sesshoumaru Rin enrubesceu novamente, aqueles olhos dourados que se mostravam tão frios a aqueciam inteiramente por dentro, a voz forte porém baixa de Sesshoumaru a pegou de surpresa.

_Este é um dos kimonos que lhe dei.

O vermelho do rosto da jovem se ampliou.

_Hai.

_Este Sesshoumaru sabia que ficaria encantadora com ele.

Ela baixou os olhos e curvou suavemente a cabeça.

_Arigatou, eu queria parecer bela para Sesshoumaru-sama.

Ele se aproximou, e suavemente tocou o rosto dela, podia ouvir o suave coração feminino bater aos arrancos enquanto aqueles olhos amendoados se erguiam e o encaravam.

Ele também ouviu o suave farfalhar do capim aos pés dela.

Rápido, Sesshoumaru a segurou pela cintura e a ergueu da grama, com a outra mão fez brilhar o chicote venenoso, partindo em duas a pequena serpente venenosa que estava próxima aos pés dela.

Rin apoiou as duas mãos na armadura do peito dele e olhou para o chão, espantada.

_Eu não a ouvi.

Muito delicadamente o grande daí-youkai a baixou novamente para a grama, os olhos presos uns nos outros ele apenas murmurou:

_Tenha mais cuidado.

Atendendo a um pedido urgente de seu coração Rin se aconchegou a ele, apoiando a cabeça em seu peito e suspirou feliz.

_Hai.

Ele se permitiu ser abraçado, mais que isso, seus braços envolveram os ombros delicados a firmando próximo a si.

_Qual o maior desejo de seu coração?

Ela murmurou, a voz abafada de encontro ao peito masculino.

_Pertencer... Para sempre sempre.

Na escuridão das arvores próximas um par de olhos verdes e maldosos olhava o casal com indisfarçável rancor.

Da mesma forma silenciosa que chegou se afastou, a mente trabalhando com furiosa velocidade.

Quando chegaram ao acampamento a jovem dormiu logo, seu sono era fácil e tranqüilo.

Sesshoumaru a cobriu com cuidado e olhou Jaken adormecido ao lado da fogueira.

O grande youkai se sentou próximo ao fogo e colocou a mão dentro das dobras do kimono, retirando o delicado tanzaku que havia guardado. Sem uma palavra o jogou no fogo olhando pensativamente a fumaça subir em direção ao céu.

Em direção as estrelas.


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