Meu Tesouro escrita por Camí Sander


Capítulo 2
Um final alternativo


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeeeeeeeeeeente, eu vou chorar!!! Minha mãe acabou de fechar tudo o meu final alternativo que eu estava fazendo para vocês.
Bem, a história é a mesma e esse seria o final correto. Espero que gostem. Vou começar a partir do ponto de vista da Bella. Tem coisas que são iguais, ok?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/357683/chapter/2

POV Bella

O que eu estava fazendo no Central Park a essa hora? Era o que eu me perguntava desde que cheguei à cidade. Quer dizer, Edward não viveria mais aqui. Claro que não! Ele tinha arranjado dinheiro e ido para a Dinamarca, se possível. O mais longe de mim possível. Alice não me falava dele. À meu primeiro pedido. Mesmo que eu implorasse, ela apenas dizia que ele estava ótimo e que meus filhos não podiam estar melhor.

Eu não matei Alice ainda porque ela é minha melhor amiga desde que eu me conheço por gente, senão já teria matado apenas por dizer que eu era a trouxa da história. Porque eu sabia bem que os meu filhos poderiam sim estar melhor, se eles estivessem comigo e com a minha Nessie, seria muito melhor para todos. Nesse momento, Nessie estava no parquinho brincando com umas menininhas.

Nesses anos sem o Edward, eu amadureci muito. Confesso que sempre fui um pouco mimada, embora não tenha virado uma vaca louca por compras, tudo o que eu queria, simplesmente, eu conseguia. Tentei ser normal. Isso me matou por dentro. Grávida aos 16 anos, mãe aos 17, sozinha e doente aos 18. Minha grande vida até cinco anos atrás.

Sofri de depressão. Principalmente quando Edward me deixou de vez, grávida. Ele foi porque eu quis. Pude ver isso em seus olhos naquela época, tinha certeza disso hoje. Mas, diferente de hoje, eu achava que ele estava cada vez mais distante na época. Achava que ele não me amava mais. Eu, simplesmente, achei que meus filhos preferiam ele a mim. Claro que eu não sabia da existência de vida em meu ventre. Nem ele.

Quando era bem pequena, quando eu me importava com essas coisas, vi meus pais em pé de guerra todas as vezes que se encontravam. Vi eles brigando por mim. Vi-os jogando a culpa um para o outro. Vi-os sendo mortos pelos próprios corações e jurei – veja bem, eu JUREI – a mim que quando eu tivesse filhos, não me separaria do pai deles porque, primeiro, eu o amaria eternamente; segundo, eu sabia o quanto doía levado de um lado para outro; terceiro, eu não queria que os meus filhos sentissem falta do carinho de um de nós. O que eu fiz? LARGUEI minhas preciosidades na rua, com apenas uma passagem de ida para cada um para Nova York! Eu gritei com eles. Pratiquei mutilação na frente de seus olhinhos inocentes.

Por que tudo isso? Então, me pergunto hoje. Eu não tinha uma razão, apenas agi porque me pareceu certo naquele momento. Quis voltar atrás uma hora depois, mas as passagens já tinham sido usadas... em Forks eu sabia que ele não estava. Meu primeiro pensamento foi acabar com a minha vida de vez. Entretanto, Alice chegou no exato momento em que eu colocaria os comprimidos de calmante na boca. Como ela era psicóloga, eu fugi dela ao máximo, mas acabou que contei tudo à ela e convenci-me que o melhor era fazer o que tinha prometido a ele. Tratei-me com uma amiga de Alice e pratiquei à risca o jogo de Pollyanna. Essa foi a tarefa mais difícil. Ser contente sabendo de tudo o que eu havia aprontado com as pessoas que mais me amaram em minha vida. Poucas semanas depois, descobri que estava grávida novamente. Edward havia me deixado um presente. Amei aquela criança como se ela fosse a única certeza de que seu pai me amava.

Renesmee foi "descoberta" por Alice quando ainda mal dava para se ver minha crescente barriga. Ela implorou para que eu chegasse a falar com o pai da criança. Quando contei que Edward era o pai, ela quase teve uma síncope. Emmett e ela convenceram-me a registrar a menina com o sobrenome do pai e obrigaram-me a ter os dois casais (Emmett-Rosalie e Alice-Jasper) como padrinhos. Fora que eu não podia esconder a criança dos avós. Não que eu não quisesse que os Cullen soubesse da existência de minha filha, eu só não queria que eles falassem para Edward e este me tirasse a menina também.

Fui retirada de meus devaneios por uma trombada em minhas pernas. Olhei para baixo e pude ver um menininho caído sentado na grama, sacudindo a cabeça, provavelmente desorientado. Agachei-me e ajudei-o a se estabelecer sentado na grama.

–Está tudo bem com você, amorzinho? – sorri para ele.

–Desculpa, tia – ele fez um beicinho adorável. O que me fez rir.

–Ah, amorzinho, não foi culpa sua. Eu estava distraída. Venha, vamos ver se machucou alguma coisa nesse garotão. – levantei-me e fi-lo ficar de pé também. – Não machucou nada. Você é um garoto forte.

–Obrigado, tia. – ele sorriu, logo depois pareceu lembrar-se de algo e arregalou os olhinhos castanhos chocolates. – Ish, tia, não posso ficar conversando com estranhos! Papai vai ficar furioso comigo se me vir conversando com a senhora.

–Ah, anjo, não seja por isso. Eu me chamo Bella e qual é o seu nome?

–Benjamin, mas me chame só de Ben. É mais maneiro – ele deu uma piscadela.

Fiquei um pouco mais atenta a ele. Meu Benjamin teria mais ou menos aquele tamanho, não teria? E, olhando bem, ele tinha um jeitinho meio Edward de se mover. Os cabelos eram de um tom castanho acobreado... ah, deixe disso, Isabella, vai ficar encontrando semelhanças entre vocês só porque ele tem o nome do seu príncipe? Nova York é gigante, quantos Benjamin's não devem existir nessa cidade?!

–Hmm, bem, agora estamos devidamente apresentados, senhor Ben. Então, por que não me conta o que andava fazendo correndo por aí? – fingi irritação, colocando as mãos na cintura e arqueando uma sobrancelha.

Ele riu gostosamente.

–Você parece a mamãe! – comentou, enquanto gargalhava com a cabeça pendida para trás.

–E você parece o meu filhinho – sussurrei um pouco triste. Ele não era o Ben. Ele tinha mãe. – Qual é o nome da sua mãe?

–Não sei – ele deu de ombros. – Sempre a chamamos de mamãe. Esse é o nome dela!

Ri. É, seria a cara do Edward ficar se referindo a qualquer um como um de seus filhos se referiria. Eu devia parar de pensar em Edward, agora. Ele se fora, para sempre.

–Você tem filho, Bella? – Ben me olhou curioso.

–Sim. Tenho três – puxei a correntinha de ouro que continha os pingentes de um casal de crianças e mais uma menininha. – São meus maiores tesouros.

–Eles estão aqui? Eles vieram com você? – agora seus olhinhos brilhavam de expectativa.

–Não todos. Porque tesouros são para serem guardados – expliquei evasiva.

–Onde você os guardou?

–Com o pai deles. Junto com o meu coração. Ele é o meu banco. Sabe, daqueles que você guarda tesouros importantes – sussurrei, como em segredo.

–Meu pai trabalha num banco! – ele sorriu largamente.

–Então você coloca seus tesouros no banco do seu pai?

–Não. Ele disse que o nosso maior tesouro está guardado dentro de outra pessoa e nossa vida é para que possamos encontrar esse tesouro.

–E ele disse qual tesouro é esse?

O menino se inclinou para frente, olhando para os lados, como em segredo, e me chamou com o indicador. Abaixei-me para ficar na altura correta, e inclinei-me em sua direção. Pude sentir seus dedinhos quentes em minha orelha, afastando meus cabelos com gentileza. Segurei sua cinturinha pequena e olhei para frente, procurando minha Nessie, tendo uma ampla visão do parque.

–É o amor – ele sussurrou muito baixinho.

Nesse momento, percebi uma figura conhecida sentada em um dos bancos do parquinho. Infelizmente, reconheci a pessoa exatamente quando meus olhos e os dele se encontraram. Mesmo que à distância, eu sabia perfeitamente de quem se tratava. Também percebi que ele fez um esforço para visualizar melhor em minha direção. Deixei o cabelo cair por meu rosto e me separei um pouco da criança.

–O que aconteceu, Bella? – o menino percebeu minha estranheza.

–Vi alguém que não passava de um fantasma – murmurei, enquanto analisava quem vinha para cá. O homem, uma mulher e quatro menininhas. Vi que Nessie estava vindo com as menininhas também. Ah,agora eu estava encrencada. Muito encrencada. Será que Edward percebera a semelhança entre minha filha e eu? Ou nele próprio? Ele viria tirá-la de mim?

–Você viu um fantasma?! – ele desesperou-se e se agarrou a mim. – Ele é muito feio? O que ele quer? Ele vai me roubar? Papai não está aqui para cuidar de mim...

–Seu pai não lhe trouxe? Você veio sozinho? – que tipo de pessoa deixaria um anjo desses sozinho no Central Park? Será que ele estava perdido? Ele havia sido abandonado?

Agora eles estavam um pouco mais perto.

Perto o suficiente para eu ver que o casal tinha as mãos dadas e as meninas eram todas diferentes, no entanto, tinham as mãos dadas também. Pareciam uma grande e feliz família. Eu sentia falta de uma família. Não que Renesmee não me proporcionava uma família. Eu ainda era vista como parte da família dos Cullen, mas sentia-me estranha, pois eram raras as vezes em que podia passar as datas comemorativas com eles. Edward, geralmente, passava lá em conferência virtual ou eles vinham para cá.

–Calma, pequeno – afaguei suas costas e virei para esconder o rosto com as árvores, deixando o menino de frente para as pessoas vindo. Eu reconhecia aquele andar. – Eu vou proteger você do fantasma. Não fique com medo.

–Bella, eu não estou mais com medo, meu pai está vindo! – ele sorriu para mim, pegou meu rosto entre as mãozinhas e piscou carinhosamente – Eu vou cuidar do meu tesouro agora. – ele beijou minha bochecha – Agora, com o meu pai, eu sou mais forte do que o fantasma e vou bater nele até ele sair correndo e deixar você, meu tesouro, em paz.

–Benjamin Anthony Swan Cullen, venha agora para cá! – esbravejou uma voz masculina.

–Mas, papai... – o menino disse manhoso, enquanto eu fazia menção de colocá-lo no chão. Coisa que ele não deixou-me fazer.

–Nem mais uma palavra! Venha AGORA para perto de... MAGGIE! – ele gritou.

Senti um puxãozinho em minha calça e desci o olhar para a menininha de cabelos encaracolados que tinha lágrimas nos olhos.

–Tia, pode me devolver o meu irmãozinho? Ele é meu tesouro mais precioso e eu preciso dele para viver – vi uma lágrima escorrer pelo rostinho de porcelana.

Abaixei-me e, num átimo, puxei a menina para um abraço apertado, beijando a bochecha dos dois, já em lágrimas grossas. Como se pressentissem, eles retribuíam ao carinho. Nesie deve ter ficado com ciúmes, pois se aproximou com os bracinhos estendidos para mim e os olhos cheios de lágrimas.

-Renesmee, não... - ouvi a voz de Edward falhar ao notar que eu pegava a menina para abraçar também. - Venha, Nessie, temos que achar sua mamãe. Ela não lhe disse que você não pode sair abraçando estranhos assim? E se alguém lhe rouba dela? Venha vamos ligar para ver se a tia Alice vai saber onde sua mãe está!

Ainda pude ver Maggie chamando as outras meninas para um abraço coletivo ao meu redor. Senti-me amada novamente. Até Edward ficar furioso e vir arrancando criança por criança de cima de mim.

–Querida, chame aquele guarda lá, por favor! – pediu Edward para a mulher que viera com ele. – Vão, lindas, vão com a Ca. Tanya, Irina, Kate. Nessie, venha. Temos que achar a mamãe.

-Mamãe... - chorou Nessie, ainda tentando me apertar contra si.

Eu não vou! – choramingou uma loirinha que estava agarrada aos ombros de Maggie.

–Kate... – lamentou-se “Ca”.

–Eu cuido dela. Prometo, Carmen. Por favor, querida, pelos meus anjos... – suplicou Ed.

–Com certeza, amorzinho. Vamos meninas, vamos ver quem chega no policial primeiro.

Ouvi passinhos frenéticos atrás de mim. Já não aguentava mais, chorava quase descontroladamente. Meu Edward tinha seguido com a vida. Meu Edward chamava alguém de querida. Alguém que o chamava de amor...

–Por favor, meu tesouro, não chora assim – pedia Ben, entristecido.

–Vai com o papai. Antes que ele pense que estou roubando você, meu amor. – pedi baixinho entre soluços. – Por favor. Diga que eu nunca separaria vocês. Nunca.

Paaaai – choramingou Maggie. – Por que você está sendo malvado com ela? Ela só precisa de um pouquinho de carinho. Vem aqui, papai, vem dar carinho para ela também!

–Solte-os, mulher! Eles não são seus! Terei que arrancar seus braços para que devolvasmeus filhos? Saiba que, se chegar a ser presa, tenho contatos nos quais adorariam deixá-la na cadeia por anos. Quem sabe uma vida – ele estava bravo, mas podia-se notar a tristeza em sua voz. Agora ele estava parado em minha frente.

Edward achou mesmo que eu tiraria as preciosidades de seus braços? Pela voz, sim. Pela postura, com certeza. Ele estava com medo, notei. Tanto ou mais medo do que eu! Solucei uma vez mais. Eu não conseguiria deixá-lo ainda mais desesperado. Meu coração doía com a ideia.

-Mamãe... - Nessie chorava copiosamente. - Essa minha mamãe. Essa!

Afrouxei os braços das crianças e pude ouvir um suspiro de alívio vindo dele. Sussurrei para que Maggie fosse abraçá-lo porque ele estava com medo. Ela e Kate foram calmamente. Ouvi os beijos que ele depositou em nossa pequenina. Abracei Ben e Nessie um pouco mais e ergui os olhos. O arquejo dele em reconhecer-me foi mais aterrorizante do que o meu quando o reconheci. Ele estava pálido e, eu jurava que, a gota de suor que escorria de sua testa era doentia. Seus olhos estavam lacrimejados e vermelhos de antes.

–Não posso mais receber carinho dos meus filhos, agora? – perguntei irônica, mas a voz saiu entrecortada e triste. A pergunta saiu manhosa sem que eu tivesse essa intensão.

–Papai, você está bem? – perguntou Maggie em seu colo, olhando-o nos olhos.

–Vi um fantasma, amorzinho – falou alto o suficiente para que eles escutassem.

Kate agarrou-se às suas pernas enquanto Maggie escondia o rosto em seu ombro. Nessie conseguiu envolver meu pescoço e quase me sufocava por estar com medo. Ben apenas estremeceu, mas virou-se para o pai e tentou sorrir enquanto afagava de leve os cabelos da irmã menor.

–A Bella também viu esse fantasma, papai. Mas não precisa se preocupar. A gente está em mais de um. Ele vai ficar com medo e fugir – seu sorriso era sincero.

–Duvido, Ben. Duvido muito – ele respondeu fixado em meus olhos.

Soltei Ben e ele correu para os braços do pai. O semblante de Edward, agora, era de puro e total alívio. Seu sorriso era sincero, mas havia confusão ali. Eu sabia o que ele queria perguntar, mas não tinha coragem.

–Vamos, Katrina, temos que encontrar a tia Ca.

–Mas a titia está tão tristinha, tio Ed.

Tio. Palavra abençoada que me encheu de esperanças. Segundo Edward, ela não era mãe das meninas, porque ele a chamou de tia Ca. E segundo Kate, ele não era seu pai. Olhei novamente para a menina. Sabia que Emmett e Alice estavam casados com Rosalie e Jasper. Dois loiros. Ela poderia ser filha de um deles.

–A titia vai ficar bem sem a gente, aposto – agora, ele alternava os olhares entre nós quatro. – Ela já ficou muito tempo sozinha, com certeza acostumou-se com a solidão. E ela tem Nessie...

Kate correu até mim e abraçou-me com força.

–Isso é muito triste, titia. Muito, muito, muito triste! – soluçava.

–Calma, pequenina, agora vai ficar tudo bem.

–Tia Bella – chamou-me Ben do colo do pai. – Por favor, vem com a gente! Eu nem brinquei com a Nessie direito. Por favor, tia, por favor!!!

–Eu não acho que seu pai vá gostar disso e... – tentei me esquivar.

–Por favor, tia Bella, por favor! – agora ele chorava. – Papai, diz para ela que pode vir. Por favor, papai. Não deixa ela aqui, papai. Ela e Nessie estão sozinhas e tem o fantasma! Fantasmas gostam mais de pegar meninas...

–Fantasma – chorou Maggie, agarrando-se novamente ao pai.

Edward respirou fundo. O choro das quatro crianças o amoleceu novamente. Ele aquiesceu. Seu rosto parecia cansado. Então, dando-me as costas, ele disse arrastado:

–Venha conosco, Bella, e não ouse recusar.

Não sei dizer se o que me tomou foi alívio ou medo. Segurei a pequena Kate no colo e Renesmee pela mão e comecei a segui-lo. Havia um silêncio estranho entre nós seis. Maggie e Ben pareciam dormir, um em cada ombro, no colo de Edward; o que deixava-o com os braços ocupados. Kate também estava com a cabeça em meu ombro, mas seus dedinhos finos mexiam em meus cabelos de uma forma carinhosa. Os soluços dela pararam. Nessie sorria para os irmãos adormecidos.

–Como vocês estão, Edward? – sussurrei, cuidando para não demonstrar o pavor de qualquer resposta.

Se eles estivessem bem, certamente, eu iria ser deixada de lado. Se eles estivessem mal, eu me culparia por saber que eu tinha feito isso a eles.

–Como acha que estamos, Isabella? – retrucou suave e rude ao mesmo tempo. Edward sabia fazer essa proeza.

–Parecem-me muito bem.

–Sim, é o que parece – ele falou em tom de encerramento. Pouco tempo depois, ele suspirou e me olhou nos olhos. – Teremos que conversar, em algum momento, não é?

Assenti e outro suspiro perpassou pelo seu corpo.

–Bem, melhor levá-los para casa. Mandarei uma mensagem para Carmen para que vá buscar a sobrinha lá. – ele dobrou uma esquina invisível no meio da grama bem-aparada e continuou reto. Segui-o, obviamente.

–Mora aqui perto? – perguntei casualmente enquanto esperávamos para atravessar a avenida.

–Com certeza, sim – ele falou apontando com a cabeça para a estrutura fina do prédio em frente.

–Você mora ali? – arregalei os olhos, espantada. – Como... como...

–Consegui? – terminou ele, lançando os olhos divertidos para mim, com um sorriso torto lindo. Depois deu de ombros. – Promoção atrás de promoção, Bella. Bancos são lucráveis. Principalmente se o dono deixá-lo de herança para o melhor funcionário.

–Sinto-me tão imensamente orgulhosa de você, Edward! – sorri.

Eu estava falando a verdade. Senti-me orgulhosa demais dele. Ele conseguira dar a volta por cima. Conseguira uma boa vida e criara nossos filhos com uma educação impecável.

Foi nesse momento. Ou antes? Não sei exatamente, mas nesse momento, eu tinha certeza de que meus sentimentos por Edward eram maiores do que eu pensava. Ele era um homem de ouro. E eu sabia que não o merecia. Eu nunca o mereci. Principalmente ainda sem deixá-lo ter consciência de nossa Carlie.

Minutos depois, encontrava-me na grande sala do duplex com Renesme em um sono profundo nos braços, depois de deixar Kate adormecida em um quarto bege muito lindo. Edward disse que eu podia deixar a menina lá também, mas tive medo de que ele não me deixasse mais levá-la. Ele estava fazendo um café para nós dois. Enquanto isso, fiquei de olho na casa. Fotos da família dele estavam espalhados pelas mesinhas e estantes. Havia algumas com Nessie também. Eles pareciam felizes de estarem perto. Nessie sempre no colo de Alice ou Rosalie. O lugar era realmente aconchegante.

–Por acaso há algum dedo de dona Esme nessa decoração, não é? – perguntei sorrindo, assim que ele apareceu com duas xícaras.

Ele riu, sentando-se ao meu lado, um pouco longe, mas virado para mim.

–Por acaso, essa casa foi totalmente decorada por dona Esme. Você percebeu. – ele parecia surpreso com esse fato.

–Como não perceberia? Ela adora esse tipo de coisa. Também, sendo sua mãe, ela insistiria e não aceitaria um “não” como resposta. Estou certa?

–Certíssima – ele sorriu. Depois de meio minuto olhando, um nos olhos do outro, ele tomou a dianteira. – E então, Bella, o que lhe trouxe até aqui?

–Não sei explicar. Eu só... sabe, senti saudades de algo que eu nunca tive. Você entende?

POV Edward

Entender?? Sim. Eu senti saudades de dividir tudo com ela. Senti saudades do tempo em que eu a via chegando de seu emprego de escritora, senti falta do tempo em que ela me disse que estava louca para mudar de cidade. Senti falta do dia em que ela me abraçou forte ao saber que virei dono do banco. Do quanto a amei logo que descobri que ela estava grávida novamente. E nada disso acontecera.

–Do que, exatamente, você sentiu falta?

–Levar meus bebês para a creche pela manhã e ouvir como havia sido o dia deles. Senti falta do dia em que comemoramos quinze anos juntos. Senti falta dos abraços sinceros entre nós. Entre nossos filhos. Senti tanta falta de todos! Era como se meu peito tivesse sido comido por traças. – ela sussurrou lamentando.

–Traças não comem peitos, Bella – revirei os olhos.

–Comem tecido! – ela fechou os olhos, altiva. Pensei que iria me mostrar a língua. – e você, Edward, por que ficou aqui?

–Porque pensei que nunca me encontraria aqui. Já que eu falara que iria mudar de país. Quem lhe contou? - eu mataria Alice se ela tivesse dito algo.

–Ninguém me contou. Eu só decidi ver meus bebês numa noite e, no outro dia, já estava pronta para partir pelo mundo com Renesmee, se fosse necessário. Eu teria encontrado vocês. Hoje em dia, ninguém vive sem rede social.

–Eu vivo – lembrei-a.

–Porque é arcaico! – brincou.

Revirei os olhos. Eu, realmente, queria saber o que ela estava fazendo ali. Não que eu não gostasse da situação. Digo: eu a amava muito e tê-la por perto era como se minha vida voltasse a fazer sentido novamente. Ela preenchera um pedaço de mim que eu julgara perdido, ou que nunca existido.

–Fui promovido naquele mesmo dia. Enquanto saía da sua casa... – lembrei-me. Percebi que ela estremecera. – tive que levar as crianças ao meu local de trabalho. Devo dizer que nunca nada os deixou mais alegres. Tentei sair de lá, mas eles disseram que eu poderia continuar com meu emprego mesmo sem estar na cidade. O banco havia se tornado filiado de uma rede federal. Eu poderia ir a qualquer lugar que quisesse do país que meu emprego sempre seria garantido. Quando vim para Nova York, fiquei no lugar de Jasper que, como não tinha nada a perder, exceto Rose, ele mudou-se para Forks, ocupando meu lugar.

–Seus irmãos nunca foram os mais certos do mundo, Edward – ela riu.

–Nenhum de nós, você sabe. Desde então, vivo aqui. Já que você se deu ao trabalho de comprar nossas passagens... tenho que agradecê-la por isso.

–Eu sei de um jeito – ela mordeu o lábio, como se tivesse falado demais.

–Diga-me e eu farei.

–Fale a eles que eu sou a mãe deles... por favor.

–Nunca escondi esse fato, Isabella – sorri, logo entendi o olhar dela. – Desculpe-me, não queria. Eles sabem que a mãe os ama... ou assim falei. Por favor, não diga a eles que menti. Não diga na carinha deles que você nos expulsou de casa. Não diga que não precisa mais deles, que tem Renesmee para suprir o amor deles. Por favor, lhe imploro.

Nunca mais repita essa merda, Cullen. Sabe muito bem que eu os quis. Desde o início. Foi só que... só que...

–Apenas porque eu não cuidei de você o suficiente e você adoeceu – completei olhando para baixo. Eu sempre soube disso. Deixara-a cuidando das crianças sozinha, ou cuidava das crianças e quase não tinha tempo para ela...

Vi ela apoiar Nessie em um dos braços, se aproximar um pouco e me senti incomodado com isso. Quer dizer. Eu não sabia se ela estava bem – aparentava estar, mas sempre aparentou, então... – e se ela fizesse aquilo novamente, eu nunca conseguiria tirar a imagem dos olhinhos das crianças...

–Não diga isso, Edward. Você sempre, sempre, sempre, sempre, seeempre foi o melhor amigo que eu tive. Você sempre cuidou de mim. Você sempre foi meu porto seguro, o meu anjo da guarda, o meu confidente. Sempre cuidou de mim como se nada mais importasse do que a minha saúde – ela disse com a voz suave, acariciando meus cabelos.

Bella não sabia, mas ela sempre fora meu primeiro e único tesouro. Sua saúde era a coisa mais preciosa da minha vida. Se ela estivesse doente, eu a daria forças para lutar contra. Eu sempre quisera ser a pessoa mais importante de sua vida, como ela era. Mas agora ela tinha uma família e tinha a linda Nessie...

Papaaaaaaaaaaai – chamou Maggie, do andar de cima.

Levantei-me rapidamente, sem coragem de olhar naqueles olhos chocolates. Murmurei algo do tipo “Tenho que ver o que ela quer” e corri escadas acima. Para meu completo desentendimento, Bella veio atrás. Tive que deixar Bella vir, de qualquer jeito. Entrei no quarto salmão e fui direto ao encontro da pequenina, sentando na cama. Bella havia tomado outro rumo. Imaginei que tivesse ido colocar Nessie na cama, como eu sugerira no início.

–O que houve, minha pequena? – afaguei seu rostinho.

–Aquele sonho de novo, papai... eu vi – ela se jogou em meus braços. – Eu vi o rosto...

Estremeci. O rosto que povoava os pesadelos dela nunca aparecera e, justo hoje que Bella não fizera nada, ela lembrou. Que tragédia!

–Você viu, pequena? Quer me dizer?

–Estava manchado de sangue, papai. Tudo vermelho. Dói. Dói muito! Aai...

–Maggie, nada vai acontecer com você, princesa. Eu estou aqui, bebê. – tranquilizei-a afagando seus cabelos encaracolados.

–Era a tia do parque, papai. Ela dizia aquelas coisas horríveis. Dizia que eu era uma chata e que ela ia me deixar sozinha e... papai, ela quebrou o espelho e depois... depois... ela brigou com o Ben. Ele estava sangrando, papai. Ele foi colocar os pedacinhos do espelho no lugar. Ele só queria ajudar e ela brigou tanto... ah, papai, não deixa ela brigar com a gente. Minha mão dói tanto! Eu acho que tem um pedacinho aqui, ainda...

O arfar de Bella chamou atenção de Maggie, e a choradeira aumentou. Agora eram duas das quais eu tinha que consolar. Infelizmente, uma delas chorava exatamente porque a outra estava por perto. Bella correu e caiu de joelhos de frente para nós dois.

–Perdoe-me, minha filha! A mamãe te fez tão mal e você só queria ajudar. Oh, como odeio-me! Vocês três sempre foram tão perfeitos e eu estraguei com tudo! Maggie, pequenina Maggie, eu nunca mais. Nunca, ouviu? Nunca mais vou quebrar as coisas. Você nunca mais vai precisar se preocupar com o Ben ou com o papai. Vocês nunca mais vão se machucar por isso. Eu prometo, minha vida. – chorou Bella, olhando fundo nos olhos de Maggie, totalmente verdadeira.

A menina me soltou e abraçou Bella com força.

–Mas, a gente não quer que você se machuque. Você é importante para a gente. Você é a nossa mamãezinha querida, nunca que a gente ia deixar você se machucar, tia... – ela parou naquela palavra, soltou Bella e olhou com a cabeça de lado – Vou ter que te chamar como agora?

–Como você quiser, amor. Sempre do jeitinho que você quiser.

O sorriso de Maggie ampliou-se, seus bracinhos envolveram desajeitados eu e Bella. Creio que isso fez com que nós três chorássemos um pouco. Eu em silêncio, claro. Uma das coisas que me tomaram no momento foi o fato de Nessie nunca falar do pai. Todas as vezes que eu perguntava, ela dizia que não tinha. "Mamãe me fez sozinha!" respondeu da última vez. Perguntei à Alice e ela disse que a mãe de Nessie era alguém de sorte que fez inseminação. Agora, sabendo que Bella era a tal mãe, eu tive certeza de que havia sido enganado. Bella odiava agulhas. Quando fiz as contas, percebi que a menina poderia ser minha. Bella me guardara um presente a mais!

–Minha mamãezinha. Mamãe. Mamãe e papai... mamãe... – Maggie dizia.

A campainha soou estrondosa naquele momento, tirando Bella e eu de nossas fantasias. Maggie ainda murmurava o quanto estava feliz e o quanto gostava de ver a mãe inteira.

–Volto já. Creio que seja Ca, não posso deixá-la esperando lá.

Maggie entendeu logo e me soltou, apenas para apertar-se contra a mãe e acarinhar os cabelos da mesma. Dei um beijo na testa da pequena e saí do quarto.

...

Carmen estava há poucos minutos ali. Eu me encontrava com Kate no colo e explicava toda a minha história com Isabella. Com carinho, Carmen entendeu e beijou minha testa, mesmo que, para isso, tive que abaixar a cabeça. Confessar que eu ainda amava desesperadamente a mãe dos meus filhos era algo pelo qual eu vinha evitando. Principalmente hoje, que descobrira que ela tinha seguido com a vida. Senti-me tonto e meu coração sofrer uma pontada aguda. Eu já havia sentido isso antes e só rezava para que não caísse no chão ainda segurando Kate.

–Desculpem-me por interromper – sussurrou Bella, no topo da escada, carregando Nessie que dormia. – Edward, já fiz Maggie dormir e vou para casa.

–Sua casa é em Forks – lembrei-a tentando não demonstrar o quanto aquilo me apavorava. Meu coração estava cada vez mais apertado.

–É, eu sei – ela abaixou a cabeça, olhando tristemente para os próprios pés.

–Você não está em um hotel, ou algo assim? – Carmen se preocupou.

–Claro que não! Nunca imaginei ficar em Nova York por mais de algumas horas! – Bella foi um tanto rude com minha “tia” Ca.

–Isabella... – fui calado por seu olhar gélido e isso me lembrou da faca quase cravada em meu estômago. – Bella, Carmen foi gentil com você, por que a trata tão mal?

Bella olhou novamente para baixo, com vergonha, murmurou um pedido de desculpas e disse que estava de saída. Acenou para mim, com um sorrisinho infeliz, e partiu em direção da porta. Naquele momento, um tremor forte tomou conta de meu corpo e, apenas consegui entregar Kate aos braços protetores de Carmen. Caí no chão, fraco.

–Edward? – chamou-me Carmen. – Edward, meu bem, você está bem?

Minha respiração estava desconcertada, meus olhos embaçados. Eu sabia o que acontecia comigo, no entanto não conseguia proferir palavra alguma. Eu estava em estado semivegetativo. Já acontecera antes. Era causado por emoções fortes demais.

–Bella, Bella, pelo amor de Deus, me ajude! – chamou Carmen, sem saber o que fazer, já que carregava Kate adormecida no colo. – Edward! Fale comigo, por favor! Não feche os olhos!

Entretanto, não consegui manter-me sentado, menos ainda de olhos abertos. A última coisa que pensei sentir, antes de cair inconsciente, foi um par de mãos delicadas em meu rosto.

...

Senti-me de volta ao corpo um tempo depois. Um tempo indefinido. Esse tempo deixou-me desesperado. Quem cuidara das minhas crianças enquanto dormi? Como eles ficaram ao ver-me caído no chão da sala? Quem me colocou na cama? De quem eram esses braços ao meu redor? Por que eu sentia meu peito gelado? Por que sentia-me querendo sorrir? Por que eu tinha vontade de ficar ali por mais tempo? Onde estavam meus filhos?!

Abri os olhos com rapidez. Meus filhos. Onde estavam meus filhos? Mexi-me um milímetro e percebi novamente que não estava sozinho ali. Bella entornava minha cintura, com a cabeça em meu peito e muito, muito perto de mim. Sorri e afaguei seus cabelos cheirosos. Ouvi-a gemer baixinho, aconchegando-se mais em mim.

–Não me deixe mais – murmurou grogue em seu sono. Sim, ela falava dormindo.

–Eu não aguentaria deixá-la novamente – respondi no mesmo tom dela.

POV Bella

Como sempre havia sonhado, consegui fazer a menina, a minha menininha, dormir. Depositei um beijo singelo em sua bochecha. Eu queria ficar. Não disse adeus. Não. Eu nunca mais ficaria sem ter notícias, sem ver, sem participar de sua vida. Eu convocaria Edward para um acordo com relação à tutela. Eu não queria meter advogados nisso, porém faria se fosse necessário.

Saí do quarto de Maggie e fui dar um beijo no meu outro amorzinho. Ben dormia tranquilamente, mas seus olhinhos abriram assim que meus lábios encostaram sua pele. Ele sorriu quando me viu, pegou meu rosto entre suas mãozinhas e me olhou nos olhos.

–Você é minha mamãe, não é, tia Bella? – ele sussurrou.

Assenti.

–Eu vou cuidar bem de você, mamãe Bella – meu nome saiu tão doce por aqueles lábios que tive que segurar as lágrimas. – Porque o papai disse que a gente deve cuidar bem de quem é importante. É por isso que ele cuida da gente. Eu vou cuidar de você, meu tesouro.

–Também cuidarei de você, meu amorzinho, agora, durma, pois seu pai irá brigar com você se o vir acordado – beijei-lhe a testa novamente e cantarolei algo para ele dormir.

Passando pelo corredor, imaginei-me andando em minha casa. Era como eu me sentia ali. Imaginei-me indo de encontro a Edward. Cheguei à base da escada e deparei-me com uma cena que eu daria tudo para tirar da minha cabeça.

Kate estava nos braços de Edward e Carmen fazia-o se inclinar ao seu encontro. Vi Carmen ficar na ponta dos pés e demorar-se com os lábios na testa de meu Edward. Meu, ri mentalmente. Aquela cena só comprovava o quanto Edward não me queria mais. A crise de ciúmes me consumiu e eu me fiz presente.

–Desculpem-me por interromper – sussurrei, sentindo-me nada arrependida. – Edward, já fiz Maggie dormir e vou para casa. – não quero mais sofrer, completei mentalmente.

–Sua casa é em Forks – ele ergueu as sobrancelhas.

–É, eu sei – fitei meus pés. Eu era covarde e, mesmo que não fosse, nunca conseguiria competir com ela. Carmen era linda.

–Você não está em um hotel, ou algo assim? – a outra fingiu preocupação. Falsa.

–Claro que não! Nunca imaginei ficar em Nova York por mais de algumas horas!

–Isabella... – lancei meu olhar mortífero e ele corrigiu-se – Bella, Carmen foi gentil com você, por que a trata tão mal?

Fui assaltada pela voz longínqua de minha psicóloga Ângela. “Por que porta-se mal, nenhum dos dois teve culpa disso, Bella.” Ela tinha razão. Eles não tinham culpa. Eu era a culpada por ter mandado Edward sair da minha vida assim, sem mais nem menos. Corei envergonhada, olhando para o chão novamente.

–Desculpem-me – murmurei, descendo as escadas rapidamente.

Antes de dar as costas à pessoa que eu amava, acenei para ele, com um sorriso forçado, desejando-lhe felicidades. Logo que cheguei na porta, ouvi a voz tremida de Carmen.

–Edward? – chamou-me Carmen. – Edward, meu bem, você está bem?

Aquilo atingiu-me em cheio. Edward estava bem há segundos atrás. Virei-me abruptamente apenas para ver Edward tentando permanecer sentado e com os olhos abertos. Mas ele pendia demais. Logo caiu no chão. Desesperei-me incerta do que fazer.

–Bella, Bella, pelo amor de Deus, me ajude! – chamou-me Carmen, também desesperada. – Edward! Fale comigo, por favor! Não feche os olhos!

Assim, soube que, absolutamente, ela não faria nada. Corri para ampará-lo. Coloquei Nessie deitada no sofá e pus sua cabeça em meu colo e fiquei afagando suas feições. Ah, quanto eu quiser ter feito isso esse dia todo e, ironicamente, ele nem podia dizer o que pensava disso.

–Coloque a menina no quarto de hóspedes e venha me ajudar a colocá-lo, ao menos, no sofá – pedi, surpresa com a minha própria calma. – Sabe onde é o quarto, não é?

Ela não respondeu. Pegou Nessie também e subiu correndo as escadas, logo voltou para me ajudar. Edward era pesado, admito. Sofremos um bocado para erguê-lo do chão, no entanto, conseguimos levá-lo ao seu quarto. Depois fomos buscar as meninas e ir para casa.

–Bella, fique aqui – pediu-me ela.

–Mas sabes que não posso. Essa casa não é minha e você quem é a affair dele e...

–O que? – ela riu incrédula. – Achou que Edward fosse meu namorado? Isabella ele é apenas um garoto.

–Um garoto de vinte e cinco anos na cara com duas crianças para cuidar – lembrei-a.

–Esse garoto é meu sobrinho, querida. Sou casada com o tio dele. Eleazar – ela sorriu.

–Tio Eleazar se casou?! – arregalei os olhos, surpresa, feliz e boquiaberta.

–Conheceu Eleazar?

–Mas é óbvio! Eleazar. Tio Eleazar. O melhor de todos os tios que pude ter, além de tio Carlisle, claro. Esse ninguém supera.

Sí, Carlisle es increíble – ela sorriu mais largamente. – Bem, mesmo que não fosse isso. Creio que Edward não tem tanto apreço por mim quanto tem por você. E ainda há a questão de seus filhos. Uma mãe sempre sabe o que é melhor para as crianças. Mesmo que venha alguém substituir, nunca será comparável com a verdadeira mãe.

Suspirei. Edward não iria gostar nadinha quando me descobrisse aqui.

–Eu não sei, Carmen. Edward parece tão decidido. Isso não vai dar certo.

–Bella, querida, você quer se ver livre de seus filhos novamente? – ela olhava-me nos olhos com intensidade. Neguei com a cabeça e ela colocou uma mão em meu ombro. – Então creio que está na hora de desafiar Edward novamente e se impor. Você precisa cuidar deles. Dos três. Não esqueça de que Edward está desmaiado lá em cima. Ele precisará demais ajuda ainda.

Foi com um longo suspiro que concordei com aquilo e despedi-me de Carmen. Ela estava certa. Edward não conseguiria cuidar de tudo sozinho. E eu ainda tinha que descobrir o que fizera a pressão dele cair tanto.

Bellaaa – chamou num gemido e corri para vê-lo.

–Estou aqui, não se preocupe – disse arfante da corrida, feliz por ele ter acordado e surpresa por ele ter me chamado tão prontamente.

Assim que vi seus olhos nos meus, tive uma certeza infeliz de que ele estava delirando. Ele estendeu a mão para mim e eu a peguei. Edward estava com febre. Eu tinha certeza disso também. Meu coração apertou-se ao ver um homem tão perfeito precisando de tantos cuidados. Cuidados esses que passei a noite realizando. Por fim, estava tão cansada que capotei ao seu lado e dormi sem perceber.

POV Edward

Como alguém podia ser tão perfeita? Eu não entendia. Dei uma rápida olhada no quarto, tentando situar-me de como havia chegado até ali. Lembrei-me de Bella virando-nos as costas e tudo ficando preto... como eu vim parar no meu quarto com Isabella minha cama? Ouvi batidinhas fracas na porta e rezei para que esta estivesse apenas encostada.

–Entrem – falei alto o suficiente para Maggie e Ben ouvirem.

A maçaneta girou e eles entraram cautelosos e sorridentes ao ver quem estava dormindo ao meu lado. Subiram na cama sem incomodarem Bella e acomodaram-se ao nosso redor. Os dois tinham sorrisos matreiros no rosto. Revirei os olhos, pousando-os em meu criado mudo. Uma tina de ferro com um pano e água dentro. Febre. Quem esteve com febre? Eu ou ela? Ela teria ficado se tivesse febril? Ela estaria bem?

Coloquei a mão sobre sua testa de porcelana e constatei que ela não poderia estar melhor. Ben deu um beijo no rosto da mãe e Maggie afagou-lhe levemente os cabelos.

Hmmm, como isso é booom. Quero acordar todos os dias desse jeito – resmungou antes de abrir os olhos e me encarar rubra de vergonha. – Edward, eu... eu... perdoe-me. Você ficou com febre depois de ter caído. Carmen e eu achamos que precisaria de ajuda com as crianças, mas ela não podia ficar então... – ela falava tudo tão rapidamente que eu pegava apenas alguns flashes do que ela dizia. – Olha, eu não acredito que acabei dormindo aqui com você. Que tipo de idiota de enfermeira imprestável eu sou...

–Sinto-me contente por ter alguém cuidando de mim, Isabella – interrompi-a, sorrindo.

–Papai, o nome dela não é esse – avisou-me Ben.

–É, papai, o nome dela é mamãe Bella. Não Isabella.

Agora que eu ri alto, concordando com eles. Peguei uma mão de Bella e olhei em seus olhos.

–Fico ainda mais feliz sabendo que esse alguém é o tesouro mais importante do mundo. Como dono de um banco, tenho que reconhecer o valor desse tipo de coisa.

–Você...você está que... querendo dizer o que e-eu estou pe...pensando? – ela gaguejou.

–E-eu e-est-tou q-querendo di-zer q-que você é b-bem v-vinda n-nessa c-casa – brinquei sorrindo e afaguei seu rosto. – Agradeço-lhe por ter cuidado de mim, Bella. E, não. Carmen não é minha namorada, nem nada do tipo. Ela é esposa do tio Eleazar.

–Sei disso, meu a... – ela interrompeu-se e respirou fundo. – Edward. Bem, eu sinto muito por ter escondido Renesmee, não quis tirar o seu direito, mas não podia perdê-la também.

Nessie era minha filha?! Era isso que ela estava falando? Minha Nessie?! Ah, bem, agora eu entendia a razão de ela se chamar assim. "É os nomes das vovós e dos vovôs!" ela dissera quando perguntei. Renesmee. Renée e Esme. Bella era tão perfeita!

–Beija ela, papai! – gritou Maggie ao meu lado.

–Deixa de besteira, pai, seja homem e beija logo! – reclamou Ben assim que abri a boca para contestar.

Aproximei-me de Isabella lentamente. Pediria desculpas depois, pela invasão de espaço e por beijar-lhe os lábios, mas eu faria aquilo, e não era apenas por meus filhos. Toquei-lhe os lábios com os meus e senti-os formigar por mais. Demorei um pouco para ver que ela tinha mexido a boca contra a minha. Aquilo não seria decente. Separei-me dela e olhei feio para Maggie.

–Satisfeita, senhorita? – fingi estar bravo.

–Nem um pouquinho! – ela fez bico e cruzou os braços. – Eu queria um beijo igual ao da Encantada! Você deu um beijinho de Dama e o Vagabundo.

–Está me chamando... ? – arregalei os olhos, incrédulo. – Quem lhe ensinou isso?

–Não, papai. Nada disso! É que eu vi o filme dos cachorrinhos e achei uma porcaria eles darem só um beijinho de nada! – ela olhou envergonhada para a colcha.

Bella abraçou-a, confortando aquele espírito infeliz.

–Também não gosto daquele filme, minha linda – e beijou-lhe a bochecha. – E você, Ben? Concorda com a avaliação da sua irmã com relação ao beijo?

–Beijo é nojento! – ele fez uma careta que nos fez rir. – Mas o de vocês eu gostei, tesouro.

–Reprise? – arqueei a sobrancelha, sorrindo torto.

–Se eu souber o que é isso... – ele pendeu a cabeça para o lado, sorrindo também.

Dei uma piscadela antes de pegar o rosto de Bella e pressionar seus lábios com os meus. Dessa vez, ela resistiu e me empurrou. Afastei-me confuso e fiquei ainda mais quando sua mão estalou em minha bochecha. Logo depois, ela percebeu o que fizera.

–Oh, Deus! Desculpe-me, amor, desculpe-me! – ela pedia sem parar, beijando meu rosto – eu não sei o que me deu. Num instante, pensei que estava sendo atacada por um maníaco e... ah, amor, por favor, eu não queria machucar-te. Machucou muito?

Eu não entendi uma palavra do que ela dissera depois do primeiro amor que saiu de seus lábios. Não sei se era verdade, mas eu sentia minha bochecha arder e um sorriso imenso em meus lábios. Fora que eu olhava àqueles olhos castanhos com amor.

–Fala alguma coisa, pelo amor de Deus – ela deixou lágrimas virem aos olhos.

–Amo você – sussurrei.

–Edward, não é hora de brincadeiras idiotas. Eu bati em você e ficou muito, muito vermelho. Eu juro que não queria fazer isso. Só que... fazia tanto tempo que...

–Isabella... – interrompi-a. – Bella. Minha Bella. Eu não me importo com isso. Eu sei que faz tempo, mas eu ainda quero que more comigo. Quero que cuide de nossos filhos. Eu quero que você faça parte do meuJogo do Contente. Eu quero que seja feliz ao meu lado. Isso é egoísmo. Sim, eu sei. Mas meu coração está com você.

Um sorriso alastrou-se por sua boca e em seus olhos já úmidos.

–Antes de qualquer coisa... – continuei. – Eu vou repetir o que lhe disse antes de acordar. – esse fato a deixou rubra e eu sorri por dentro. – Eu não aguentaria deixá-la novamente, minha Bella.

Assim que terminei de proferir aquelas palavras, Bella atirou-se contra mim, esmagando seus lábios nos meus. Então, em nossa sincronia perfeita, nossos lábios se separaram e nossas línguas se acariciaram com amor. Puxei-a para mim, sorrindo ainda no beijo.

–Viva! – gritou Maggie, chocando-se contra nós dois, fazendo nosso beijo parar. – Vocês vão ficar juntinhos agora, papai?

–Só se a mamãe quiser, minha pequena – olhei fundo nos olhos de Bella.

–Quer sim, se ela não quiser, a gente vai lá morar na casa dela, não é, Maggie?

–Vão me deixar sozinho e desamparado aqui nesse apartamento tão gigante? – fiz beiço.

–É claro que você vai com a gente, né, papai? – Maggie revirou os olhos.

–Sendo assim, tenho que fazer a pergunta para a sua mamãe – olhei nos olhos lacrimejados de Bella, limpei-lhe carinhosamente o rosto com os dedos. – Minha Bella. Amada e doce Bella. Você aceita casar-se comigo... na igreja com um padre de verdade e nossos filhos?

-Mamãe! - uma vozinha fina e chorosa impediu-a de falar minha resposta. - Mamãe! Onde você está?

-Aqui, meu amor, ela está aqui! - respondi. - Maggie, traga sua nova irmãzinha até aqui, por favor?

Os olhinhos da menina brilharam e ela assentiu, saindo correndo e gritando para que não fizéssemos nada na sua ausência. Olhei em expectativa para ela, mas ela fez o que Maggie queria. Além de ajudar as meninas a subir novamente. Só então ela olhou para mim.

–Se eu disser que não, vou morrer, não é? – ela riu e abraçou meu pescoço. – Sim, aceito.

...

E, a partir desse dia, eu soube que Bella nunca mais sairia da minha vida. Eu a amava, ela me amava e tínhamos filhos lindos. Filhos esses que gostaram de saber que tinham mais uma para amar. Minha mais nova joia preciosa: Renesmee.

Éramos em cinco agora, compramos uma casa em Forks, o dono não precisa ficar sempre no banco, apenas pagando as contas e os funcionários já estava de ótimo tamanho. Minha vida resumia-se em quatro Swan Cullen. Benjamin Anthony, Maggie Elizabeth, Renesmee Carlie e, a mais importante, Isabella MarieMeu precioso tesouro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Muito chato? Mandem-me reviews!!! Beeijos, amores!