Ele agarrou Dimitri e o empurrou para o chão. Eles lutaram, força contra força, e então eu vi aquelas presas se afundarem no pescoço de Dimitri. Os olhos vermelhos levantaram e fizeram contato com os meus.

Eu ouvi outro grito – dessa vez, era o meu.

Minha mãe começou a voltar para onde eles tinham caído, mas então mais cinco Strigoi apareceram. Era um caos. Eu não conseguia mais ver Dimitri; eu não conseguia ver o que tinha acontecido com ele. Indecisão passou pelas feições de minha mãe enquanto ela tentava decidir entre fugir ou lutar, e então, com arrependimento por todo o rosto ela, ela continuou correndo em direção a nós e a saída. Enquanto isso, eu estava tentado correr de volta para dentro, mas alguém estava me impedindo. Era Stan.

“O que você esta fazendo, Rose? Mais estão vindo.”

Ele não entendia? Dimitri estava lá. Eu tinha que pegar Dimitri!

Minha mãe e Alberta saíram, arrastando a Sra. Carmack. Um grupo de Strigoi estava atrás delas, derrapando numa parada na beira da luz. Eu ainda estava lutando com Stan. Ele não precisava de ajuda, mas minha mãe me segurou e me empurrou para longe.

“Rose, temos que sair daqui!”

“Ele esta lá!” eu gritei, lutando o máximo que eu podia. Como eu podia ter matado Strigoi e não ser capaz de me livrar desses dois? “Dimitri esta lá!Temos que voltar por ele! Não podemos ir embora!”

Eu estava resmungando histericamente, gritando para todos eles que tínhamos que resgatar Dimitri. Minha mãe me chacoalhou com forca e se aproximou para que só houvesse alguns centímetros entre nós.

“Ele esta morto, Rose!Não podemos voltar lá. O sol vai desaparecer em 15 minutos, e eles estão esperando por nos. Vamos ficar no escuro antes de podermos voltar para as wards. Precisamos de cada segundo que conseguirmos –”

Ele está morto, Rose! Eu não deixei ela terminar. Emoções violentas se apoderaram de mim, e senti meu coração se dilacerando com o efeito daquelas palavras. Não, não e não. Eu não podia deixar Dimitri morrer.

Acertei um soco em Stan, o que ele certamente não esperava. Sua breve hesitação o fez afrouxar seu aperto, que foi o suficiente para que eu conseguisse empurrá-lo.

Então eu corri em direção a caverna, onde a outra metade da minha alma estava.

Atrás de mim, eu ouvi os gritos. Mas eu estava dominada pelo meu próprio medo para me importar com isso. Eu podia ver os Strigoi reunidos na entrada, seus olhos vermelhos brilhando de antecipação. Eles enchiam completamente a abertura, eram dez. Eu sabia que eram muitos e que minhas chances de sair viva dali com Dimitri eram mínimas. Mas eu tinha que arriscar.

Pânico de repente me envolveu, quando três deles voaram para cima de mim. Eu sabia que minha a mãe, Alberta e Stan estavam agora lutando com os outros, mas eram muitos. Eu desferi um soco no Strigoi que estava na minha frente, e estava prestes a acertar o outro quando seu corpo ficou em chamas. A Sra. Carmack tinha feito seu movimento, e minha mãe acertou o outro Strigoi. Aproveitei a distração do Strigoi que eu tinha acabado de atacar para mergulhar minha estaca no seu coração.

Com esse movimento, eu consegui vislumbrar o corpo de Dimitri jogado no chão, a poucos metros de onde eu estava. Ele não se movia. Meu desespero aumentou. Ele não poderia estar morto. Eu não ia deixar a morte levá-lo de mim. E nem deixar que esses sanguessugas destruíssem sua alma.

Eu estava retirando a estaca do peito do Strigoi quando fui empurrada com força para o chão. Surpresa me atingiu quando vi que era o Strigoi loiro, o mesmo que tinha derrubado Dimitri. Havia sangue em seus lábios. O sangue de Dimitri. Minha raiva ferveu. Eu iria destruí-lo por isso.

O Strigoi parecia se divertir com a minha fúria. "Ele tem o sangue bom para um dhampir, sabe? Mas aposto que o seu é melhor" ele lambeu os lábios. "Inclusive mais doce."

"Encoste seus dentes em mim e você irá achar a ponta da minha estaca a coisa mais doce da sua vida " eu o peguei de surpresa acertando uma rasteira, fazendo-o se desequilibrar um pouco. Mas não foi o suficiente para que eu tivesse tempo para me levantar. Sua força de Strigoi era superior a minha.

Ele exibiu suas presas, quase como em um rosnado. "Eu vou matar você lenta e dolorosamente" seu pé esmagou meu braço.

Trinquei os dentes com a dor agonizante que me atingiu segundos depois. Eu diminui o aperto da estaca e ela acabou escorregando da minha mão. Eu tentei alcançá-la, mas ele foi mais rápido em chutá-la para longe. "e depois vou voltar para o seu amante para acabar de despertá-lo."

Eu arfei.

Pior do que Dimitri morto era ele ser transformado. A ideia de vê-lo andando pelas ruas matando pessoas inocentes, sugando seu sangue até que não restasse mais nada, pele pálida sem aquele calor e anéis vermelhos frios ao invés daqueles castanhos acolhedores e cheios de amor me assustou. Aquilo sim, era o meu pior pesadelo. Pânico passou por mim novamente, e foi como se aquela escuridão de ontem a noite tivesse voltado a me consumir. Eu lutei para me livrar dele, para matá-lo e impedir que ele me matasse e transformasse Dimitri. Mas era inútil. Ele era mais forte que eu, e eu estava completamente sem defesas. Ele ia me matar e transformar Dimitri em um monstro sem alma. Um flash de luz a poucos metros de mim me indicou que os outros ainda estavam vivos. Eu não estaria mais. Sufoquei um grito.

Ele se moveu e me agarrou, trazendo minha garganta para sua boca. Seus olhos fizeram contato com os meus, brilhando em vitória e antecipação. Eu sabia o que viria logo a seguir: uma mordida recheada de endorfinas que me deixariam drogada demais para pensar em qualquer coisa. Eu ia deixar esse mundo sem ser Rose Hathaway. Sem lutar pela minha vida. E Dimitri seria transformado. Todas aquelas emoções explodiram dentro de mim, e eu pensei que eles me matariam antes mesmo que o Strigoi me mordesse.

Suas presas tinham acabado de encostar na minha pele quando o verdadeiro inferno tomou conta do lugar. Formas translúcidas, como aquelas que apareceram no avião, se materializaram no meu campo de visão, brilhando. Muitos me lembravam pessoas normais, mas havia aqueles horríveis com seus rostos magros e assustadores. Fantasmas. Espíritos que não conseguiram seguir em frente.

Mason estava entre eles e, ao contrário da última vez que o vi, perto da caverna, ele estava muito, mais muito irritado. Eles vieram em nossa direção e eu me assustei. Sim, eles provavelmente estavam aqui para me levar de volta para o mundo dos mortos. Para se certificarem de que eu não voltaria mais.

E então a coisa mais estranha aconteceu.

Eles não foram para cima de mim, mas sim para os Strigoi. Em especial o Strigoi loiro que tinha me derrubado e estava prestes a me matar. Os olhos dele se arregalaram e ele me largou, começando a gritar quando aquelas formas o atacaram. Suas mãos balançavam, tentando afastá-los. Eu olhei para os lados e vi que os outros Strigoi também estavam desesperados tentando tirá-los de lá. Eu vi que minha mãe e os outros estavam tão confusos quanto eu.

Tentando ignorar a minha crescente dor de cabeça, eu agarrei a minha estaca com força na minha mão machucada e avancei para cima do Strigoi, mergulhando ela no seu peito quase sem nenhum esforço. Ele gritou, surpreso porque nem ao menos me viu chegar. Eu torci a estaca com força antes de encontrar seus olhos, agora sem vida. Chutei seu corpo, e olhei para onde Dimitri estava.

Os fantasmas perceberam meu movimento, e me olharam curiosos. Eu tentei bloqueá-los enquanto corria até ele, mas era difícil. Eu precisava controlar minhas emoções para construir aquela barreira, mas era impossível naquele momento. Eu precisava ver se Dimitri ainda estava vivo.

Eu rapidamente peguei o pulso de Dimitri, minhas mãos tremendo enquanto eu buscava por aquela pulsação que me diriam se ele estava ou não vivo. Para o meu alívio, ela ainda estava ali, mas muito, muito fraca.

"Rose!" Stan correu para onde eu estava, e se ajoelhou para ver Dimitri. Ele arfou. "Ele ainda está vivo! Me ajude a tirá-lo daqui"

Eu assenti e comecei a pegar os braços de Dimitri quando a dor de cabeça chegou a um nível insuportável. Aparentemente, os fantasmas acharam que essa era a hora ideal para focarem sua atenção em mim. Novamente, eles pareciam fascinados comigo. Eles me cercaram, e minha cabeça latejava cada vez mais. Eu precisava erguer aquela barreira agora para que eles não me enlouquecessem. O esforço era enorme, e eu estava tão cansada...

"Vão embora!" exclamei, reunindo o máximo de força que ainda me restava. Eu senti como se a minha cabeça estivesse prestes a explodir. Stan me olhava com uma expressão assustada e extremamente preocupada. E os fantasmas se aproximavam cada vez mais, como se estivessem prestes a me atacar. "Eu já disse que é para irem embora! Eu não preciso mais de vocês! Mason..."

Mason não estava ali. E eu não conseguia mais pensar. Minhas energias tinham se esgotado. "Mason faça alguma coisa!"

E então, eu apaguei.