What If escrita por Olivia Hathaway, Maria Salles


Capítulo 11
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

O capítulo mais polêmico da fic enfim foi postado o/

Sinto que alguns de vocês me abandonarão aqui, mas enfim... espero que gostem :3 Eu odeio capítulos depressivos, por isso que não curti muito esse e também porque novamente ele não saiu como planejava... Tentei equilibrar as coisas, mas não sei.

Notas finais SUPER IMPORTANTES! Estarei fazendo uma análise lá para vocês entenderem melhor o comportamento dos personagens, especialmente o da Lissa (e eu não me refiro só a influência da Avery) *por isso não me abandonem sem lerem kkkk*

Nos vemos lá embaixo ;)
Maroca escreveu o final do cap (Romitri) e eu só complementei :P
PS: contém cenas de SK



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Eu rapidamente me afastei de Dimitri, como se tivesse levado um tapa na cara. "Eu preciso ir"

Não deixei que ele respondesse. E se ele respondeu, eu não ouvi. Porque estava sendo bombardeada pelas emoções de Lissa, e concentrada demais em alcançá-la. E quanto mais perto eu chegava, mais dominada pela culpa e pelo medo eu ficava.

Não foi difícil alcançá-la. Lissa podia ter dado todas suas energias para escapar de mim, mas nós duas sabíamos que eu iria chegar até ela. Afinal, eu tinha sido treinada para agir rápido em qualquer situação, e as corridas diárias de Dimitri aumentaram minha resistência.

Eu peguei seu braço e praticamente a puxei para trás. Lissa tropeçou, e teria caído se eu não a tivesse segurado. Ela imediatamente se afastou, puxando ele.

"Não me toque!" exclamou ela. Novamente, senti como se tivesse sido esfaqueada.

"Eu posso explicar"

"Eu não quero explicação!" ela levantou seu rosto, e vi lágrimas escorrendo dos seus olhos verde jade. Mas não foi isso que me deixou mais mal. Foi a dor em seus olhos. Ela se sentia traída "O que eu acabei de ver já me disse tudo. Eu não consigo acreditar que eu nunca notei. O comentário de Victor... ele estava certo. Como você pôde, Rose?"

Eu me assustei. Não conseguia lembrar a última vez que Lissa tinha gritado com qualquer um. Talvez no outono passado, quando toda a insanidade com Victor tinha acontecido. Explosão eram minha praia, não dela. Mesmo quando estava torturando Jesse, a voz dela tinha sido baixa.

"Eu o amo" eu disse.

"Não importa!" respondeu rispidamente. Eu vi a raiva crescer cada vez mais dentro dela. "Não importa. Você deveria ter me contado! Eu sou sua melhor amiga pelo amor de deus!" ela praticamente gritou as últimas palavras. "Sempre contei tudo para você! Tudo!!"

Eu senti minha próprias lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Lissa e eu éramos melhores amigas desde o campus elementar, e sempre contávamos uma para a outra o que fazíamos. Nunca houve segredos entre nós. E era isso que fazia essa situação ser pior do que eu imaginava. Ela continuava sendo aberta comigo, e eu não. Eu tinha escondido um monte de coisas dela, especialmente sobre minha relação com Dimitri. E agora ela tinha descoberto da pior maneira.

Engoli em seco. "Eu ia te contar, eu juro -"

Sua expressão se tornou uma carranca. "Não comece com essas desculpas!"
"Não são desculpas!" eu me sentia cada vez mais desesperada. Se eu já temia que ela não acreditasse em mim de primeira quando eu decidisse contar, agora era praticamente impossível. "Eu falo sério. Eu não podia contar pra você porque -"

Ela ficou mais chocada. "Você não confia em mim?"

"Claro que confio!" exclamei, dando um passo para mais perto dela. "Acredite em mim, eu realmente iria te contar. Só estava esperando um momento certo" ela estava prestes a me cortar, mas eu continuei. "Porque vê, nós dois seríamos seus guardiões. Dimitri me disse que não deveríamos nos envolver porque em uma situação de perigo, nós íamos defender um ao outro. Não você"

Culpa e choque passou por ela, mas a raiva ainda era maior. "Então quer dizer que a culpa agora é minha?"

"O quê?" perguntei, confusa.

"Você ter mantido isso em segredo todo esse tempo sobre Dimitri. Porque vocês dois vão ser meus guardiões depois da formatura"

Eu escolhi minhas próximas palavras com cuidado. "Não, não é sua culpa. É o mantra dos guardiões: você é nossa prioridade. Foi por isso que não contei"

A mente dela era um redemoinho de emoções. "Então agora você vai quebrar isso para ficar com ele?"

O jeito que ela falou aquilo aumentou minha fúria e incredulidade. Era como se ela estivesse repudiando minha relação com Dimitri, como a maioria dos Moroi da Realeza faziam. Eu sabia que iríamos enfrentar muitas barreiras por causa desse relacionamento, mas nunca esperei que Lissa fosse uma delas.

"Claro que não" respondi, tentando ignorar minhas emoções. "Eu jurei que iria te proteger, lembra? Vou continuar sendo sua guardiã" mesmo que eu ainda tivesse minhas dúvidas sobre isso nesse momento. Mas eu queria deixar clara minha intenção.

"E quanto a Dimitri?" ela perguntou, erguendo o queixo. "Ele também é meu guardião. Eu suponho então que ele terá que renunciar"

Eu assenti. Seus olhos se arregalaram. "Mas você e ele juraram me proteger!"

"Sim, nós juramos. Tentamos inclusive ficar longe um do outro. Às vezes funcionava. Às vezes não... Então nós desistimos de lutar contra isso. Não havia outra saída. Não quando nossos sentimentos falavam mais alto que tudo"

"Essa não era a única saída"

Silêncio caiu entre nós. O vento aumentou e soprou nosso cabelo, escuro e claro.

"Você não disse isso" falei, fechando os punhos. "Você não acabou de dizer isso."

"Eu quis dizer exatamente isso" ela disse. "Se você fosse minha amiga e minha guardiã, teria se importado comigo"

Minha raiva explodiu. "Eu não me importo com você? Eu sempre me importei com você, merda! Durante toda a minha vida eu sempre coloquei suas necessidades acima das minhas. Minha vida sempre foi focada você. Eles vem primeiro, lembra? Eu treinei para ser sua sombra, mas você sabe o que? Eu quero vir primeiro. Eu preciso cuidar de mim uma vez. Eu estou cansada de ter que cuidar de todo mundo e ter que colocar de lado o que eu quero! Sinto muito se isso te incomoda, mas é a minha escolha."

Eu gritei as palavras, não pausando nem para respirar, e eu esperava que minha voz não tivesse chamado atenção dos guardiões que estavam por perto. Lissa estava olhando para mim, chocada e magoada. Lágrimas passaram pelas bochechas dela, e parte de mim tremeu ao perceber que eu estava magoando a pessoa que eu jurei proteger.

"Você o ama mais do que a mim!" Ela disse baixo, soando bem jovem.

"Eu amo os dois. Mas isso não significa que eu vá estragar a única chance da minha vida de ficar com ele por sua causa"

"Então você está escolhendo. Está escolhendo ele a mim."

Por que Lissa não conseguia entender? Não era uma questão de escolha, caramba! Eu podia ter os dois, porque ela não via isso?

Eu ri em escárnio. Se ela estava magoada por ter escondido isso dela, eu estava arrasada por ela, como minha melhor amiga, não ver o meu lado e de alguma forma tornar toda essa situação como um problema apenas para ela. Nunca imaginei, mas senti raiva dela naquele momento. Raiva por ela estar sendo tão egoísta e mesquinha quando tudo o que fiz na vida foi me dedicar a ela.

"Se é assim que você prefere encarar as coisas, fique à vontade." respondi rudemente, enxugando as lágrimas. "Eu realmente espero que você volte a si e entenda o que realmente está acontecendo aqui." Disse antes de me afastar.

***

Eu não fui ao jantar.

Passei o restante do dia trancada no meu próprio quarto. Não queria conversar com ninguém. Eu chorei. Não apenas por causa das emoções de Lissa que estavam me consumindo cada vez mais, mas também pelas minhas. Eu odiava ficar com raiva dela, e deixá-la quase tão magoada quanto ela me deixou.

Se eu soubesse que tudo isso aconteceria, eu teria contado a ela logo depois de ver Dimitri na enfermaria. Seria muito menos pior. Ou não, porque você acabou de descobrir que ela não aprova sua relação com ele– minha mente falou.

Mais tarde, eu fui para o quarto de Christian. Afinal, eu ainda estava participando da experiência de campo. Encará-lo foi difícil, especialmente porque Lissa tinha descoberto que ele também sabia sobre eu e Dimitri. Eles tiveram uma briga feia, uma que quase culminou no fim do namoro. Eu vi em primeira mão, através da mente de Lissa. Ela estava com tanta raiva que fui puxada pra sua cabeça ante que pudesse perceber.

E a culpa era minha.

Entrei de fininho no quarto, dando graças a deus que ele estava tomando banho. Encará-lo era a última coisa que eu queria naquele momento. Eu provavelmente me sentiria muito pior.

Me arrumei no colchão que ele tinha arrumado para mim algumas semanas atrás e me virei para a parede. Alguns minutos depois, a porta do banheiro se abriu e ouvi os passos de Christian se aproximando cada vez mais.

"Rose?"

Não respondi. Ele bufou, e segundos depois eu senti ele sentando no meu colchão. "Olha, eu sei que você não quer falar, mas quero que saiba que não estou irritado com você" ele pausou. "Bom, eu estou um pouco, na verdade. Não vou mentir. Mas eu entendo você e entendo ela. E isso é apenas entre vocês duas"

Eles estavam tristes, e dotados de simpatia, o que deixou tudo pior. Eu não precisava e nem queria a piedade de Christian. Eu queria que ele fosse duro comigo por ter estragado seu relacionamento e a confiança de Lissa nele.

Virei-me para seu lado, mas não consegui olha-lo nos olhos. "É minha culpa" eu disse em um sussurro.

Ele balançou a cabeça. "Não é. Seria se você nunca quisesse contar para ela. Mas você queria. Só que as coisas não saíram conforme você tinha planejado"

"Sim" respondi, brincando com a manga do meu pijama. "Eu deveria ter te escutado no final das contas"

Christian abriu um sorriso triste. "Sim, você deveria. Mas não há nada que possamos fazer agora. Tenho certeza que em dois dias vocês já estarão se falando de novo e fazendo planos para o futuro"

"Eu não acho que isso vá acontecer tão cedo"

"Não seja tão dura consigo mesma, é claro que vão!" Ele me observou por um momento, e seus olhos azuis se arregalaram em entendimento. "Ok, então isso foi pior do que eu imaginava"

"Eu me sinto como se estivesse no inferno. Só falta você me queimar para tornar isso mais real ainda" eu grunhi. "Porque para completar, ela me disse que não quer me ver com Dimitri"

Aqueles olhos azuis se arregalaram - se possível - ainda mais. "Não tem como ela ter dito isso." ele disse, incrédulo. "Me desculpe, Rose, mas não consigo acreditar em você. Lissa nunca faria uma coisa dessas"

"Eu também ainda não acredito" falei tomando uma respiração profunda. Silêncio pairou entre nós, até que Christian decidiu quebrá-lo.

"Tem algo errado aí" falou, coçando seu cabelo. "Ela nunca falaria para você largar um cara. Especialmente um que ela sabe que você ama de verdade. Mesmo ele sendo guardião dela. Ela sabe que arranjos podem ser feitos"

"Ela não pensa assim" Eu me sentei. "E eu deixei bem claro a minha decisão."

"Você tem certeza?"

Assenti. Ele suspirou. "Merda. Isso só complica mais as coisas"

Eu não respondi. Não precisava. Christian se levantou e abriu um sorriso zombeteiro, mas que não chegava aos olhos. "Acho melhor dormimos agora. Amanhã será um grande dia, não porque é o fim da experiência de campo, mas porque nós dois seremos os renegados"

E ele tinha razão.

No dia seguinte nós dois fomos aparentemente excluídos do círculo social de Lissa. Não que não pudéssemos falar com Eddie ou Avery, mas não podíamos fazer isso quando ela estava por perto. E meu Deus, Lissa não se preocupava em esconder sua cara de desgosto quando estávamos por perto. Até o almoço, todos sabiam que Lissa estava brigada comigo e com Christian. Até mesmo a dupla mais idiota da Academia sabia disso, e não se importaram em esconder a felicidade em nos ver em desgraça.

Eu sabia que Lissa estava magoada e furiosa com os eventos da noite anterior. Não a julgava por isso. Afinal, eu também me sentira assim se ela tivesse me escondido algo grande e eu tivesse descoberto daquela maneira. Eu me sentiria traída.

E, eu me lembrei, eu estava igualmente furiosa com ela por ela ter dito todas aquelas coisas. Incrédula também, porque nunca esperei uma atitude tão baixa vinda dela. Meu maior medo tinha se concretizado - o de que ela reprovaria minha relação com Dimitri, e tinha sido muito pior do que eu tinha imaginado. Achei que ela iria repudiar por isso ser um escândalo, não por ele ter que renunciar sua carga.

Lissa sempre levava em consideração os sentimentos das pessoas antes de fazer um julgamento, não importava a situação. Ela tinha aceitado - e inclusive defendido - a relação de um casal de guardiões que tinham resolvido se casar alguns meses atrás. Entretanto, a minha com Dimitri, ela tinha repudiado porque ambos seríamos seus guardiões. Ela não estava disposta a abrir mão de Dimitri em prol dos meus sentimentos. Seu egoísmo me assustou, e no começo eu achei que ela estava reagindo daquele jeito porque eu mantive aquilo em segredo e aquilo a machucou por achar que eu não confiava nela o suficiente. Mas não. Eu vi pelo laço que ela queria dizer exatamente aquilo.

Constatava com sua natureza calma, gentil e compreensiva? Sim. E era isso que tornava tudo estranho.

Christian e eu fomos para a penúltima aula, praticamente nos arrastando. Alguns dos estudantes Moroi ficaram nos observando, inclusive Camille Conta e Ryan Aylesworth. Ryan apenas nos observou, seu olhar zombeteiro.

"Você acredita que ela teve a audácia de roubar o namorado da melhor amiga?" eu ouvi uma garota Moroi falar para outra, que estava encostada na parede.

"Muito baixo. Mas era de se esperar isso vindo dela. Especialmente quando eles acabam dividindo o mesmo quarto por tanto tempo" respondeu a outra.

Eu fechei os punhos e continuei andando. Era de se esperar que boatos como esses se espalhassem. Tinham outros que eram mais radicais, como um em que Lissa tinha descoberto que eu estava grávida de Christian. Não sei se eu ficava mais irritada com esses boatos ridículos ou se sentiria aliviada por eles não saberem o real motivo da briga. Lissa pelo menos não tinha saído espalhando por aí que eu estava em um relacionamento proibido com meu mentor.

"Merda" Christian disse, me trazendo de volta a realidade. Ele estava com a mochila aberta e o caderno em mãos. "Não acredito que perdi meu trabalho de sociologia"

Eu sorri. "Perdeu ou esqueceu de fazer?"

Ele me lançou um olhar feio. "Fale isso e eu digo para o professor que você o rasgou hoje de manhã porque estava com raiva de mim"

"Tente" eu o desafiei, entrando na sala e caminhando até o fundo, onde eu ficaria junto com os outros dhampirs. Christian me seguiu "Ela não vai acreditar. E nós dois sabemos o quão ruim você é com compulsão"

Ele resmungou e voltou para seu lugar. A professora Cèline entrou e eu imediatamente entrei no modo guardiã. Eu sorri mentalmente por hoje ser o último dia da experiência de campo, o que significava que eu não precisaria mais ficar mais de seis horas em pé assistindo a uma aula chata sem poder fazer nada.

E essa era uma aula incrivelmente chata. Foi por isso que decidi entrar na cabeça de Lissa.

Para a minha surpresa, e desaprovação, ela tinha matado as duas últimas aulas. Ela estava no quarto de Avery, no prédio de visitas, sentada em sua cama. Através de seus olhos eu observei o ambiente, e cara, eu tive que admitir que Avery possuía um bom gosto na decoração, mesmo que o quarto estivesse bagunçado. Uma das paredes era azul, cheia de quadros pendurados. Havia até uma claquete em cima da escrivaninha dela. E além de um enorme closet, ela tinha uma arara cheia de vestidos curtos pendurados. Vestidos de todos os modelos e cores. Ela com certeza nunca repetiria um vestido numa festa.

Lissa pegou um travesseiro em forma de boca. "Eu não sei se quero ir para a Corte"

Avery, que estava procurando algo em uma das gavetas da escrivaninha, congelou. Ela se virou para Lissa, e vi confusão em seu olhar. E... decepção? "Como assim? Eu já deixei tudo pronto para a nossa chegada!"

Lissa se sentiu mal por isso. Ela detestava estragar os planos das pessoas. "Eu sei. Mas é só que..." ela deu um suspiro cansado. "Eu acho melhor deixar para a próxima"

Avery fechou a gaveta e caminhou até a cama. "Olha, se for por causa do que eu ouvi ontem -"

"Eu não quero comentar sobre isso" eu senti Lissa se fechando, e Avery também. Ela estudou Lissa por um momento, pensando em como abordaria o assunto sem tocar naquela ferida.

"Tudo bem então" Um sorriso se espalhou pelo seu rosto. "Mas independentemente disso, eu continuo achando que você deveria ir com a gente. Vai ser muito divertido! Ainda mais porque a Rainha não estará lá para te prender. Vou te levar para conhecer os melhores lugares da Corte-"

Lissa largou o travesseiro e ergueu a mão para calá-la. "Eu já disse que não quero, ok? A única coisa que preciso é de um tempo sozinha. Estar cercada com um monte de Moroi mimados só vai piorar as coisas" Era engraçado, porque ontem mesmo ela não estava se importando nem um pouco de estar na companhia desses Moroi.

"Confie em mim quando eu te digo que você não terá que se preocupar com isso" disse Avery, abrindo um sorriso espertinho.

"Ok, se você fizesse isso, as coisas poderiam ficar um pouco melhores. Mas não vou aguentar ficar na companhia de Rose." ela passou as mãos envoltas dos joelhos. "Eu não consigo nem olhar na cara dela depois do que ela fez."

"Você não precisa levá-la"

Os olhos verde jade de Lissa se arregalaram com aquela sugestão. Ela prendeu a respiração, assim como eu. Ela nunca tinha considerado fazer algo assim antes. E mesmo que estivéssemos brigadas, aquilo ainda sim seria golpe baixo. Ela sabia disso. "Eu não posso fazer isso!"

Avery bufou e se sentou na beirada da cama. "Claro que pode. Você precisa de um tempo para se recuperar e se distrair. Isso não vai acontecer se ela estiver perto, certo?"

Lissa ainda estava espantada com a sugestão de Avery, e até irritada - eu meio que fiquei feliz em ver isso, e estava se preparando para recusar quando ela olhou nos olhos de Avery. Eles eram suplicantes, e estavam magoados por causa de sua decisão. Avery quase não tinha companhias agradáveis de verdade, e eu quase sentia pena dela. Quase. Se ela não tivesse feito aquela sugestão, eu sentiria pena.

Mas Lissa sentia, independentemente da situação, sentia. Como sempre, isso fazia parte de quem ela era. E não vou dizer que sua decisão não me machucou, porque ela machucou. E muito. Mas talvez eu merecesse aquilo por ter escondido sobre Dimitri durante todo esse tempo. "Certo. Você tem razão."

Ela pegou as mãos de Lissa, mal conseguindo conter um sorriso. Vadia. "Ótimo! Agora só precisamos arrumar alguém para ir no lugar dela"

Lissa recuou um pouco com a sugestão, se sentindo suja por ter feito aquilo. Mas havia determinação nela. Era como se ela estivesse tentando provar para si mesma que podia fazer aquilo comigo. Que poderia me magoar quase tanto quanto eu a magoei.

Ela sugeriu alguém que ela mal conhecia para ir no meu lugar. "Eu estava pensando na Jill"

Avery franziu os lábios. "Quem? Ah... A Belezura"

Lissa assentiu. "Ela é minha única opção. A não ser que vamos apenas nós"

Ela balançou a cabeça. "Não, está tudo bem. Não tem problema em levar ela"

Eu voltei para minha cabeça bem a tempo de ver Emil entrando na sala com uma caderneta em mãos. Tive que esconder toda a minha raiva e vontade de ir até aquele quarto e socar Avery para que ele não visse minha agitação. Afinal, minha concentração e eficiência estavam sendo testados.

Quando o horário do jantar chegou, eu fiz questão de passar na frente da mesa onde Lissa estava, apenas para mostrar a ela que já sabia dos seus planos. E para dizer que ela estava jogando baixo outra vez, mas que eu não importava.

Eu pararia de me remoer e continuaria vivendo minha vida normalmente. Ela fez sua jogada, agora era a hora de eu fazer a minha: agir indiferente a suas ações, mas mostrar a ela que eu sabia o ponto. Se ela queria bancar a infantil e continuar levando para o lado pessoal tudo aquilo, que continuasse. Eu continuaria sendo e agindo como Rose Hathaway: sempre fazendo o que estivesse ao meu alcance para proteger as pessoas que eu amava e deixá-las felizes, mas dessa vez sem comprometer minha vida pessoal no processo.

Em um dado momento, ela levantou o olhar e me viu. Um misto de emoções me varreu naqueles breves segundos, e eu as empurrei para o fundo. Não queria sentir suas emoções, muito menos seus pensamentos. Eu desviei o olhar e fui para meu quarto, onde eu terminei meu lanche e eventualmente adormeci.

O que eu não esperava era ser envolvida em um sonho de espírito. Dessa vez eu estava em um dos jardins da Corte, que tinha uma estátua de uma rainha - cujo nome eu não me lembrava – e era cercado de rosas. Eu lembrava vagamente de ter passado por lá enquanto ia para o SPA.

Pelo canto do olho, vi Adrian caminhar até onde eu estava. Ele usava jeans e uma camiseta verde que combinava com a cor de seus olhos. Seu cabelo castanho estava desalinhado – eu recentemente tinha descoberto que ele fazia isso de propósito, dando uma aparência rebelde a ele. Por mais que eu achasse Dimitri um deus por causa da sua aparência, eu tinha que admitir que Adrian também era bem quente. Mas de um jeito diferente, sem aquela pose de guerreiro e aquele olhar sempre em alerta.

Cruzei os braços e coloquei meu melhor sorriso. “Então, agora você lembrou que Rose Hathaway existe?”

Ele retribuiu o sorriso e arrancou uma rosa que estava perto da estátua. “Nah, eu só estive ocupado demais esses dias. E quando não estava, a bebida entorpecia o Espírito” ele estendeu a rosa para mim. “Espero que me desculpe pela minha negligência”

“Pensarei no seu caso, Ivashkov” falei, pegando a flor. Eu decidi não lembra-lo de que eu não gostava de rosas. Então eu notei que ela não tinha espinhos. Ergui a sobrancelha e Adrian riu.

“Tudo para seu melhor conforto, Srta. Hathaway” ele disse, fazendo uma reverência. Revirei os olhos.

“Como foi a reunião em família?” perguntei. Adrian tinha ido para a Corte no dia anterior por causa do aniversário de sua mãe. E seu rosto agora demonstrou o mesmo desânimo que ele tinha quando anunciou da sua viagem. Mordi o lábio. “Yeah, acho melhor deixar quieto”

“Ela foi boa na maior parte do tempo” ele disse com um sorrisinho. “Tia Tatiana também apareceu, mas não ficamos conversando sobre política. Ela até me ofereceu um convite para passar a páscoa com ela na Romênia, longe da companhia do meu pai”

“Então foi aí que o jantar passou de agradável para ruim?”

Ele meramente deu de ombros e puxou um cigarro do bolso. Deus, o que me faltava era só sonhar com aquele cheiro de nicotina. “Meu pai não gostou porque ele acha que ela me mima demais. Ele sabe que sou seu parente preferido, então lógico que ele ficou com ciúmes e começou a dizer coisas como ‘você deveria fazer algo mais produtivo com sua vida como voltar a universidade’. Típico.”

“Por que você não disse que estava pensando em ir para Lehigh com Lissa?” sugeri. “Você mesmo disse que estava pensando sobre isso... Voltar a fazer o curso que você fazia antes...”

Ele deu uma tragada no cigarro e franziu os lábios. “Eu não sei... estou começando a pensar que essa faculdade provavelmente teria o mesmo problema que a última.”

Eu franzi. “Qual?”

“Dever de casa.”

“Adrian!” exclamei, reprimindo o impulso de socá-lo. Ele apenas deu uma piscadela.

“Chega de falar sobre mim.” Ele disse “Me conte o que aconteceu”

Meu humor novamente enegreceu. “Você tem o dom de estragar as coisas”

“Sua aura meio que te entregou” falou, me analisando atentamente. Eu devia saber que ele estaria atento à minha aura. “E eu estou preocupado” Havia uma nota estranha na sua voz. Hesitante. Preocupada.

“Ela está escura novamente?”

Ele assentiu. “Ela está mais escura do que o normal” seus olhos se estreitaram. “E as emoções estão mais intensas. Eu sinto a raiva e mágoa se alastrando dela. Isso não vem só de você, obviamente”

Eu o olhei, assustada. “Mas eu não estou à beira de ficar louca de novo, certo? Eu não me sinto irritada a ponto de querer matar alguém”

“Então você não está beirando a insanidade. Ainda

Estremeci. Meu medo novamente tinha voltado. Ele estava adormecido quando Dimitri encontrou aquela solução, mas agora... Depois de tudo isso, eu deveria saber que ele voltaria a me assombrar e a me lembrar “Eu não quero ficar louca” falei. Então eu lembrei que não tinha contado a Adrian minha recente descoberta. “E acho que encontramos uma maneira que pode reduzir o efeito da escuridão”

Ele foi pego de surpresa. “Mesmo?”

“Uhum” eu então contei a ele o que Dimitri e eu descobrimos no diário de St. Vladimir. Adrian ficou admirado, e ao mesmo tempo pensativo. O brilho em seus olhos verdes confirmavam que ele estava excitado com a descoberta.

“Isso é inteiramente possível” falou ele. “Eu nunca pensei em encantar alguma coisa de prata com mágica que usasse para curar a mente. Mas faz sentido. Se podemos usar a compulsão para disfarces, por que não para curar?”

“Eu suponho que isso não seja mais fácil que curar ferimentos físicos”

Ele suspirou. “Sim, é mais complicado. Porque dessa vez não se trata de curar um ferimento físico, mas sim mental. Requer mais energia, concentração e cuidado. Você tem que tomar muito cuidado para não acabar piorando mais a situação. É como fazer uma cirurgia no seu cérebro. Qualquer erro pode te deixar paraplégico ou até mesmo te matar.”

Eu sabia que seria mais ou menos assim. E ouvir a confirmação de Adrian só me desanimou mais. “Então não tem como isso ser feito, certo? Eu vou continuar absorvendo cada vez mais escuridão até eu finalmente ficar louca e começar a querer matar todo mundo”

“Eu não penso assim” Adrian disse, jogando o cigarro no chão. Ele desapareceu segundos depois. “Nós podemos fazer isso. Mas acredito que Lissa terá mais sucesso. Não digo isso porque ela é melhor com a cura do que eu, mas sim porque vocês tem o laço. Eu acho que no fundo da alma dela, ela vai sentir o quanto ela vai precisar para encantar”

Ótimo. Mais um motivo para acelerar a deterioração da minha sanidade. “Então tudo foi para o ralo”

Seu olhar se tornou curioso. “O que aconteceu?”

Não adiantava esconder dele, porque Lissa provavelmente contaria a ele amanhã mesmo. Então eu decidi antecipar as coisas. “Lissa sabe sobre Dimitri e eu”

“A palavra saber é um tipo de eufemismo para descobrir?”

Fuzilei seu olhar. “Desde quando você andou estudando gramática?”

“Rose,” ele disse, colocando uma mão no meu ombro. Sua expressão estava indecifrável. “Eu acho que sei o que aconteceu. Mas não vou perguntar por detalhes. Eu só quero que você me prometa que vocês duas irão resolver isso logo. Especialmente porque está aumentando sua escuridão”

“Esse é o problema” eu chorei. “Ela não se importa mais comigo. Ou está fazendo um ótimo papel em fingir isso. Ela inclusive me disse para desistir de Dimitri porque nós dois seremos seus guardiões. É por isso que mal conseguimos olhar na cara uma da outra!”

“Vou falar com ela”

Lancei a ele um dos meus olhares mais ferozes. “Você não se atreveria a fazer isso!”

“Eu não tenho escolha” ele jogou as mãos para o alto. “Ela precisa entender que quanto mais ela usa magia e se sente irritadiça, mais a escuridão te afeta. Em especial agora porque suas próprias emoções estão fazendo o trabalho de acelerar as coisas”

“Talvez quando eu ficar louca e me suicidar ela se lembre de mim” eu disse amargamente, cruzando os braços. “Ela se arrependa por ter me dito todas aquelas coisas horríveis, e por ter me falado para desistir de Dimitri. Yeah, é isso o que ela merece. Eu vou ficar satisfeita em vê-la se culpando por isso pelo resto da vida” havia tanta frieza na minha voz que me assustei.

As mãos de Adrian agarraram meus ombros. “Nunca, nunca mais diga uma coisa dessas, está me ouvindo?”

Eu pisquei, atordoada. “Eu... hm, ok. Não estava falando sério” Ou estava?

Adrian me lançou um olhar especulativo. “Pelo seu tom, eu digo que você estava sim. Mas pode ser um efeito da escuridão...” ele franziu os lábios e se afastou. “Eu vou ver o que posso fazer para ajudar. Mas Rose, tente se cuidar mais e resolver isso com Lissa. Estou falando sério”

Então ele desapareceu, sem ao menos me deixar responder.

***

Eu não fiquei surpresa quando Christian disse que estava indo com Lissa. Eles meio que tinham se entendido ontem à noite, e eu dei graças a deus por não ter sido sugada para a cabeça de Lissa. Talvez eu não tenha sentido o puxão porque estava focada demais na conversa com Adrian, ou talvez porque o sonho de espírito me impedisse de sentir o puxão.

De qualquer forma, eu estava feliz por não me sentir violada.

Christian me disse que estaria indo para a Corte com Lissa, e eu soube que isso era verdade por causa das emoções dela. Ela estava brava por ele não escolhido ficar do seu lado, mas seu amor por ele era grande demais para continuar brigada com ele. Eu não senti raiva. Porque afinal, eu sabia que ele era louco por ela.

Eddie, no entanto, tentou me convencer a ir.

“Você não pode ficar aqui, Rose” ele disse enquanto me acompanhava com o café da manhã. “Afinal, você é sua guardiã”

“Não sou guardiã de ninguém até eu me formar”

Eddie suspirou. “Você entendeu o que eu quis dizer”

“Eu sei” falei dando um sorriso encorajador. “E é por isso que eu confio em você para cuidar dela. Lissa e eu... bem, estamos com alguns problemas. Acredito que precisamos mesmo desses dias longe uma da outra.”

“Não posso fazer isso, Rose!” exclamou ele, um tanto nervoso. Este era Eddie, sempre sendo honesto e querendo fazer a coisa certa. Ele achava que eu me sentia irritada pelo fato de ele estar indo para a Corte guardar Lissa e eu não. “Não é minha obrigação. Eu sinto como se estivesse te traindo. Por isso eu quero que você aceite ir no meu lugar”

Coloquei uma mão em seu ombro. “Olha, a única maneira de você me trair e não cuidando de Lissa. Você sabe que se eu for as coisas vão piorar. Então me faça o favor de cuidar de Lissa e deixa-la longe de encrenca”

Seus olhos estavam lotados de perguntas, mas ele não as fez. Pelo contrário, ele aceitou meu pedido como se fosse uma ordem de um general. Eu sorri, e acrescentei. “Mantenha um olho em Avery. Ela está levando Lissa para o mal caminho”

Ele assentiu. “Pode deixar”

Quando eles partiram, eu fiquei vagando por um tempo no campus – que agora estava praticamente deserto porque a maioria dos estudantes tinham ido passar o feriado na casa de seus familiares. Um pouco depois, eu voltei para meu quarto e abri um dos meus livros sobre comportamento animal. Era um assunto pelo qual eu era fascinada e que fazia tempo que não lia.

Não sei por quanto tempo fiquei lá, mas de repente eu senti uma urgente vontade de fazer qualquer coisa para aquietar meus pensamentos. Eu detestava ficar parada, especialmente sem alguém para jogar conversa fora.

Então eu fiz algo que jamais esperaria fazer: troquei de roupa e fui correr em volta do ginásio.

Deus sabe o quanto eu já tinha xingado Dimitri mentalmente por me fazer correr durante a maioria dos nossos treinos. No começo eu achava que ele fazia isso de propósito como uma espécie de punição por eu ter fugido com Lissa, mas depois ele me fez entender o propósito de tudo aquilo: usar a corrida quando não tivesse como derrotar um Strigoi. Para ganhar mais tempo para planejar um ataque.

Comecei com uma velocidade normal de corrida, mas não estava sendo o suficiente para mim. Corri, então, mais rápido. E mais rápido. Até que quase não sentia o chão sobre meus pés e meu coração batia tão rápido que podia ouvir em meu ouvido. O mundo à minha volta era apenas um borrão.

E então, vindo do além, uma voz me chamou, alta demais sobre barulho da minha mente. Poderosa demais para ser ignorada.

“Rose?!”

Eu olhei para o lado bem a tempo de ver Dimitri me encarando antes de tropeçar em algo e cair com tudo no chão. Senti algo raspando meu braço, e reprimi um gemido de dor.

“Rose!” Dimitri exclama com preocupação “Você está bem?”

“Não poderia ser mais humilhante.” gemi sentando-me no chão “Estou bem, camarada. Foi apenas um arranhão”

Pelo olhar que Dimitri me lançou, não estava tudo bem. Só ai que senti um puxão na bochecha e algo quente umedecendo meu olho direito. Merda. Eu estava sangrando. Então a realidade me atingiu. “O que você está fazendo aqui? Não era para estar na Corte com Lissa?”

“Vamos cuidar disso.” disse com gentileza me ajudando a levantar e praticamente me carregando até o ginásio. Ele ignorou minha pergunta sobre a Corte. “Nunca pensei que te veria tão empenhada numa corrida por livre e espontânea vontade”

“Aprendi à rude modo que correr salva vidas.”

Era pra ser uma piada, mas nem eu nem Dimitri achamos graça.

Acabamos no mesmo banheiro no qual, semanas atrás havia limpado seu ferimento devido ao teste de campo. Mas dessa vez, era Dimitri agora quem cuidava de mim, e ele não teve medo de se aproximar. Ele molhou uma gaze e começou a limpar meu rosto.

Eu estaria completamente distraída por tê-lo tão perto de mim naquele momento, mas necessitava de uma resposta. “Você ainda não me respondeu por que está aqui ao invés de estar na Corte”

“Alberta foi no meu lugar. Ela precisava resolver alguns assuntos” respondeu.

Cruzei os braços. “Isso não soa como uma resposta convincente.”

“A verdade nem sempre é convincente” Ele se abaixou para pegar outra gaze. E quando ele se levantou, seus olhos se encontraram com os e eu me perdi no calor deles. “E você está com um corte bem feio na bochecha. Vou limpá-lo”

Eu passei a mão nela e depois olhei meus dedos molhados de sangue. Franzi os lábios quando um pensamento me surgiu. “Você só ficou aqui por minha causa, não foi?”

Ele não me respondeu. Novamente, eu encarei seu rosto. Ele poderia estar com aquela máscara de guardião que escondia suas emoções, mas seus olhos... Bem, eles entregavam tudo. Algo se agitou dentro de mim. “Você não deveria ter feito isso. Deveria ter ido com ela e cumprido seu dever”

Ele deu um passo para que ficássemos mais próximos ainda. Poucos centímetros separavam nossos rostos. Seu cheiro inundou meus sentidos. Eu estava prestes a perder o fio da meada, então tentei me comportar. Dimitri estava calmo, pelo menos externamente. “Sim, eu deveria ter feito isso.” Ele fez uma pausa. “Se eu ainda fosse seu guardião”

“Eu” Arfei. “Eu não sei o que dizer”. Eu quis chorar com sua declaração. Estávamos dando um enorme passo, mesmo que isso significasse negligenciar nossos deveres. E eu sabia o quão difícil estava sendo para Dimitri lidar com sua escolha. As coisas estavam sendo muito mais difíceis para ele por causa da sua responsabilidade. E honra. Mas saber que estávamos progredindo foi o suficiente para superar minha culpa.

Os dedos de Dimitri gentilmente tocaram minha bochecha. “Eu não disse que escolhi ficar com você?”

“Disse” minha voz não passava de um sussurro. Eu senti a culpa me invadido. “Mas ainda assim isso está dilacerando você. Não diga que não está sendo difícil”

Um pequeno sorriso se formou nos lábios dele. “Sim, é difícil para mim abrir mão de tudo isso. Mas se isso significa estar com você sem nada nos impedindo, então eu aceito”

“Mesmo que Lissa não goste da sua decisão?”

Ele arqueou uma sobrancelha escura. Sua expressão se tornou curiosa, e séria. “O que aconteceu?”

“Ela ficou possessa. Dimitri, nunca vi Lissa assim antes. Achei que teria problemas por ter escondido nossa relação dela, mas ela parecia mais preocupada no que isso a afetaria.” lembrar suas palavras e seu olhar de ódio me fez arrepiar e meus olhos se encheram de lágrimas “Ela agiu como se eu tivesse roubado você dela e... e ainda disse que era errado, que eu deveria me afastar de você. De você, o cara que eu amo e ela sabe”

Não pude mais segurar as lágrimas e Dimitri imediatamente me abraçou com cuidado. Apertou meus ombros e acariciou meu cabelo enquanto esperava que eu esvaziasse. Já havia chorado por isso antes, logo quando Lissa e eu brigamos, mas não tinha Dimitri comigo naquela hora. E sua presença fazia toda a diferença. Eu contei a ele então o que realmente tinha acontecido ontem.

Dimitri não me respondeu de imediato. Terminou de limpar meus cortes e após cobri-los com band-aid, suspirou e me olhou. Ele realmente me olhou, analisando minhas feições e, de certa forma, adivinhando meus pensamentos e sentimentos. O que ele viu o fez mudar.

“Você não vai voltar atrás, vai? Não vai deixar que Lissa... Você não vai, vai?”

Dimitri sorriu. Um sorriso pesaroso, mas um sorriso. Segurou meu rosto gentilmente em suas mãos e me encarou com seriedade. “Você tem que parar de me perguntar se irei te deixar toda hora que tivermos um problema, Rose.”

Meu coração estava prestes a explodir. “Eu sei que você me ama, não é isso. É que... eu sei como você é com toda essa coisa de honra e compromisso.”

“Sim. E meu compromisso é com você. Lhe dei a minha palavra, e não voltarei atrás. Eles vem primeiro, Rose, mas nem sempre.”

“Então quer dizer que...”

Os olhos castanhos de Dimitri brilharam. Eu me vi hipnotizada por eles. “Quer dizer que assim que você se formar irei enfrentar seus pais e o que mais vier para ficar com você da maneira que deve ser.”

Isso tirou um peso enorme de meu coração, que me deixou aliviada mesmo com todo o problema de Lissa. Mas ainda sim, eu senti que não seria nada fácil.

Aliás, nada na minha vida tinha sido fácil. E eu deveria sempre me lembrar disso.


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Notas finais do capítulo

Pra quem leu o capítulo inteiro deve estar se sentindo dividido entre querer matar a Lissa ou morrer de amores pela atitude do Dimitri, certo? Ou só morrendo de vontade de matar a Lissa, mas enfim...

Primeiramente eu queria agradecer todos os 27 comentários que recebi no capítulo anterior, sério gente MUITO OBRIGADA ♥ ♥ ♥ Vocês não conseguem imaginar o quanto estou emocionada por saber que vocês estão gostando da fic e interagindo *o* Nunca pensei que isso fosse acontecer!!!! E 4 novas recomendações OMG!!!!!! Laka, Marcelle, Litz e Dias eu A-M-E-I as recomendações!!! Suas lindas ♥ ♥ ♥ vocês conseguiram me fazer chorar de novo haha :) MUITO OBRIGADA MESMO!!!!!! Me sinto até mal pela fic já estar praticamente no final, poxa -

Quem quiser recomendar aproveita porque a fic já está indo pro final *chora* =(

Bom, vamos à análise. Mas antes, TRANQUEM toda a raiva que vocês tem da Lissa!

Eu sei que vocês estão morrendo de raiva da Lissa. Mas tentem se colocarem no lugar dela: ela sempre contou tudo pra Rose mesmo que ela tenha hesitado em contar que estava na companhia do Christian... mas eles nem eram namorados quando houve essa briga. Então ela está se sentindo traída. Quem aí não se sentiria traída se sua melhor amiga escondesse algo assim de você? A Rose tentou explicar o porquê de ela ter escondido e tentou resolver a briga, mas não deu certo.

E quando estamos com raiva, às vezes acabamos fazendo coisas não muito boas... Isso + o choque de descobrir algo tão grande + o fato de a Rose sempre ter mimado a Lissa mais do que qualquer um (sim, Lissa sente ciúmes porque a Rose agora ama o Dimitri) + escuridão (eu vi nos livros que os efeitos de espírito na Lissa são focados mais na violência e depressão) + Avery = Lissa dizendo aquilo na cara da Rose. O egoísmo dela teve 50% de participação aí, eu diria... Bom, pelo menos eu sempre imaginei isso.

MAS não se preocupem porque a partir do próximo capítulo a Lissa vai começar a entender o tamanho da cagada que ela fez e vai começar a se remoer. E a Rose não vai dar mole para ela não!

Vocês também viram como o relacionamento Romitri evoluiu, especialmente as decisões do Dimitri (ele ta me lembrando o Dimka no final de SK e LS ah ah ah *o*). Ele está sofrendo por isso justamente porque ele está indo contra o sistema que ele obedecia rigidamente. Caras honrados como ele sempre sofrem com isso :( Mas sério, gostaram dessa atitude dele?

E só de saber que vocês NÃO TEM A MÍNIMA ideia do que vou aprontar nos próximos capítulos já me deixa feliz hahahahaha em especial sobre a Lissa e Romitri! *risada maligna* Aliás, no próximo capítulo vamos injetar uma grande dose de Romitri na veia de vocês! Acho que vcs sabem o que isso significa...
Bom, parei por aqui! Espero que tenham gostado do capítulo apesar de tudo... Me falem o que acharam, por favor! Ainda mais por esse ser o capítulo mais esperado de toda a fic =P

PS: também estou boquiaberta com os 64 leitores que a fic tem, apesar de menos da metade comentar haha vocês ainda irão me matar do coração antes de eu terminar essa fic xD

Obrigada por tudo, pessoal! Amo vocês ♥ ♥

Beijossss ;*
— Anita H.