Anna escrita por Rukia Kuchiki


Capítulo 1
Quinto aniversário


Notas iniciais do capítulo

Não gostei de escrever este capítulo, nem do resultado dele, porém, é essencial para o entendimento da história.
Obrigada a quem ler. ><



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2003, 10h50min – 5 anos.

— Mamãe, mamãe – a pequena Anna gritava enquanto corria as escadas da casa antiga – mamãe…

— Não corra Anna – a mulher morena apareceu na frente da menina e lhe abraçou forte, abaixando-se para ficar do tamanho da filha – parabéns, Anna.

— Obrigada, mamãe, eu amo você – a pequena apertou-se no abraço confortável de sua mãe e sorriu como nunca.

— Eu tenho um presente pra você, querida.

— Hei, o que é? – sua empolgação era evidente.

Enquanto era arrastada até a cozinha por sua mãe, Anna viu um vulto, este passou correndo pelo corredor, usava uma camiseta vermelha, igual a de sua mãe. Anna ignorou.

— Aqui, princesa – entregou-lhe um embrulho rosa.

Anna abriu o presente e sorriu ainda mais quando reconheceu a boneca que havia visto na loja há algum tempo atrás.

— Ela é… Linda… Mamãe – dos olhos acinzentados saíam lágrimas de alegria, Anna adorava bonecas.

Mas então sua atenção foi voltada para o corredor, onde havia visto o vulto antes, ficou encarando por algum tempo, até que sua mãe lhe tira dos seus pensamentos e elas comem o café da manhã como uma família.

17h32min

Anna acariciava o cabelo loiro de sua nova boneca enquanto comia um biscoito de aniversário feito por sua mãe, era tão gostoso e a deixava tão feliz. Porém, essa felicidade não durou tanto, mais uma vez o vulto, dessa vez passou devagar, fez a volta em Anna e correu em direção ao corredor, era sua tia, irmã gêmea da sua mãe, Anna não a conheceu, pois ela tinha morrido no dia do aniversário de Anna, mas às vezes Anna a via andando pela casa.

— Mãe – gritou – a tia está aqui, desde de manhã.

— Não diga besteiras, Anna – sua mãe passou pela sala carregando uma cesta de roupas sujas – sabe que isso não é possível.

— Mas ela está, você não acredita em mim?

— Não – falou com a voz firme, assustando a pequena Anna – para com essas coisas, garota. Você não pode ver fantasmas por que eles não existem.

— Mãe, não é fantasma – a menina pareceu dispersa, pensando em algo, mas não se lembrava, sentiu como se seu corpo estivesse flutuando e então ela estava observando a cena, mas ela não estava mais em seu corpo, enxergava a si mesma e a sua mãe também – é o espírito da tia, mamãe – ouviu sua própria voz dizer, mas não sabia o que era aquela palavra – e você matou a minha amada tia.

Anna se apavorou, ela sabia o que isso significava, morte, sempre soube, de algum modo.

— Você está bem, Anna? – sua mãe se apavorou, abaixou-se e segurou o rosto da filha, então se afastou com uma expressão de medo – o que está acontecendo? Anna? Anna? Volta, Anna, quem está aí? – gritava enquanto sacudia os pequenos ombros frágeis de sua filha, a menina ainda tinha a boneca em mãos.

— Que saudade, irmã – as palavras novamente saíram da boca da menina, mas não era ela quem dizia, Anna apenas observava tudo de cima, sem entender o que estava acontecendo – não acha irônico que agora estejamos cara a cara novamente? Depois de você ter me matado?

— Você me traiu, você e aquele traste – gritou.

— Não, está enganada… Ele me abusou, você devia ter perguntado antes, matou sua própria irmã, sua outra metade… Sua melhor amiga.

— Cale-se, saia daí, saia do corpo da minha filha, sua bruxa.

— Nunca gostei desse apelidinho, irmã. Eu não sou uma bruxa, apenas gosto de experimentos… Você devia saber que estou tentando nesses cinco anos fazer isso…

— Para – Anna via sua mãe puxar seus próprios cabelos negros enquanto chorava – deixe-a em paz.

— Você me deve desculpas, irmã.

— Deixe-a… Anna, onde você está meu amor? ANNA?

— Anna – o corpo da menina se afastou de sua mãe e encarou Anna – não a escute, sua mãe é uma assassina, ela me matou, matou a sua tia.

Anna observava de cima, não sabia como, mas observava e agora entendia, sua tia estava em seu corpo e conversava com sua mãe… Sua mãe é uma assassina.

Viu suas mãos pequenas e delicadas apertarem a boneca contra si, então a boneca foi arremessada com força na cabeça de sua mãe, que caiu no chão apertando a própria testa… Sangue… Saía muito sangue.

— Agora você vai me fazer companhia, maninha – o corpo de Anna disse, então as pequenas mãos foram em direção ao rosto de sua mãe e começaram a arranhá-lo, depois o pescoço, parecia que estava tentando cavar um buraco fundo naquele lugar.

Afastou-se e procurou por um objeto pesado, encontrando apenas o vaso de flores, jogou-o no chão com força e viu-o se partir em vários pedaços, pegou um pedaço do vidro e cravou-o no pescoço de sua mãe, observando enquanto esta se afogava com o próprio sangue e morria sentindo a mesma dor que havia causado em sua irmã. E Anna observava tudo de cima.

23h00min

A menina estava desmaiada há muito tempo, a equipe médica tentava fazer com que ela acordasse, mas parecia que estava em coma.

— Mamãe? – Anna sussurrou assim que abriu os olhos, uma luz forte fez com que ela os fechasse novamente e fosse abrindo e fechando devagar, até que se acostumasse com a claridade.

Estava deitada em uma cama de hospital, encarando o teto, quatro médicos estavam a sua volta olhando para a menina como se ela fosse perigosa.

— Cadê a minha mãe? – perguntou confusa.

— Anna? – uma voz desconhecida a chamou – olá, Anna, você acordou… Você é uma menina muito bonita, precisamos conversar.

Anna sentou-se na cama e passou os olhos por todo o quarto, era um quarto de hospital comum, nada de muitos aparelhos, ela estava bem, afinal.

— Por que eu estou aqui?

— Isso é um centro de reabilitação – disse uma mulher jovem e simpática de cabelos loiros, parecia muito com a sua boneca.

— O que quer dizer reabilitação?

A jovem médica fez um sinal com a mão e os outros médicos saíram da sala, então a loira sentou-se na cama ao lado de Anna e suspirou.

— Quer dizer um lugar onde as pessoas, sejam grandes ou crianças, como você, podem se recuperar.

— Mas eu estou bem, tia.

— Anna, você se lembra do que aconteceu?

— A minha mamãe – Anna ajeitou-se na cama e abraçou os próprios joelhos – cadê ela?

— Eu vou lhe fazer algumas perguntas, ta?

Anna assentiu, mas tudo o que ela queria era saber onde sua mãe estava.

— Quantos anos você tem?

— Eu fiz cinco hoje, é meu aniversário – um pequeno sorriso delicado surgiu nos lábios finos.

— Oh, meus parabéns – disse a médica sorridente – bem, mais uma pergunta, você tem algum parente? Além da sua mãe?

— Não, mamãe não gostava da nossa família, aí nos mudamos.

— Entendo… Onde vocês moravam antes?

— Eu não sei.

— Anna, olhe para mim… Você vai ficar aqui por um tempo, até se recuperar e poder ir para um lugar melhor, tudo bem?

— Eu vou morar aqui nessa quarto? – lágrimas surgiram nos olhos da pequena e ela as enxugou na hora.

— Não querida, você vai passar um tempo aqui na reabilitação, em um quarto mais bonito, com algumas crianças, pode ser? – Anna assentiu.

— E a minha mãe?

— Descanse um pouco, Anna.

A médica saiu do quarto e fechou a porta. Anna pôs-se a chorar, ela sabia o que havia feito, afinal, ela viu tudo, sua mãe estava morta, Anna matou sua própria mãe.


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Notas finais do capítulo

Gao! Juro que o próximo será um pouco mais legal, se eu conseguir. >



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