(N/A Leiam as notas iniciais, elas são de extrema importância)

No capítulo anterior:

Daí escuto

– Essa não - diz Madge

– Ah meu Deus - Finnick fala junto com Cato

– Acabou com a nossa vida - continua Gale

Annie e Clove ainda não disseram nada, mas daí escuto:

– Estamos ferrados

Mas dessa vez quem fala é o Peeta atrás de mim. E o tom de voz dele me diz que coisa boa é que não vem por aí.

Pelo jeito essa Glimmer não é flor que se cheire e ela já deve ter aprontado muito, para dar essa reação aos meninos.

A Glimmer sentou-se na mesa da frente com um sorrisinho de vitoriosa no rosto, ao perceber a reação que causou nos meninos. Olhei para o Peeta pedindo algum tipo de explicação, mas ele fez um sinal demonstrando que falaria depois.

Tentei prestar o máximo de atenção na aula depois disso, mas como biologia não era meu ''forte'', eu acabei viajando total na aula e me afundei em meus pensamentos.

***

O tempo não passava de jeito nenhum e a todo momento, Glimmer fuzilava Peeta com o olhar e sempre que eu olhava para trás para saber sua reação, ou ele estava com a cabeça baixa ou fingindo que não via o que aquela garota fazia.

O porque de tudo isso? Eu não sei, mas pela cara da Annie, Madge e Clove, não é nada nenhum pouco bom.

***

Finalmente. Depois de 3 tempos de aula intermináveis, nós tivemos um intervalo de 30 minutos. Deixamos a mochila na sala, guardei meu óculos na caixinha e sem ter tempo pra pensar, Peeta já estava segurando o meu pulso e me levando para fora da sala de aula.

Passamos pelo portão da escola com os meninos ao nosso encalço. Eu não sabia o que pensar, eu não sabia se eu estava correndo ou andando. Tantas possibilidades do que podia estar acontecendo que a realidade não aparecia em minha mente.

Seguimos para o jardim. Eu não conseguia entender a expressão de Peeta ... Desespero? .. Aflição? .. Não sei quando, mas assim que olhei ao redor percebi que já estava sentada ao pé de uma macieira com Peeta ao meu lado, bem no meio do jardim.

Esperamos os outros chegarem e se sentarem conosco, o que não demorou muito já que eles vinham logo atrás da gente na caminhada.

Ninguém dizia nada, todos evitavam ao máximo se olhar, neste momento, suas mãos eram mais interessantes do que qualquer outra coisa.

– Será que tem como alguém me explicar, o porque deste comportamento, por causa de uma patricinha metida? - perguntei o mais calma que dava. Grosseria não adiantaria nada agora.

Todos olharam instantaneamente para o Peeta, fazendo com que eu olhasse também. Eu esperava uma explicação, mas ele estava tão distante em pensamentos, tão longe, distraído.

– No 1° ano, quando entrei aqui, eu me tornei amigo da Glimmer. Ela se tornou a única pessoa que eu conheci e ela me contou uma vez que trazia drogas e bebida pra escola para batizar a comida e o ponche das festas, depois disso eu nuca cheguei perto dela e acabei virando amiga deles - disse se referindo a Clove, Cato, Madge, Gale, Annie e Finnick– Eu fui me esquecendo por completo da Glimmer, enquanto ela se tornava a menina mais popular da escola. Popularidade. Era tudo que ela sempre quis aqui.

Teve um dia, em que ela deu uma festa no Distrito 1 e nós fomos. Só que ninguém se quer lembrou, do que ela trazia pra escola e a acabamos comendo o bolo de maconha que tinha e bebendo o ponche que ela havia batizado. Estávamos todos separados, cada um em um lugar da festa. Ninguém tinha percebido e quando percebemos, eu já estava no hospital internado, enquanto eles estavam na emergência do hospital. Nós tínhamos um nível de substâncias muito elevado no sangue.

Depois de uns dias, nós conseguimos provar ao Haymitch e a Coin que a Glimmer trazia drogas pra escola e ela foi expulsa. Nós tiramos tudo o que ela sempre quis. A atenção, a popularidade. Os pais da Glimmer sempre foram ausentes e por isso, ficar popular na escola era um jeito de ela se sentir feliz. Mas os pais dela sempre tiveram muito poder e muito dinheiro e ela usou isso ao seu favor pela primeira vez. Ela disse que voltaria pra cá e faria de tudo pra se vingar.

No segundo ano, ela não apareceu aqui. Todos já tinham se esquecido dela, mas nós não. A Glimmer é capaz de muita coisa, ela pode fazer o que estiver e o que não estiver ao seu alcance pra conseguir algo e o objetivo dela é se vingar de nós. Ela amava a popularidade, a atenção que ela recebia e vai tentar e conseguir de volta - terminou por fim

Eu pensei que acabaria por aí, mas quem continuou foi o Finn

– E ela vai tentar estragar as nossas vidas e vai usar a pessoa que vai fazer com que agente pense duas vezes antes de tentar qualquer coisa contra ela - disse

Ninguém se atrevia a dizer uma só palavra. Era muita coisa para se pensar em tão pouco tempo. Respirei e inspirei diversas vezes até conseguir dizer:

– Quem é essa pessoa? - perguntei já temendo a resposta

– Essa pessoa é você Kat - respondeu Clove

– Eu? - perguntei com os olhos arregalados - Ma ... Mas porque eu?

– Porque você tem um gene diferente, ela acha que vai conseguir te iludir e te fazer se virar contra nós - disse o Cato

– Mas por que especificamente eu? - perguntei mais uma vez não me contentando com a resposta anterior

– Porque você é importante pra gente. Ela acha que você não vai acreditar na nossa história e que vai conseguir persuadir você - disse a Annie

– Kat, nós nos apegamos muita fácil as pessoas e com você não vai ser diferente. Você é diferente Kat, o que só faz com que nós queiramos ser ainda mais seus amigos. Ela quer pegar a pessoa, que pode mudar as nossas vidas aqui no colégio se sair .. e se você sair ... ela sabe que você fará muita falta - terminou a Madge

– Katniss, não importa o que ela diga, faça, ou demonstre... Nunca acredite nela - disse Gale por fim

Eu não sabia o que dizer, acho que nenhum de nós mais sabia o que dizer. Era muita coisa pra saber de uma vez só. Primeiro eu descubro o ''segredo'' que tem entre eles e a Glimmer. Segundo eu descubro que serei uma peça fundamental no joguinho da Glimmer. Terceiro, percebo que eu sou mais importante do que pensava pra todos ao meu redor.

Sei que não era hora pra pensar nisso agora, já que muitas coisas estão por vir, mas eu hoje, agora, percebo que posso confiar em todos eles. Nas meninas principalmente, sempre me ajudando e em Peeta, que mesmo sem saber, se tornou meu melhor amigo aqui no colégio.

Mas o que realmente me incomodava nessa história toda é que .. parecia que tinha mais alguma coisa nessa história. Alguma coisa que Peeta não queria contar pra mim. E só assim percebi que ele também não tinha contado pros meninos.

Qual é ?? Quem é que fica internado por que comeu um bolo de maconha e ingeriu álcool.

E por que a Glimmer se vingaria de todos eles, só pela popularidade? Ela não tinha conseguido uma vez? Qual é a dificuldade de conseguir outra?

Todas essas perguntas voavam pela minha mente, mas eu não diria nada agora. Deixaria pra falar com Peeta quando estivéssemos sozinhos.

***

O sinal tocou anunciando o fim do intervalo. Todos nós nos levantamos, menos Peeta que ainda estava com aquele olhar vago. Decidi que essa seria a hora de falar com ele, então cheguei perto da Madge e disse:

– Mad - disse e logo em seguida ela sorriu, ao perceber que eu tinha a chamado pelo apelido - Eu vou ficar aqui com o Peeta. Eu preciso conversar com ele sozinha - disse ao mesmo tempo em que ela abria um sorriso malicioso

Rolei os olhos e ela percebeu ficando séria novamente

– E o que eu vou dizer pro professor? - perguntou

– Inventa uma desculpa qualquer, fala que eu passei mal e o Peeta foi me levar até a enfermaria, qualquer coisa desse tipo - falei

Ela assentiu e foi correndo ao encontro do pessoal que já estava bem a frente indo para a sala.

Sentei na grama novamente ao lado de Peeta, com as pernas esticadas, olhando para o nada. Tentando deixar Peeta mais calmo para falar o que quisesse falar.

Depois de um tempo, percebi que ele não diria nada, então decidi quebrar o gelo que havia se formado aqui entre nós.

– Peeta? Me conta a história da Glimmer? - disse o mais calma possível para não forçá-lo

– Eu já te contei - disse

– Peeta olha pra mim - falei e ele prontamente olhou - Me conta a história inteira – terminei aumentando o tom de voz no ''inteira''

– Como você sabe ..? - perguntou surpreso por eu saber que ele estava escondendo algo mais

– Não sei ... eu só percebi - terminei

Peeta tinha um olhar triste, vazio. Tive vontade de protegê-lo, como se fosse um menino de 5 anos, sozinho em casa numa noite chuvosa. Num ato impensado, fiz com que ele deitasse no meu colo e ele em momento algum tentou relutar.

Eu não sei realmente o porque estava fazendo isso, mas Peeta ... Ele é uma pessoa tão pura, calma, que ao seu lado eu me sinto em paz, sem qualquer resquício de vontade de ficar de mal humor, carrancuda. Comecei a fazer cafuné nele, tentando fazê-lo ficar tranquilo. Depois de um tempo decidi perguntar:

– Você quer me contar o que foi que a Glimmer te fez?

– Não tem nada a ver com a Glimmer, mas eu não acho que esteja preparado pra falar disso ainda - disse balançando a cabeça negativamente

Não tem Glimmer na história?? Decidi ignorar

– Quando estiver pronto é só falar comigo, sou uma ótima ouvinte - terminei

Ele assentiu

– Peeta, sem querer ser muito entrometida, mas já sendo .. Por que parece que os meninos não sabem desse a mais na história? - perguntei

– Eles não sabem

– E porque você não contou a eles? - perguntei

– Eu não sei. Eu posso confiar neles, isso é óbvio, mas eu nunca estive a vontade pra falar sobre isso - disse

– Mas parece que comigo você consegue falar, porque?

– Por mais que eu não saiba quase nada sobre você Kat, eu percebo que você também tem segredos. Assim como eu, você quer descobrir os meus .. e eu quero saber dos seus.

– Porque você acha que eu tenho segredos? - falei

– Porque você está fingindo ser uma pessoa que não é - falou

– Como é que é? - falei, realmente não entendendo onde ele queria chegar com isso

Assim que falei, Peeta virou seu corpo na minha direção, ainda deitado, só que com a cabeça apoiada na minha barriga com os olhos fixos em mim.

– Katniss, você pode tentar esconder das meninas e dos garotos .. - nesse momento ele parou, respirou fundo, ponderando falar ou não - Mas a mim você no engana.

Alguma coisa aconteceu com você, algo sério, que te fez mudar. Você tenta mostrar que é forte, tratando as pessoas mal, sendo rude e mal humorada. Mas na verdade, você está tentando esconder uma menina meiga, gentil e fofa, que já sofreu muito no passado.

Quando as pessoas te dão um bom dia, você fecha a cara e faz um trocadilho com as palavras como resposta, mas você gostaria mesmo é de responder e abrir o belo sorriso que você tem.

Essa não é você Kat e eu gostaria de saber como você é realmente. Gostaria de saber quem está escondida atrás de tanto teatro e desse cabelo colorido - terminou por fim

Fiquei um tempo calada, pensando em tudo o que ele havia dito. Eu poderia falar um monte de coisas para fazê-lo mudar de assunto, mas depois do que ele disse, eu não me sentiria bem fugindo de algo que vem me perseguindo a meses e que só Peeta conseguiu fazer com que eu parasse e pensasse.

– Você não gosta? - falei pegando uma mecha de cabelo e balançando na frente do rosto.

Eu tinha feito uma escolha. Ir adiante

– Pra falar a verdade, até gosto sim - sorriu - Mas como eu disse, essa não é você.

E lá estava eu, pensando mais um pouco, mas não em mim e sim em Peeta. Como ele conseguia me surpreender cada vez mais e mais.

Como é que ele podia perceber as coisas de modo tão fácil e rápido. Eu só o conhecia tinha 2, 3 dias e ele já havia descoberto metade da minha vida.

Surpresa. Era exatamente a palavra que me definia agora.

– Como você percebeu? - perguntei não contendo a vontade de saber

– Digamos que eu sou uma pessoa observadora e boa com as palavras - disse e eu concordei mentalmente

Acabei rindo da forma brincalhona que ele havia falado

– Percebi. Mais alguma coisa que eu deva saber? - perguntei. E assim que disse isso, ele ficou sério de repente e respondeu

– Os seus olhos demonstram mais do que você pensa

A verdade é que uma mistura de sentimentos passou por mim assim que ele terminou a frase.

Confusão O que meus olhos mostravam que nem eu mesma sabia?

Surpresa Porque tudo que tem a ver comigo, Peeta consegue responder de forma tão natural e rápida. Como se já tivesse a resposta na ponta da língua?

Constrangimento Para ele saber tanto assim de mim, ele deve me observar bastante. Eu já devia ter percebido isso. Nossos olhares já se encontraram várias vezes.

Assim que penso isso, sinto minha pele esquentar e tampo meu rosto com as mãos, demonstrando claramente que eu estava envergonhada, e também para que Peeta não perceba. Mas como eu não fui nenhum pouco discreta, ele percebe e ri, fazendo com que eu core ainda mais.

Percebo que ele levanta do meu colo e se senta ao meu lado, de forma que fique de frente pra mim.

Minhas mãos ainda estavam em meu rosto, mas Peeta logo tratou de retirá-las. Assim que nossas mãos se tocaram, uma corrente elétrica passa pelo meu corpo e percebo que no dele também, pois nossos olhos logo se encontram.

Com total delicadeza, ele retira uma mecha do meu resto, colocando-a atrás da minha orelha. Nós estávamos nos aproximando cada vez mais e nossos olhares se alternavam entre a boca e o olhar um do outro.

– O que você está fazendo? - perguntei calma

– Não sei - respondeu

Algo em mim não queria que ele parasse de se aproximar.

– Você não faz ideia do efeito que tem em mim esse seu olhar - disse

E nós estávamos quase nos beijando. Só que como a sorte não é minha amiga ...

Continua...

(Leia as notas finais!!)