O Desabrochar Do Lírio escrita por Kátia Oliveira


Capítulo 3
3 Flores e serpentes


Notas iniciais do capítulo

Gomen pela demora, muitas provas para corrigir...

espero que gostem!



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            O som de pessoas rindo pegou Rin completamente de surpresa.

            Estavam na estrada ha muitos dias. Como era a vontade de Sesshoumaru, os viajantes se embrenharam cada vez mais nas regiões mais desérticas, lugares perdidos entre sombrias ravinas e vales cheios de névoa.

            Sem aviso o daí-youkai mudou de rumo, fazendo uma bela volta ao redor de um terreno extremamente sombrio.

            Jaken percebia as intenções de seu mestre, mas evitou tecer qualquer comentário, já haviam atravessado aquela região dezenas de vezes antes, era o caminho mais curto em direção a caverna habitada por Toutousai.

            Infelizmente também era um lugar cheio de um shouki  maligno que causava alucinações. Disfarçadamente o pequeno youkai tentava não olhar para Rin que caminhava ao lado de seu mestre. Ele sabia que Sesshoumaru se desviava do veneno por causa de sua humana.

            As sobrancelhas do daí-youkai se franziram por um momento assim que o cheiro dos homens chegou até ele.

            Parou, olhando o céu e se permitindo farejar.

            Foi quando Rin ouviu o riso.

Olhando de um lado para o outro ela caminhou a frente sem um pingo de medo, sabia que se existisse perigo Sesshoumaru jamais permitiria que ela andasse a sua frente.

            Estavam no topo de uma colina enquanto a tarde começava a declinar em direção a noite, no vale mais a baixo uma vila de bom tamanho parecia em plena atividade.

            Ela se virou para ele animada.

            _Que estúpida sou! É a sétima noite do sétimo mês do ano!

A moça correu de volta para Sesshoumaru o segurando pela mão:

            _Sesshoumaru-sama! É Tanabata Matsuri!

            Ele olhou para a vila e murmurou:

            _Os festivais humanos não me interessam.

            Rin o puxou pela mão por um momento, Sesshoumaru não se moveu, ao contrario, olhava fixamente a pequena mão puxando a sua, Rin percebeu o que fazia e o soltou, corando violentamente, devagar curvou a cabeça.

            _Gomen, Sesshoumaru-sama.

            Ele a ignorou voltando a olhar para a vila em silêncio, Rin voltou a falar:

            _O festival das estrelas!

            Jaken por um momento compartilhou do entusiasmo da moça.

            _Oh! Eu já ouvi falar deste festival! Boa comida!

            O grande daí-youkai olhou longamente para Jaken, novamente a gota imensa de suor apareceu ao lado de sua cabeça, o pequeno youkai ficou entre Sesshoumaru e Rin, brandindo seu cajado para a jovem.

            _Menina burra! Não sabe que o grande Sesshoumaru-sama não tem tempo para esse tipo de coisa? Ele precisa afiar a Tenseiga o mais rápido possível! Nunca se sabe quando ele vai precisar de sua espada protetora, ainda mais que já gastamos um tempo incrível tendo que nos desviar do vale porque...

            Alguma coisa atingiu o pequeno youkai na parte de trás da cabeça o jogando para frente, passou voando ao lado de Rin,  e rolou toda a ladeira abaixo.

            Quando ele finalmente parou, se sentou atordoado e gemendo, acariciando a nuca.

 Havia a marca de uma perfeita sola de sapatilha na parte de trás da sua cabeça, Jaken suspirou resmungando:

            _Desse jeito nunca serei ministro na corte de Sesshoumaru-sama.

            Estava para desfiar uma longa frase de injurias contra Rin quando ouviu a voz de seu mestre bem atrás dele.

            _Jaken.

            O Pequeno youkai congelou, não havia ouvido seu mestre se aproximar, olhou para frente,a vila ainda a uma boa distancia, eles não chamariam a atenção dos humanos, de um salto se colocou de pé e curvou a cabeça.

            _Hai Sesshoumaru-sama.

            O daí-youkai olhou de um lado para o outro calculando a distancia.

            _Acamparemos aqui hoje.

            Sem mais uma palavra ele caminhou para perto de alguns pinheiros e lá se sentou ainda vigiando a vila.

            Rin estava animada trazendo Ah-Uh pelas rédeas até o grupo de pinheiros, com prazer viu que havia uma nascente entre as pedras em um declive, logo após as arvores.

            Depressa a moça desamarrou seu furoshiki da garupa de Ah-Uh e escolheu um kimono limpo juntamente com seus objetos de banho, ela mal murmurou o que ia fazer e disparou rumo a fonte.

            Sesshoumaru a seguiu com os olhos em cada movimento, até que a figura graciosa desaparecesse entre as arvores, Ah-Uh olhou na direção onde a moça havia ido e simplesmente se deitou, as cabeças apoiadas sobre as patas dianteiras cruzadas.

            Jaken recolheu a lenha o mais rápido que o normal, saindo em seguida para encontrar comida, ele sabia no fundo de sua espinha que tinha todos os motivos do mundo para cumprir suas obrigações com redobrado cuidado essa noite.

            Sentia que seu mestre estava profundamente irritado.

            Quando a noite caiu o jantar da menina estava pronto enquanto o fogo estalava devido a alguma madeira mais verde, fazendo flutuar fagulhas brilhantes junto com a fumaça.

            Pensativo Sesshoumaru retirou a Tenseiga de dentro de sua bainha e a olhou atentamente.

            A espada estava lascada em vários lugares, a bainha praticamente esfiapando, Jaken se sentou diante do fogo admirando:

            _A noticia de que Sesshoumaru-sama possuía um espada que lhe garantia a imortalidade se espalhou por todos os lados, eu Jaken jamais haveria imaginado  que tantos youkais atacassem apenas para obter uma espada que é incapaz de ferir um ser vivo.

            Sesshoumaru olhou o fio da lâmina e a guardou novamente na bainha, olhou o lugar entre as arvores onde Rin havia sumido e murmurou:

            _Tenseiga.

            Jaken moveu a cabeça afirmativamente, mas a voz era cheia de pesar:

            _Uma vez que era raramente usada a Tenseiga possuía uma bela aparência, mas agora.

            O pequeno youkai refletia que de um lado, haviam os inimigos vivos que desejavam continuar vivos,  quando o ataque  era maior do que o corpo de Sesshoumaru podia suportar a Tenseiga o protegia.

            Jaken olhou para as chamas percebendo que este era apenas metade do problema, fantasmas, Shinigamis e outros seres do submundo também se atreviam a batalhar contra Sesshoumaru, todos eles indignados pelo fato de um vivo conseguir eliminar o que normalmente não podia morrer.

            E nesses casos apenas o corte certeiro da Tenseiga acabava com a disputa.

            Jaken olhou novamente seu mestre, era obvio que ninguém poderia vencer Sesshoumaru com tanta facilidade, mas também era claro que uso após uso constante desgastavam a lamina.

Tenseiga  precisava de reparos urgentes.

            Sesshoumaru novamente farejou o ar e se levantou voltando a colocar a espada no cinto da armadura.

            _Jaken.

            _Sim Sesshoumaru-sama!

            _Acompanhe Rin até a aldeia, a vigie com cuidado.

            Jaken se levantou também para perguntar onde seu mestre ia, mas era tarde, Sesshoumaru já havia lhe dado as costas e começado a flutuar suavemente em direção a colina por onde haviam vindo.

            O pequeno youkai estava indignado:

            _Sesshoumaru-sama! Onde vai? Sesshoumaru-sama!

            A voz de Rin se aproximando era gentil.

            _Não se preoculpe Jaken-sama.

            Ele se virou para repreender a menina mas as palavras não saiam de sua boca.

            Rin havia se banhado e se penteado.

            Os cabelos que antes caiam soltos pelas costas agora estavam amarrados e um belo coque, presos com o pente que recebera de presente, algumas mechas perto do rosto estavam soltas, emoldurando a face jovem.

            Jaken se lembrava do kimono que ela vestia, se lembrava de ver seu mestre escolher com muito cuidado o belo padrão de colorido.

            Nos primeiros anos Sesshoumaru escolhia para Rin kimonos com pinturas de brinquedos, leques, ou apenas quadriculados em padrões infantis.

            O pequeno youkai notara que os presentes de Rin haviam mudado nos últimos tempos.

            Sesshoumaru escolhia kimonos de figuras estupendas, obis trabalhados com fina arte, mangas largas e graciosas.

            O que Rin vestia era de um azul muito profundo na parte de cima, o azul descia até abaixo das coxas da menina onde era substituído por uma mistura de flores de diversas formas e tamanhos, as flores subiam pela barra do kimono até a altura das mangas longas, o artista que o pintara tentara retratar um jardim a luz da noite, e havia conseguido.

            O obi dourado e largo marcava o torso e a cintura da jovem, evidenciando que ela não era mais uma menina. A jovem havia prendido parte das mangas na lateral do obi oque facilitava sua movimentação.

            Rin não olhava para ele, seus olhos acompanhavam o brilho prateado do cabelo de Sesshoumaru enquanto ele desaparecida logo após a colina.

            Jaken a olhou em silencio enquanto ela seguia seu mestre com o olhar.

            Mais sentiu do que viu a decepção da jovem, subitamente entendeu:

            Ela não havia se vestido tão belamente apenas para o festival.

            Ela se vestiu para Sesshoumaru.

            Ela olhou finalmente para ele e sorriu, curvando a cabeça:

            _ Então? Estou bonita?

            Jaken se recompôs:

            _Hoh! Você esta linda Rin-chan!

            Jaken olhou novamente para onde seu mestre havia sumido e murmurou.

            _Eu sinto que Sesshoumaru não a viu assim tão bonita Rin.

            Ela deu de ombros, um novo sorriso brincando nos lábios.

            _Não se preocupe Jaken-sama, o importante não é se Sesshoumaru-sama foi embora... O importante é que ele sempre volta.

            _Hai.

           

            Sesshoumaru voou até a região que desprendia o miasma venenoso, o meio do vale sombrio do qual se desviava, apoiou os pés no chão estéril com a mesma suavidade que lhe era natural e caminhou para dentro da névoa arroxeada.

            Caminhou por longos minutos, por fim parando diante do que parecia uma pedra de grande tamanho, sem desviar os olhos de seu caminho murmurou:

            _Mostre-se.

            O riso arranhado de algo se movendo logo a sua frente pode ser ouvido, mais que isso, podia ouvir o raspar de escamas na terra estéril, o som sibilante de uma língua bifurcada, a voz feminina era no tom exato do arranhar de unhas sobre papel.

            _O grande Sesshoumaru me localizou aqui, dentro deste sinistro shouki, onde não deveria nem ao menos ser capaz de me farejar, estou impressionada.

            Uma figura meio humana meio serpente surgiu de trás da pedra, não possuía pernas, apenas o longo corpo da serpente de um forte laranja com manchas negras, da cintura para cima a criatura parecia feminina apesar das escamas, a face era uma mistura quase bela entre uma serpente e humano.

            Olhos de um verde incomum contornados por uma sombra negra analisavam o daí-youkai com interesse, com uma graça particular a todas as serpentes a mulher se enrolou sobre si mesma sempre o encarando, deslizou os dedos pelos longos cabelos negro azulados e murmurou inclinando o rosto para o lado.

            _Esta névoa de veneno não o afeta? Que explendido Inu youkai você é Sesshoumaru-sama, eu o tenho seguido a dias, deslizei ao lado de seus acampamentos com cuidado e nem mesmo você notou minha presença, o dom especial da minha espécie, me mover sem som.

            Em completo silencio Sesshoumaru colocou uma das mãos dentro da armadura que lhe cobria o peito, retirou a mão e a abriu permitindo que o vento espalhasse as pequenas partículas que havia guardado.

            A criatura em forma de serpente recuou alguns centímetros sibilando, reconhecia suas próprias escamas , os pequenos pontos laranjados e negros dançaram no vento por um momento e foram levados para longe, a voz em um silvo indignado:

            _Como?  eu nunca fui encontrada antes!

            O daí-youkai se deu ao trabalho de responder.

            _Akamataas não fazem qualquer som, mas liberam um odor muito característico.

            A youkai sorriu:

            _Então gostou de minha companhia?

            Sesshoumaru voltou o rosto em direção a vila pensativo.

            _Você nunca foi ameaça para este Sesshoumaru, saia do meu caminho.

            A mulher sorriu.

            _Não antes que ouça minha proposta daí-youkai... Deseja ser mais poderoso do que já é?

            Ele a olhou longamente, percebendo que não receberia uma resposta a Akamataa suspirou, curvando suavemente a cabeça.

            _ Eu sou Amaya-hime... E desejo lhe propor a honra de me desposar.

            Sem mais uma palavra Sesshoumaru se virou pelo mesmo caminho que havia vindo e começou a caminhar.

            O Youkai fêmea sufocou por um momento em um ódio explosivo, seu titulo de nobreza fora perfeitamente ignorado, sua pessoa tratada com desdém, pensou do exercito de pretendentes que havia dispensado pelo belo inu-youkai que seguia a dias, para apenas isso, ser desprezada como uma camponesa humana, com o orgulho profundamente ferido e sem aviso atacou escancarando a mandíbula, as gotas negras de veneno pingando das presas em um bote certeiro.

            Pelo menos seria certeiro se Sesshoumaru não tivesse se virado meio milionésimo de segundo antes, os dedos bailando em um movimento suave, a fina luz verde saindo das pontas de suas garras com a leveza de um chicote.

            Um chicote que partia em dois tudo que tocava.

            E foi o pescoço da Akamataa a primeira coisa que o chicote venenoso tocou o partindo ao meio

            O corpo inteiro da youkai estremeceu, e antes que a cabeça caísse no chão tudo se dissolveu em uma neblina branca, aos pés de Sesshoumaru havia apenas um pequeno boneco de madeira partido, ele arqueou as sobrancelhas levemente aborrecido:

            _Hunf, Kugutsu.

            Sua mente já havia se esquecido completamente da mulher serpente quando novamente voou pelos céus noturnos, era fraca, se a visse novamente um único golpe de sua Bakusaiga a destruiria definitivamente.

            Sem mais um único pensamento para a criatura seguiu em direção a vila, havia uma infinidade de coisas mais importantes para pensar.


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